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Português FCC

Português FCC

Olá, vencedores!! Tudo bem?

Estou aqui para falar especialmente com aqueles que estão se preparando para prestar concursos organizados pela Fundação Carlos Chagas, a famosa FCC!!! Meu foco é o Português FCC e, de cara, sem balela, vamos direto para questões “quentinhas” comentadas por mim!! São questões do concurso do TRE-PB, que aconteceu em novembro de 2015! Sim, suuuuper recente! Entenda como uma das bancas mais populares do Brasil tem cobrado os conteúdos de Língua portuguesa! Vamos juntos!

logo FCC

O rio Paraíba corria bem próximo ao cercado. Chamavam-no “o rio”. E era tudo. Em tempos antigos fora muito mais estreito. Os marizeiros e as ingazeiras apertavam as duas margens e as águas corriam em leito mais fundo. Agora era largo e, quando descia nas grandes enchentes, fazia medo. Contava-se o tempo pelas eras das cheias. Isto se deu na cheia de 93, aquilo se fez depois da cheia de 68. Para nós meninos, o rio era mesmo a nossa serventia nos tempos de verão, quando as águas partiam e se retinham nos poços. Os moleques saíam para lavar os cavalos e íamos com eles. Havia o Poço das Pedras, lá para as bandas da Paciência. Punham-se os animais dentro d’água e ficávamos nos banhos, nos cangapés. Os aruás cobriam os lajedos, botando gosma pelo casco. Nas grandes secas o povo comia aruá que tinha gosto de lama. O leito do rio cobria-se de junco e faziam-se plantações de batata-doce pelas vazantes. Era o bom rio da seca a pagar o que fizera de mau nas cheias devastadoras. E quando ainda não partia a corrente, o povo grande do engenho armava banheiros de palha para o banho das moças. As minhas tias desciam para a água fria do Paraíba que ainda não cortava sabão.
O rio para mim seria um ponto de contato com o mundo. Quando estava ele de barreira a barreira, no marizeiro maior, amarravam a canoa que Zé Guedes manobrava.
Vinham cargueiros do outro lado pedindo passagem. Tiravam as cangalhas dos cavalos e, enquanto os canoeiros remavam a toda a força, os animais, com as cabeças agarradas pelo cabresto, seguiam nadando ao lado da embarcação. Ouvia então a conversa dos estranhos. Quase sempre eram aguardenteiros contrabandistas que atravessavam, vindos dos engenhos de Itambé com destino ao sertão. Falavam do outro lado do mundo, de terras que não eram de meu avô. Os grandes do engenho não gostavam de me ver metido com aquela gente. Às vezes o meu avô aparecia para dar gritos. Escondia-me no fundo da canoa até que ele fosse para longe. Uma vez eu e o moleque Ricardo chegamos na beira do rio e não havia ninguém. O Paraíba dava somente um nado e corria no manso, sem correnteza forte. Ricardo desatou a corda, meteu-se na canoa comigo, e quando procurou manobrar era impossível. A canoa foi descendo de rio abaixo aos arrancos da água. Não havia força que pudesse contê-la. Pus-me a chorar alto, senti-me arrastado para o fim da terra. Mas Zé Guedes, vendo a canoa solta, correu pela beira do rio e foi nos pegar quase que no Poço das Pedras. Ricardo nem tomara conhecimento do desastre. Estava sentado na popa. Zé Guedes porém deu-lhe umas lapadas de cinturão e gritou para mim:
− Vou dizer ao velho!
Não disse nada. Apenas a viagem malograda me deixou alarmado. Fiquei com medo da canoa e apavorado com o rio. Só mais tarde é que voltaria ele a ser para mim mestre de vida.
(REGO, José Lins do. “O Rio”. In: VV.AA. O Melhor da Crônica Brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1997, p. 43)

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
1. (TRE/PB – 2015 – AAJA – FCC) Conforme o texto,
(A) o avô, dono de engenho, não gostava dos viajantes, pois questionavam sua soberania ao falarem de lugares dos quais ele não era dono, ainda que o narrador já os conhecesse.
(B) o sentido de Chamavam-no “o rio” (1o parágrafo) é imediatamente posto em questão pela frase seguinte (E era tudo), visto que esta constatação se afasta do modo de ver o rio pelas pessoas.
(C) embora não tivessem subestimado o rio, o narrador e seu amigo Ricardo assustam-se com a correnteza e com o logro praticado por Zé Guedes.
(D) a época de estiagem proporcionava o verdadeiro período fértil do rio, uma vez que seu leito era então o lugar de plantio e de diversão para os meninos, em contraposição ao período destrutivo das cheias.
(E) “Paciência” era o nome que se dava a um lugar bastante afastado, a que se chegava a cavalo e onde o narrador e seu amigo passearam de canoa com Zé Guedes.

Comentário: a alternativa correta para essa questão é a letra D, o que pode ser confirmado através do trecho: “O leito do rio cobria-se de junco e faziam-se plantações de batata-doce pelas vazantes. Era o bom rio da seca a pagar o que fizera de mau nas cheias devastadoras.” Para as demais opções, não encontramos respaldo no texto. A alternativa A, por exemplo, está errada, pois não está escrito no texto, nem sugerido que seja, que o avô não gostava dos viajantes já que questionavam sua soberania falando de lugares desconhecidos por ele.
Gabarito: D

USO DOS PRONOMES
2. (TRE/PB – 2015 – AAJA – FCC) Só mais tarde é que voltaria ele a ser para mim mestre de vida. (Último parágrafo)
Não havia força que pudesse contê-la. (3º parágrafo)
Nas grandes secas o povo comia aruá que tinha gosto de lama. (1º parágrafo)
Nas frases acima, os pronomes sublinhados referem-se respectivamente a:
(A) rio − canoa − aruá
(B) Zé Guedes − água − aruá
(C) rio − correnteza − povo
(D) Zé Guedes − canoa − povo
(E) Zé Guedes − correnteza – aruá

Comentário: os pronomes destacados estão retomando nomes que foram mencionados anteriormente no texto, estão funcionando como pronomes anafóricos. Respectivamente, eles estão retomando as palavras: rio, canoa e aruá. A alternativa correta é letra A.
Gabarito: A

REGÊNCIA E CRASE
3. (TRE/PB – 2015 – AAJA – FCC) Atente para as seguintes afirmações:
I. Na frase Uma vez eu e o moleque Ricardo chegamos na beira do rio e não havia ninguém (3º parágrafo), pode-se substituir “na” por “à”, mantendo-se a correção e, em linhas gerais, o sentido da frase.
II. Em … enquanto os canoeiros remavam a toda a força… (3º parágrafo), pode-se acrescentar crase em “à toda a força”, sem prejuízo para a correção da frase.
III. No segmento As minhas tias desciam para a água fria do Paraíba… (1º parágrafo), pode-se substituir “para a” por “à”, sem prejuízo para a correção e, em linhas gerais, o sentido da frase.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) I.
(B) II e III.
(C) III.
(D) I e II.
(E) I e III.

Comentário: a opção I está correta porque o verbo “chegar” rege preposição “a” ou “de” (quem chega… chega a ou de algum lugar), o uso da preposição “em” para esse verbo é mais comum na linguagem falada. Quanto à assertiva II, ressalto que o uso da crase é facultativo diante de pronomes possessivos, é obrigatório, se o verbo exigir preposição, diante de pronomes demonstrativos, mas, no geral, não é aceito diante dos demais pronomes. A palavra “toda” é um pronome indefinido, por isso não deve haver crase antes dela. A assertiva III está correta, o verbo “descer” é intransitivo e ”para a água fria do Paraíba” é adjunto adverbial, podendo ter a preposição “para a” substituída por “à” sem prejuízo algum. A opção correta, então, é letra E.
Gabarito: E

TERMOS DA ORAÇÃO
4. (TRE/PB – 2015 – AAJA – FCC) No trecho Havia o Poço das Pedras, lá para as bandas da Paciência. Punham-se os animais dentro d’água e ficávamos nos banhos, nos cangapés (1º parágrafo), os elementos sublinhados têm, respectivamente, a mesma função que os sublinhados em:
(A) Os marizeiros e as ingazeiras apertavam as duas margens… (1º parágrafo)
(B) … amarravam a canoa que Zé Guedes manobrava. (2º parágrafo)
(C) Escondia-me no fundo da canoa até que ele fosse para longe. (3º parágrafo)
(D) Tiravam as cangalhas dos cavalos e, enquanto os canoeiros remavam a toda a força… (3º parágrafo)
(E) Ricardo desatou a corda, meteu-se na canoa comigo, e quando procurou manobrar era impossível. (3º parágrafo)

Comentário: o termo “o Poço das Pedras” é objeto direto, e “os animais” tem função de sujeito. A opção em que ambos os termos têm as mesmas funções que essas é a letra B. Nas demais alternativas temos, respectivamente:
em A – sujeito e objeto direto;
em C – adjunto adnominal e sujeito;
em D – objeto direto e adjunto adverbial;
em E – sujeito e adjunto adverbial.
Gabarito: B

VOZES DO VERBO
5. (TRE/PB – 2015 – AAJA – FCC) A frase que admite transposição para a voz passiva está em:
(A) Na obra de Augusto dos Anjos aparecem…
(B) Quando a linguagem da poesia desceu ao nível da prosa…
(C) Augusto dos Anjos vive em um ambiente de decadência, doença e luto.
(D) … o Parnasianismo e o Simbolismo eram as tendências atuantes na poesia brasileira.
(E) Na época em que Augusto forjava os instrumentos de sua expressão poética…

Comentário: só é possível a transposição de uma oração na voz ativa para a voz passiva quando se tratar de um verbo transitivo direto ou bitransitivo, uma vez que o objeto direto da voz ativa torna-se sujeito da voz passiva, e o que era sujeito na voz ativa passa a ser o agente da passiva. Sendo assim, a única alternativa em que é possível a transposição é a letra E, ficando assim: Na época em que os instrumentos de sua expressão poética eram forjados por Augusto.
Gabarito: E

Eis, então, meus queridos, os temas que devem ser a tônica do estudo de vocês para “encararem” a FCC e saírem VITORIOSOS: interpretação de textos (cerca de 30% da prova), Regência e crase, uso dos pronomes (costuma vir mais de uma questão sobre esse tema, normalmente cobrando anáfora e pronome relativo), termos da oração (relação sintática entre os termos) e, por fim, vozes verbais (mais especificamente transposição de voz ativa para voz passiva).

Moleza, galera!! Pra cima deles!!! Contem comigo para auxiliar na sua preparação!!
Forte abraço,

Rafaela Freitas.

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Veja os comentários
  • Professora, na sua aula demonstrativa para ANP, na parte do resumo, você colocou uma questão sobre o concurso de APPGG-SP e a resposta dada como correta, acredito, está equivocada, pois pelo gabarito da banca e pelo sentido da charge a questão correta seria a letra C. Poderia comentar sobre essa questão?
    Bruno em 11/12/15 às 12:06
  • Excelente, grande professora!
    Fabiano Sales em 08/12/15 às 18:34