Os impactos da saída da Esaf na Estatística
Fomos surpreendidos na semana passada com a notícia de que a Esaf não mais elaborará provas de concursos públicos, o que inclui especialmente o da Receita Federal. Aí vem a pergunta: em que isso impacta no estudo de Estatística?
Sendo bem direto, na minha opinião impacta muito pouco.
Ocorre que estatística é um caso a parte nas matérias de exatas.
Vejam por exemplo o caso de Raciocínio Lógico. Mudança na banca impacta diretamente no próprio conteúdo cobrado. Você nunca vê a Esaf cobrando “sequência de figuras, letras, palavras e números”, mas a FCC adora esse tema. Você nunca vê a Esaf cobrando raciocínio crítico; já o Cespe…. Você nunca vê a Esaf cobrando álgebra de proposições; o Cespe já cobra de vez em quando.
No caso de matemática financeira, mudança de banca talvez não impacte, ou impacte muito pouco, no conteúdo, mas há um impacto direto no formato de como o conteúdo é cobrado. A Esaf adora um fluxo de caixa irregular, e que precisa ser manipulado para diminuição de cálculos, o que praticamente não ocorre em nenhuma outra banca.
E por que é que conseguimos fazer a análise acima?
Porque temos uma quantidade muito boa de questões da Esaf, no nível do que é razoável ser cobrado em provas de área fiscal, a tal ponto de nos permitir pegar bem a tendência da banca em tal ou qual assunto.
Em Estatística isso não ocorre. O conteúdo sofreu drástica mudança em 2009. Até 2005, caía apenas a parte de estatística descritiva + números índices, sendo que descritiva cobrava tópicos muito raros em outros concursos, como assimetria e curtose. A partir de 2009, começou a cobrança de estatística inferencial, e de lá para cá são apenas 3 concursos e 13 questões na prova de Auditor. Fora isso, a Esaf não faz tantos concursos assim com conteúdo compatível com o de área fiscal.
Disto resulta que, para os assuntos que sempre foram cobrados já antes de 2005 (estatística descritiva) e para o que cai em tudo quanto é prova (probabilidade), temos até uma quantidade boa de questões (mais precisamente, 205 questões na base do Tec Concursos, na data de hoje). Para o restante, são poucas questões em cada assunto, e consequentemente uma preparação adequada já exigia a utilização de várias questões de outras bancas. Bancas excelentes, por motivos que detalho mais abaixo, são FCC e Cespe, com destaque especial para FCC. E por isso eu sempre inclui várias questões destas duas bancas em cursos para AFRFB. Isso já era assim antes da Esaf fazer o anúncio da semana passada. Agora que a banca vai parar de elaborar a prova, isso obviamente continua.
Resumindo: a preparação para o concurso já exigia utilização de questões de várias bancas; isso continua exatamente como era antes. Ou seja, impacto nulo na preparação.
Agora vamos falar sobre o impacto no nível de dificuldade da prova.
A FCC é a banca que eu considero que faz as provas mais equilibradas, com um nível de dificuldade bem aceitável – nada fácil demais, nada de outro mundo. E isso ocorre mesmo em provas específicas para a área de estatístico, o que gera uma quantidade enorme de questões da banca que são perfeitamente aproveitáveis para concursos de área fiscal. É esta a razão pela qual sempre usei questões da banca para complementar o estudo em cursos do AFRFB.
O Cespe faz poucas provas compatíveis com área fiscal. Nas compatíveis, as questões também costumam ser bem aceitáveis, motivo pelo qual também gosto das questões da banca. Já nas provas específicas para a área de estatístico, que é onde temos um volume maior, o nível muitas vezes é fora da realidade, e várias das questões não nos são aproveitáveis.
A FGV é a única que, mesmo em provas de área fiscal, de vez em quando “desce a mão” e o bicho pega. Em todo caso, tem um universo de questões bem similar ao da Esaf, de modo que mesmo um curso pós-edital exigiria normalmente o uso de questões FCC e Cespe.