O parto da aprovação: Transformando as adversidades em motivação
Olá pessoal, sou Abraão Pereira, Auditor Fiscal da Receita Estadual de São Paulo (ICMS-SP) e coach do Estratégia Concursos.
Antes de iniciar o artigo, queria comentar algo sobre o título. Alguns devem estar se perguntando “Porque o parto da aprovação?” ou “Qual a relação entre adversidades, motivação e parto? ”. Bem, o título parece um pouco confuso mesmo, mas aos poucos vocês vão entender, e ele fará bastante sentido. Só pra matar um pouco da curiosidade, escolhi esse termo “o parto da aprovação” porque o meu período mais intenso de estudos pra concurso coincidiu, quase que perfeitamente, com a gravidez de minha esposa, e minha aprovação veio junto com o nascimento do meu filho! Entrarei nessa parte pessoal um pouco mais pra frente. Primeiro, vamos ao tema principal: motivação!
Bem, pelo meu perfil, e pelo primeiro artigo que escrevi, já devem ter notado que dou muita importância ao fator motivação. Porque isso? Porque acredito que esse fator tem grande influência em uma trajetória vitoriosa. Motivação, por definição, é um impulso que faz com que as pessoas ajam para atingir seus objetivos. Em outras palavras, a motivação é o que faz com que os indivíduos deem o melhor de si e façam o possível para conquistar o que almejam. E, afinal, o que nos deixa motivados? Bem, isso é muito relativo, e varia de pessoa pra pessoa. Normalmente, por incrível que pareça, a recompensa financeira não costuma ser um grande fator motivacional. Não que os salários do serviço público não sejam um grande atrativo. O que eu quero dizer é que existem fatores que nos fazem sentar todos os dias em uma cadeira e passar horas, e mais horas, estudando sem desanimar, que vão muito além da parte financeira. Muitos se motivam pela realização pessoal de alcançar aquele cargo, alguns têm no orgulho dos pais e familiares a principal motivação, já outros utilizam as adversidades como fonte de motivação. Adversidades como motivação? Como assim? Agora vou contar um pedacinho da minha história pra tentar contextualizar.
Quando decidi começar a estudar pra área fiscal, em setembro de 2011, minha vida era relativamente confortável, afinal, morava com minha mãe e ia de carro para cumprir minha jornada de trabalho de 6 horas no TJ (para entender melhor o que antecedeu a setembro de 2011, recomendo a leitura do meu outro artigo, intitulado de "Minha trajetória e as lições aprendidas"). Após o trabalho, voltava pra casa, almoçava, assistia o jornal esportivo, estudava um pouco até o fim da tarde, ia pra academia, e no período da noite, assistia seriado ou saía com minha namorada. Bem, estava tudo muito calmo e, diante de tanto marasmo, acabava negligenciando diversas vezes o estudo, pois não sentia na pele a real necessidade de estudar, ou seja, eu não tinha motivação. As coisas continuaram assim pelos meses iniciais, até que, em janeiro de 2012, resolvi entrar num curso presencial pra o concurso da Receita Federal e, na palestra inaugural, o professor, enquanto nos passava um panorama sobre o mundo dos concursos, falou que Rocky III era um filme que todo concurseiro deveria assistir. Isso mesmo!! Rocky III! Aquele da série do lutador de boxe, Rocky Balboa, estrelado por Silvestre Stalone! Eu, que sempre gostei da saga de Rocky, cheguei em casa e resolvi assistir o filme novamente.
No filme em questão, o lutador Rocky já é campeão mundial e, no início, ele aparece participando de programas de televisão, rodeados de fãs, dando autógrafos e morando em uma casa enorme e luxuosa, enfim, com a vida completamente confortável. De repente, ele recebe um desafio de um lutador chamado Clubber Lang , e, por negligenciar seu treinamento, ele acaba sendo derrotado. Rocky, então, após perder a luta, desiste dos rings e perde praticamente tudo que havia conquistado. Pois é justamente nesse momento, diante de um dos momentos mais difíceis de sua vida, que ele encontra motivação para voltar a treinar com todas as suas forças e, no final do filme, como era de se esperar, alcança seu objetivo que é derrotar Clubber Lang.
Eu mi vi naquele filme! Não que eu fosse rico ou famoso como Rocky, mas eu estava muito confortável! Eu precisava sair da minha zona de conforto pra criar forças para estudar, ou seja, para me sentir motivado! Enquanto alguns procuravam o conforto do lar para estudar, eu resolvi seguir o caminho oposto e passei a estudar fora de casa. Passei então a, do trabalho, ir direto para a sede do curso, onde ficava estudando em uma sala de estudos até a hora da aula. Ainda assim, por estar de carro, algumas vezes me sentia tentado a dar uma passadinha em casa, e isso me fazia perder preciosas horas de estudo. Qual a solução que encontrei? Vendi o carro! Isso mesmo! Vendi o carro e passei a andar de ônibus lotado, no calor insuportável de Salvador! Acham que eu exagerei? Talvez, mas isso, apesar de tornar minha rotina mais cansativa, fez com que “dar aquela passadinha em casa antes do estudo” não fosse mais uma opção. Com o passar dos dias, nessa rotina bem mais desgastante, a situação ficou tão incômoda que eu comecei a sentir, finalmente, a necessidade de mudar aquela minha realidade! E qual era a opção que eu tinha pra mudar aquilo? Passar num concurso melhor! Pronto! Aí estava minha motivação! Comecei, então, no início de 2012, a estudar de verdade!!
Foi assim durante todo o primeiro semestre de 2012, estudando firme pra a prova da Receita Federal, que estava prevista para o mês de setembro, até que, em julho de 2012, recebo uma notícia um tanto quanto inesperada: minha namorada, que hoje é minha esposa, estava grávida (e agora faço um breve parêntese só pra agradecê-la por ter sido tão forte e compreensiva durante esse período). Apesar de muito feliz com a notícia, senti também um pouco de medo, afinal, ainda não tinha uma vida financeiramente estruturada pra ter uma família. Precisava, mais do que nunca, daquela aprovação. Depois de respirar um pouco, e lembrar de Rocky III, percebi que poderia utilizar aquela situação ao meu favor, e internalizar aquilo como mais um fator motivacional. Foi justamente isso que fiz! Agora eu não tinha mais todo tempo do mundo, eu tinha apenas 9 meses, e isso era mais um grande desafio! Olha aí outra adversidade que veio para me motivar! Naqueles 9 meses estudei muito mais do que eu já havia estudado em toda minha vida. Em setembro e dezembro, ainda no ano de 2012, fiz as provas da primeira e segunda fase, respectivamente, pra o cargo de ATRFB, e em janeiro de 2013 saiu o edital pro ICMS-SP! Lá estava minha ultima chance antes do nascimento do meu filho, para tentar conseguir o tão sonhado cargo de Auditor Fiscal! Após redirecionar meus estudos, passei a focar nesse concurso, no qual fui aprovado! As provas do ICMS-SP foram dia 23 e 24 de março de 2013 e, uma semana depois, no dia 31 de março de 2013, meu filho nasceu! A minha aprovação e o nascimento do meu filho foram os dois momentos mais felizes de minha vida, e vieram praticamente juntos! Descrever os sentimentos envolvidos ao ver um filho nascer, creio ser impossível. Quem é pai, ou mãe, sabe o que estou dizendo. Porém, descrever o momento da aprovação é, sim, possível, e fiz isso no artigo “Minha trajetória e as lições aprendidas”.
Aposto que deve ter alguém se perguntando: “E nesse período de estudo, não teve nenhum momento fraqueza?” Claro que tive! Vários, inclusive! Por diversas vezes pensei em desistir ao errar uma sequência de exercícios; ou pensei que não fosse ter tempo suficiente; ou entrei em desespero ao lembrar da responsabilidade que tinha; ou tive que correr na praia pra me desligar do mundo e soltar um pouco da tensão acumulada. Enfim, tive momentos difíceis sim, e isso faz parte do processo! O importante é que nesses momentos você se lembre do seu fator motivacional, respire fundo, e recupere as rédeas da situação. E no dia da prova, acham que fiquei nervoso? Um pouco, mas nada fora do normal. Por mais expectativa que existisse sobre aquela prova, eu tinha a consciência de que havia dado o melhor de mim, e isso me trazia confiança! “Ter a consciência de que fez o melhor que pôde”, isso é muito importante! No fundo eu sentia que meu trabalho havia sido feito, e o resultado seria apenas consequência.
O recado que eu queria deixar é que as adversidades existem para todos, sem exceção, porém, o que te coloca no caminho da vitória, ou da derrota, é a forma com que você vai lidar com elas. Os desafios existem para ser superados e, de verdade, há poucos prazeres maiores do que o de conseguir superar um grande desafio! O que leva um alpinista a passar dias escalando uma montanha para descer logo em seguida? O prazer da superação, da vitória, de ultrapassar seus próprios limites! É justamente nos momentos de maior dificuldade que descobrimos nossa verdadeira força. Alguns, inclusive, precisam disso, pois não sabem do que realmente são capazes! Sair da zona de conforto pode ser necessário para acordarmos, tomarmos aquele choque de realidade, sentirmos a necessidade de lutar! Foi assim comigo e pode ser assim também com você! E quanto às dificuldades que surgirem de maneira aleatória, como foi, pra mim, o prazo de 9 meses por conta da noticia da gravidez? Essas devem ser encaradas como novos desafios, que podem, e devem, serem superados! Já disse isso, mas vale a pena repetir: “Eu encontrei, nos desafios, a minha motivação”. Será que você, caro aluno, também está precisando sair da sua zona de conforto? E as dificuldades, como as têm encarado? Como obstáculos instransponíveis ou como desafios que podem ser superados? É muito importante que você também crie essa consciência e encontre a sua motivação, e é para ajudar vocês nessa jornada, que eu estou aqui! Espero que esse texto sirva para motivá-los e inspirá-los de alguma forma! Irei, muito em breve, escrever outros artigos, abordando outras questões motivacionais e temas mais técnicos também, como rotina e organização dos estudos, métodos de resolução de provas, preparação na reta final, etc.
Grande abraço e bons estudos!
Abraão Pereira