Algumas mulheres que gostam da carreira policial, têm vontade de fazer parte dela e têm vocação para tanto, mas às vezes deixam de seguir esse sonho por receio, por pensar que é um ambiente genuinamente masculino. Historicamente, os Órgãos de Segurança Púbica são dominados pelos homens, mas as mulheres vêm cada dia mais conquistando seu espaço nessas carreiras. As mulheres têm um papel extremamente necessário na Polícia, que vêm sendo cumprido com exímia nos últimos tempos.
Há muitas mulheres na polícia hoje em dia, mas elas ainda são a minoria e, muitas vezes, uma minoria silenciosa. A professora do Estratégia Concursos e Delegada de Polícia, Lhais Hamide, e a convidada Bruna Caracho, que já foi investigadora da Polícia Civil e hoje é Delegada de Polícia, no webinário Mulher na Polícia: Delegada, vêm esclarecer a realidade da mulher na Polícia, especificamente no cargo de Delegada de Polícia. Elas vão debater e desmistificar a ideia de que a mulher não serve para cargos policiais e incentivar as mulheres a seguirem esse sonho.
De acordo com a Delegada Bruna:
O Delegado de Polícia atua em uma posição de liderança que demanda um grande senso de justiça, coragem e autocontrole, além de profundo conhecimento técnico da legislação brasileira. É um cargo dentro das carreiras jurídicas que requer uma preparação de alto nível. O dia a dia de um Delegado é extremamente dinâmico, sem uma rotina previamente definida.
As atribuições do Delegado são basicamente: instaurar e presidir procedimentos policiais de investigação, orientar e comandar a execução de investigações relacionadas com a prevenção e repressão de ilícitos penais, participar do planejamento de operações de segurança e investigações, supervisionar e executar missões de caráter sigiloso, participar da execução de medidas de segurança orgânica, bem como desempenhar outras atividades, semelhantes ou destinadas a apoiar o órgão na consecução dos seus fins.
A primeira delegada do Estado de São Paulo, entrou no cargo na década de 70. Por conta de uma questão histórica, as mulheres foram conquistando direitos que as colocassem em pé de igualdade com os homens, e na polícia isso vem acontecendo nos últimos tempos. As mulheres cada dia mais vêm ocupando espaços na polícia, e normalmente são aprovadas em concurso com as maiores notas. Elas também vêm se destacando por exercer seu papel com extrema eficiência.
Diferentemente do que muita gente imagina, para você ser um bom policial, o gênero não influencia em nada. Esse estereótipo que o policial tem que, necessariamente, ser uma pessoa muito forte, truculenta, é falha. As mulheres têm um papel essencial dentro da polícia, elas têm uma sensibilidade, uma calma e uma delicadeza que pode resolver certos problemas, que, às vezes, uma corporação composta apenas por homens não consegue resolver.
As delegadas vêm mostrar que a polícia precisa ser ocupada por ambos os sexos, pois há qualidades inerentes a ambos os gêneros que, quando unidos os esforços, fazem a Polícia funcionar com muito mais eficiência.
Em certas ocorrências a calma e raciocínio feminino serão mais necessários, enquanto isso, quando houver necessidade de maior força física, por exemplo, o homem vai ter seu papel mais predominante.
Ainda assim, quando a mulher na polícia precisa usar a força ela tem técnica, tem equipamentos e tem a ajuda de toda uma equipe que vai auxiliar na operação. Essa união de qualidades femininas e masculinas é essencial para o trabalho policial.
As mulheres podem e devem ocupar esses espaços para haver um equilíbrio de competências dentro da Polícia. As mulheres que ocupam o cargo de Delegada vêm exercendo brilhantemente seu papel. Quando ambos os gêneros trabalham em conjunto, eles se somam, e quem ganha com isso é a sociedade.
Ainda falta muita para equilibrar os esforços dentro da Polícia, principalmente em ramos especializados, como na Delegacia da Mulher.
A mulher na polícia tem competência para exercer qualquer cargo, mas ela tem exercido um papel essencial no atendimento da mulher que é vítima de violência doméstica. Esse tipo de caso precisa, primordialmente, ser acolhido por mulheres, que têm mais empatia com a vítima. Há delegacias da mulher comandadas por homens, por falta de pessoal feminino e isso é prejudicial.
As mulheres ainda sofrem preconceito de gênero em todas as áreas do serviço público, não apenas na Polícia. No Poder Executivo, Legislativo e Judiciário, a capacidade da mulher estará sempre sendo colocada sob dúvida e a forma de mostrar seu valor é por meio de um trabalho qualificado. O objetivo não é provar para os homens, mas provar para si mesma o seu valor. Você escolheu aquele cargo, você tem condições, você está apta, então, apenas faça o seu trabalho e você vencerá o preconceito.
A delegada Bruna conta que quando ela era investigadora plantonista e trabalhava dentro de presídio, no exercício da função com os presos ela sempre foi muito respeitada. Ela conta que o maior preconceito era, inicialmente, dentro da própria corporação, por ser uma pessoa pequena e aparentemente frágil. Ela afirma que venceu esse preconceito mostrando a qualidade do trabalho que ela fazia.
Nos concursos para carreiras policiais, há a etapa do Teste de Aptidão Física (TAF). Há diferença entre o TAF masculino e feminino, de forma que o tempo de corrida e quantidade e dificuldade dos exercícios é compatível com a diferença de força física de homens e mulheres. Há diferenças biológicas que têm que ser consideradas, então as bancas têm essa sensibilidade de cobrar um pouco menos das mulheres no teste de força física. Essa é uma questão de equidade, e não de privilegio.
Em relação à vida social da mulher delegada, a professora Lhais afirma que a palavra da vez é bom senso. É preciso ter bom senso nas redes sociais, com família e com os amigos. Exercer um cargo policial não vai atrapalhar em nada na sua vida social, desde que você não tenha atitudes que desonrem o seu cargo e tenha sempre cuidado com a sua segurança e da sua família, uma vez que você lidará com a criminalidade.
A Bruna sempre quis ser delegada pelo empoderamento que esse cargo traz para a mulher. Para esse sonho se tornar realidade, ela acabou a faculdade de Direito e prestou concurso para Investigadora de Polícia, porque ela pensou que ao ingressar na instituição policial, ela poderia entender, na prática, se ela realmente tinha vocação para a profissão de Delegada.
Quando ela tomou posse no cargo de investigadora, ela voltou a estudar, agora com foco no cargo de Delegada. Ela afirma que foi o melhor investimento de tempo e dinheiro que ela já fez, porque atualmente ela se sente extremamente realizada.
A Lhais trabalhava na Vara Criminal no Tribunal de Justiça, mas ela não almejava uma carreira jurídica específica. Ela estava estudando almejando alguns dos seguintes cargos: Delegado de Polícia, Defensoria Pública, Ministério Público e Juiz de Direito. Quando o concurso de Delegado de Polícia de São Paulo foi publicado, ela resolveu direcionar a preparação e ela foi aprovada. Hoje em dia o dinamismo da carreira de Delegado a encantou muito e ela não pretende prestar outro concurso, quer continuar a atuar como Delegada.
A família sempre tem um pouco de receio por ser uma profissão que envolve risco, mas você tem que seguir seus sonhos e ignorar aquelas pessoas que não somam nada em quem você quer se tornar.
A Bruna conta que teve muito apoio da sua mãe, mas que ela teve um relacionamento que não apoiava a sua decisão de entrar para a polícia, por ser uma profissão masculina. Ela não deu ouvidos, seguiu o sonho e lutou por ele. Depois que ela virou investigadora, o relacionamento acabou.
A Lhais conta que a família também ficou receosa, mas hoje em dia eles tem muito orgulho e estão felizes com a escolha dela.
A rotina feminina costuma ser mais pesada, ela gasta um tempo que os homens não costumam gastar cuidando de casa e cuidando delas mesmas. Ambas as Delegadas contam que foi muito pesado conciliar a rotina com os estudos para concursos públicos, mas que valeu muito a pena.
A dica delas é que, mesmo com diversas outras responsabilidades, você se organize para ter uma quantidade de horas no seu dia exclusivamente para estudar, e que você faça o melhor que pode dentro da sua realidade. Dessa forma, o sonho se torna possível.
Prepare-se e seja mais uma mulher na polícia, exercendo o cargo de Delegada!
Quais desses concursos tem como requisito o cumprimento de tempo de atividade Judiciária ou Policial:
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