Prova Comentada TJ MG – Consulplan – Português (Com Recursos)
Olá, pessoal.
Aqui quem fala é o professor Felipe, de língua portuguesa. Trago agora a resolução da prova do TJ MG, aplicada domingo pela Consulplan.
A prova revela o estilo da Consulplan em concursos de grande porte: questões difíceis, ora pela complexidade, ora pela elaboração problemática.
Há possibilidade de recurso em 3 questões. A 17 tem que ser anulada.
Peço que acompanhem pelo caderno de provas de vocês ou baixem a prova no link abaixo.
http://www.consulplan.net/concursosInterna.aspx?k=kTmPE/dPTnA=
Vamos lá.
Questão 1
De acordo com as informações e ideias…
Comentários:
Pessoal, achei todas as alternativas problemáticas, nenhuma estava “redondinha” de acordo com o texto.
Vejamos:
- a) O que temos no texto é que a eficácia em combate é recompensada com um “prêmio” aos combatentes do Estado Islâmico: “escravas sexuais” yazidis…
Então, de uma maneira “torta”, o que essa alternativa sugere é que as “técnicas de doutrinação”, como “induzir” , oferecer drogas e até oferecer escravas como recompensa se reflete nas atitudes dos seguidores, que cometem atrocidades como a violência, o estupro e o escravismo. Essas atitudes são chamadas aqui de “insanas e extremistas”. Um exemplo disso é a recompensa de Ahmed, que recebe escravas como prêmio pelo seu desempenho em combate pela causa do Estado Islâmico.
Concordo que o item está muito nebuloso, mas essa foi a resposta da banca.
- b) Poderíamos entender que a banca se refere aqui às ações (estratégias ou ações estratégicas) tentadas pelas escravas (Vítimas do Estado Islâmico) para sobreviver: tentar a fuga, suicidar-se ou até mesmo arranhar o corpo e cobri-lo de cinzas para ficar ‘menos atraentes’ para seus captores. Então, considerando essas ações como “ações estratégicas”, esse item, embora nebuloso, estaria correto. No entanto, a banca entendeu que não está correto, até porque “vítimas do Estado Islâmico” não são apenas as mulheres e o item só faria sentido se limitássemos a visão do termo às “escravas”. Incorreto.
- c) A fuga não é a única alternativa de escape, segundo o texto. Algumas também foram libertadas, compradas pela família ou tentaram formas de ficarem menos atraentes. Incorreto.
- d) O começo está correto, pois de fato o “fuzilamento” sumário traz uma imagem ruim ao estado, que, segundo o texto quer “demonstrar disciplina e alguma aparência de operacionalidade do estado…”
Contudo, não há no texto referência a esse “Acordo com o Estado Islâmico”. Incorreto.
Questão 2
Tendo em vista o contexto…
Comentários:
Mohammed Ahmed diz ter sido “doutrinado, induzido e até drogado para combater” pelo Estado Islâmico. O texto então dá a entender que ele está se justificando, como se estivesse consciente de seus erros e extremamente arrependido. Esse “grande arrependimento” é representado por uma comparação enfática, representativa de tamanho sentimento de culpa.
Gabarito letra C.
Questão 3
A sequência de vocábulos “islâmico, vitória, até, público”…
Comentários:
As palavras do enunciado são acentuadas respectivamente pelas seguintes regras:
Islâmico- Proparoxítona (todas são acentuadas)
Vitória – Acentuam-se as paroxítonas terminadas em ditongo.
Até – Acentuam-se as oxítonas terminadas em A,E, O (seguidas ou não de S), Em, Ens.
Público – Proparoxítona (todas são acentuadas)
Então, nosso gabarito, com as respectivas palavras e regras, é a letra B.
Questão 4
Assinale a alternativa em que todas as palavras apresentam divisão silábica correta…
Na letra A, a divisão está correta.
Vamos corrigir as erradas:
Pois (trata-se de um monossílabo)
Es-tig-ma (a sílaba vai até o G)
In-con-tá-veis (paroxítona terminada em ditongo)
Fa-mí-lias (paroxítona terminada em ditongo)
Des-mai-a-va (“ai” é ditongo)
Questão 5
Tendo em vista as diferentes finalidades do uso dos sinais de pontuação…
Comentários:
- a) Mulheres de combatentes é sujeito.
- b) A separação dos termos de mesma função sintática numa enumeração é feita com vírgulas, não com dois-pontos.
- c) O ponto foi usado apenas para encerrar o parágrafo.
- d) Sim. Temos a separação de uma oração adjetiva intercalada.
Gabarito letra D.
Questão 6
De acordo com as relações linguísticas e emprego de recursos…
Comentários:
- a) Lhes não pode substituir objeto direto.
- b) Sim. Temos coesão por “elipse”. Embora a palavra esteja implícita, sabemos que o referente de “arranhavam” e “foram compradas” é “algumas dessas meninas e mulheres”.
- c) Não há repetição, “Ahmed” só apareceria uma vez.
- d) O complemento não é direto, pois há a preposição “com”. Além disso, os pronomes oblíquos tônicos devem vir preposicionados.
Gabarito letra B.
Questão 7
Assinale a alternativa que apresenta verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de complemento…
Em: Mohamed Ahmed as vendeu a outros combatentes, temos objeto direto “as” (as mulheres) e objeto indireto “a outros combatentes”, então temos um verbo transitivo direto e indireto.
O mesmo ocorre em:
Enviou cartas (Objeto direto) aos pais e responsáveis (Objeto indireto)
Gabarito letra C.
Questão 8
Os trechos selecionados a seguir ilustram…
Comentários:
Na letra B, temos um sujeito paciente:
Seu depoimento foi reproduzido pelo Telegraph.
Então o “agente verbal” é o “agente da passiva”: “pelo Telegraph”.
Este termo está explícito, então não foi utilizada a possibilidade de omitir o agente da passiva. Gabarito letra B.
Questão 9
No 3º parágrafo…
Comentários:
Vejamos o parágrafo:
Todos os profissionais do ramo sabem que não existem culpados nas cadeias: a esmagadora maioria dos presos, em qualquer lugar, se diz inocente. Mesmo quando culpados, sempre existe uma desculpa e Ahmed é um caso típico numa situação extremamente atípica.
Sabemos que o sinal de dois-pontos estabelece uma relação de explicação, desenvolvimento, esclarecimento entre o que foi dito antes e o que vem depois da pontuação.
Então, o autor usa uma assertiva não muito clara (de valor semântico implícito) e logo em seguida a explica melhor, introduzindo esse esclarecimento com o sinal de dois pontos.
Todos os profissionais do ramo sabem que não existem culpados nas cadeias (Como assim, por quê?): a esmagadora maioria dos presos, em qualquer lugar, se diz inocente. Mesmo quando culpados, sempre existe uma desculpa e Ahmed é um caso típico numa situação extremamente atípica. (explicação da afirmação “não existem culpados nas cadeias”, ou seja, justificativa para o comentário do autor, elucidação de sua real intenção ao dizer aquilo.)
Gabarito letra A.
- B) A justificativa é dada para o seu comentário: “Todos os profissionais do ramo sabem que não existem culpados nas cadeias”. Não é para o fato de ser atípico ou não. Incorreto.
- C) “Ahmed” não é “apresentado” (como se fosse a primeira vez que aparece no texto). Ele já foi apresentado antes e é apenas objeto de uma nova referência. Incorreto.
- D) Essa parte de “uma situação que exige ações efetivas que possam transformar o cenário atual e o sistema responsável pelas punições em casos típicos e atípicos sem que haja quaisquer tipos de privilégios…” não aparece no texto, é apenas o examinador jogando “isca” para o candidato se identificar pessoalmente, concordar e marcar como certo. Incorreto.
Questão 10
No último parágrafo do texto…
Comentários:
A pergunta “o que fazer com eles?” é uma estratégia discursiva do autor para mostrar seu sentimento em relação à situação descrita. A pergunta não é direta, não é para ser respondida, não visa primariamente a obtenção de uma informação ou resposta categórica. Antes, é um convite à reflexão e uma forma de dar ênfase ao fato de que o autor não sabe de fato o que fazer com eles.
Gabarito letra D.
Questão 11
De acordo com as informações…
Comentários:
Muito cuidado. A banca limitou a pergunta ao âmbito do dois primeiros parágrafos, ou seja, aos parágrafos de introdução.
- a) Incorreto. Não há narração alguma, apenas a apresentação de informações numéricas sobre a desproporção entre homens e mulheres em posições de poder.
- b) Incorreto. A “necessidade de equiparação” pode ser uma realidade, mas isso não consta nos dois primeiros parágrafos. Cuidado para não concordar e marcar que está certo.
- c) Incorreto. Não conclui nada ainda, temos apenas os parágrafos introdutórios.
- d) Correto. Na introdução, a autora mostra fatos que supõe ser de conhecimento geral e os explicita por meio de dados numéricos. Com isso, ela quer desde já alinhar ao leitor para seus futuros argumentos a favor da igualdade política das mulheres.
Gabarito letra D.
Questão 12
Acerca da estrutura argumentativa…
Comentários:
Cuidado, a banca quer a incorreta.
Argumento de autoridade é uma estratégia argumentativa que consiste em se valer da opinião de determinado especialista ou pessoa com grande credibilidade em determinado campo do conhecimento, para corroborar ou refutar uma tese. Basicamente, é citar uma fonte com notória credibilidade.
- a) Correto. O advérbio “apenas” revela a opinião da autora, que tem expectativa de que esses números fossem menos discrepantes.
- b) Correto. As comparações e dados numéricos mostram que a autora defende uma divisão mais equilibrada do poder.
Há um erro grave de pontuação, pois a vírgula separou o sujeito do verbo. Contudo, a pergunta era sobre a “estrutura argumentativa”, então a banca não vai pensar na correção da pontuação.
- c) Incorreto. Não há referência a “institutos reconhecidos” ou “pesquisas quantitativas”. A porcentagem é apenas mencionada como um fato notório, sem citação da fonte.
- d) Correto. Os dados estatísticos são, em tese, dados objetivos. Por isso, fortalecem a argumentação, pelo seu status de “fato”.
Gabarito letra C.
Questão 13
Considerando-se o conteúdo…
Comentários:
O título é uma parte muito importante do texto, pois normalmente traz o assunto do texto, bem como sugere sua tese.
Aqui a banca somente trocou uma preposição por outra, também aceita pelo nome “culto” na regência de seu complemento nominal.
Mulheres e poder contra o culto da ignorância machista
Mulheres e poder contra o culto à ignorância machista
A troca da preposição não altera o sentido original, que indica relação passiva: a ignorância machista é cultuada.
Gabarito letra A.
Questão 14
Estabeleça a associação correta…
Comentários:
Vamos relembrar aqui o uso dos “porquês”.
Porque: conjunção explicativa ou causal, ou seja, introduz uma explicação ou causa da oração anterior.
Ex: Estudo porque sei que minha hora vai chegar.
Por que: é usado em frases interrogativas, diretas ou indiretas (com ou sem ponto de interrogação), ou pode ser Por (preposição) + (Que) pronome relativo, equivalente a “pelo qual”, “pela qual”.
Ex: Por que você é grosseiro? (por que motivo)
Ex: Não sei por que você se foi… (por que motivo)
Ex: Só eu sei as esquinas por que passei. (pelas quais passei)
Por quê: É o mesmo caso acima, quando ocorre em final de período ou antes de pausa. O macete é pensar que pontuação final atrai o circunflexo.
Ex: Nunca fumou e morreu de câncer. Por quê?
Pode aparecer acentuado mesmo não havendo sinal de pontuação, porque é tônico (som marcado de “ê”).
Ex: Verifique por quê e como aquilo ocorreu.
Porquê: É substantivo, equivale a “motivo”, “razão”; vem com artigo.
Ex: Não foi aprovado e ninguém sabe o porquê. (ninguém sabe o motivo)
No primeiro caso e no último, temos apenas conjunções: “porque” junto e sem acento.
Nas frases 2 e 3, temos interrogativas indiretas, então usamos “por que”.
Gabarito letra C.
Questão 15
Depreende-se corretamente do texto…
Comentários:
Aqui, teremos recursos. Entendo que não há nenhuma correta e a banca se equivocou na redação da alternativa.
Veja a letra A, considerada como gabarito:
A eficácia dos ideais machistas acha amparo e sustentabilidade não apenas na falta de algum questionamento, mas na sua ausência; permitindo sua manutenção nos dias atuais.
A alternativa não faz muito sentido, pois traz um trecho visivelmente contraditório:
Não apenas na falta de algum questionamento, mas na sua ausência…
Como assim? Falta e ausência são sinônimos aqui:
***Não apenas na ausência de questionamento, mas na ausência de questionamento? Não faz sentido. Porque usar uma expressão aditiva para indicar duas coisas iguais?
No texto original, a autora apenas menciona uma variável: a ausência de questionamento.
Na ausência de questionamento, o machismo aparece como culto da ignorância útil na manutenção da dominação que depende do confinamento das mulheres na esfera da vida doméstica para que se mantenham longe do poder.
Além disso, temos pontuação inadequada. O ponto e vírgula não deve ser usado para separar orações subordinadas. Esse “permitindo sua manutenção (manutenção da eficácia?) nos dias atuais”…
A banca provavelmente quis dizer: “manutenção dos ideais machistas”.
- b) No texto, a naturalização é apresentada como algo negativo apenas.
- c) O item, além de confuso, é ambíguo: quem é um e quem é outro?
- d) Não foi dito que “os princípios morais” são base da sociedade do século XXI. A autora também não disse que a sociedade está “bem estruturada”. Além disso, veja o problema na concordância: “a naturalização não podem?”.
Então, entendo que a banca deva anular o item, por ausência de resposta correta.
Questão 16
A sequência semântica e argumentativa…
Comentários:
O conectivo “mesmo assim” funciona como mecanismo de coesão e estabelece com as informações anteriores uma ideia de concessão, quebra de expectativa, uma oposição entre a ocorrência de um fato com a ideia de que ele não deveria ocorrer.
Veja a relação concessiva:
Por meio dele (do hábito de “naturalizar”), passamos a acreditar que as coisas são como são e não poderiam ser de outro modo. Nem poderiam ser questionadas.
Mesmo assim (apesar desse fato), há questões básicas relativas ao que chamamos de sociedade patriarcal às quais ninguém pode se furtar
Então, temos oposição entre “coisas que não devem ser questionadas” e “há questões às quais ninguém pode se furtar (evitar)”
- a) Não se mantém a direção do significado, pois a conjunção concessiva quebra uma expectativa, muda o resultado esperado.
- b) Então é conectivo conclusivo, não é um conectivo concessivo e não pode ser usado em seu lugar.
- c) Correto. Há contrariedade entre o ponto de vista (as coisas não poderiam ser questionadas” e o conteúdo a seguir: “há questionamentos que não podem ser evitados”.
- d) A relação coesiva é feita com o parágrafo anterior. Todo o texto forma um todo coeso, que não é quebrado na mudança de parágrafo.
Gabarito letra C.
Questão 17
Em “mesmo assim…
Comentários:
Aqui teremos chuva de recurso!
A crase é a fusão de sons iguais, então temos que buscar as duas “metades” dessa “crase”:
Furtar-se a+as quais= às quais.
A violência foi reservada a+as mulheres=às mulheres
Então, percebemos que a crase, na segunda ocorrência, é adequada porque o termo regente, o verbo transitivo indireto, exigiu a preposição “a”, que se fundiu ao artigo feminino no plural em “as mulheres”.
No primeiro caso, a preposição “a” se fundiu ao “as” que integra o pronome relativo feminino plural “as quais”. Então, não podemos dizer que a crase está associada “à presença do artigo ‘a’ em sua variação plural”. Temos fusão de preposição com pronome relativo.
O gabarito é letra D, mas não está correto.
Vejamos as demais:
- a) Incorreto. Temos casos obrigatórios.
- b) A justificativa não é só o plural, é a presença da preposição obrigatória também.
- c) Incorreto. “Outro qualquer” não! Se você trocar por outro termo regente que também peça a preposição “a”, a necessidade do acento grave permanece.
Para quem quiser embasar o recurso, segue o trecho da gramática do Bechara, sempre citado nas “defesas” da Consulplan:
XVI – Acento grave
44) Emprega-se o acento grave nos casos de crase e aqueles indicados em Emprego do à acentuado.
1.º) Na contração da preposição a com as formas femininas do artigo o ou pronome demonstrativo o: à (de a+a), às (de a+as).
2.º) Na contração da preposição a com o a inicial dos demonstrativos aquele, aquela, aqueles, aquelas, e aquilo ou ainda da mesma preposição com compostos aqueloutro e suas
flexões: àquele(s), àquela(s), àquilo, àqueloutro(s), àqueloutras(s).
3.º) Na contração da preposição a com os pronomes relativos a qual, as quais: à qual, às quais.
Moderna Gramática Portuguesa, 37ª Edição, Evanildo Bechara. Editora Nova Fronteira.
Questão 18
Considere as afirmativas abaixo…
Comentários:
I- Correto. Nos mostra equivale a “mostra a nós”, com a diferença de ter sido usado um pronome oblíquo tônico (a nós) no lugar do átono (nos).
II- Incorreto. Relativas a+aquilo= relativas àquilo. Seria obrigatório usar crase.
III- Correto. A oração adjetiva foi substituída por um adjetivo. Então, não há prejuízo semântico.
Gabarito letra C.
Questão 19
De acordo com o contexto, assinale o par de vocábulos…
Comentários:
Questão direta de vocabulário.
Furtar-se a algo é o mesmo que “evitar algo” ou “esquivar-se de algo”.
Concernir foi usado com sentido de “caber a”. As orações “o poder concerne aos homens” e “o poder pertence aos homens”, no contexto, são equivalentes.
Gabarito letra C.
Questão 20
No segmento destacado, o verbo haver…
Comentários:
Questão bem batida sobre o verbo ‘haver’. Sabemos que o verbo haver é impessoal e não se flexiona quando:
Tem sentido de existir/ocorrer
Ex: Houve/Ocorreram alguns imprevistos
Tem sentido de tempo decorrido
Ex: Há 2 anos não fumo.
Vejamos.
- a) …houve/ocorreram duas guerras… O verbo não se flexiona. Correto.
- b) …(Ele) houve de tudo e hoje nada possui. O verbo haver é pessoal, pois tem sentido de “ter, possuir”.
- c) Deixou de fumar há anos… Sentido de tempo decorrido, sem flexão. Correto.
- d) …há alguém à porta… Sentido de “existir”, sem flexão. Correto.
Gabarito letra B.
Questão 21
Assinale a alternativa em que a reescritura…
Comentários:
No texto original, em “como se fosse um direito natural”, temos uma comparação hipotética. O conectivo “enquanto” tem ideia de tempo simultâneo. Temos que buscar alternativa que mantenha esses sentidos.
- a) Incorreto. Ainda que tem sentido de concessão.
- b) Incorreto. “Deste modo” sugere uma conclusão e o texto original traz sentido de tempo.
- c) Correto. A banca mudou de voz passiva analítica para sintética.
o poder é reservado aos homens>reserva-se o poder aos homens
Além disso, trocou “enquanto” por “ao mesmo tempo”; ambos expressam noção de tempo simultâneo.
- d) Incorreto. A expressão “à medida em que” não existe. Temos:
na medida em que (conectivo causal)
à medida que (conectivo proporcional)
Gabarito letra C.
Questão 22
Acerca da estrutura e características linguísticas…
Comentários:
Questão sobre tipologia textual e estrutura do texto argumentativo.
- a) Incorreto. O segundo parágrafo não conclui nada, apenas narra acontecimentos do “Rali da liberdade de Expressão”.
- b) Incorreto. Que pesquisa? O texto não tem como finalidade informar resultado de nenhuma pesquisa.
- c) Não há um encadeamento de causa-efeito. O texto informa sobre o “Rali da liberdade de expressão” e as medidas que foram tomadas para evitar que se repetissem os fatos de outro evento, Charlottesville, quando dezenas de pessoas ficaram feridas e uma mulher morreu.
Temos uma notícia, que tende a ser objetiva, imparcial e apenas informar fatos de modo neutro. Por isso, temos elementos típicos da redação impessoal, como:
verbos na terceira pessoa (a primeira pessoa “enfraquece” a objetividade, pois aproxima o conteúdo escrito de uma posição pessoal):
“A manifestação de extrema-direita terminou pouco depois das 15h […]” (2º§)
“[…] a polícia instalou novas câmeras de vigilância na
região e colocou restrições ao evento […]” (7º§)
“[…] que reuniu até mesmo neonazistas, supremacistas brancos e simpatizantes do grupo racista Ku Klux Klan. ” (5º§)
Dados numéricos:
Mais de 500 policiais foram deslocados para os locais de protestos, com o objetivo de evitar que a ação da extrema-direita marcada para hoje repita os acontecimentos de Charlottesville, quando dezenas ficaram feridas e uma mulher morreu. O comissionário da polícia de Boston, William Evans, afirmou que 27 pessoas foram detidas.
Gabarito letra D.
Questão 23
A apresentação de fatos relevantes…
Comentários:
O “rompimento com a total imparcialidade” pode ser percebido pelo vocabulário, pois a escolha dos substantivos (que dá nome às coisas) e dos adjetivos revela a visão do autor sobre o fato:
Veja:
“[…] que reuniu até mesmo neonazistas, supremacistas brancos e simpatizantes do grupo racista Ku Klux Klan. ” (5º§)
Os substantivos utilizados e o adjetivo “racista”, segundo o entendimento da banca, são indicativos da opinião particular do autor, pois revela que associa diretamente “manifestação de extrema-direita” a “nazismo e racismo”, isto é, os trata por “sinônimos”. Essa identificação pode não ser partilhada por todos, o que tornaria então esse trecho “pessoal”.
A banca queria que o candidato considerasse esse parágrafo em conjunto com este, muito mais explícito na sua opinião:
Ao mesmo tempo, também em Boston, grupos de ativistas realizam um enorme contraprotesto, com dezenas de cartazes em repúdio a ideias nazistas, de supremacia branca e xenófobas.
Por isso, e pelo fato de as outras alternativas trazerem linguagem neutra, nosso gabarito é letra C.
Obs: Apesar de um recurso ser remoto, não concordo muito com esse gabarito, pois poderíamos interpretar o adjetivo “racista” como um adjetivo objetivo, puramente descritivo, já que, de fato, o movimento Ku Klux Klan é notoriamente conhecido por uma ideologia racial específica. Em outras palavras, é um grupo “racista” que defende a supremacia branca. Assim, “racista” não é uma opinião, é um fato distintivo da ideologia do grupo.
Questão 24
── o segmento separado pelos travessões…
Comentários:
Os travessões marcam expressão explicativa do termo “restrições”, que está intercalada e deve vir obrigatoriamente marcada por pontuação; por isso, os travessões poderiam ser substituídos por vírgulas ou até parênteses.
- a) Não temos adjunto adverbial, mas aposto explicativo.
- b) O aposto é explicativo. O aposto especificativo não vem marcado por vírgulas. Por exemplo: O menino Jesus, O jogador Messi, A praia de Copacabana, O crime de furto.
- c) Não temos discurso direto, pois não há reprodução literal da fala de ninguém.
Gabarito letra D.
Questão 25
“Milhares de pessoas participaram de um evento…”
Comentários:
Em “tuitou sobre as marchas”, temos “tuitar” como um verbo transitivo indireto, já que pediu complemento introduzido pela preposição “sobre”. O mesmo ocorre em: “participaram de um evento”, frase do enunciado, também com verbo transitivo indireto.
Gabarito letra A.
Na letra B, temos voz passiva, não há complemento.
Na letra C, “patrulhar” é VTD e não pede preposição.
Na letra D, “levantar” é VTD e não pede preposição.