Artigo

Sugestão de leitura (autocrítica)

Olá, pessoal!

Digo sempre que a gente aprende muito com a leitura, e não somente com os diversos e maravilhosos livros que estão por aí, mas também com os textos curtos.

Com a leitura, passamos a ter uma visão mais ampla de algo que tínhamos como tão pequeno e inerte; mas também podemos ter uma visão mais particular e aprofundada daquilo que muitas vezes está distante de nossos olhos ou às vezes está bem perto, mas não percebemos com a mesma intensidade ou brilho de uma outra pessoa que dedicou um tempo para escrever uma lição de vida.

Alguns dizem que ler é algo chato ou cansativo; outros dizem que depende de nível de instrução. Não digo isso, nem concordo!

Ler é ter tempo para si! 

Isso mesmo! Ler é ter tempo para você mesmo, é dedicar o tempo ocioso (que a gente usaria para ver o Instagram, o You Tube ou a TV) em algo mais construtivo, que reforça o nosso bem tão precioso: nossa memória!

Não falo aqui da leitura de seus livros eletrônicos, meus alunos! Falo aqui daquele momento em que você já se cansou do pdf, da videoaula e quer apenas relaxar!

Ah! Esse momento é mágico, não é?!

Pois é! Leia neste momento!

Cá para nós, o bom do concurseiro é que existe a prova de Português nos concursos (relevem, porque sou professor de Português e este é o meu momento de puxar “a sardinha para meu lado” rsrsrsrsrs).

Veja bem: toda prova apresenta pelo menos um texto.

E normalmente os textos escolhidos pelas bancas apresentam muita informação relevante, discussões importantes, análises que nos levam a muita autocrítica.

Muitas vezes há poemas ou narrativas – complexas ou não – com temas que nos fazem viajar sem sair do lugar, que nos fazem viver uma situação ainda não vivida!

Quem aqui nunca leu um texto em que o autor critica justamente uma ação ou pensamento negativos do nosso do dia a dia? É! Alguma coisa que entrou em nossa mente num momento insano, num momento de angústia, num momento triste. Se você não está nesta lista, das duas uma: ou vai para o Céu sem escala ou está mentindo rsrsrsrsrs!

Assim, quero convidar você a sempre tirar um tempinho do seu estudo, dos seus afazeres para ler sobre algo que alguém dedicou um tempo para tornar você mais experiente.

Toda semana vou deixar aqui nos meus artigos uma indicação legal de leitura! Não vamos interpretar textos, vamos apreciar a boa leitura!

O texto que selecionei abaixo está na prova da SEFAZ RS e foi a banca CESPE quem o escolheu!

O texto é de Charles Kiefer, com adaptações!

Vamos à leitura?!

Pixis foi um músico medíocre, mas teve o seu dia de glória no distante ano de 1837.

Em um concerto em Paris, Franz Liszt tocou uma peça do (hoje) desconhecido compositor, junto com outra, do admirável, maravilhoso e extraordinário Beethoven (os adjetivos aqui podem ser verdadeiros, mas — como se verá — relativos). A plateia, formada por um público refinado, culto e um pouco bovino, como são, sempre, os homens em ajuntamentos, esperava com impaciência.

Liszt tocou Beethoven e foi calorosamente aplaudido. Depois, quando chegou a vez do obscuro e inferior Pixis, manifestou-se o desprezo coletivo. Alguns, com ouvidos mais sensíveis, depois de lerem o programa que anunciava as peças do músico menor, retiraram-se do teatro, incapazes de suportar música de má qualidade.

Como sabemos, os melômanos são impacientes com as obras de epígonos, tão céleres em reproduzir, em clave rebaixada, as novas técnicas inventadas pelos grandes artistas.

Liszt, no entanto, registraria que um erro tipográfico invertera, no programa do concerto, os nomes de Pixis e Beethoven…

A música de Pixis, ouvida como sendo de Beethoven, foi recebida com entusiasmo e paixão, e a de Beethoven, ouvida como sendo de Pixis, foi enxovalhada.

Esse episódio, cômico se não fosse doloroso, deveria nos tornar mais atentos e menos arrogantes a respeito do que julgamos ser arte.

Desconsiderar, no fenômeno estético, os mecanismos de recepção é correr o risco de aplaudir Pixis como se fosse Beethoven.

Charles Kiefer. O paradoxo de Pixis. In: Para ser escritor. São Paulo: Leya, 2010 (com adaptações).

Você se lembra do que falei sobre a nossa autocrítica?

Olhe só a mensagem do texto no penúltimo parágrafo:

Esse episódio (…) deveria nos tornar mais atentos e menos arrogantes a respeito do que julgamos ser arte.”

Não só na arte!

Muitas vezes julgamos pela “casca”, e não pelo conteúdo!

Isso serve para o nosso dia a dia.

Se formos analisar mais detidamente, temos “pré-conceito” de tudo, pela imagem que temos de algo ou alguém. Nós nos dispomos a perceber com “bons olhos” aquilo que já temos como básico, atraente, econômico (ou caro), na moda etc.

Assim, algumas vezes vivemos numa inércia, por ser mais confortável ou prático. Alguns bons autores dizem que isso tem sido chamado de “efeito manada”.

É por isso que muitos vivem reféns dos modismos, do consumismo agregado a eles, até nos sentimos absorvidos por esse efeito manada, não é mesmo?!

Sendo um pouco metalinguístico, muitas vezes dizemos que não somos afeitos à leitura, simplesmente por julgarmos ter dificuldade de atenção; mas hoje você leu um texto aprazível e percebeu que não é bem assim!

Também no seu estudo isso ocorre: quantas vezes nos pegamos desmotivados, assoberbados de cobrança própria, afora a das demais pessoas!

Então, lembre-se do texto: não aja pela casca, ouça a melhor música, independente de quem a compôs!

A sua música é o sucesso do qual você está em busca!

E quem a compõe é você!

Grande abraço!

Décio Terror

Não se esqueça de acompanhar minha indicação semanal de leitura, ok?!

Vou deixar sempre o link no meu Instagram!

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Veja os comentários
  • Li seu texto em 3 parcelas (rsrsrs). O curioso é que estou gostando de ler, nos intervalos de estudo, as provas antigas do Cespe da área do meu concurso. Sendo que fica mais fácil de lê-los, sem o compromisso de resolver questões.
    Estudante Vitalício em 27/03/19 às 10:51
  • ???
    Rodolfo em 23/03/19 às 10:09
  • Valeu, professor!
    Renata em 23/03/19 às 08:55
  • Eu amo os livros! Todos os dias reservo um tempo para relaxar com leitura. Tenho esse hábito desde criança, aprendi com minha mãe. Hoje vejo a importância disso. Fiz duas provas seguidas em que caíram textos de Aristóteles, acertei todas as questões nas duas provas sem nunca ter lido nada dele, apenas por ter refletido e interpretado bem as questões. Sei que devo isso ao hábito de ler, principalmente livros que levam à reflexão e ao questionamento. Escreva mais vezes, prof! É disso que precisamos, de leitura com conteúdo, de uma forma agradável e leve! Fiquei feliz, muito obrigada pelo texto!
    Elizabeth em 22/03/19 às 11:58
  • Parabéns pelo texto, professor. Show! Precisava ler isso hoje. Obrigado.
    Roberto em 22/03/19 às 11:37
  • Muito bom, professor!
    Camila em 22/03/19 às 11:31
  • Caro professor Décio Terror esse texto é muito interessante e vai além do dia a dia de estudos para concurso, ele nos mostra a atual sociedade em que vivemos e nos abre a mente para valorizar as pessoas pelo que elas são.
    Eliel em 22/03/19 às 10:32
  • Maravilhosa iniciativa, mestre Terror. Estarei aqui esperando ansiosamente. Sou fã de carteirinha do seu trabalho. Parabéns. Abraços professor
    Mirela em 21/03/19 às 21:10
  • Excelente texto! Parabéns mestre pela sapiência.
    Leonardo Paixão em 21/03/19 às 21:03
  • Belo texto! Tenho, por costume, ler diariamente. Nem que seja uma página do livro que estou lendo no momento. Quando, por algum motivo isso não acontece, sinto-me "incompleto" naquele dia. Como se estivesse faltando alguma coisa para ser feita. O prazer de receber um "pacote" (livro) pelo Correio, é muito gostoso! A leitura nos transporta para qualquer lugar, para o desconhecido.
    mario de oliveira em 21/03/19 às 20:26
  • Tanto o texto quanto a adaptação são maravilhosos! Obrigada professor pelo incentivo a leitura e interpretação.
    Aline Moreira de Assis Alves em 21/03/19 às 19:29
  • Belo texto. Excelente a iniciativa. Já no aguardo do texto da próxima semana.
    Larissa em 21/03/19 às 18:21