Olá Pessoal. Não há recurso cabível na prova de história de Pernambuco. Vou comentar as questões do concurso, e desfazer a polêmica sobre a questão do Quilombo dos Palmares e do Catucá, que muitas pessoas pensaram ter duas alternativas corretas. Infelizmente não dá recurso, pois foi difícil, mas não errada. Parabéns aos nossos alunos que relataram sucesso na hora da prova e pelo elogio de terem visto em detalhes todos os tópicos da prova. Essa é um grande motivação para podermos trabalhar cada vez melhor e mais empolgados com sua aprovação. Sem demora, vamos lá.
1. “São tão grandes as riquezas deste novo mundo e da mesma maneira sua fertilidade e abundância, que não sei por qual das cousas comece primeiramente: mas, pois todas elas de muita consideração, farei uma salada na melhor forma que souber, para que fiquem claras e deem gosto”.
(Ambrósio Fernandes Brandão – séc. XVII. Apud BRANDÃO, Ambrósio Fernandes. Diálogos das grandezas do Brasil. 3. ed. Recife: FUNDAJ, Ed. Massangana, 1997. p. 85.)
Em relação à colonização da Capitania de Pernambuco no século XVI, assinale a alternativa CORRETA.
A) Diferente do que ocorrera nas outras capitanias, Duarte Coelho fora o único donatário a receber da Coroa Lusitana vultosas doações para o desenvolvimento das suas terras, bem como um corpo de milícia para garantir a sua defesa, uma vez que se achava sob constante ataque dos índios caetés.
As capitanias hereditárias eram uma forma da coroa portuguesa transferir para a iniciativa privada os gastos com a colonização. Duarte Coelho, foi o único capitão donatário, cujo trabalho surtiu profundos efeitos no país, mas sem subsídios de Portugal. Os engenhos em sua maioria eram financiados por holandeses.
B) Com o passar dos anos e as investidas de outros navegadores, especialmente franceses, o governo de Portugal decidiu promover a colonização da América Portuguesa por meio da instituição do Governo Geral. Essa atitude favoreceu sobremaneira Pernambuco, uma vez que se beneficiou da administração direta da Corte. TARDE
Primeiramente foram criadas as capitanias hereditárias, que não tiveram sucesso devido à resistência indígena e a grande descentralização. O governo geral é de 1548 e pretendia centralizar as capitanias e não eliminá-las.
C) Além do trabalho na agricultura, a presença africana era necessária para aberturas de novas áreas no território, dominado, muitas vezes, por índios que faziam guerra aos portugueses e impediam o avanço, principalmente em direção ao sertão.
Correto. Todo o trabalho na época colonial era feito por escravos africanos e também muitos indígenas, apesar da proteção da Igreja eram também escravizados.
D) A questão de povoamento não enfrentava contratempos, especialmente devido aos condenados pela justiça reinol que eram punidos com o degredo para o Brasil. Estes, além de resolverem o problema da falta de cidadãos portugueses dispostos a colonizar o novo mundo, colaboravam para o bom serviço que o Capitão Donatário pretendia prestar à Coroa.
Essa nem dá discussão. Imagine quantos empecilhos e contratempos existiram nos primeiros anos de colonização.
E) As alianças estabelecidas com os indígenas permitiram a Duarte Coelho o estabelecimento de duas vilas nas terras de Pernambuco, sem a necessidade de conflitos com os naturais da terra. A primeira delas, fundada logo na chegada do Capitão Donatário à sua Capitania, foi denominada de Igaraçu. A segunda, chamada de Olinda, distante cinco léguas da primeira, logo passou a ser a sede da capitania.
A colonização teve forte resistência dos indígenas e Duarte Coelho foi uma grande combatente dos nativos.
2. "Rebentou, então, por culpa dos portugueses, uma revolta dos índios, que anteriormente se mostravam pacíficos, e o chefe da terra pediu-nos pelo amor de Deus, que fôssemos às pressas auxiliar o lugar… do qual os indígenas queriam se apoderar. […] O número dos defensores montava, incluindo-nos, cerca de 90 cristãos. Acrescente-se a esse número 30 negros e escravos brasileiros, a saber, selvagens que pertenciam a colonos."
(SATDEN, Hans. Duas viagens ao Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1974. p. 46.)
Sobre a relação estabelecida entre os chamados índios pernambucanos e os colonizadores portugueses, é CORRETO afirmar que
A) as constantes solicitações feitas por Duarte Coelho à coroa portuguesa, no sentido de permitir que ele pudesse importar para a Capitania negros escravizados da Guiné, faziam sentido em face ao pendor natural à preguiça, apresentado pelos índios.
Sempre fuja de questões que vierem carregadas de preconceito. A escravidão africana era um grande mercado e foi escolhida pelo interesse econômico.
B) ao contrário do que ocorria na maior parte do território da América Portuguesa, não existia, nas terras da Capitania de Pernambuco, diversidade de povos indígenas. Pelo contrário, a dispersão dos caetés por todo o território pernambucano foi um dos fatores para sua rápida conquista e colonização.
Todo o litoral era habitado por indígenas, que em razão da organização tribal, tinham uma enorme diversidade. A predominância de Caetés não significa que só havia este grupo.
C) na capitania de Pernambuco, os ataques indígenas foram constantes às vilas e plantações de açúcar. Apesar de as tropas coloniais repelirem as investidas, esses ataques não eram cessados. Esse foi um dos motivos que levaram a Coroa portuguesa a enviar ao Brasil levas de missionários, para que pudessem atuar entre os índios e ajudar na sua "domesticação".
Correta.
D) os inúmeros contatos que os europeus-cristãos estabeleceram com os povos indígenas, a partir de um determinado momento da colonização, foram mediados por uma lógica colonizadora de opressão, imposição, negação, impostas pela superioridade dos colonos Portugueses. Essa era tamanha, que não permitiu o desenvolvimento de qualquer forma de resistência indígena.
A resistência indígena era muito grande, foi um dos fatores de insucesso das capitanias e foram constantes as guerras contra os nativos que ficaram conhecidas como guerra contra os bárbaros e também guerras justas.
E) a história das relações sociais entre os missionários franciscanos e indígenas na Capitania de Pernambuco revela a existência de inúmeros contatos ao longo do período colonial. Mais preocupados com a catequese dos povos indígenas, não exerceram nenhuma influência na política indigenista adotada pela metrópole.
Eram missionários Jesuítas e a metrópole não possuía política indigenista.
3. Segundo o historiador Marcus Carvalho, alguns aspectos chamam a atenção na história social do Recife, na primeira metade dos oitocentos. Um deles é, sem dúvida, o ciclo das insurreições liberais, que se inicia com a Insurreição de 1817, passa pela Confederação do Equador em 1824 e termina com a Praieira em 1848.
(CARVALHO, Marcus Joaquim Maciel de. Rumores e rebeliões: estratégias de resistência escrava no Recife de 1817-1848.Tempo,Vol. 3 – n° 6, dezembro de 1998).
Sobre esses movimentos, é CORRETO afirmar que
A) alguns dos participantes da Insurreição Pernambucana de 1817 foram plantadores de algodão e cana, que circundavam o quilombo do Catucá. Ali também viveram muitos dos plantadores, que estiveram envolvidos na Confederação do Equador. Dessa forma, uma das consequências dessas insurreições foi a fuga de escravos para o referido quilombo.
Correto. O quilombo do Catucá cresceu e se fortaleceu com as revoltas liberais (1817, 1824 e 1848). As principais lavouras ao redor do Recife eram a da Cana de Açúcar e Algodão.
B) por serem insurreições liberais e essa doutrina não admitir a prática da escravidão, a abolição da escravatura e o fim do tráfico atlântico de escravos foram uma das bandeiras defendidas por todos os seus líderes. Essa medida fez com que os cativos pegassem em armas e lutassem contra as tropas reais.
As revoluções liberais não tinham a bandeira da abolição da escravidão. Esta bandeira vai se tornar forte a partir de 1850 quando o tráfico de escravos foi abolido.
C) na década de 1840, havia duas facções competindo pelo poder na província de Pernambuco. O levante dos praieiros está relacionado com as disputas entre esses dois grupos das elites locais pelo governo de Pernambuco, não existindo, assim, nenhuma conexão com as disputas parlamentares na Corte.
Predominavam duas grandes vertentes políticas, a dos liberais e conservadores, que disputavam cargos e eleições parlamentares.
D) os descontentamentos resultantes da outorga da Constituição de 1817 pela corte foram claramente manifestados em Pernambuco. Esse fato acabou insuflando as elites pernambucanas que proclamaram a república, adotando, provisoriamente, a constituição estadunidense.
Em 1917 éramos Reino Unido à Portugal.
A constituição que foi dissolvida foi a de 1823 e D. Pedro outorgou a de 1824, o que levou à ocorrência da confederação do Equador.
E) entre mortos e feridos, o saldo da Revolução Praieira foi de quase novecentas pessoas. Mas diferente das Insurreições 1817 e 1824, a Praieira não contou com a participação da "populaça". A presença das "classes perigosas" nas duas primeiras insurreições liberais fez com que a repressão fosse muito maior. Os rebeldes de 1817 foram esmagados de tal forma que até padres foram executados, algo inusitado no mundo colonial lusitano e que se repetiria em 1824.
A Praieira foi uma revolta liderada pelas elites políticas pernambucanas, mas com participação popular.
4. "Para dar conta da riqueza da obra de Freyre e dos acervos que a ela se relacionam, seriam provavelmente necessários os 40 anos de estudos que levou Kaegi a escrever sua obra monumental."
(PALLARES-BURKE, M.L.G. Gilberto Freyre: um vitoriano dos trópicos. São Paulo: Editora Unesp, 2005. p. 18)
"Ariano Suassuna é, certamente, um dos grandes nomes da Literatura brasileira. Antes de ser brasileiro, o escritor, dramaturgo e poeta foi, sobretudo nordestino, um dos maiores responsáveis por difundir a cultura da região Nordeste no país." (http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/literatura/ariano-suassuna.htm)
Em relação a esses dois personagens, que tanto contribuíram com a cultura pernambucana, assinale a alternativa CORRETA.
A) Apesar do grande sucesso das obras freyrianas, existe uma grande crítica pelo fato de o autor não ter levado em consideração o patriarcado como um dos principais elementos formadores da sociedade brasileira, uma vez que foi em torno da família patriarcal que o Brasil nasceu e se organizou como sociedade. Diante de imprecisões como esta, sua obra, já de há muito, não é levada em consideração por historiadores, antropólogos e sociólogos.
A obra Casa Grande & Senzala é a análise da formação da sociedade patriarcal e escravista.
B) Em uma de suas mais conhecidas obras, "Vidas Secas", Ariano Suassuna trata das raízes da opressão no campo brasileiro. Passando por temas como as relações de poder instituídas no campo, o autor discorre o cotidiano sertanejo de forma leve e bem humorada.
A obra “vidas secas” é de Graciliano Ramos. A mais conhecida obra de Suassuna é o “auto da compadecida”.
C) Crítico da "Democracia Racial", tese que defende a inexistência do racismo e da discriminação racial no Brasil, Gilberto Freyre em sua obra, "Casa Grande & Senzala", desconstrói essa ideia, afirmando que a elite branca defendeu essa tese para obscurecer formas de opressão racial.
A obra de Gilberto Freyre é muito criticada justamente devido à um de seus elementos centrais que é a ideia de que no Brasil impera uma democracia racial.
D) Possuidor de vasta produção, Ariano Suassuna se destacou na dramaturgia, literatura e poesia. Trabalhos, como "O alto da Compadecida", revelam detalhes importantes da vida sertaneja. Assim, fica clara a influência que sua terra natal, a cidade de São José do Egito, no sertão pernambucano, teve em sua vida.
Suassuna era Paraibano.
E) O Movimento Armorial surgiu na década de 1970 para fazer face aos imperativos culturais estadunidenses no Brasil. Vinculado, dentre outras, à produção da literatura de cordel e a instrumentos como a rabeca, foi apresentado por Ariano Suassuna e contou com a participação de várias pessoas, como Antônio Nóbrega, Antônio José Madureira e Guerra Peixe.
O movimento armorial procurou valorizar a arte popular de modo erudito, fortalecer a identidade cultural regional e buscar alternativas à dominação cultural norte americana muito forte culturalmente no país.
5. "O quilombo constitui questão relevante desde os primeiros focos de resistência dos africanos ao escravismo colonial, reaparece no Brasil/república com a Frente Negra Brasileira (1930/40) e retorna à cena política no final dos anos 70, durante a redemocratização do país. Trata-se, portanto, de uma questão persistente, tendo na atualidade importante dimensão na luta dos afrodescendentes." (LEITE, Ilka Boaventura.
Os quilombos no Brasil: questões conceituais e normativas. Etnográfica, Vol. IV (2), 2000, pp. 333-354). Em relação aos Quilombos dos Palmares e do Catucá, assinale a alternativa CORRETA.
A) A proximidade que o Quilombo do Catucá tinha do Recife, localizado entre as freguesias do Recife, Paratibe e Paulista, permitiu aos seus moradores elaborarem uma série de táticas de sobrevivência, que perpassavam pela cooperação da população negra livre e dos escravos dos engenhos próximos.
B) Segundo os historiadores, os quilombos dos Palmares e do Catucá não possuíam elementos que os pudessem distinguir, até por que tanto as condições socioculturais que os formaram como a estrutura da Província de Pernambuco permaneciam as mesmas.
C) A escassez de documentos que versem a respeito dos quilombos de modo geral torna toda a literatura existente sobre Palmares e Catucá ilações dos historiadores. Não existem, assim, informações precisas e verídicas que possibilitem se conhecerem esses locais de resistência escrava.
D) Ao contrário do observado em Palmares, o Catucá não era um quilombo dividido em vários grupos no meio da floresta. Além disso, o único meio de vida dos quilombolas era a agricultura de subsistência, não praticando furtos nos engenhos e assaltos nas estradas.
E) Quando finalmente os holandeses conseguiram vencer a resistência luso-brasileira, eles encontraram várias plantações queimadas, engenhos destruídos e escravos fugidos. Foi justamente nesse contexto de batalha que foram criadas as condições necessárias para o aparecimento do Quilombo dos Palmares.
Desde o início do século XVII há tentativas de destruição do quilombo dos palmares (1602 começam as batalhas contra Palmares), numa guerra contra os negros que durou mais de 90 anos. Quando ocorreram as invasões holandesas o quilombo já existia e se fortaleceu.
Boa sorte na prova para todos, que venham ótimos resultados!
Grande abraço!!!!!
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