Principais movimentos musicais brasileiros
Principais movimentos musicais brasileiros
Olá, pessoal! Galera esperta do ENEM!!
Neste artigo vamos falar sobre os principais movimentos musicais brasileiros que apareceram no século XX e que estão relacionados aos princípios modernistas.
Na década de 1950, surge a Bossa Nova, movimento que permutava jazz e samba. Já na década de 1960, surgem várias tendências, tais como a representada por Chico Buarque, que ainda tinha uma acepção bossa-novista; as “Canções de Protesto”, como em Geraldo Vandré, que se recusavam a aceitar o elemento estrangeiro e propunham a canção como um lugar de crítica sociopolítica; a Jovem Guarda, da qual não vamos falar aqui, pois não possuem influência direta do movimento modernista; e, finalmente, os Tropicalistas que propunham uma inovação estética, sendo o grande marco da prática antropofágica modernista.
Já ouviram falar sobre esses movimentos, certo? Então vamos aprofundar mais um pouco!
A bossa-nova
No final da década de 1950, surge na zona sul do Rio de Janeiro, entre a classe média e classe média alta, a Bossa Nova. O movimento foi encabeçado por figuras hoje notoriamente conhecidas da Música Popular Brasileira, como os músicos João Gilberto, Tom Jobim e, conforme você deve se lembrar da aula de segunda geração do modernismo brasileiro, o poeta e músico Vinícius de Moraes.
O termo bossa nova possui vasta utilização na música brasileira em que já havia sido verso de Noel Rosa e designava um tipo de samba. Inicialmente, indicava apenas o novo jeito dos jovens cantores de performarem o samba, estilo nascido nos morros cariocas, mas, posteriormente incluiu elementos de estilos como o jazz e o choro, e fizeram florescer uma nova consciência estética na MPB.
A partir de 1957, os encontros entre esses jovens tornaram-se mais frequente e entre uma canção composta ou ouvida Nara Leão, Tom Jobim, Billy Blanco, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Sérgio Ricardo, João Gilberto, Vinicius de Moraes, Ronaldo Bôscoli, estabeleciam um novo paradigma para a música brasileira.
O marco do movimento foi o lançamento do disco de João Gilberto em 1958, com letras autorais, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. As letras da Bossa Nova eram leves e com compromisso mais estético que social. E seus cantores não precisavam ter uma grande voz potente, pois o canto era quase falado.
Essa talvez tenha sido um dos movimentos da MPB que mais tenha sido reconhecido no exterior. Os artistas dessa época fizeram muitas apresentações e venderam muitos discos fora do Brasil, além de terem sido interpretados por grandes nomes da música internacional, como Ella Fitzgerald. Em 1962, músicos como Tom Jobim, João Gilberto, Carlos Lyra, se apresentaram Carnegie Hall, em Nova Iorque, marcando a Bossa Nova como um expoente brasileiro.
Em meados da década de 1960, influenciados pelo Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes, um grupo formado por Marcos Valle, Dori Caymmi, Edu Lobo e Francis Hime inspirou-se em reaproximar a Bossa Nova as culturas brasileiras novamente. Dessa forma, surge uma corrente bossa-novista que pretende aderir ao social, inserindo sambistas como Zé Ketti, Cartola e Nelson Cavaquinho, mais o nordeste circunspecto em João do Vale, nas práticas do grupo da média. Aderiram a essa corrente, além dos nomes já citados, Nara Leão, Carlos Lyra e Vinicius de Moraes e Baden Powell.
A Bossa Nova influenciou muito as outras gerações de músicos brasileiros, chegando, por exemplo, ao rock nacional, nos anos 1980, em artistas como Cazuza e Lobão.
Canção de protesto
A da década de 1960 não só no Brasil as canções começam a se politizar, funcionando como panfletos. As bandas britânicas Beatles e Rolling Stones, no rock, respondendo a Guerra do Vietnã, e no Brasil, a Ditadura Militar, a partir de 1964, com músicos como Chico Buarque Geraldo Vandré, entre outros.
Essa segunda corrente da música brasileira nasce na segunda geração da Bossa Nova, ou seja, essa é a origem das Canções de Protesto, surgidas nos grandes festivais de música. O rompimento acontece porque esses artistas já não tinham tanta relação com o que propunham os bossa-novistas.
A música ou canção de protesto surge no Brasil, a partir dos Centros Populares de Cultura da UNE. A música era aliada do engajamento político.
Tropicalismo
A Tropicália foi um movimento na música popular brasileira, surgido no final dos anos 1960, influenciado pelos movimentos de vanguarda que vimos nas últimas aulas e pela cultura pop, isto é, misturava a cultura brasileira a outras estéticas. Como o Brasil vivia o clima da Ditadura Militar o movimento amalgamou-se sob o objetivo de combater esse regime através da música. O nome do movimento se deu pela imprensa, que assim os rotulavam, a partir da obra de Helio Oiticida (ver aula passada).A inovação estética, para a Tropicália, era a arma contra o sistema.
O movimento criava músicas não só militantes, mas que pudessem ser atemporalmente apreciadas através da inovação linguística (linguagem poética) e que misturassem a cultura popular à erudita. Dessa forma, o conteúdo direto das letras não se relacionava às questões políticas, mas podiam ser interpretadas por esse viés. Por isso, também eram críticos por aqueles que defendiam as músicas de protesto, pois acreditavam que os Tropicalistas não possuíam o engajamento necessário para a época e que a mescla de instrumentos populares e eruditos era uma heresia.
Você se lembra da vanguarda brasileira inspirada nas vanguardas europeias? Então, a Antropofagia, proposta durante as décadas de 1920 e 1930, foi uma influência para os Tropicalistas, bem como o a Pop Art e o Concretismo brasileiro.Os principais nomes relacionados ao Tropicalismo foram Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil e Tom Zé. O movimento nasceu no nordeste brasileiro, mais especificamente na Bahia. O pontapé foi dado a partir do Festival de Música Popular Brasileira (festivais promovidos pela Rede Record e Globo). Nesse festival, Caetano Veloso interpretou “Alegria, Alegria”, em 1967, e Gilberto Gil interpretou “Domingo no Parque”, ao lado da banda Os Mutantes.
ALEGRIA, ALEGRIA
Caminhando contra o vento
Sem lenço, sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou
O sol se reparte em crimes,
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou
Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e brigitte bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou
(…)
DOMINGO NO PARQUE
O rei da brincadeira (ê, José)
O rei da confusão (ê, João)
Um trabalhava na feira (ê, José)
Outro na construção (ê, João)
A semana passada, no fim da semana
João resolveu não brigar
No domingo de tarde saiu apressado
E não foi pra Ribeira jogar capoeira
Não foi pra lá, pra Ribeira, foi namorar
O José como sempre no fim da semana
Guardou a barraca e sumiu
Foi fazer no domingo um passeio no parque
Lá perto da Boca do Rio
Foi no parque que ele avistou Juliana
Foi que ele viu
Foi que ele viu Juliana na roda com João
Uma rosa e um sorvete na mão
Juliana seu sonho, uma ilusão
Juliana e o amigo João
O espinho da rosa feriu Zé
E o sorvete gelou seu coração
(…)
No final de 1968, o movimento começa a se desmantelar. Em uma apresentação Caetano Veloso teria “desrespeitado” a bandeira e hino do Brasil, o que motivou sua prisão e exílio no Reino Unido. Após esse episódio, marcado como o fim do movimento, aparecem os Pós-Tropicalistas, de caráter soturno e sombrio, cuja temática principal era a morte. Dessa época, podemos citar nomes como Jards Macalé, Sérgio Sampaio, Jorge Mautner e Secos & Molhados. Assumiam também posturas mais hippies, como os Novos Baianos.
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Abraço!
Professora Rafaela Freitas