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Norma padrão e variação linguística

Norma padrão e variação linguística: por que estudar a língua padrão?

Você já percebeu que as línguas estão em constante mudança? Isso ocorre porque elas seguem a evolução do mundo – tecnologia e comunicação, por exemplo – acompanham também cada situação cotidiana em que precisamos nos comunicar, tanto na escrita quanto na fala.

Mas, se cada situação exige de nós uma língua diferente, por que precisamos estudar a norma padrão??

Antes de responder à pergunta acima, vamos esclarecer o que é a norma padrão:

A linguagem culta ou padrão é aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências que se apresentam com terminologia especial. É usada pelas pessoas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científicas, noticiários de TV, programas culturais etc.

Para você entender melhor aonde queremos chegar, imagine que você foi selecionado para uma entrevista de emprego. ? Qual roupa você usaria? Qual postura você teria? Como seria a sua linguagem para responder às perguntas? Provavelmente você usaria uma roupa mais adequada à situação, como calça comprida e camisa, teria uma postura mais firme e decidida para transmitir seriedade e compromisso e sua linguagem seguiria a norma padrão e seria mais monitorada, isto é, você cuidaria da sua linguagem para evitar gírias e vícios. Este é o primeiro exemplo de por que precisamos saber a norma padrão.

Assim, da mesma forma que você adapta sua linguagem para uma entrevista de emprego, você a adapta para falar com seus amigos, pessoas que você não conhece, com sua família, com uma criança e assim por diante. Com isso, é importante notar que nenhuma dessas linguagens está errada, na verdade elas estão corretas em cada contexto em que ocorrem.

Agora você já deve ter compreendido melhor por que é preciso ensinar a norma padrão nas escolas. Justamente para o cidadão saber se comportar linguisticamente em cada situação, com cada pessoa, seja on-line ou pessoalmente, por escrito ou mensagem de voz.

Ainda não está convencido? Quer outro exemplo?

Imagine que você more no sul do Brasil e viaja para o Nordeste. Você acha que todos irão entender todas as suas gírias e regionalismos? Claro que não! Por isso você precisa saber a norma padrão, uma vez que a falta de entendimento entre os falantes gera uma falha na comunicação.

Outro exemplo da importância de se saber a norma padrão é para entender a linguagem usada nos meios de comunicação de massa: internet, revistas e jornais impressos. Devido ao alcance desses meios, quem os faz precisa utilizar uma linguagem abrangente que seja entendida de norte a sul e de leste a oeste do país.

Resumindo: todos podemos utilizar a língua da maneira que quisermos, mas é imprescindível que, para que haja comunicação, ou seja, entendimento entre as partes, a língua seja adaptada e moldada de acordo com cada situação e isso eu sei que você sabe tirar de letra.

Por fim, não se esqueça de que não costumamos ir à praia de terno e trabalhar de roupa de banho. Assim acontece com a língua, cada situação comunicativa diferente exige uma linguagem diferente e cada lugar diferente, uma roupa diferente.

Grande abraço.

Décio Terror

Décio Terror Filho

Ver comentários

  • Técio, segundo a Socioliguística, a língua-patrão é um ideal, das nuvens, imaginária e que, portanto, não existe na realidade. O que é real de fato é uma "variedade prestígiada", que não se refere a "língua" propriamemte dita, mas ao prestígio social dos falantes de língua.
    Logo, ninguém estuda esse espectro horrorizante nas escolas. E não existe uma língua padrão em canto algum no mundo, nem na escrita e nem na fala. O que existe realmente é uma língua heterogênea, porque a sociedade, com sua vasta cultura, é diversificada. Quanto a escrita, há também heterogeneidade: formais e informais no gênero escrito.

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