Tornar as revisões mais eficientes é um dilema na vida do concurseiro. Além disso, a expectativa da publicação do edital do concurso-alvo é uma constante preocupação. Afinal, a medida que há a aproximação da possibilidade de ingresso nas fileiras da instituição a qual tanto se almeja, vem à tona um misto de emoções:
• Por um lado, alívio, já que – constantemente – a publicação demora alguns anos;
• Por outro, bastante preocupação, em razão das dúvidas relacionadas a como revisar de forma eficaz, inclusive, lidando com as novidades do novo edital.
A princípio, é de fundamental importância conhecer as minúcias do edital, sobretudo as novidades que aparecem em comparação com o anterior, que estava servindo de base para os estudos.
Ato contínuo, devido à escassez do tempo, não é dada a oportunidade para que possa mudar a rota após o último “sprint” para a realização da tão aguardada prova. Portanto, é necessário que se adote uma estratégia até o final.
Nesse cenário, são inúmeras as táticas as quais se pode apostar. Todavia, há uma ferramenta que auxilia não apenas a desmitificar conteúdos, mas também torna as revisões mais eficientes: o caderno de erros¹.
Tal mecanismo não se restringe a mera função de anotar eventuais equívocos ao responder questões. Mas, principalmente, identificar quais são as reais falhas em certos conteúdos, de maneira a possibilitar que as revisões sejam mais eficazes.
Logo, o fato de se ter dificuldade em um tema específico do conteúdo de determinada matéria não quer dizer que há fragilidade na disciplina, mas que se precisa aperfeiçoar o modo de estudá-la em pontos específicos, inclusive, com métodos diferenciados. Ou seja, é essencial que se tenha uma estratégia diferenciada para tornar as revisões mais eficientes.
A título exemplificativo, eu tinha certa dificuldade de estudar temas de determinados assuntos de Medicina Legal. Isso decorria mormente de termos muito técnicos da literatura. Em razão desse obstáculo, tive a necessidade de revisar a disciplina de maneira inusitada, quando comparada com outras. Portanto, otimizei minhas revisões, tornando-as mais eficazes, com o auxílio do caderno de erros.
Assim, o obstáculo do meu aprendizado não era a Medicina Legal em si, mas temas pontuais. Entretanto, apenas consegui identificar e, posteriormente, superá-los adotando essa ferramenta que tornou as minhas revisões mais eficientes.
Nesse contexto, o caderno de erros² consiste em um instrumento de estudos que auxilia a pontuar incorreções dentro do conteúdo de certas matérias. Portanto, além de explanar dificuldades, haverá um apontamento implícito de quais temas priorizar no momento de revisão. Desse modo, é possível tornar as revisões mais eficientes.
Para isso, é recomendável a adoção de um arquivo (em meio digital) ou páginas de caderno ou fichário (em meio físico) para que essa ferramenta seja separada por disciplina. Isto é, deve haver um caderno de erros para Direito Constitucional, outro para Português, outro para Criminologia e assim sucessivamente.
Ademais, recomenda-se que exista, dentro de cada caderno, a separação por conteúdo, para facilitar tanto a organização topográfica (consulta rápida), quanto a alimentação do material (acréscimo de informações).
Superada essa etapa de organização, a fim de tornar as revisões mais eficazes, é preciso que se saiba alimentar o caderno de erros com parcimônia. Em outras palavras, deve-se diferenciar qual a espécie do erro.
– Ignorância: não há conhecimento sobre o tema arguido e é necessário estudá-lo;
– Equívoco: compreende-se o tema, porém não foi escolhida a alternativa correta;
– Desatenção: domina-se o assunto, contudo a alternativa escolhida foi errada, em razão de ausência de concentração.
Tal classificação não se encontra na literatura, mas é possível alcançar esse raciocínio por meio de um exame de consciência. Nesse sentido, ao construir o material de erros, não se deve buscar a autossabotagem. Logo, é salutar a justiça quanto à determinação do erro.
Quanto à construção do material, deve-se selecionar apenas os dois primeiros tipos de incorreções (por ignorância e por equívoco), porque denotam falhas estruturais quanto à compreensão dos assuntos. Desse modo, merecem ser selecionados, a fim de que sejam estudados de maneira separada.
Além disso, quanto ao erro por desatenção, embora seja também um equívoco, que pode trazer prejuízo na “hora da verdade”, esse está mais associado a problemas externos do que em relação à base de estudos. Assim, não se deve responder questões de qualquer jeito, mas com concentração, de modo a simular efetivamente uma avaliação.
Entendido o tipo de erro a ser selecionado para o material, deve-se saber o que e como escrever. Nessa perspectiva, é sugerido que se adotade frases curtas (no máximo com 3 linhas), ou tabelas para definir, explicar ou diferenciar o tema posto, com a finalidade de que o caderno de erros oportunize revisões mais eficientes.
Com o intuito de demonstrar formas de formatação do caderno de erros, seguem exemplos de como construí-lo:
• (CESPE/CEBRASPE – PC/SE – 2021) As polícias civis são subordinadas aos governadores dos estados-membros, e a elas competem as funções de polícia judiciária, a apuração de infrações penais — à exceção das militares — e a execução das atividades de defesa civil.
o Vamos presumir que você não sabia a resposta dessa pergunta por ser algo novo em seus estudos ou até mesmo há ainda certa confusão quanto às principais informações dos órgãos da segurança pública. Portanto, eu faço da seguinte forma:
PF | PRF | PFF | PC | PM | CBM | PP |
Presidente | Presidente | Presidente | Governador | Governador | Governador | Governador |
Função | Função | Função | Função | Função | Função | Função |
OBS: O DEPEN é subordinado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, e não ao Presidente da República.
o No instante de revisar, além ser mais agradável a visualização, quando comparamos com a mera lei seca, também é facilitada a memorização, pois sua memória tende a lembrar o que você construiu e assinalou em seu material.
• (CESPE/CEBRASPE – TCE/PB – 2022) A correção gramatical e a coerência do texto seriam preservadas caso o sinal de dois-pontos, empregado ao fim do primeiro parágrafo, fosse substituído por uma vírgula.
o Partindo da concepção anterior, é necessário saber se o sinal de dois-pontos pode ser substituído por vírgula e em quais situações. Assim, eu faria da seguinte maneira:
– Casos de utilização do sinal de dois-pontos:
— Começar uma citação direta (discurso direto);
— Inaugurar um aposto explicativo, enumerativo, distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva;
— Introduzir uma explicação ou enumeração;
— Marcar uma pausa entre orações coordenadas.
– Ademais, geralmente, o aposto se separa dos demais termos da oração por dois-pontos, vírgula, parênteses ou travessão.
• (CESPE/CEBRASPE – MPC/SC – 2022) Caso seja reconhecida a reincidência em crime de abuso de autoridade, a perda do cargo público é efeito automático da sentença condenatória.
o Somente a obrigação de reparação do dano é efeito automático da condenação.
o A perda do cargo e a inabilitação para o exercício, além de não ser automática, deve ser declarada – motivadamente – na sentença, ainda que ocorra a reincidência.
Diante dessas exemplificações, é notória a ideia de utilizar uma filtragem em relação aos erros para assinalar e, por conseguinte, alimentar o material apenas com informações realmente pertinentes. Assim, tal instrumento é fundamental para sintetizar o material e tornar as revisões mais eficazes.
Nesse contexto, após o desenvolvimento do caderno de erros, precisa-se saber o momento correto de revisá-los. Portanto, por ser mais enxuto, com anotações mais objetivas e voltadas para as reais dificuldades, fomentam-se tais materiais para revisões rápidas.
Em visto disso, não se recomenda que a revisão do conteúdo ultrapasse mais de 10 minutos, pois a ideia do material não é teorizar, mas ir direto ao ponto das dificuldades. Afinal, o objetivo central é tornar as revisões mais eficazes.
Dado a esse cenário, para o fim de revisar o caderno de erros, recomenda-se a adoção do método da “Curva do Esquecimento” (Revisões em 24 horas – 7 dias – 15 dias – 30 dias – 60 dias – 90 dias etc)³, pois – apesar de ser um método cumulativo – por ser um conteúdo sintetizado, oportuniza a revisão nos momentos mais variados do seu dia.
A título ilustrativo, já cheguei a fazer a revisão desses materiais durante o intervalo do almoço no trabalho, enquanto estava aguardando um atendimento médico ou, até mesmo, no instante em que fazia alguma atividade aeróbica na academia.
Logo, pela disponibilidade do material, é possível maximizar os momentos de revisão no decorrer do dia. Por exemplo, em momentos em que seriam desperdiçados com bobagem, mas também não se conseguiria iniciar o estudo de algo novo.
Essa compreensão acerca de aproveitar todos os momentos disponíveis do dia é o que oportunizará que a evolução nos estudos, inclusive aparando arestas ainda existentes. Sendo assim, esse instrumento de possibilita revisões mais eficazes.
Por isso, ressalto que a funcionalidade do caderno de erros consiste em ir ao encontro das principais dificuldades. Ao contrário de outros materiais de revisão, como resumos, mapas mentais ou flashcards, que são efetivamente para rever o conteúdo já visto.
Logo , objetiva-se que os erros não se repitam na prova. Afinal, repete-se a maioria das questões nas avaliações.
Ademais, conquanto as revisões sejam cumulativas, é possível que – na derradeira semana para a prova – se consiga repassar os principais pontos de incorreções. Tal capacidade provém do material construído ser enxuto, ou seja, com informações diretas e voltadas às reais dificuldades.
O meu caderno de erros de Direito Penal – Parte Geral das minhas últimas provas realizadas (CFO PM/GO, CFO PM/RN e Delegado PC/BA) teve 7 páginas digitalizadas. Devido à seleção objetiva de conteúdos, eu consegui revisar – ao menos uma vez – na semana final de cada um desses certames. Logo, o material sintetizado tornou minhas revisões mais eficientes e céleres.
Nesse sentido, a construção do material teve início em abril de 2022 e encerrou-se em meados de julho de 2022. Portanto, consolidou-se no arquivo todos os meus principais erros pertinentes à disciplina, as quais foram objeto de revisões mais eficazes tanto ao longo das semanas de estudo, quanto na semana final para a prova.
Como saldo desses últimos certames, consegui aprovações bastante sólidas, ficando – nas provas intelectuais – em 5º lugar no CFO PM/GO, em 3º lugar no CFO PM/RN e em 4º lugar em Delegado PC/BA.
Embora não seja uma ferramenta “milagrosa”, eu atribuo ao caderno de erros o remate das arestas que existiam em certos temas. Tal afirmação decorre por que passei a efetuar revisões mais eficazes, que se centraram nas minhas reais dificuldades.
Em suma, o caderno de erros é uma ferramenta de revisão para evidenciar as principais dificuldades. Assim, esse mecanismo centra-se na repetição do estudo do material cuja construção se baseia em incorreções.
Nesse cenário, por ser um instrumento de revisão mais sintético, é oportunizada a revisão em variados instantes do dia e de modo mais hábil, quando comparados com outros métodos mais comuns (resumos, mapas mentais, flashcards etc). À vista disso, as revisões são mais eficientes.
Dada a sua agilidade, recomenda-se o emprego do método da “Curva do Esquecimento” no controle das revisões. Ademais, é possível revisar todos os cadernos de erros do concurso na semana da prova.
Portanto, a adoção dessa estratégia oportuniza revisões mais eficazes sobre as dificuldades, bem como mais célere, de modo a potencializar o aproveitamento do tempo em um período bastante atribulado.
¹ A estratégia dos que superam os 80% de acertos: https://www.youtube.com/watch?v=iACrZE0jwYY
² Caderno de erros: por onde começar?: https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/caderno-de-erros-por-onde-comecar
³ Curva do Esquecimento: https://ead.pucpr.br/blog/curva-esquecimento
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