Olá pessoal. Analisei a prova de História aplicada pela Vunesp para identificarmos possíveis recursos, mas não há nenhum em História, que inclusive foi uma prova muito bem elaborada e com nível bem adequado de dificuldade. Seguem abaixo a prova comentada para que verifiquem melhor e possam avaliá-la.
1. (VUNESP – PM-SP – Aluno Oficial / 2019)
“Democracia” é, como se sabe, uma palavra grega. A segunda metade da palavra significa “poder” ou “governo” […]. Démos era uma palavra de múltiplas significações, entre as quais “o conjunto do povo” (ou, para ser mais preciso, o corpo de cidadãos.)
(Moses I. Finley. Democracia antiga e democracia moderna, 1976)
Considerando o excerto e conhecimentos sobre a história dos sistemas políticos, é correto afirmar que a democracia foi
A) baseada na igualdade econômica dos indivíduos.
B) derivada das relações internacionais pacíficas entre Estados.
C) concedida às populações empobrecidas pelas elites militares.
D) adotada diversamente ao longo das experiências sociais.
E) garantida pela permanência da tradição cultural clássica.
A Democracia teve suas primeiras manifestações na Grécia antiga, na cidade de Atenas. Era bastante diferente da atual pois convivia e excluía os escravos, mulheres e metecos (estrangeiros). Nunca foi baseada na igualdade econômica dos indivíduos, nem na Grécia nem na versão contemporânea surgida a partir das Revoluções Burguesas nos séculos XVII e XVIII. Em Atenas podiam participar das assembleias diferentes cidadãos, de diferentes camadas sociais e a partir da Revolução Francesa foi estabelecida a participação política do cidadão e a igualdade jurídica. Via de regra as relações internacionais são pautadas principalmente pelo conflito e disputa pela hegemonia e a cultura clássica greco-romana foi abandonada por toda a Idade Média, e voltou a influenciar o ocidente a partir do Renascimento Cultural, cujos artistas inspiravam-se na arte da antiguidade. Lembrando também que tanto em Atenas quanto no mundo contemporâneo a Democracia foi conquistada pela luta por direitos, podemos afirmar que a Democracia foi adotada de diferentes maneiras ao longo da História e nas diferentes sociedades, portanto, alternativa [D]
Gabarito: D
2. (VUNESP – PM-SP – Aluno Oficial / 2019)
Três fenômenos maiores podem explicar a concepção e a percepção da guerra na Idade Média, bem como o papel privilegiado reservado às armas e aos homens de armas […]: primeiro, o fim do Império Romano do Ocidente e, com ele, o fim de uma época em que a ordem, a paz e a justiça estavam garantidas; em seguida, a rude intromissão no tecido sociocultural, inicialmente romano e cristão, de povos com tradições e concepções germânicas que não permitiam distinguir entre direito civil e uso militar da força; enfim, os longos séculos de desordem e de violência que se abateram sobre a Europa.
(Franco Cardini. “Guerra e cruzada”. In: Dicionário analítico do Ocidente Medieval, vol. I. Jacques Le Goff, Jean Claude Schmitt (Orgs.), 2017)
Como decorrência dos três fenômenos referidos pelo excerto, a Idade Média Ocidental caracterizou-se, em grande parte de sua vigência,
A) pela aliança das monarquias nacionais com os Estados Pontifícios, com o objetivo de possibilitar a sobrevivência do feudalismo.
B) pelo exercício do poder político-militar em múltiplas unidades feudais, em prejuízo do poder central.
C) pela ruptura da unidade religiosa do continente europeu, com a propagação dos movimentos de contestação do cristianismo na sociedade feudal.
D) pelo controle dos senhores territoriais pelos reis absolutistas, com a suspensão dos torneios militares dos nobres feudais.
E) pela permanência do capitalismo nas cidades, em contraposição à introdução do feudalismo na Europa pelos povos bárbaros.
Durante toda a Idade Média tivemos a hegemonia da Igreja Católica que foi a instituição mais importante e influente do período. Entre as principais características da Idade Média é que principalmente durante o feudalismo não existia comércio e a produção era totalmente voltada para a subsistência e o capitalismo somente surgiu no contexto do renascimento-urbano comercial no final da Idade Média. Como a principal riqueza era a terra (feudo) e cada um deles era comandado por um Senhor Feudal, o rei possui somente poder de fato em seu próprio feudo, que era o maior e melhor armado, e o monarca não era vassalo de ninguém, no entanto o poder monárquico era do tipo descentralizado e cada senhor feudal possuía poder de mando em seu próprio feudo. As monarquias nacionais, também chamadas Estados absolutistas, somente surgirão no século XV após a decadência do Feudalismo. Então sem dúvida alternativa [B]
Gabarito: B
3. (VUNESP – PM-SP – Aluno Oficial / 2019)
As exportações de algodão aumentaram de maneira vertiginosa de 1790 a 1860. Em 1820, os Estados Unidos já haviam se convertido no maior produtor mundial de algodão e uns dez estados e territórios dependiam em grande medida do sistema de plantações.
(Philip Jenkis. Breve história dos Estados Unidos, 2017. Adaptado)
O aumento da produção de algodão nos Estados Unidos foi condicionado por alguns fatores, entre os quais
A) a Revolução Industrial e o aumento da exploração da mão de obra escrava.
B) a natureza da colonização inglesa e a manutenção do pacto colonial (já eram independentes).
C) a unificação do país pelo governo central e a abolição da escravidão (Os EUA adotam o federalismo com autonomia plenas dos estados e a abolição só em 1863).
D) a anexação de mercados no oeste e o emprego massivo da mão de obra imigrante. (Os imigrantes foram em massa após a Guerra Civil e 1865 e a o Oeste foi conquistado e incorporado, mas eram terras indígenas e não mercados).
E) a consolidação do capitalismo na agricultura e a adoção da pequena propriedade.
A produção agrícola nos EUA quando era colônia inglesa estava condicionada à oferta de matéria prima para a metrópole e como os principais produtos ingleses eram têxteis produziam principalmente algodão, nas grandes propriedades escravistas nas colônias do sul que organizavam a produção através do plantation (grandes propriedades monocultoras com a produção voltada para a exportação). Após a Independência em 1777 continuaram com grandes produtores de algodão no plantation escravista e no período destacado no texto quando tornaram-se o maior produtor mundial, já eram um país livre e escravistas, pois a escravidão foi abolida pelo presidente Lincon em 1863 e a causa principal da guerra civil dos EUA.
Gabarito: A
4. (VUNESP – PM-SP – Aluno Oficial / 2019)
A ênfase fortemente regionalista dos inconfidentes inclinava- -se, às vezes, para o nacionalismo econômico. Isto era mais explícito nos pronunciamentos do alferes Tiradentes, embora ele não estivesse isolado em tal posição. Silva elogiava a beleza de Minas e apontava seus recursos naturais. Livre, republicano, industrializado, continuava o propagandista, o Brasil não teria necessidade de importar mercadorias estrangeiras.
(Kenneth R. Maxwell. A devassa da devassa: a Inconfidência Mineira, Brasil – Portugal, 1750-1808, 1978. Adaptado)
Os projetos defendidos pelos inconfidentes podem ser explicados pela conjuntura histórica de
A) reafirmação da prática econômica mercantilista e de instauração na metrópole portuguesa do absolutismo monárquico.
B) avanço dos movimentos socialistas de contestação social e de difusão da concepção de igualdade natural dos homens.
C) consolidação das independências políticas latino-americanas e de retração das riquezas proporcionadas pelas exportações agrícolas brasileiras.
D) crítica ao Antigo Regime europeu e de aumento do peso da exploração colonial com o declínio da produção aurífera.
E) disputas econômicas entre metrópoles coloniais e de guerras permanentes entre economias industrializadas europeias.
A inconfidência mineira era influenciada pelo iluminismo (também chamado liberalismo), pensamento político e filosófico que prega a República e a liberdade comercial (liberalismo econômico). Os inconfidentes pretendiam iniciar a revolta no dia da derrama (cobrança forçada dos impostos), pois a coroa portuguesa pressionava para envio de ouro dado que em 1789 ano da inconfidência já havia cinco anos que as remessas do mineral não eram enviadas, parte devido ao contrabando parte devido ao esgotamento das jazidas. Somente no século XIX ocorreram as independências das colônias latino americanas, após a inconfidência mineira.
Gabarito: D
5. (VUNESP – PM-SP – Aluno Oficial / 2019)
Mesmo depois de inaugurado o regime republicano, nunca, talvez, fomos envolvidos, em tão breve período, por uma febre tão intensa de reformas como a que se registrou precisamente nos meados do século [XIX] e especialmente nos anos de 51 a 55. Assim é que em 1851 tinha início o movimento de constituição das sociedades anônimas; na mesma data funda-se o segundo Banco do Brasil […]; em 1852, inaugura-se a primeira linha telegráfica na cidade do Rio de Janeiro. […] Em 1854 abre-se ao tráfego a primeira linha de estradas de ferro do país.
(Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil, 1995)
Pode-se explicar essa intensificação das atividades econômicas do período pela
A) política de emissão de papel-moeda concedida pelo governo às instituições financeiras estatais.
B) expansão do mercado consumidor interno com a adoção progressiva do trabalho assalariado.
C) disponibilidade de capitais para novos investimentos devido à abolição do tráfico internacional de escravos.
D) suspensão das dívidas dos fazendeiros com os fornecedores internacionais de implementos agrícolas.
E) abolição da mão de obra escrava acompanhada de indenizações estatais às empresas escravistas.
Sergio Buarque de Holanda refere-se ao desenvolvimento financeiro e o início do processo de modernização do Brasil durante o ciclo do café, logo após a abolição do tráfico de escravos pela lei Eusébio de Queiroz. O comércio de almas era a atividade econômica que mais movimentava capitais e lucros no país, e que ao ser efetivamente proibida, liberou capitais para serem investidos, e foram direcionados para a modernização, com investimentos nos telégrafos ou ferrovias. Após 1850, principalmente na década de 1870, chegaram os imigrantes europeus, principalmente os italianos que foram importantes para a consolidação do mercado interno, mas foi após o recorte temporal proposto pela questão.
Gabarito: C
6. (VUNESP – PM-SP – Aluno Oficial / 2019)
A escassez de navios capazes de atravessar o oceano estimulou as exportações de artigos manufaturados e, ao mesmo tempo, desencorajou as suas importações. Os mercados consumidores da Argentina, do Uruguai, e de outros países sul-americanos se abriram para os brasileiros ao se fecharem as fontes habituais de suprimento de tecidos. As exportações de tecidos de algodão, em meados de 1942, só eram superadas em valor, pelo café; as carnes enlatadas e congeladas vinham em terceiro lugar.
(Warren Dean. A industrialização de São Paulo (1880-1945), s/d)
O excerto alude
A) ao isolamento internacional da economia brasileira provocado pela Grande Guerra Mundial.
B) ao efeito das leis governamentais de proteção ao trabalho no mercado interno brasileiro.
C) ao entrave ao desenvolvimento industrial do Brasil decorrente da concorrência de produtos estrangeiros.
D) à política de desvalorização da moeda brasileira com a finalidade de encarecer as mercadorias industrializadas importadas.
E) à situação da economia do Brasil em um quadro de confrontos militares entre os países industrializados.
A questão refere-se ao processo de industrialização brasileiro na primeira metade do século XX, que foi beneficiado pelo panorama das grandes guerras, pois tanto na primeira quanto na segundo ocorreu o processo de substituição de importações, dado que as metrópoles europeias que forneciam produtos industrializados estavam em conflito e impossibilitadas de atenderem aos mercados latinos, a iniciativa privada brasileira embrenhou-se nos empreendimentos industriais. A economia brasileira não era isolada pois fomos por décadas os maiores exportadores de café do mundo. As leis trabalhistas de Vargas colaboraram mais para a consolidação de uma classe trabalhadores urbana e para o próprio processo de industrialização, dado que até a década de 60 a legislação somente valia no campo.
Gabarito: E
7. (VUNESP – PM-SP – Aluno Oficial / 2019)
Observe o quadro O lavrador de café, pintado por Candido Portinari, em 1934 (A imagem está anexada no final do artigo).
A pintura traz informações sobre a história do Brasil, ao mesmo tempo em que exprime uma perspectiva social, presente nas disputas políticas dos anos 30 do século passado, que
A) enaltecia a ausência de discriminação étnica na sociedade brasileira.
B) atribuía a modernização do país à força transformadora do trabalho.
C) insistia na aliança das classes trabalhadoras com os proprietários rurais.
D) denunciava a desorganização produtiva da economia agrícola do país.
E) revelava a incompatibilidade entre trabalho especializado e meio ambiente.
A década de 30 foi caracterizada pelo início da Era Vargas e por uma grande polarização política entre socialistas e integralistas, que reproduzia a polarização europeia entre os socialistas e nazifascistas. Portinari e outros artistas da época como Jorge Amado era militantes do Partido Comunista, que denunciava a exploração do trabalhador e a desigualdade social e atribuía a modernização em curso desde o final do século XIX devido a proliferação das ferrovias, telégrafos e desenvolvimento das cidades aos esforços dos trabalhadores, considerados pelos socialistas a origem da produção de todas as riquezas. Portinari em suas obras retrata principalmente as lavouras de café e seus trabalhadores e nada sugere incompatibilidade entre trabalho especializado e natureza na obra exposta, e vale lembrarmos que era uma sociedade profundamente racista e marcada pelo ideal do branqueamento da população, inspirado nas ideias do Darwinismo Social.
Gabarito: B
8. (VUNESP – PM-SP – Aluno Oficial / 2019)
A ascensão do fundamentalismo islâmico foi visivelmente um movimento não apenas contra a ideologia da modernização pela ocidentalização, mas contra o próprio Ocidente. Não por acaso os ativistas desses movimentos perseguem seus fins perturbando as visitas de turistas ocidentais, como no Egito […]. Por outro lado, o grosso da xenofobia popular nos países ricos era dirigido contra estrangeiros vindos do Terceiro Mundo, e a União Europeia represou suas fronteiras contra a inundação de pobres do Terceiro Mundo em busca de trabalho.
(Eric J. Hobsbawm. Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991, 1995)
O historiador refere-se a uma situação conflituosa da história do final do século XX, que, no início do século seguinte,
A) favoreceu a união ideológica e religiosa das antigas colônias afro-asiáticas.
B) foi solucionada e pacificada pelas organizações políticas supranacionais.
C) produziu uma aliança defensiva e militar antiterrorista entre as nações capitalistas.
D) redundou na adoção da política liberal e laica nos Estados Islâmicos da Ásia Menor.
E) implicou um crescimento da violência e do nacionalismo nos países desenvolvidos.
Hobsbawm no excerto propões no trecho que a ocidentalização no mundo islâmico estimulou as atividades de resistência religiosa e do terrorismo no islã e das reações europeias contrarias a imigração em massa de africanos e asiáticos no que diz “o grosso da xenofobia popular nos países ricos era dirigido contra estrangeiros vindos do Terceiro Mundo, e a União Europeia represou suas fronteiras contra a inundação de pobres do Terceiro Mundo em busca de trabalho” e aí associa diretamente o avanço da xenofobia na Europa, principalmente no contexto de 2010 quando ocorreu a crise dos PIIGS (Portuga, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha) e aumentou a disputa por empregos, fato agravado por vários atentados terroristas em 2014 e 2015 na França, e em 2016 a crise de refugiados provocada pela Guerra Civil da Síria. Os partidos auto classificados como nacionalistas e conservadores chegaram ao poder em vários países europeus e a ONU não conseguiu solucionar ou pacificar as tensões, mas claro que exerceu e ainda exerce um importante papel no assentamento dos refugiados e na mediação das disputas diplomáticas entre os países centrais.
Gabarito: E
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