Hoje continuaremos a nossa análise sobre a Tecnologia da Informação (TI) nos certames mais concorridos. O peso da disciplina aumentou bastante nos últimos anos, forçando muitos candidatos a dar uma atenção especial a seus temas.
Antes desprezada, a TI atualmente é diferencial na preparação de qualquer concurseiro, sendo decisiva na briga pelas vagas. Mas será que realmente o aluno precisa estudar tudo de TI que está no Edital?
Ou será que existem assuntos que são mais cobrados e possuem maior incidência de cair no dia da prova, como ocorre com outras disciplinas? E ainda: esses assuntos com maior probabilidade de cobrança caíram de fato nas últimas seleções realizadas?
Fique conosco porque vamos responder a essas perguntas. O nosso foco ainda será os fiscos. Para não termos que analisar muitas provas, deixando o artigo cansativo, vamos restringir para os principais concursos da área Fiscal gerenciados pela banca Cebraspe/Cespe.
Como a banca realizou poucos certames desse nicho em 2022, vamos considerar também os anos de 2020 e 2021 na análise. Segue o nosso roteiro de hoje:
Se você está dedicado aos estudos da área Fiscal, contemplando a banca Cebraspe/Cespe, a leitura certamente será de grande relevância. Fique tranquilo porque você vai investir apenas alguns minutinhos, que posteriormente compensarão bastante na sua preparação. Está pronto?
Tempo de leitura aproximada: 10 a 15 minutos
Antes de começarmos efetivamente, gostaríamos de fazer alguns esclarecimentos importantes. O primeiro é que a análise apresentada neste artigo levou em consideração os concursos de área Fiscal Geral, elaborados pela banca Cebraspe/Cespe. Sendo assim, esse artigo é direcionado para os concurseiros que não estudam a TI como disciplina específica.
Se você “respira” TI e está focado nos concursos específicos da área, em breve teremos conteúdos para você atingir seu objetivo também. Assim como na Administração Pública, a área de TI ganhará um espaço maior também no Blog do Estratégia Concursos.
Outro esclarecimento válido diz respeito ao formato de provas da banca. Como é de conhecimento da maioria dos concurseiros (se você está começando agora e não sabe dessa informação, não há problema), o Cebraspe/Cespe realiza provas para a área Fiscal tanto no estilo Certo/Errado, quanto no tipo múltipla escolha.
Para efetuar a análise, vamos considerar que cada assertiva no estilo Certo/Errado será equivalente a uma questão. A mesma ideia será seguida nas questões de múltipla escolha. Essa padronização vai simplificar a forma de comparação.
Finalmente, há situações em que o Cebraspe/Cespe cobra as disciplinas de Informática e TI na mesma prova. Não vamos entrar no mérito das diferenças de cada uma delas nesse momento (inclusive, isso seria tema para outro artigo); hoje, vamos focar apenas na disciplina de Tecnologia da Informação.
A SEFAZ-AL ofertou os cargos de Auditor de Finanças e Controle de Arrecadação da Fazenda Estadual e Auditor Fiscal da Receita Estadual em 2021. Observando apenas a nomenclatura dos cargos, o candidato acreditaria que ambos seriam para a área Fiscal Geral. Ledo engano.
Como disse um professor do Estratégia Concursos, na época da abertura do Edital, o cargo de Auditor de Finanças e Controle de Arrecadação da Fazenda Estadual é “um cargo de TI disfarçado”. Isso porque o Cebraspe/Cespe cobrou 80% das questões de Conhecimentos Específicos do cargo, além de toda a Prova Discursiva, com assuntos de Tecnologia da Informação.
Obviamente, isso foi um prato cheio para os concurseiros de Tecnologia da Informação que estudam para os fiscos. Entretanto, conforme explicamos nas Considerações Iniciais, o nosso foco hoje é a área Fiscal Geral do Cebraspe/Cespe. Por este motivo, não faremos análise do cargo Auditor de Finanças e Controle de Arrecadação da Fazenda Estadual.
Dessa forma, segue o conteúdo programático de TI para o cargo de Auditor Fiscal da Receita Estadual. Os temas estão bem enxutos, mas veja que a divisão não está muito organizada. Para facilitar a análise, marcamos os grupos de negrito:
1 Gerenciamento ágil de projetos: Scrum e Kanban. 2 Gestão de processos de negócio. 3 Modelagem de processos. 4 Técnicas de análise e modelagem de processo. 5 BPM (business process modeling). 6 Análise de dados: conceitos básicos; dado, informação, conhecimento e inteligência; dados estruturados e não estruturados; dados abertos; conceitos de banco de dados; conceitos de modelagem relacional e multidimensional de dados; conceitos de data warehouse, big data e business intelligence. 7 Visualização e análise exploratória de dados. 8 Self-service BI: conceitos e principais ferramentas. 9 Elaboração e análise de painéis, dashboards e relatórios analíticos. 10 Segurança da informação: conceitos básicos, criptografia, assinatura digital e certificação digital.
A distribuição das questões da prova não foi uniforme. Repare como há assuntos que não foram cobrados dos concurseiros, enquanto que outros foram exigidos em demasia. Fique atento, pois esse é um padrão que costuma se repetir nas provas de Tecnologia da Informação realizadas pelo Cebraspe/Cespe.
O concurso do ISS-Aracaju trouxe bastante ansiedade aos concurseiros. O Edital foi aberto no auge da pandemia do Coronavírus, em 2020. Em razão disso, o concurso da área Fiscal foi suspenso temporariamente pela banca Cebraspe/Cespe (a divulgação da paralisação ocorreu na véspera da prova, inclusive). A retomada do concurso também foi lenta: apenas 9 meses depois, em 2021.
O Edital ofertou vagas para dois cargos: Auditor de Tributos Municipais – Especialidade: Abrangência Geral e Auditor de Tributos Municipais – Especialidade: Tecnologia da Informação. Como combinamos previamente, não iremos analisar hoje cargos específicos de TI.
Sendo assim, somente será objeto de avaliação a disciplina de Tecnologia da Informação para o cargo de Auditor de Tributos Municipais – Especialidade: Abrangência Geral. Nesse Edital, a disciplina foi chamada de Informática/Análise de Informação.
Apesar do nome, o conteúdo foi bem focado em Ciência de Dados, que é assunto típico de Tecnologia da Informação. Veja o que a banca pediu para os candidatos estudarem. Os grupos estão marcados de negrito:
1 Dado, informação, conhecimento e inteligência. Dados estruturados e não estruturados. Dados abertos. Coleta, tratamento, armazenamento, integração e recuperação de dados. 2 Banco de dados relacionais. 2.1 Conceitos básicos e características. Metadados. Tabelas, visões (views) e índices. Chaves e relacionamentos. 3 Noções de modelagem dimensional. 3.1 Conceito e aplicações. 4 Noções de mineração de dados. 4.1 Conceituação e características. Modelo de referência CRISP-DM. Técnicas para pré-processamento de dados. Técnicas e tarefas de mineração de dados. Classificação. Regras de associação. Análise de agrupamentos (clusterização). Detecção de anomalias. Modelagem preditiva. Aprendizado de máquina. Mineração de texto. 5 Noções de Big Data. 5.1 Conceito, premissas e aplicação. 6 Visualização e análise exploratória de dados. 7 Lei nº 12.527/2011 e suas alterações (Lei de Acesso à Informação). 7.1 Conceitos e aplicação.
Da mesma forma que no concurso da SEFAZ-AL, a distribuição das questões pelos assuntos não contou com os mesmos percentuais. Os temas mais cobrados foram Banco de Dados Relacionais e Noções de Mineração de Dados. A quantidade de questões também foi reduzida: somente 10 no total.
O Edital da SEFAZ-SE de 2022 contemplou um único cargo, denominado Auditor Técnico de Tributos. No conteúdo programático, o Cebraspe/Cespe cobrou as disciplinas de Noções de Informática e Tecnologia da Informação.
Como explicado anteriormente, nas Considerações Iniciais, vamos analisar neste artigo somente a disciplina de Tecnologia da Informação. Consideramos que o conteúdo programático elaborado pela banca Cebraspe/Cespe para esse concurso da área Fiscal foi extremamente “puxado” para um cargo que não é específico de TI.
Além disso, apesar de o Edital ter vindo mais organizado, a banca errou na classificação de alguns temas, de acordo com o grupamento tradicional deles. Por exemplo, Criptografia ficou repetida em Sistemas de Informação e Segurança da Informação. Na literatura, o tema é tradicionalmente Segurança da Informação.
Os grupos, de acordo com a classificação estabelecida pela banca Cebraspe/Cespe neste Edital da área Fiscal, estão marcados de negrito. Para facilitar a leitura, quebramos o conteúdo programático em 5 partes. Confira conosco:
I GESTÃO DE TI: 1 Ciclo PDCA. 2 Gerência de projetos: conceitos básicos. 3 PMBOK 6. 4 COBIT 2019. 5 ITIL 4. 6 Gerenciamento de processos de negócio: técnicas de mapeamento de processos; modelos AS-IS, TO-BE e TO-RUN; técnicas de análise e simulação de processos; construção e mensuração de indicadores de processos. 7 Modelagem de processos em BPMN: notação, artefatos e atividades; workflow; BPMS. 8 Decision model and notation (DMN).
II SISTEMAS DE INFORMAÇÃO: 1 Engenharia de software. 2 Ciclo de vida do software. 3 Análise e projeto de sistemas: padrões, práticas e princípios de orientação a objetos. 3.1 Design patterns. 3.2 princípios SOLID. 3.3 princípios GRASP. 3.4 Unified process. 3.5 UML 2. 3.6 domain driven design. 3.7 arquitetura hexagonal (portas e adaptadores). 4 Metodologias de desenvolvimento de software. 5 Métricas e estimativas de software. 6 Qualidade de software. 7 CMMI-DEV v2.0, (MR-MPS-SW) GUIA GERAL MPS DE SOFTWARE
(2021). 8 Engenharia de requisitos: conceitos básicos, técnicas de elicitação e especificação. 9 Metodologias e práticas ágeis. 9.1 Scrum. 9.2 XP. 9.3 Kanban. 9.4 Especificação por exemplo. 9.5 Domain-driven design (DDD). 10 Testes de software (unidade, integração, sistema, aceitação, regressão, desempenho, vulnerabilidade, usabilidade e carga). 11 Criptografia. 11.1 Conceitos básicos e aplicações. 11.2 Protocolos criptográficos. 11.3 Criptografia simétrica e assimétrica. 11.4 Principais algoritmos. 12 Assinatura digital. 13 Certificado digital. 14 Desenvolvimento seguro de software: OWASP.
III FUNDAMENTOS DE BANCO DE DADOS: 1 Linguagens de definição e manipulação de dados em SGBDs relacionais. 2 Modelagem de dados: modelos relacional e multidimensional. 3 Administração de banco de dados relacionais. 3.1 Projeto e implantação de SGBDs relacionais. 3.2 Administração de usuários e perfis de acesso. 3.3 Controle de proteção, integridade e concorrência. 3.4 Backup e restauração de dados. 3.5
Tolerância a falhas e continuidade de operação. 3.6 Monitoramento e otimização de desempenho, cluster de banco de dados. 5 Pipeline de dados: fundamentos, orquestração, integração, ETL, ELT e ferramentas. 6 OLAP. 7 Técnicas de modelagem e otimização de bases de dados multidimensionais. 8 Técnicas para pré-processamento de dados. 9 Processamento distribuído. 10 Data lake. 11 Conceitos, arquiteturas, técnicas e tarefas de data mining e data warehouse. 12 Noções de big data: conceito, premissas, análise de dados e aplicações. 13 Ecossistema Hadoop: conceitos, arquitetura, componentes e implantação. 14 Spark: conceitos, arquitetura e aplicações. 15 Bancos de dados não relacionais: fundamentos, administração, desempenho e configuração (Key/Value, orientados a documentos e grafos).
IV CIÊNCIA DE DADOS: 1 Fundamentos. 2 Classificação. 3 Coleta, tratamento, armazenamento, integração e recuperação de dados. 4 Regras de associação. 5 Modelagem relacional e multidimensional. 6 Aprendizagem de máquina: fundamentos, principais algoritmos e métricas de desempenho. 7 Regressão linear. 8 Regressão logística. 9 Análise de agrupamentos (clusterização). 10 Classificação. 11 Detecção de anomalias. 12 Modelagem preditiva. 13 Visão computacional. 14 Mineração de texto. 15 Redes neurais artificiais. 16 Deep learning. 17 Visualização e análise exploratória de dados. 18 Business intelligence. 19 Ferramentas de análise: Oracle BIEE, Oracle Data Visualization, QlikView e PowerBI.
V SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO: 1 Fundamentos. 2 Confidencialidade, integridade, disponibilidade, autenticidade e não repúdio. 3 Classificação e controle dos ativos de informação. 4 Políticas de segurança. 5 Políticas de classificação da informação. 6 Normas ABNT NBR ISO/IEC 27001:2013, ABNT NBR ISO/IEC 27002:2013, ABNT NBR ISO/IEC 27005:2019, ABNT NBR ISO 22301:2020. 7 Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). 8 Gerenciamento de acesso e identidade: conceitos, IAM, RBAC. 9 Segurança de redes de computadores: firewall, sistemas de detecção de intrusão (IDS), antivírus, NAT, VPN. 10 Prevenção e
tratamento de incidentes. 11 Gestão de riscos: ameaça, vulnerabilidade, impacto e formas de tratamento de riscos. 12 Gestão de continuidade de negócio. 13 Conceitos e tipos de ataques cibernéticos. 14 Conceitos e tipos de malwares. 15 Conceitos de monitoramento e análise de tráfego. 16 Criptografia. 16.1 Conceitos básicos e aplicações. 16.2 Protocolos criptográficos. 16.3 Criptografia simétrica e assimétrica. 16.4 Principais algoritmos. 17 HTTPS/SSL. 18 Certificado digital: tipos de certificados digitais; padrões X.509 e ICP-Brasil. 19 DevSecOps: conceitos.
De uma forma geral, a distribuição das questões nessa prova da área Fiscal foi balanceada, bem justa pela banca Cebraspe/Cespe. Vale ressaltar que uma das questões se referiu ao tema Criptografia, que apareceu no conteúdo programático de Sistemas de Informação e Segurança da Informação.
Nós adotamos a classificação tradicional, que a enquadrou no assunto de Segurança da Informação. Por este motivo, Segurança da Informação destacou-se entre os percentuais. No entanto, se a questão tivesse sido classificada como Sistemas de Informação, os percentuais seriam todos iguais (20%):
Para fechar o entendimento, faremos uma análise esquematizada dos concursos gerenciados pela banca Cebraspe/Cespe para a área Fiscal, efetuando um cruzamento das informações. Os assuntos que são repetidos ou correlatos serão apresentados na mesma linha. Além disso, foi aplicada a ordenação decrescente na tabela, de modo a destacar os tópicos com maior incidência nas primeiras linhas.
Repare nos assuntos relacionados a dados. Normalmente, Análise de Dados é correlata à Ciência de Dados. No entanto, não foi o entendimento do Cebraspe/Cespe nessas últimas provas. Por este motivo, optamos por reorganizar os assuntos de acordo com a cobrança da banca.
Dessa forma, conforme os percentuais apresentados, os assuntos com maior cobrança pelo Cebraspe/Cespe na disciplina de Tecnologia da Informação, na área Fiscal, entre os anos de 2020 a 2022, são os seguintes:
Fundamentos de Bancos de Dados / Bancos de Dados Relacionais / Análise de Dados / Dado, Informação, Conhecimento e Inteligência / Noções de Modelagem Dimensional / Noções de Mineração de Dados / Noções de Big Data.
A análise apresentada é extremamente benéfica para você ganhar velocidade na preparação. Existe uma probabilidade alta do cenário se repetir nos próximos certames da área Fiscal, elaborados pela banca Cebraspe/Cespe. Entretanto, não é possível garantir que os tópicos mais cobrados estarão presentes na sua prova.
A recomendação continua sendo estudar o Edital em sua integralidade. Entretanto, se você está com tempo “apertado” e acredita que não conseguirá cobrir todo o conteúdo programático solicitado pela banca Cebraspe/Cespe, sugerimos focar nos pontos de maior incidência, de acordo com os percentuais destacados para a área Fiscal.
Lembramos também que o Estratégia oferece diversos cursos em pdf, videoaulas e áudios para você ouvir onde quiser. Saiba mais sobre todos os nossos cursos disponíveis na plataforma por meio do link https://www.estrategiaconcursos.com.br/cursos/.
Por fim, recomendamos também a utilização do Sistema de Questões do Estratégia. As questões são fundamentais para praticar o conteúdo e testar seu nível de conhecimento. O acesso é feito pelo link: https://concursos.estrategia.com/.
Bons estudos e até a próxima!
Cristiane Selem Ferreira Neves é Bacharel em Ciência da Computação e Mestre em Sistemas de Informação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além de possuir a certificação Project Management Profissional pelo Project Management Institute (PMI). Já foi aprovada nos seguintes concursos: ITERJ (2012), DATAPREV (2012), VALEC (2012), Rioprevidência (2012/2013), TJ-RJ (2022) e TCE-RJ (2022). Atualmente exerce o cargo efetivo de Especialista em Previdência Social – Ciência da Computação e o cargo em comissão de Coordenadora de Desenvolvimento em TI no Rioprevidência, além de ser colaboradora do Blog do Estratégia Concursos.
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