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Medo da reprovação no estudo para concursos públicos: como enfrentar?

Saiba o que está provocando o medo da reprovação na sua trajetória de estudos para concursos e corte o mal pela raiz!

Olá, concurseiro!

Atualmente, o medo tem feito parte das nossas vidas com bastante frequência. Pensando nisso, decidimos abordar, no presente artigo, um medo muito comum na vida dos concurseiros: o medo da reprovação.

Para tanto, trataremos do tema a partir das reflexões de Sergio Peña y Lillo, psiquiatra chileno que defende que existem 4 fundamentos psicológicos para o medo. São eles: 1) a antecipação imaginária; 2) a contaminação do presente com o passado; 3) a resistência ao sofrimento; e 4) o desejo e a ambição.

Analisaremos cada um desses pontos, que o médico afirma que são as 4 “atitudes psicológicas errôneas”, procurando demonstrar como elas devem ser enfrentadas pelo concurseiro, a fim de que ele supere o principal medo presente na trajetória de estudos para concursos: o de não ser aprovado.

O medo fruto da antecipação do futuro

“E se eu não conseguir esgotar toda a matéria?”, “e se me der um branco na hora?”, “e se cair esse tema, que não compreendi bem, na discursiva?”, “e se eu reprovar de novo?”: essas são algumas frases repetidas (em voz alta ou internamente) por diferentes concurseiros. São elas que revelam o quanto a imaginação pode ser fértil, tão fértil que muitos a confundem com a própria realidade.

Talvez você já se antecipe dizendo que nós devemos levantar as hipóteses possíveis, de forma realista, para não nos surpreendermos. De fato, devemos nos precaver e nos atentar às possibilidades (muitas vezes não tão boas) que podem surgir. Porém, há uma linha tênue nessa reflexão, de modo que, se nos descuidarmos, transformaremos essa precaução em pessimismo. A partir daí, a probabilidade de sentirmos o medo (e não conseguirmos lidar com ele) fica cada vez maior.

É nesse contexto que Sergio Peña y Lillo afirma que “não tememos o que é, mas o que supomos ser”. Segundo o autor, quando o que tememos de fato acontece, o nosso enfrentamento em relação à situação é sempre melhor do que imaginamos. Assim, não nos preocupamos com aquilo que é inevitável, mas sim com a possibilidade do risco – o qual, por definição, é sempre incerto.

Segundo o filósofo Jean-Paul Charles Aymard Sartre, é como se marcássemos um encontro com nós mesmos no futuro e temêssemos não estar lá. De fato, marcamos. Marcamos um encontro com nós mesmos no dia da posse, naquela viagem e naquela festa de comemoração. Imaginamos a roupa que vamos vestir, o discurso que iremos fazer, os sonhos que iremos realizar depois da aprovação. E temos medo que nada disso aconteça.

Porém, quando paramos para refletir assim, nos esquecemos de um detalhe bem importante: quem vai enfrentar esse futuro ainda não está aí. Isso fica claro quando relembramos que estamos em constante mudança e amadurecimento. Certamente, se o que tememos acontecer, teremos ferramentas e aprendizados diferentes do que temos hoje, para conseguirmos enfrentar a situação.

O medo de o passado se repetir

Todo mundo que vai fazer um concurso público depois de ter estudado bastante teme a reprovação. Porém, aquele que já foi reprovado várias vezes geralmente teme mais. Já esteve na posição de reprovado em tantos momentos que, de fato, o medo fica mais forte. “E se eu reprovar de novo?”, ele se pergunta.

A fim de poupar energia e, principalmente, para nos proteger, a nossa mente grava de forma especial os acontecimentos vividos. Surgem aí tantos medos frutos de visões distorcidas da realidade. Para nos libertarmos disso, devemos combater a passividade do nosso psiquismo, aprender a esquecer um pouco o que já passou e, enfim, parar de contaminar as nossas experiências novas com aquilo que já passou.

Se você foi reprovado anteriormente, saiba que, desde lá, você já aprendeu inúmeras lições. Depois daquele dia, você leu muitos materiais, realizou muitas questões, estudou bastante a legislação. Logo: você não é mais aquela pessoa, você não estará fazendo aquela prova, já não existe mais aquele momento.

Os ruídos mentais que te deixam inseguro não passam disso: ruídos, sombras, lembrança afetiva. Atente-se ao momento presente e faça hoje o seu melhor. O mundo dos concursos está cheio, muito cheio, de aprovados que, em diversos dias, reprovaram em várias provas. Porém, a depender da área, bastou apenas uma única prova para eles tomarem posse: e foi depois de toda essa tempestade que eles lograram aprovação. O seu caminho de estudos pode ser assim também.

O medo que vem da resistência

Outro pilar que sustenta o medo é a resistência ao sofrimento. Temos medo da dor, seja ela física ou emocional. Queremos acumular sorrisos, comemorações e alegrias. Em outras palavras, no mundo dos concursos, queremos esgotar o edital, gabaritar as questões, decorar a lei. Porém, esquecemos da nossa limitação, daquilo que é próprio da nossa humanidade: caímos, nos machucamos, esquecemos e, sim, sofremos.

Nessa época de calamidade pública em que vivemos, talvez tenhamos nos lembrado um pouco mais sobre isso: estamos sujeitos a sofrer. Enquanto concurseiros, também.

Acreditem ou não: admitir isso e não relutar é justamente o que vai nos trazer força. Se relutarmos e negarmos essa possibilidade, viveremos, certamente, com medo: daquilo que não podemos evitar. Assim, a frustração estará sempre beirando à nossa porta.

Por outro lado, se aceitamos que, talvez, a gente reprove mesmo; que a prova, realmente, tem chances de ser remarcada; que o concurso, infelizmente, poderá ser suspenso, ou seja, se paramos de resistir, o medo diminui e, assim, damos chance para vivermos uma experiência de crescimento e de amadurecimento. Permitimos, enfim, que o fluxo da vida siga seu curso, sem resistência.

Que não confundamos comodismo com resiliência – é esta última que nos possibilita crescer, ainda em momentos difíceis, e discernir quando, enfim, chega o momento de a luta dar espaço à paz.

O medo de perder o que não temos

A última “atitude psicológica errônea” sustentada por Sergio Peña y Lillo refere-se ao desejo e à ambição. Certamente, muitos veem somente o seu lado positivo. Dizem que é bom termos ambição, que os desejos serão os motores para alcançarmos os nossos objetivos. Falam, inclusive, que devemos pensar em tudo o que desejamos conquistar e adquirir depois da aprovação no concurso público, para que, dessa forma, a gente se motive mais.

Porém, adotando outro ponto de vista, há quem diga que, quanto mais “soltamos” o objeto do nosso desejo, mais chances temos de alcançá-lo. Quem pensa assim captou a seguinte ideia: o desejo inicial, que era para nos motivar, se transforma, com o tempo, no inevitável medo: tememos não ter aquilo. Tememos não conquistar o que sonhamos ter depois da aprovação; tememos não conseguir ir a todos aqueles destinos planejados; temos medo de perder aquilo que, na verdade, nunca tivemos.

Como resolver essa dicotomia?

Certamente, o desejo deve ser visto como algo bom. É uma condição própria do ser humano: a força motriz da sua ação, que multiplica sua criatividade e o retira da inércia. De fato, há desejos que não se confundem com um anseio ambicioso. São vontades embasadas em uma esperança, sentidas por aqueles que nutrem um sentimento sincero por aquilo que tanto querem.

Desejamos passar no concurso para melhorarmos de vida, para conseguirmos dar sustento à nossa família e realizar os sonhos dos nossos pais; sonhamos com a aprovação para empregarmos as nossas qualidades no cumprimento do nosso dever perante à sociedade, para fazermos felizes aqueles que amamos e que, sem reclamar, tanto nos apoiaram nessa jornada de estudos.

Em suma, compatibilizando essas diferentes reflexões, devemos permanecer com a nossa vontade e fortalecê-la, inclusive. Porém, além disso, devemos manter aquilo que Sergio Peña y Lillo chama de “sutil distanciamento emocional”. Esse desprendimento é o principal antídoto do medo. É o que acaba com a percepção de que somos dependentes daquele objetivo (a tão sonhada aprovação) e nos permite, enfim, estarmos livres e entregues à parte que cabe a cada um de nós.

A parte que nos cabe

A parte que cabe a você, hoje, concurseiro, é a de viver o seu cotidiano conciliando o seu estudo com o contexto atual; é levantar cedo para estudar; manter-se disciplinado com seus horários; não postergar suas revisões.

Pare de imaginar as mil possibilidades que existem lá na frente – lembre-se de que, se elas ocorrerem, serão bem menos terríveis do que você imagina e, independentemente de como forem, você estará diferente, mais maduro e mais forte para enfrentá-las.

Pare de achar que tudo o que você já sentiu vai se repetir. A cada dia você tem uma chance nova para fazer diferente. Toda situação é diferente da outra. Cada prova terá seu contexto. Cada concurso terá suas questões. São mil variáveis que você não pode controlar. Não contamine o seu momento presente, inédito, com as tantas angústias do seu passado emocional.

Aceite que o momento é difícil, que as pessoas estão menos concentradas, que a prova poderá estar difícil e que, sim, você poderá reprovar. Porém, é justamente por isso que você vai estudar cada vez mais a partir de agora.

Por fim, desprenda-se um pouco do seu objetivo e valorize aquilo que você já tem, enquanto não alcança todo resto que você também quer. Valorize a oportunidade que tem hoje, de estudar; o material que você tem a chance de adquirir. Entregue-se por inteiro àquilo que está, de fato, em suas mãos. Porque, acredite: a maioria das variáveis não está. E o quanto antes você perceber isso, mais cedo você conseguirá se libertar do medo, amadurecer intelectual e emocionalmente e, enfim, conquistar o que tanto sonha.

Bons estudos!

Nathália Reyes

Instagram: @nathsr

Confira minha trajetória de estudos.  

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Nathália Reyes

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