Sugestão de recurso – CAGE/RS
Pessoal, a seguir três sugestões de recursos de Contabilidade Geral e Custos para a prova de Auditor do Estado do Rio Grande do Sul, certame realizado pela FUNDATEC, neste final de semana passado.
Por favor, melhorem e amadureçam os textos. Servem apenas para uma base.
A prova, de modo geral, foi decepcionante, já que o que vimos foi uma miscelânea de questões copiadas de livros e outros concursos públicos. Em muitas, o examinador sequer se deu o trabalho de mudar os números ou enunciado.
De toda sorte, esperamos que o resultado tenha sido positivo para vocês.
Grande abraço.
Gabriel Rabelo.
Questão n. 2. “Com relação aos Princípios Contábeis…”
Inquestionável a correção da assertiva B, que se encontra nos termos da Resolução n. 750/93 do CFC.
Todavia, a questão merece ser anulada, já que alternativa C também se encontra de acordo com o estatuído pela Resolução 750/93.
Senão vejamos. Diz a assertiva: o princípio do registro pelo valor original determina que os componentes do ativo devem ser inicialmente registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional.
A alternativa foi tida como incorreta pela douta banca examinadora. Contudo, analise o que diz o CFC 750:
Art. 7º O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional.
Ora, a única diferença entre a norma ora em estudo e o item dado pela FUNDATEC é a palavra patrimônio. Contudo, há que se salientar que, isso é basilar no estudo da contabilidade, o patrimônio é formado pelo conjunto de bens, direitos (ativo) e obrigações (passivo) da entidade. Portanto, a assertiva está correta.
Estaria incorreta se dissesse: somente os componentes do ativo devem ser inicialmente registrados pelos valores originais (…).
Portanto, por haver duas respostas igualmente corretas, solicitamos a anulação da questão.
Questão n. 28. “Com base nos seguintes dados relativos a um período de produção da Cia. Industria Sucoveli S.A”
Para chegar ao resultado, devemos somar a conta “Arrendamento mercantil de máquinas industriais = 80.000” como custo de fabricação. Ocorre que, com as normas vigentes na contabilidade hoje, tal assertiva deve ser analisada com cautela.
Sabemos que o tratamento contábil hoje, à luz do CPC 06, é distinto caso estejamos face a um arrendamento operacional (caso em que assertiva estaria correta) ou face a um arrendamento financeiro, quando, somente a depreciação e encargos financeiros seriam computados como custo, de acordo com o regime de competência.
Portanto, uma vez que a alternativa não frisou qual o tipo de arrendamento a que se refere, a questão fica incompleta, devendo ser anulada.
Questão n. 22. “Em 10/01/2013, a Cia. Alfa pagou R$ 700.000,00…”
Outra questão eivada de vício.
O ágio na aquisição de investimentos em coligadas e controladas deve ser classificado em duas parcelas:
1) MAIS VALIA dos ativos líquidos e
2) GOODWILL.
Vamos explicar como ficam classificados no balanço individual e no balanço consolidado.
Na aquisição, os ativos e passivos da adquirida devem ser avaliados pelo valor justo. A diferença entre o valor justo e o valor contábil dos ativos líquidos é a mais valia (antigamente chamada de “ágio por diferença de valor de mercado dos ativos”).
E a diferença entre o valor pago e o valor justo é o goodwill (também chamado de “ágio por expectativa de rentabilidade futura”).
Um exemplo:
A Cia KZ adquiriu 100% da Empresa XYZ por $100.000. O valor justo do ativo líquido da XYZ é de $ 80.000 e o valor contábil é de $70.000.
Cálculo da Mais Valia: Valor justo dos ativos líquidos (-) valor contábil
Mais Valia: $80.000 – $70.000 = $10.000
Cálculo do Goodwill: É a diferença entre o valor pago pelo investimento e o valor justo do ativo líquido:
Goodwill: $100.000 – $ 80.000 = $20.000.
Nas demonstrações individuais da controladora, a Mais Valia e o Goodwill ficam classificados em Investimento, controlados em sub-contas:
D – Investimento controlada XYZ – Valor patrimonial 70.000
D – Investimento controlada XYZ – Mais Valia do ativo líquido 10.000
D – Investimento controlada XYZ – Goodwill 20.000
C – Caixa/bancos 100.000
Observação: no balanço, pode aparecer apenas o valor do investimento, sem as sub-contas:
Investimento controlada XYZ 100.000.
No balanço consolidado, a mais valia será eliminada contra os ativos e passivos que lhe deram origem.
E o goodwill será transferido para o Intangível, em conta específica.
A Mais Valia será realizada conforme a realização do ativo e passivo que a originaram.
Todavia, em qualquer hipótese, o goodwill não é amortizado (não é realizado), apenas deve ser submetido ao teste de recuperabilidade. O enunciado, portanto, padece de vício.
Ademais, os dados para solução são controversos. Se Alfa tem 40% das participações e o lucro foi de R$ 600.000,00, não há, a nosso ver, como o lucro reportado ser de R$ 80.000,00. A aplicação da equivalência patrimonial nos daria o valor de lucro de R$ 240.000,00.