Recurso Português BNB
Olá, pessoal!
Como informei na transmissão do gabarito extraoficial BNB, é sempre bom analisar a questão após sair o gabarito preliminar, justamente para a gente perceber o aprofundamento ou não da questão e, depois de um tempo mais consolidado, sem pressa, analisarmos a questão para verificação de possibilidade de recurso.
Bom, com base nisso, vamos à questão 17:
Notamos que o gabarito da questão 17 realmente é ERRADO, pois o primeiro parágrafo do texto nos mostra que os gastos não necessariamente seriam ocasionados pelos analistas, mas também por eles. Note isso por meio do emprego do primeiro parágrafo do texto:
Não podemos descartar a operação humana por trás dos sistemas, muito menos a presença de analistas reais.
Ao afirmar que “muito menos a presença de analistas reais”, naturalmente notamos que não cabe entender que os gastos seriam apenas com os analistas.
Mas devemos tomar cuidado com a questão 23 e eu ainda julgo importante entrar com recurso.
Notamos nas linhas 2 e 3 a locução verbal “vamos supor”, a qual não transmite certeza, mas algo imaginado, possível, hipotético, por isso obrigatoriamente a oração subordinada substantiva objetiva direta “que um sistema de aprendizagem de máquina perceba” apresenta o verbo “perceba” no presente do subjuntivo.
Assim, uma suposição conduz a uma possibilidade, e não a uma certeza, por isso o emprego do verbo “perceba” está correto.
Este verbo (“perceba”) não transmite uma noção imaginativa, mas um exame, notar alguma coisa.
Pois bem, é natural então que tenhamos os verbos no indicativo nas orações subordinadas substantivas, as quais são complementos deste verbo:
“Vamos supor que um sistema de aprendizagem de máquina perceba que todas as pessoas com índice de massa corporal regular tomam café com açúcar, enquanto todas as pessoas com índice elevado tomam a bebida com adoçante.”
Assim, perceberam-se fatos:
a) todas as pessoas com índice de massa corporal regular tomarem café com açúcar
b) todas as pessoas com índice elevado tomarem a bebida com adoçante
Mas essa percepção também pode ser entendida como suposição, pois se baseiam nela:
Assim, podemos entender do contexto novo que
um sistema de aprendizagem de máquina perceba que todas as pessoas com índice de massa corporal regular tomem café com açúcar, enquanto todas as pessoas com índice elevado tomem a bebida com adoçante.
Logicamente há mudança de sentido, mas a questão nada afirmou sobre isso!
A lógica, isto é, a coerência é mantida com a substituição, inclusive reforçando a situação hipotética.
É fato que o verbo “perceba” já traz a noção hipotética, mas cabe no contexto também essa extensão da possibilidade nas orações seguintes. Por isso, não soa estranho afirmar o seguinte:
Vamos supor que um sistema de aprendizagem de máquina perceba que todas as pessoas com índice de massa corporal regular
tomem café com açúcar, enquanto todas as pessoas com índice elevado tomem a bebida com adoçante.
Vamos ampliar para um contexto mais próximo de nosso dia a dia:
Vamos supor que você diga a algum amigo que o concurseiro seja a pessoa mais feliz do mundo!
Note: pode ser ou não a pessoa mais feliz do mundo, assim como na percepção do texto também se possa entender que não é fato a situação de tomar café, está no campo hipotético.
Assim, é importante entrar com recurso pedindo a anulação (ou mudança de gabarito) da questão por haver a possibilidade desta outra interpretação, alegando o que acima exponho, para que a banca possa dar o seu entendimento definitivo.
Nesta questão 25, na pressa de passar logo o gabarito extraoficial, “caí igual a um patinho”, só li a expressão “a bebida”, que é feminina. Porém, a “bebida” é o “café”, que se encontra na linha 5. Por isso, contextualmente, cabe, sim, a troca de “a bebida” pelo pronome pessoal oblíquo átono “o”.
Sinceramente, questão linda!!!!!!!??????????????
Grande abraço, meus amigos!
Se puderem entrar com recurso contra a questão 23, será muito importante, porque este entendimento servirá de base para muitas outras questões da banca!!!!
Décio Terror
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Grande mestre, compartilho sua analise em sua mais absoluta totalidade! Inclusive, foi a unica que, em meu gabarito, ficou em discordancia com banca. Para corrobora, com tal analise ,na prova de analista da camara 2012, ha uma questao em que o entendimento da banca e nesse sentido, conforme analise aqui explicitada pelo sr , mestre!
No tocante a questao do "O" ,pronome anaforico, estava assistindo sua correção e, naquele momento, estranhei vossa nao ter percebido a possivel possibilidade..
Conquanto, estivesse explicito a palavra feminina bebida, naquele com texto, seria perfeitamente plausivel sua troca por cafe, masculina.
Mas como e de praxe, dos grandes mestres assumirem que tbm falham, nao poderia esperar menos de vossa senhoria. (Por quem tenho grande admiração no trabalho que faz )