Artigo

Prazer, um eterno estudante

Olá, meu nome é Raphael Lacerda e eu já fui para um samba com o Martin Fowler regrado à vodka e caipirinha. Sim, essa história é verídica e aconteceu em 2012, no qconsp. Era um espectador do evento mas tinha contatos bem estreitos com a organização. Moral da história: acabei num samba com parte da organização, Tom Soderstrom (chefe do Jet Propulsion Laboratory – NASA – Sim! ele é o cara que comandou a chegada do robô Curiosity em marte) e o Fowler. Definitivamente esse foi o ápice do meu lado técnico. Porém, estamos no blog de concursos da empresa mais respeitada e conhecida do país, qual é a relação disso com concurso? Quem é esse tal de Martin Fowler? Ok, vocês estão certos, vou tentar explicar essa relação mais tarde. Vou melhorar essa apresentação.

Olá, meu nome é Raphael Lacerda, sou desenvolvedor de software (vulgo dev) profissionalmente desde 2005. Amo minha profissão e tive a sorte de conhecer as pessoas certas para fazer boas relações ao ponto de ir para o samba com um dos caras mais respeitados da área técnica de desenvolvimento de software, o tal do Martin Fowler. Sou aquele cara técnico (TEC) de fato, minha conta no github é de 2009, acompanho blogs, frameworks, benchmarks, tenho amigos trabalhando no Nubank, Netflix, Canadá, Portugal, Alemanha, enfim, posso dizer que conheço um pessoal bom que trabalha com programação. A minha parte TEC não tem nada demais, estou trabalhando na maioria das vezes com aquele CRUD (create, read, update, delete) que todo mundo faz, o que talvez mude são as tecnologias. Conclusão: se é “modinha”, eu quero usar, nem que seja pra falar mal!!!

sobre reprovações e fracassos…

Bom, creio ter respondido a parte do samba, entretanto você ainda deve estar se perguntando: o que isso tem a ver com concurso? Sou de Brasília, então, costumo brincar que aqui nascemos com a caneta preta na mão, são inúmeras oportunidades, tornando-se quase que impossível ignorá-las, ainda mais sendo filho de “imigrantes” cearenses concursados. Logo, posso dizer que faço concursos desde 2003, sendo concursado desde 2006. Confesso que nunca gostei dessa área, como vocês leram na introdução, nunca pertenci a esse mundo. Meu negócio sempre foi ser um desenvolvedor. Meu concurso nem era de Tecnologia da Informação, mas acabei indo trabalhar nessa área por acidente e fui ficando.

Comecei o texto remetendo ao ano de 2012 pois foi meu último suspiro como palestrante e espectador em eventos técnicos. Ganhava bem, já morava sozinho, namorava. A vida ia muito bem para aquele brasileiro médio que foi treinado a vida inteira para uma coisa: estudar! No entanto, aconteceram muitos eventos pesados naquele ano na empresa e no fundo talvez, eu sempre tenha me sentido uma fraude/impostor trabalhando com TI numa empresa que eu não tinha feito concurso pra isso.  A verdade é que pessoas técnicas da área têm muito preconceito com os “concurseiros”, por achar que eles só são bons em resolver provas e não conseguem fazer o trabalho do dia a dia, e lá no fundo, talvez eu também tivesse.

Mas em 2013, lá estava eu, após alguns anos de empresa, tomei uma decisão. Precisava de um plano B caso a minha carreira não desse certo. Precisava estar coberto caso a minha incompetência sobressaísse à minha competência. 2019, 5 anos depois, eu estava certo. Precisei usá-lo. Fiz o que eu sei fazer de melhor: não sou empresário, sou péssimo em assumir riscos, gerenciamento de RH e afins. Fui treinado a vida inteira para estudar e foi isso que eu fiz. Fui estudar! Sempre fui aluno nota 5, mas foco e disciplina nunca me faltaram, basta ter um motivo, e nesse caso, minha motivação principal era: “eu preciso sair daqui!”

Janeiro começa, opto por trabalhar somente 6 horas e minha rotina vai de: academia das 06:00 às 07:00, cursinho das 08:00 às 12:00, primeiro trabalho das 13:00 às 19:00, segundo trabalho das 19:00 às 23:00. Chegava em casa, comia algo rápido e fazia uma revisão do dia. Na verdade, olhando hoje, dá pra ver que eu não fazia a menor ideia do que eu estava fazendo e os resultados começaram a vir rápido: fracasso, fracasso, fracasso.

Minha namorada “me deu um mega pé na bunda”, perdi amigos, vontade de sair, simplesmente porque tratei uma maratona como uma corrida de 100 metros. Achei que por já ter conhecimento técnico na área a transição para concursos seria algo relativamente simples, eu teria que estudar só o “direito básico”. Fui claramente ludibriado por alguns concursos. Perceba essa prova que eu fiz em 2014: era uma redação para escrever como seria uma acesso ao banco de dados usando a tecnologia JPA.

prova feita em 2014
avaliação da banca

Sim, tirei 10 de 10 apenas escrevendo código. À época, eu já dava aula há 5 anos disso, fazia esse código semana sim semana não no quadro. Essa prova foi logo no começo dos meus estudos e achei que concurso de TI seria exatamente assim. Meu ego foi lá no alto, até porque o algoritmo proposto pela banca estava bem “bugado”, logo pensei que os resultados viriam rápido, afinal, “eu já tinha o conteúdo, sabia mais que os examinadores!!”. Demorou até a ficha cair, mas o que seria minha arma principal, na verdade era meu principal inimigo. Uma vez, um grande concorrente, “que roubou minha vaga”, e acabou virando meu amigo disse: “Rafa, você é muito técnico para concurso, eu fiquei na sua frente porque sou formado em Psicologia“.

caindo na real…

Em 2015 veio o concurso do TCU e enquanto o pessoal que passou tinha obtido mais de 60 pontos líquidos em TI, minha nota foi 20. Foi aí que eu caí na real. O conhecimento que eu tinha não serviria para TODOS os concursos. Eu precisava me tornar algo diferente, precisava fazer a transição do profissional técnico para o profissional “concurseiro”, um cara mais genérico, que não vai saber exatamente como o garbage collector funciona, mas sabe PMBOK, ITIL, COBIT, CMMI, Direito Administrativo, Português, 27002 e por aí vaí. Conheci o estratégia em 2015, através de uma amiga que disse que eu precisava me organizar melhor. Então, revi minhas fraquezas (organização), reformulei meus estudos, quebrei meus preconceitos e resolvi encarar tudo do zero, como se eu não soubesse absolutamente nada de TI.

Hoje eu consigo discutir as novas mudanças do algoritmo de garbage collector Shenandoah do Java 12, mas também consigo diferenciar créditos suplementares, especiais e extraordinário, ou diferenciar responsabilidade objetiva de subjetiva, ou então diferenciar servidor de empregado público. Há professores que ensinam hoje sobre TI em alguns cursinhos para concursos, mas não sabem diferenciar nem o último item. Acontece que, na nossa área, muitas escolas acabam contratando pessoas técnicas para ministrar aulas sobre “aquelas letrinhas de edital” que quase ninguém entende, o problema é que elas não se preocupam se o professor teve a vivência em concursos de TI de fato

Costumo dizer que professor não lida com os sonhos dos alunos, mas sim com as suas frustrações! Como que um professor vai te auxiliar se ele não sabe como são as frustrações de um concurseiro? Ser técnico e dar aula é fácil, fazer questão no site de questões em casa é “relaxante”, mas perder namoradas, ficar agoniado no sábado pré prova, marcar a bolinha preta no campo errado e ver que seu concurso acabou de ir embora, sair para um social e só ficar pensando em estudos, estudar para aquele certame que nunca vem, jogar 6 meses de estudos fora por edital que foi alterado, trabalhar e estudar 20 horas semanais ou 50 horas pré-edital (líquidas), ser reprovado todo domingo, passar por todas as fases, mas cair no psicotécnico, ver questão dada como CERTA em um ano e ERRADA no outro, enfim, isso é a parte complicada dessa jornada.  Ministrar aulas para concurso precisa ser levado a sério, pois não se deve levar em conta apenas o conteúdo, mas também a relevância dele e toda a carga emocional que o concurso traz para o aluno. E aqui no Estratégia essa responsabilidade é a plataforma principal!

Por isso, pesquise sobre seu Professor, senão você correrá um grande risco de receber uma sopa de letrinhas na tela do seu computador que muito provavelmente nem são cobradas em concursos. Professor precisa conhecer as bancas, tendências. Ler o edital e explicar sobre cada item é fácil, saber o que faz sentido para uma determinada banca é vivência, é treino, é sofrimento, é caneta preta no domingo de manhã! Mais importante do que saber quais concursos ele passou, pois isso é uma consequência de uma série de fatores, dentre eles oportunidade e sorte, é saber quais ele NÃO passou, pois a reprovação é garantida!

profissão estudante…

Bom, isso pode anotar aí, foi minha vida de 2013 a 2019. Eu sei como é estar frustrado estudando para algo que talvez nem aconteça, muitas HBC (“hora bunda cadeira”), muita abdicação do tempo livre e o principal, hoje, depois de 30 mil questões resolvidas, tendo comentado em 5 mil delas, posso afirmar que consigo identificar quais dos meus conhecimentos técnicos fazem sentido para concurso e principalmente, quais NÃO fazem. Lembro-me muito mais das segundas feiras mal dormidas após liberação do gabarito dos concursos que eu NÃO passei do que os que eu passei. Ser reprovado foi uma constante na minha vida por anos!

Quadrante da ralação

Então, qual é o meu plano para te ajudar? Bom, eu elaborei o quadrante da ralação. Você precisa de conteúdo, organização, motivação e por fim, sorte em todos eles. Quanto mais o triângulo do meio se aproximar das caixas, mais próximo você está. O problema é que ele é flexível, durante a jornada você começa motivado, mas depois vai perdendo aos poucos. Quanto ao conteúdo, você acumula bastante, mas esse é o principal que se perde com o tempo (ciclos são necessários). E organização, bom, esse é o mais complicado. Além disso, ainda precisamos de sorte permeando todas as áreas. O edital é enorme, e pode ser que justamente aquele ponto que você estudou menos seja o tema da redação. Conclusão: estudar por 6 meses é fácil. Se dedicar 5 anos sem saber se vai dar certo forçando para não perder o controle, são poucos, falo com tranquilidade.


profissão professor…

Onde eu posso te ajudar? Definitivamente com conteúdo. Motivação é algo pessoal e cada um tem a sua própria: a minha motivação foi provar que eu era capaz, e claro, mudar de emprego. Organização também não é o meu forte. Mas qual é o meu diferencial quanto ao conteúdo? Bom, eu sou o cara técnico que fez a transição para o mundo concurseiro. Eu vou ajudar pessoas eminentemente técnicas a fazer a migração, mas também vou ajudar as pessoas que não são da área de desenvolvimento. Trabalho há mais de 10 anos em sala de aula e digo com absoluta certeza: nunca tive tanto aluno querendo sair da sua área e trabalhar com TI, e claro, concurso é uma ótima oportunidade, só precisa aceitar o termo de frustrações por prazo indeterminado.

Concluindo, ser chamado para integrar a equipe do Estratégia é com certeza um dos pontos mais altos dessa trajetória. Dei uma aula para o nosso coordenador, Diego Carvalho, e constatar que mesmo depois de anos de experiência, ele tenha ficado surpreso com uma aula básica sobre encapsulamento, só me deixou com a certeza de que estou pronto para o desafio. Estarei ao lado das pessoas que me ensinaram e agora poderei fazer o mesmo. Minha estréia acontecerá na revisão para o BRB, dia 24/08 no canal do Estratégia, vamos conversar um pouco sobre esse edital nível NASA (acostume-se, só vai piorar) que eles lançaram. Vou trazer dicas sobre a empresa S/A, comentar sobre tecnologias que eles estão usando, novas tendências (docker e microservices) para concursos, resolver algumas questões, e se der tempo, vamos codificar também! Afinal agora tenho duas paixões: Sou técnico e com muito orgulho, também concurseiro!

Um grande abraço do eterno estudante,

Raphael Lacerda

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Veja os comentários
  • Um professor competente que consegue passar conhecimento de uma maneira mágica. Parabéns e não vejo a hora assistir à sua estréia! Um grande abraço do seu sempre aluno, Willian!
    Willian Magalhães em 16/08/19 às 15:16
  • Caramba!! Artigo muito bom!! Deu até vontade de voltar a estudar para concurso!
    Lucas Bulcão em 12/08/19 às 20:39