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RESUMO: afinal… devo ou não fazer? TIRE SUAS DÚVIDAS.

Olá pessoal, como estão vocês?

Hoje vim trazer minha visão sobre um assunto que suscita muitas dúvidas entre os concurseiros, coaches, professores e todos aqueles com alguma experiência na difícil arte de ESTUDAR: o tal RESUMO FEITO À MÃO (ou no computador, também muito utilizado).

Há um bom tempo venho ensaiando comentar sobre isso, mas foi ontem, durante uma conversa com um amigo que está começando a se preparar para o próximo certame do TJ-SP, que resolvi tomar a iniciativa e me debruçar sobre o tema.

Pois é, até quem ainda nem começou a estudar para concursos já tem criado uma certa expectativa em relação a isso. Vamos organizar as ideias e tentar deixar tudo mais claro.

Em primeiro lugar, em matéria de concursos, não existe proibição de absolutamente nada. Ao contrário, quanto mais instrumentos você dispuser para potencializar seus resultados, melhor. O problema não está na técnica, e sim no uso indiscriminado e aleatório que dela se faz. Não saber o momento certo de lançar mão de uma ou outra ferramenta é que a torna inútil e até prejudicial. E tem mais: não dá para utilizar todos os recursos ao mesmo tempo. Fatalmente você terá que optar por um número reduzido de itens auxiliares ao material teórico e, assim, otimizar seus estudos.

Portanto, pessoal, ninguém aqui está dizendo que resumos não funcionam em nenhuma situação. Em muitos casos eles são muito úteis. O problema é que o aluno não compreende a ferramenta que tem em mãos, e dela acaba fazendo um uso inconsciente e equivocado. Isso atrapalha muito, acredite.

Ok, depois de derrubarmos a barreira do preconceito, partiremos para uma análise dos prós e contras desse artifício tão comum e com o qual tomamos contato já desde a infância.

Os profissionais, de forma geral, não recomendam a elaboração de resumos como regra para todas as matérias, desde o início da preparação. Por que será? Apesar do esforço que fazemos para explicar que em alguns casos esse método apresenta certas desvantagens, é muito difícil o aluno tomar coragem e desapegar da escrita, do apelo visual que o resumo oferece. Isso porque é extremamente difícil aceitar que nem sempre o método mais demorado e trabalhoso (ou bonito) é o mais eficaz.  Nem sempre o esforço irá entregar os resultados esperados, pelo menos não na velocidade e proporção adequadas.

Vamos enumerar aqui as principais razões para relativizar, ou reduzir, o uso do resumo no seu processo de preparação nos momentos errados:

1) DEMANDA UM TEMPO ENORME PARA SER CONFECCIONADO.

A primeira e mais óbvia razão de todas, não é mesmo?

É isso que você precisa entender: resumir pode ser bom, dependendo do caso e das características de cada um, mas será que você tem tanto tempo disponível, diariamente, até o dia da sua prova, para transportar boa parte do conhecimento adquirido em Processo Civil, Constitucional, Processo Penal, Previdenciário, Administrativo – e a lista está só no começo – para o papel ou até mesmo para o computador? Nesse caso, mesmo digitado, você irá precisar estruturar os temas, organizar os assuntos, etc.

A não ser que você possua uma habilidade fora do comum e consiga elaborar um gigantesco material em pouco tempo, é preciso pensar bem antes de partir para a tarefa de sintetizar a matéria. Por mais afinidade que você tenha com a escrita à mão, por mais justificativas científicas que existam no sentido de recomendar o aprendizado por meio da escrita… o tempo estará correndo e, gostando ou não, este é um fator limitante, principalmente para os concurseiros. E os artigos científicos, em sua maioria, não foram feitos pensando neles. E é aí que entra nosso segundo motivo:

2) ESTUDAR PARA AS PROVAS DA ESCOLA, DO VESTIBULAR OU DA FACULDADE NÃO É A MESMA COISA QUE ESTUDAR PARA CONCURSO PÚBLICO.

Quando se discute a melhor estratégia de fixação de conhecimento, os especialistas costumam se concentrar no aprendizado relativo ao período escolar ou universitário. Entretanto, por maior que seja a bagagem teórica que os estudantes tenham que suportar nessa fase, o conteúdo não é cobrado da mesma forma. Tomemos como exemplo um estudante de Direito, que não precisa memorizar os artigos de lei, na íntegra, para o teste final do semestre, podendo inclusive consultar o Vade Mecum, em certas ocasiões.

Na universidade são cobrados conceitos, o entendimento do tema e o raciocínio jurídico, porém as disciplinas são distribuídas ao longo de 5 anos, não havendo uma enxurrada de informações simultâneas para sobrecarregar seu cérebro, como em um edital de concurso público. São realidades e necessidades diferentes e, portanto, exigem habilidades e estratégias distintas de estudo.

Sendo assim, o resumo até pode funcionar para esquematizar os tópicos abordados em sala, mas isso se deve ao fato de contarmos com uma densidade menor de informações para assimilar de imediato, nessa situação.

Não é à toa que a OAB acaba se tornando um novo desafio para o futuro advogado: o bacharel em Direito provavelmente não se lembrará dos detalhes das matérias estudadas no início do curso, e no fim ou após a conclusão do mesmo ele irá se deparar com a árdua tarefa de passar no exame da Ordem, que em muitos aspectos se assemelha a uma prova de concurso. E lá vai ele se matricular em um novo cursinho, pois essa prova exige uma postura diferente do estudante. Nesse momento, o resumo não irá ajudar tanto, a não ser que tenha sido feito durante os anos da graduação, pouco a pouco… Pode acreditar.

3) TORNA O ESTUDO BASTANTE SOFISTICADO E COMPLEXO.

Imagine que você está sentado em sua mesa, com seu material teórico em pdf impresso e encadernado, liga o notebook para assistir uma vídeo-aula e abre o Código de Leis para acompanhar o assunto. Pois bem, temos uma quantidade considerável de fontes de informação ali, ao seu redor. Você concorda que todo esse aparato deveria ser mais do que suficiente para abordar a matéria? Deveria, mas muita gente pensa que não é. Ainda consideram a possibilidade de acrescentar folhas para resumos, mapas mentais, e até cartões com perguntas e respostas no verso, como resultado de um trabalho que se aproxima do artesanal. Tudo isso, junto, gera muita confusão e deixa o estudante confuso.

Pessoal, o estudo para concursos deve ser prático, objetivo e, principalmente, SIMPLES! MUITO SIMPLES!! O MAIS SIMPLES POSSÍVEL.
A maioria dos editais apresentam uma quantidade enorme de tópicos a serem estudados. “Bater” o edital não é para qualquer um, e até mesmo os aprovados têm dificuldade em alcançar esse patamar. O desafio, para nós, é SIMPLIFICAR esse processo, e não complicar ainda mais.

Infelizmente, não podemos reduzir o tamanho dos pdfs, como muitos imaginam, pois o edital não encolhe junto, automaticamente. Por isso, temos que encarar o fato de que, ou você percorre essa distância em linha reta, sem muitos desvios, ou vai permanecer andando em círculos, sem chegar a lugar algum!

4) A EXCESSIVA DIVERSIDADE DE MATERIAIS FAZ COM QUE NÃO SE APROVEITE INTEGRALMENTE NENHUM DELES.

Costumo dizer que material bom é aquele que você usa do começo ao fim, para aprender, revisar e anotar algumas coisas. No final já está todo sujo de tanto ser manuseado. Material bom é aquele que você começa a ler, pela primeira vez, volta para grifar já pensando na revisão que fará depois, e ele realmente te acompanha até o dia da sua prova. Você e ele se tornam íntimos, e não há uma linha naquele texto que não lhe seja familiar. É possível lembrar, de cabeça, em que aula determinado assunto está, em que posição da página estava aquela palavra que marcou sua leitura. Isso já aconteceu com você? Se sim, provavelmente tratou-se de uma situação de completa exaustão do seu material, onde todo o conteúdo foi extraído, aproveitado, digerido e exercitado.

E isso só é possível quando a fonte de informação é confiável, e o aluno sente firmeza no material que está usando. Quando isso acontece, não há tanta necessidade de mil artifícios para complementar o estudo. Basta revisar os grifos e praticar com muitos exercícios. Vez ou outra, em algum ponto mais difícil da matéria, pode-se recorrer a uma vídeo-aula, um esquema ou resumo rápido para ajudar a entender, mas nada que tire sua atenção da fonte principal!

O problema é quando o aluno já inicia o estudo com a elaboração do resumo. E pior, ele faz isso com TODAS as matérias.

Então ele passa a contar com mais uma fonte de informação, além do livro ou pdf. O resumo passa a concorrer com o restante, no que se refere à atenção ao conteúdo e ao tempo destinado à sua elaboração. Resultado: falta de foco e dedicação a um único e consistente material.

Cada revisão contará não só com a leitura dos grifos, mas também do resumo. No fim das contas, o estudo acaba sendo superficial, e o aluno culpa a qualidade ou a extensão do pdf pelo mau desempenho!

Tenha isso em mente: quanto mais diversificada for a fonte de informações, menos eficaz é a assimilação de cada recurso (resumo escrito, teoria, mapa mental). É aquela velha história: não faça como o pato, que nada, anda e voa, mas faz tudo isso de forma desengonçada. Dê uma chance para que o método que você decidiu utilizar dê resultado, pare de recomeçar e aprenda a persistir.

5) ACEITE QUE VOCÊ NÃO DOMINA NENHUM ASSUNTO A PONTO DE ELABORAR O RESUMO PERFEITO.

Essa é a verdade: o concurseiro sofre para completar seus ciclos de estudo, portanto não chega na véspera de prova como um especialista no assunto. A maioria de nós acerta questões por eliminação, inclusive. E isso é ótimo, sinal de que o rendimento foi bom e a técnica de fazer prova foi aperfeiçoada. Esse é o objetivo.

Eu sempre questionei a utilização indiscriminada do resumo, por uma simples razão: para resumir alguma coisa, preciso primeiro estudá-la, exercitar minha compreensão, e só então terei condições de hierarquizar as informações, classificá-las como mais ou menos importantes, saber exatamente o que tenho mais dificuldade para lembrar, etc. Se eu chego, no entanto, a esse nível de entendimento, o resumo sequer será necessário. Para revisar, basta rever rapidamente os grifos e o conhecimento que você tem guardado na memória é rapidamente ativado.

O que não falta por aí é gente com mil esquemas coloridos que, no fundo, contém os mesmos “buracos” de entendimento que o estudante apenas transferiu da cabeça para o papel. Nesse sentido, é preferível o resumo feito por um profissional, mais completo, preciso e “isento” dos VÍCIOS do aluno.

E aí você me pergunta: “mas o resumo serve para relembrar o principal, o essencial da matéria, não?”.

Bem, o seu material bem grifado também cumpre esse papel, e exige muito menos esforço da sua parte. Além disso, sejamos sinceros: é preciso muito mais do que o trivial para revisar bem e obter uma porcentagem elevada de acertos, dependendo do concurso, é claro.

6) A RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO DA INFORMAÇÃO É TRANSFERIDA DA MENTE PARA O PAPEL.

Curioso, não? Desde os primeiros anos na escola, ainda crianças, somos ensinados a anotar tudo o que o professor fala e escreve em sala. Esse hábito persiste por toda a vida, inclusive na universidade. Falamos sobre isso no item 2 deste artigo.

Mesmo quando não é expressamente exigido dos professores, os alunos fazem anotações para garantir que a matéria esteja ali disponível para estudo posterior. E isso por quê?

Porque a escrita funciona como um “cobertorzinho de segurança”, já que a aula ficará registrada como um “back up”, em caso de esquecimento.

O problema disso é que inconscientemente passamos a nos esforçar menos para que a mente assimile imediatamente o conhecimento. Afinal, as anotações estão ali para serem acessadas a qualquer momento. Para que, então, sobrecarregar o cérebro com o que pode ficar no papel, não é mesmo?

Apesar de saber que no dia da prova do concurso não haverá um esqueminha para consultar, o fato é que, sem querer, acabamos cometendo o mesmo erro do estudante em sala de aula. A matéria é compreendida e os exercícios são feitos mas, por via das dúvidas, o que se aprende ficará gravado também na versão escrita.

Vejam só, o ideal seria que o resumo reforçasse o que acabamos de aprender, afinal, além de ler, estaríamos praticando o tópico estudado e transcrevendo-o com nossas próprias palavras, certo? Bem, nem sempre!

O efeito pode ser exatamente o oposto. À primeira vista pode parecer estranho, mas se pararmos para pensar, é isso mesmo que acontece: a leitura fica mais confortável, dando a impressão de que estamos aprendendo melhor também, ao escrever após a leitura. Mas é justamente esse esforço intelectual que deixamos de fazer que faz com que nossa memória fique “mal-acostumada”, dispondo de cada vez menos energia para a memorização.

Eu sempre tive muita dificuldade em decorar ou memorizar. Mas a resposta a essa limitação não foi bolar um plano de fuga, e sim romper esse obstáculo. Mas como? Simples: exercitando minha memória, como em uma sessão de musculação: quanto mais praticamos, mais o músculo cresce. Quanto mais se exige da memória, mais espaço vai sendo concedido para o armazenamento de informações. Por outro lado, se não forçarmos um pouco a barra, ela vai ficando preguiçosa e perdendo volume, exatamente como quando paramos de frequentar a academia.

Nosso cobertorzinho de segurança prega peças, acredite, e é mestre na arte da ilusão, rs.

Estudo bom é aquele que você sai cansado, mas satisfeito. E sabendo muito. Não existe almoço grátis.


OK, MAS… QUANDO UTILIZAR A TÉCNICA DO RESUMO? FICOU PROIBIDO, ENTÃO?

Como já disse, não existe essa história de proibição. Até aqui tentei em longas linhas destrinchar os motivos que nos levam a ter ressalvas em relação a esse método, justamente porque ele nos induz a cometer certos erros sem perceber. Em pouco tempo o aluno já começa a abusar da técnica sem que isso traga mais nenhum efeito benéfico, mas ele sequer se dá conta disso e continua lá, sofrendo com as milhões de tarefas complexas que ele mesmo inventou ou copiou de alguém.

Mas existem algumas situações em que você pode – e deve – lançar mão de outros recursos além da leitura do material teórico. Enumerei algumas aqui, mas tenho certeza de que vocês devem conhecer muitas outras:


a) COMO ÚLTIMO RECURSO, QUANDO NADA MAIS FUNCIONA.

Alguns assuntos são tão chatos e “cascudos” que, mesmo praticando até com o papagaio em casa, os erros e dúvidas persistem. Nesses pontos da matéria, que chamamos de “NÓS”, vale a pena dar uma atenção extra e se livrar do problema. Mas é como eu falei: faça um esqueminha rápido, sem tirar a agilidade do seu estudo. Anote em um post-it, ou em fichinhas, e anexe na página do seu pdf, se estiver impresso. Não use como desculpa para generalizar essa interrupção e elaborar 500 resumos de tudo que aparecer, combinado? Mesmo porque, tudo que se torna banal perde o poder de impactar sua mente. Trate o resumo como exceção, e não como regra, e verá que sua relevância será sentida por muito mais tempo.

b) NA RETA FINAL OU NAS ÚLTIMAS REVISÕES.

Depois de completar seus ciclos de estudo, chegamos na reta final com boa parte do edital cumprido. Algumas matérias, inclusive, já foram revisadas mais de uma vez e foram feitas inúmeras baterias de exercícios. Nesse momento você já terá condições de identificar as “pedras no sapato”, com potencial para tirar preciosos pontos na sua prova. Contar com um lembrete a mais na forma de um diagrama, por exemplo, que ajude a entender e fixar o conteúdo, não fará mal algum. Dê prioridade a esse tipo de coisa quando sentir a necessidade de “tapar buracos” na matéria e estiver confiante o suficiente para apontar suas reais dificuldades.


Para finalizar, gostaria de sintetizar o que foi dito aqui e salientar alguns pontos que considero fundamentais para manter seus estudos nos trilhos:

– Na medida do possível, mantenha a objetividade, a simplicidade e, principalmente, a AGILIDADE do método escolhido.

– Tenha em mente que o esforço empreendido nesse processo deve ser, predominantemente, INTELECTUAL.

– Exercite a memória, aprenda a enfrentar parte de suas limitações, diariamente, e evite abordagens indiretas e inconsistentes dos assuntos. NÃO caia na armadilha da SUPERFICIALIDADE.

– Mantenha-se CONSTANTE E FIEL AO SEU MATERIAL de estudo. Não o abandone antes de ter certeza de que não deu resultado. Pratique, explore, estabeleça metas e as cumpra, para só então tomar a atitude de descartar qualquer coisa.

– Organize-se e estabeleça uma estratégia SIMPLES e EFICAZ de estudo. Monitore constantemente seus hábitos para que não haja incrementos desnecessários de materiais, tornando sua rotina caótica e confusa.


Pessoal, vou ficando por aqui. Lembre-se de que foco pressupõe muita calma, insistência e treino.

Como todo desafio na vida, no começo é difícil, mas é a sua determinação que irá desmistificar esse processo.

Desejo a você muita tranquilidade e confiança para seguir em frente e ter muito sucesso.

Um grande abraço!


Claudia Miranda Gonçalves

Coach do Estratégia Concursos

Instagram: @coachclaudiamiranda

e-mail: coachclaudiamiranda@gmail.com

Claudia Miranda Gonçalves

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