Minha trajetória até a SEFAZ-SC
Fala, pessoal!
Antes de compartilhar um pouco a minha história com vocês, gostaria de dizer que um dos sonhos que tinha, além da aprovação, era poder ajudar de alguma forma as pessoas que estão nessa caminhada a superarem uma série de dificuldades, as quais vão muito além das impostas pela parte acadêmica da preparação para concursos de alto nível. Por isso, agradeço a oportunidade oferecida pelo Estratégia e a todos vocês que se dedicam a ler esse texto e fazem parte da realização desse sonho.
Meu nome é Vinícius Peron Fineto, tenho 29 anos, sou natural do Rio de Janeiro, graduado em Ciências Navais e exerço o cargo de Auditor Fiscal da Receita Estadual de Santa Catarina (ICMS-SC). Atualmente, atuo como professor do Sistema de Questões, tendo por objetivo contribuir para que nossos alunos alcancem suas metas pessoais.
O início da caminhada
Minha história começa em 2016, ano em que tomei a decisão de iniciar os estudos para concursos da área fiscal. Ainda sem maturidade e não sabendo o que me esperava pela frente, optei por estudar por conta própria, montando meu próprio planejamento de estudos. Passei praticamente todo aquele ano estudando sozinho em uma biblioteca próxima de casa, assim que chegava do trabalho. Naquele momento, mesmo que estivesse me preparando de forma muito amadora, tive o primeiro contato com aquele que seria, até hoje, o maior obstáculo que aprendi a superar: a conciliação entre trabalho e estudo.
Desde aquela época, meu trabalho ocupa cerca de 12 horas úteis do dia, contando expediente e deslocamento aqui no Rio de Janeiro. Dentre as diversas formas de lidar com isso, optei por aquela que me deixaria com a consciência mais tranquila: dedicar-me ao máximo aos dois, dentro das horas que cada um ocupava no meu dia, ainda que soubesse do risco de estar postergando ou impossibilitando minha aprovação. Talvez devido a um excesso de autocobrança, percebi que seria impossível ir de encontro comigo mesmo e fazer as coisas pela metade, frustrando as expectativas que muitos tinham sobre mim.
No entanto, quando se opta por conduzir as coisas dessa forma, obviamente alguém sai perdendo. Por isso, durante esse período, não pude ser o melhor filho, o melhor namorado, o melhor neto e nem mesmo o melhor amigo, o que causava em mim um grande incômodo e a sensação de estar escolhendo o caminho errado. Não fazia academia, não assistia a séries e, embora tivesse meus momentos de distração, eles se reduziram ao mínimo. Passei a levar uma vida muito longe de ser empolgante e repleta de aventuras, mas eu sabia que, se conseguisse superar os primeiros meses daquele ciclo de atividades, em algum momento aquilo viraria rotina e até mesmo uma grande diversão. Tendo essa convicção, mantive meus estudos de forma ininterrupta daquela época até a aprovação, com variações de intensidade muito grandes, mas sem nunca me permitir parar.
Acontece que fui surpreendido pela segunda grande dificuldade desse período (qualquer semelhança com o momento atual é mera coincidência): estudar para concursos no momento de uma grave crise econômica, social e política no país. Durante o ano de 2016, lembro de inúmeras vezes abrir o computador e ler a notícia: “Governo planeja suspender concursos e postergar nomeações”. Chegou um momento em que eu já não sabia o que responder às pessoas que tanto me perguntavam para qual concurso estava estudando. Na verdade, eu apenas estudava, sem ter no horizonte nenhum concurso atrativo dentro dos requisitos que eu estabeleci. Dos 3 anos de preparação, em pelo menos metade deles eu não realizei nenhum concurso.
A falta de editais atingiu diretamente a motivação e o ritmo de estudos. Ainda assim, eu sempre me neguei a desistir das minhas escolhas, mesmo sabendo que, por vezes, desistir também é um ato de grandeza. Nesse período, aprendi que não precisamos estar sempre motivados. A disciplina existe justamente para te carregar quando a motivação não se faz mais presente.
O primeiro grande desafio
No meio do ano de 2017, foi lançado o edital do concurso para o cargo de Auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE). Embora a área de controle não fosse meu objetivo inicial, eu me sentia extremamente motivado por estudar com um edital aberto, dada a “seca” de editais da área fiscal naquela época. A partir dessa decisão, fui ao limite da minha capacidade para me dedicar ao máximo no período do pós-edital.
Então, em outubro daquele ano foi divulgado o resultado do concurso: 24º colocado. Por ter sido o primeiro concurso de alto nível prestado após fechar o ciclo básico de disciplinas, fiquei extremamente feliz com a minha aprovação, ainda que soubesse que aquele cargo não era meu objetivo final. Homologado no final de dezembro do mesmo ano, a sensação da primeira nomeação em Diário Oficial aconteceu em abril de 2019.
Ainda tomado pelo entusiasmo desse resultado, prestei o concurso seguinte: Auditor do TCE-SP, em dezembro de 2017. Sem conseguir manter o mesmo foco do período de preparação para o TCE-PE por conta da ilusão de tranquilidade gerada, não fiquei próximo das vagas imediatas, embora tenha conseguido a aprovação.
Não tive muito tempo para me lamentar. A onda da área de controle continuou e emendei mais um pós-edital. Dessa vez, o concurso era para o cargo de Auditor do Estado da SEFAZ-RS (CAGE), em março de 2018. Assim como no pós-edital do TCE-PE, estudava uma média de 6 horas durante a semana e 10h nos finais de semana, conciliando com o trabalho. Resultado: obtive a aprovação na 17ª colocação, o que me deixou extremamente feliz e com a certeza que estava no caminho certo. Ainda na área de controle, prestei o concurso para o cargo de Auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul (TCE-RS) em agosto do mesmo ano, alcançando a 7ª colocação.
A essa altura, com os concursos da área fiscal ainda parados, estipulei um prazo para minha jornada. Chegava a hora de encerrar aquele ciclo e começar outros, a motivação já não era mais a mesma e o corpo dava sinais de cansaço após tantos pós-editais seguidos. Conversei com as pessoas mais próximas e decidi encerrar em 2018 meus estudos. A partir dali, ficaria esperando as próximas nomeações, muito embora dentro de mim eu soubesse que o objetivo inicial não era aquele.
O concurso certo no momento certo
No início dos estudos, sempre sonhei com concursos de alto nível. Sem dúvida alguma, o concurso do ICMS-SC era o sonho maior da grande parte dos candidatos que estudavam para área fiscal, e comigo não era diferente. Acontece que nós não temos controle sobre quais concursos abrirão na nossa fase de estudos. Nós não temos, mas Deus tem.
E assim aconteceu. Nos últimos meses de estudo em 2018, foi lançado o edital do tão sonhado ICMS-SC. O edital era gigantesco, mais de 11.000 candidatos disputavam as 60 vagas. Dizia para alguns amigos que, depois de tantos anos, voltava a me sentir nervoso próximo a uma prova, assim como acontecia quando pequeno. No fundo, todo aquele nervosismo era porque eu sabia que aquela seria a minha grande oportunidade, e ela veio no momento certo.
Depositei ali todas as minhas fichas, tirei de mim todas as forças no pós-edital e realizei as 3 baterias de provas mais difíceis da minha vida naquele final de semana. Assustava ver tantas pessoas preparadas estudando tantas horas por dia, outras voltando a estudar após anos, mesmo já estáveis em excelentes cargos. O nível de concorrência foi tão alto que a nota de corte beirava os 85% de acertos, contrariando a estimativa da maioria dos professores.
O capítulo final deste livro aconteceu em janeiro de 2019, com a publicação do resultado final do concurso. A sensação de ver meu nome dentro das vagas foi indescritível e confesso que não conseguia acreditar que aquilo era real. Depois de percorrer toda essa jornada e refletir muito sobre tudo que aconteceu, cheguei à conclusão de que devemos dar menos valor ao nosso imediatismo e entender que os planos de Deus estão acima dos nossos, basta acreditar. O mundo conspira em favor daqueles que se esforçam (as imagens abaixo comprovam isso rs):
Lições aprendidas
Em síntese, ficaria satisfeito em saber que aqueles que leram esse depoimento levarão consigo as seguintes conclusões e conselhos sobre nossa árdua e gratificante caminhada, os quais eu gostaria de ter sabido desde o início do meu processo:
– Seja você mesmo a sua maior fonte de inspiração. Mesmo que seja importante ter exemplos a seguir, jamais se diminua perante eles. O que acontece naquelas poucas horas de uma prova que decidem sua vida talvez esteja mais ligado à sua automotivação do que ao número de horas líquidas de estudo;
– Não coloque as condições da sua vida como desculpa para te impedir. Você pode e deve criar as suas próprias condições;
– Entenda que se você pretende ser diferente da maioria da sociedade, você terá que fazer as coisas diferentes e em momentos diferentes do que eles. Não se importe tanto com os julgamentos e regras sociais. Escolha poucos e bons conselheiros, e fale sobre seus planos apenas para eles. Não existe receita de bolo para felicidade e todas as escolhas devem ser respeitadas;
– Sinta prazer na caminhada e não apenas no resultado, mesmo que durante a caminhada você fique longe de aproveitar a vida como se cada dia fosse o último;
– Tenha sede de vitória, tenha pressa, mas não estabeleça prazos para as coisas acontecerem. Principalmente no momento político e econômico que atravessa o país, o intervalo de tempo entre o início de sua preparação e a aprovação não ditam seu sucesso ou fracasso. Seja otimista, mas não deixe que o otimismo domine o realismo;
– Entenda que a regra do jogo é perder, e a exceção é a vitória. Jamais encare a derrota como fim de linha. Depois de muito pensar que as coisas estavam dando errado, fui a prova de que quando tudo parece dar errado, acontecem coisas boas que não teriam acontecido se tudo tivesse dado certo;
– Entenda que a aprovação é uma combinação de competência e luz no momento de prova. Não desista se você é competente e o seu dia ainda não chegou. Ele só chega para os que não desistem;
– Seja grato pelas suas derrotas e por todas as pessoas que te apoiam incondicionalmente. Ninguém alcança a vitória sem esses dois fatores;
– Se você se lançou ao mar para atravessar o oceano, não se dê por satisfeito com as pequenas ilhas que aparecerão no caminho. No desespero do meio do mar, você jamais enxergará o continente e as pequenas ilhas irão parecer atrativas. Não se iluda. Mesmo que com braços fadigados, continue nadando na sua velocidade, mas nunca deixe de seguir em frente. Se não fizer isso por motivação, faça por disciplina e fé.
Sejam felizes e, em hipótese alguma, desistam daquilo em que acreditam.
Um forte abraço e contem comigo.
Vinícius.