Categorias: Concursos Públicos

Sobre machados, regimentos e concursos

Meu nome é Fabrício Rêgo, sou professor do Estratégia Concursos e coautor do livro Lei do Processo Administrativo Federal Esquematizada, publicado pelo Grupo GEN/ Editora Método.

Muito se escreve sobre métodos de preparação para concursos. Quando falamos em conteúdo para estudo, também, temos hoje uma infinidade de materiais que auxiliam os candidatos no estudo das matérias. Portanto, nesses quesitos já estão bem assistidos. Irei falar hoje sobre machados, algo um pouco mais sutil.

Permita-me replicar aqui uma rápida história que se conta por aí.

Certa vez, um velho lenhador, conhecido por sempre vencer os torneios que participava, foi desafiado por outro lenhador jovem e forte para uma disputa. A competição chamou a atenção de todos os moradores da localidade. Muitos acreditavam que finalmente o velho perderia a condição de campeão dos lenhadores, em função da grande vantagem física do jovem desafiante.

No dia marcado, os dois competidores começaram a disputa, na qual o jovem se entregou com grande energia e convicto de que seria o novo campeão. De tempos em tempos olhava para o velho e, às vezes, percebia que ele estava sentado. Pensou que o adversário estava velho demais para a disputa, e continuou cortando lenha com todo vigor.

Ao final do prazo estipulado para a competição, foram medir a produtividade dos dois lenhadores e pasmem! O velho vencera novamente, por larga margem, aquele jovem e forte lenhador.

Intrigado, o moço questionou o velho:

– Não entendo, muitas das vezes quando eu olhei para o senhor, durante a competição, notei que estava sentando, descansando, e, no entanto, conseguiu cortar muito mais lenha do que eu, como pode!!

– Engano seu! Disse o velho. Quando você me via sentado, na verdade, eu estava amolando meu machado.

Qual a importância de se estudar o regimento interno? Via de regra, ele é cobrado como matéria de conhecimentos gerais nos concursos, demonstrando a intenção do examinador em dar um peso menor em relação às matérias específicas do edital. Não obstante essa escolha do examinador, considero o regimento interno uma matéria divisora de águas no certame, em qualquer situação.

Em primeiro lugar, é uma matéria isolada para aquele concurso específico, só se repetindo no próximo certame. O candidato vai ter que estudar só para o concurso proposto e pronto. Com isso, qual o pensamento da maioria esmagadora dos candidatos? Não vou dispensar tanta atenção a essa matéria, já que será apenas nesse concurso. Na véspera da prova eu leio o regimento e está tudo ok.

Pensamento super equivocado! Ainda que o candidato seja o mestre em decorar textos de leis (o que também desaconselho!), tenha inúmeros artifícios para fazer isso em cincos dias antes da prova, é um pensamento que tende ao fracasso.

Em segundo lugar, boa parte dos candidatos tem medo dos regimentos, medo de esmiuçar o texto legal e aprendê-lo de forma consistente, sobretudo em regimentos grandes ou com muitos órgãos em sua estrutura.

Essa ideia precisa ser repensada urgentemente, caso você deseje mesmo ser aprovado. Pelos mesmos motivos que o primeiro argumento é verdadeiro (ser uma matéria isolada), é o que deve te levar a repensar esse padrão.

Em concursos com concorrências gigantescas, como os de Tribunais e Legislativo – Senado e Câmara, o nível dos candidatos também aumenta em termos de preparação. Assim, o candidato está bem treinado e tem grandes chances de ser aprovado. Justamente por isso, as mínimas pontuações serão um divisor de águas entre estar ou não aprovado no certame. E aí, será que o regimento interno fará ou não a diferença para essa aprovação? Claro que sim.

O fato de poucas pessoas o estudarem verdadeiramente, da forma com que merece, deve servir de propulsor para o candidato dedicado se debruçar ainda mais sobre o regimento e fazer dele o seu trunfo na hora da aprovação. É aproveitar o desinteresse e/ou dificuldade da maioria e utilizar a seu favor.

Por isso defendo que a primeira providência para quando se decidir fazer um concurso que exija regimento é começar, desde já, a estudá-lo na lei seca, marcando, entendendo, repetindo, e fazer isso todos os dias por dez, quinze minutos.

Melhor ainda se o candidato puder contar com um curso de qualidade, que faça o trabalho pesado de esmiuçar o regimento, facilitar a leitura, clarear os pontos do regimento que podem ser uma casca de banana e ainda fornecer ferramentas diferenciadas para o aprendizado da matéria.

Mas não se engane caso pense que todos os editais cobram o regimento como matéria genérica. No último concurso do Senado Federal, por exemplo, os cargos de Técnico Legislativo de fato cobraram o regimento como matéria genérica, exceto o cargo de apoio ao Processo Legislativo, o qual também exigiu na parte específica. Já para o cargo de Policial Legislativo Federal, foram cobrados os regimentos do Senado e Comum tanto na parte geral como na específica. Isso mesmo: em ambas as partes da prova!! Para os cargos de Analista Legislativo, os regimentos foram exigidos integralmente na parte específica, com ênfase ainda maior no cargo com especialidade Processo Legislativo. Até para Consultor Legislativo, área Direito Constitucional, Administrativo, Eleitoral e Processo Legislativo, o examinador não livrou o candidato de estudar os regimentos.

Por todo o exposto, repiso aqui a importância do estudo aprofundado dessa matéria. Não dê essa deixa para o examinador, permitindo que algumas questões de regimento te afastem do tão sonhado cargo público e para o qual tanto tempo e dinheiro você tem investido.

Por hoje é o melhor conselho que tenho a te dar. Sente-se na sombra de uma árvore e amole o seu machado, esse será o golpe certeiro, acredite!

Crédito do texto: http://motivacaoecarreira.blogspot.com.br/2011/04/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html

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Ver comentários

    • Com certeza, Lourival! Há quem diga que nunca se está preparado a contento para a aprovação, mesmo para cargos mais exigentes, haja vista a infinidade de conteúdos e detalhes. No entanto, o certo é que quanto mais nos preparamos, mais afiamos o machado, melhor estaremos e, independente de estarmos completamente preparados (se é que existe esse estágio!), a hora de cada um chega. Grato pelo comentário e boa sorte!

    • Jucélia, sim, cada instituição possui o seu regimento interno, que é a norma básica de funcionamento do órgão. Nem todos os concursos exigem o seu estudo no edital. É mais comumente cobrado nos certames dos Tribunais e das Casas Legislativas, haja vista que a atividades finalísticas do órgão têm seus procedimentos definidos no regimento, logo, é matéria fundamental para o futuro servidor do órgão. Obrigado pela participação!

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