ISS MANAUS (PORTUGUÊS) – PROVA COMENTADA
Olá, pessoal! Tudo beleza?
Segue o comentário da prova do ISS MANAUS, uma prova extremamente pesada que serve de referência a quem almeja os concursos mais puxados da FCC, especialmente o SEFAZ BA, prova iminente!
Aproveitem a correção!
Grande abraço.
Atenção: Considere o texto abaixo para responder às questões de números 1 a 9.
O brasileiro gosta de pensar que o Brasil é uma nação acolhedora, que recebe imigrantes de braços abertos. Em termos de dados históricos e estatísticos, não é bem assim. Apesar da imigração maciça promovida por sucessivos governos durante o Império e o primeiro período republicano, sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria mais desejável, passando pela rejeição explícita a determinados grupos. Na década de 1860, a questão da imigração de chineses atingiu proporções de grande controvérsia e chegou a ser debatida no parlamento. O consenso era de que devia ser impedida para evitar o suposto risco de degeneração racial. Pelo mesmo motivo, a pseudociência da época desaconselhava a entrada de mais africanos, para além dos milhões que já haviam ingressado escravizados no país. Em 1890, já sob a República, a entrada de asiáticos foi efetivamente barrada por decreto. […]
O imigrante ideal, para as autoridades brasileiras daquele tempo, era branco e católico. De preferência, com experiência em agricultura e disposto a se fixar nas zonas rurais. Braços para a lavoura, era o que se dizia, e uma injeção de material genético selecionado com o intuito de “melhorar a raça”. […]. A preferência por imigrantes católicos seguia a premissa de que seriam de assimilação fácil e não ameaçariam a composição cultural da jovem nação. Aqueles no poder queriam que o brasileiro continuasse do jeitinho que era, só que mais branco. Seguindo as premissas eugênicas então em voga, acreditava-se que o sangue europeu, tido como mais forte, venceria o sangue africano e ameríndio, eliminando-os paulatinamente. Essa política de branqueamento já foi documentada, ad nauseam, por nossa historiografia. Ela é o pano de fundo ideológico para o crescimento da cidade de São Paulo, onde a porcentagem de italianos ficou acima de 30% entre as décadas de 1890 e 1910, período em que a população aumentou quase dez vezes.
Os doutores daquela época não conseguiram o que almejavam, por três motivos. O primeiro, concreto, é que as doutrinas científicas em que acreditavam eram falsas. Não existe raça pura, em termos biológicos, muito menos a superioridade de uma sobre outra. O segundo, circunstancial, é que a fonte de imigrantes na Europa foi secando antes que a demanda por trabalhadores no Brasil se esgotasse. Quando o navio Kasato Maru atracou no porto de Santos em junho de 1908, com 165 famílias japonesas a bordo, era o reconhecimento implícito de que os interesses econômicos iriam prevalecer sobre a ideologia eugenista. A imigração em massa de japoneses para o Brasil, ao longo do século 20, não somente descarrilou o projeto de branqueamento como também quebrou o paradigma de que não católicos eram inassimiláveis. Os japoneses ficaram e se fixaram. Seus descendentes tornaram-se brasileiros, a despeito de muito preconceito e até perseguição. Conseguiram essa proeza, de início, porque se mantiveram isolados no interior do país. Longe da vista, como fizeram meus avós e bisavós.
O terceiro motivo do fracasso do modelo de assimilabilidade católica é conceitual. Seus defensores partiam de um pressuposto falso: o de que a população brasileira era homogênea em termos de religião. […] o mito do bom imigrante católico ignorava estrategicamente a presença de judeus, muçulmanos e protestantes no Brasil. Os três grupos estiveram presentes desde a época colonial e, cada um a seu modo, contribuíram para a formação do país.
(CARDOSO, Rafael. O Brasil é dos brasileiros. Revista Serrote, no 27, pp. 45 e 47, 2018)
1. (FCC / PREF. MANAUS / AUDITOR FISCAL / 2019)
Rafael Cardoso, quando menciona
(A) (parágrafo 4) um pressuposto falso, demonstra entender que mesmo os católicos, quando em situação de imigrantes na referida época, no Brasil, eram capazes de, estrategicamente, ignorar a presença de outras religiões.
(B) (parágrafo 1) os milhões [de africanos] que já haviam ingressado escravizados no país, critica, de modo subliminar, a política oficial de imigração, na época citada, por ter ela privilegiado consensualmente a entrada de africanos.
(C) (parágrafo 1) já sob a República, manifesta acreditar que a nova forma de governo contribuiu para maior efetividade das políticas públicas sobre o controle de imigração, tendo em vista a possibilidade de debates mais democráticos.
(D) (parágrafo 2) o crescimento da cidade de São Paulo, apresenta o único argumento a favor das imigrações ocorridas no período citado, no caso, imigração de italianos, entendendo que ela vinha embasada em consistente ideologia.
(E) (parágrafos 3 e 4) os três motivos, os dispõe em categorias e tece considerações com que justifica a terminologia adotada e fundamenta seu ponto de vista sobre o fracasso do ideal das autoridades brasileiras acerca do tipo de imigrante desejável no período citado.
Comentários:
O autor divide a causa em três componentes, categorizados como “concreto”, “circunstancial” e “conceitual”. Depois explica o motivo de ter usado cada categoria:
O primeiro é concreto porque as doutrinas eugenistas estavam equivocadas, não há concretamente uma raça pura.
O segundo é circunstancial porque houve uma discrepância entre oferta de imigrantes e demanda de trabalhadores, algo ligado àquele momento específico, àquela circunstância histórica.
O terceiro é conceitual porque parte de um conceito que fundamentava o mito do bom católico era falso: havia outras religiões.
Gabarito letra E.
Vejamos:
A) Incorreto. Quem ignorava não eram os imigrantes, mas sim os defensores do “modelo de assimilabilidade católica”
B) Incorreto. A escravatura não foi um regime oficial de imigração, também nunca foi consenso privilegiar africanos. A política oficial era privilegiar europeus católicos.
C) Incorreto. Apenas registra que naquele momento o governo já tinha mudado, não disse de forma alguma que esse governo era mais eficiente em controlar a imigração.
D) Incorreto. Não é o único argumento favorável nem se restringe aos italianos:
judeus, muçulmanos e protestantes no Brasil. Os três grupos estiveram presentes desde a época colonial e, cada um a seu modo, contribuíram para a formação do país.
2. (FCC / PREF. MANAUS / AUDITOR FISCAL / 2019)
O desenvolvimento do texto evidencia que o autor tem como prioridade:
(A) salientar que os movimentos migratórios no Brasil, nos períodos citados, estiveram associados a específicas condições do imigrante, subordinadas às convicções das autoridades em exercício.
(B) contrapor dados históricos e estatísticos a decisões autocráticas de governos brasileiros do Império e do primeiro período republicano acerca do acolhimento de mão de obra estrangeira.
(C) sinalizar que a imigração maciça estimulada durante o Império e o primeiro período republicano no Brasil não recebeu apoio do povo, este que, contrariamente ao que proclama, não é hospitaleiro quando se trata de imigrantes.
(D) atribuir a conceitos científicos mal compreendidos tanto o preconceito e a perseguição a estrangeiros, quanto o fracasso da política de Estado ao não reconhecer, durante séculos, a diversidade religiosa no Brasil.
(E) criticar a xenofobia que, tida como característica encoberta do homem brasileiro, produz rejeição aleatória de imigrantes que muito poderiam contribuir para os interesses econômicos do Brasil.
Comentários:
A letra A resume o cerne do texto. As autoridades em exercício é que compartilhavam as convicções, que se mostraram equivocadas, de que existiria uma raça pura, que o sangue europeu era melhor, que a religião católica era mais conveniente etc…
Gabarito letra A.
Vejamos:
B) Incorreto. As informações históricas e estatísticas não se contrapõem às decisões dos governantes, mas sim as confirmam.
C) Incorreto. O texto não foca na aprovação popular dos movimentos migratórios, mas sim da visão das autoridades e intelectuais.
D) Incorreto. Alternativa perigosa: de fato alguns conceitos científicos equivocados, como a da raça pura, contribuíram para o preconceito. Contudo, a diversidade religiosa é um outro fator, não relacionado à questão científica. Negar a diversidade religiosa não foi um efeito dos conceitos científicos como a alternativa fez parecer.
E) Incorreto. Embora o autor prove que o governo brasileiro não é tão acolhedor de imigrantes como sugere uma consciência coletiva, o autor não diz expressamente, muito menos toma como prioridade do texto, que o brasileiro como um todo é xenófobo e que isso é uma característica encoberta. Além disso, não há nada de “preconceito aleatório”. Os preconceitos citados eram fundados em certas convicções, não eram aleatórios.
3. (FCC / PREF. MANAUS / AUDITOR FISCAL / 2019)
Está correto o seguinte comentário:
(A) Se, em lugar de O primeiro, concreto, é que as doutrinas científicas em que acreditavam eram falsas, houvesse “O primeiro, concreto, é que eles consideravam crível as doutrinas científicas cujos fundamentos eram falsos”, a correção da frase, segundo a norma-padrão da língua, seria preservada.
(B) No contexto em que estão empregadas, as aspas em “melhorar a raça” indicam que o autor está citando expressão difundida por outros, e não que deseje marcar o segmento com particular tom expressivo.
(C) Na frase Em termos de dados históricos e estatísticos, não é bem assim, o primeiro segmento expressa uma ideia de restrição.
(D) Na frase Em termos de dados históricos e estatísticos, não é bem assim, a palavra destacada tem a mesma função sintática da sublinhada em “Vou para o mesmo lado que você, assim, podemos ir juntos”.
(E) Em O brasileiro gosta de pensar que o Brasil é uma nação acolhedora, que recebe imigrantes de braços abertos, ambas as palavras destacadas são conjunções, pois o contexto elimina a possibilidade de a segunda palavra ser pronome relativo.
Comentários:
a) Incorreto. Haveria desrespeito à concordância: consideravam críveis…
b) Incorreto. As aspas dão sim destaque expressivo à expressão.
c) Correto. Temos uma expressão adverbial restritiva, particularizante, como se fosse: historicamente e estatisticamente, do ponto de vista restrito da história e da estatística, considerando estritamente essas esferas e excluindo as outras.
d) Incorreto. O primeiro “assim” é advérbio de modo; o segundo é conectivo conclusivo, equivalente a “portanto”:
“Vou para o mesmo lado que você, portanto, podemos ir juntos”.
e) Incorreto. O contexto não elimina a possibilidade, podemos encarar como conjunção integrante:
O brasileiro gosta de pensar [que recebe imigrantes de braços abertos]
O brasileiro gosta de pensar [ISTO]
Ou como pronome relativo, retomando “uma nação acolhedora”:
uma nação acolhedora, que recebe imigrantes de braços abertos
Gabarito letra C.
4. (FCC / PREF. MANAUS / AUDITOR FISCAL / 2019)
A frase em que o emprego de uma específica palavra indica que o autor do texto desconfia da veracidade de uma ideia tomada por verdadeira por outros é:
(A) Conseguiram essa proeza de início, porque se mantiveram isolados no interior do país.
(B) Na década de 1860, a questão da imigração de chineses atingiu proporções de grande controvérsia e chegou a ser debatida no parlamento.
(C) O consenso era de que devia ser impedida para evitar o suposto risco de degeneração racial.
(D) Em 1890, já sob a República, a entrada de asiáticos foi efetivamente barrada por decreto.
(E) Essa política de branqueamento já foi documentada, ad nauseam, por nossa historiografia.
Comentários:
Questão de “pressuposto”, de leitura de informação implícita, num exemplo que até foi mencionado em nossa teoria. Quando o autor diz: “suposto risco de degeneração”, quer dizer que outros achavam que existia tal risco, mas ele não, achava que era mera suposição, daí o uso de “suposto risco”. Sem conhecer essa teoria, seria impossível acertar a questão.
Gabarito letra C.
5. (FCC / PREF. MANAUS / AUDITOR FISCAL / 2019)
Segmentos do texto receberam redação alternativa. A que − estando clara e correta, segundo a norma-padrão da língua – não prejudica o sentido original é:
(A) Seus descendentes tornaram-se brasileiros, a despeito de muito preconceito e até perseguição. / Seus descendentes converteram-se em brasileiros, despertando muito preconceito, incluído até a perseguição.
(B) Apesar da imigração maciça […], sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria mais desejável… / Ainda que tenha havido imigração maciça […], sempre ocorreram debates sobre que traços fundamentais deveria um imigrante exibir para que fosse considerado o tipo mais desejável.
(C) Braços para a lavoura, era o que se dizia, e uma injeção de material genético selecionado com o intuito de “melhorar a raça”. Se dizia que era “Braços para a lavoura” e uma injeção de material genético selecionado com a intensão de “melhorar a raça”.
(D) Seguindo as premissas eugênicas então em voga, acreditava-se que o sangue europeu, tido como mais forte, venceria o sangue africano e ameríndio, eliminando-os paulatinamente. Em concordância com as teorias eugênicas então em vigor, havia a crença que o sangue europeu, comprovadamente mais forte, chegaria a vencer o sangue africano e ameríndio, eliminados que seriam fatalmente.
(E) O segundo, circunstancial, é que a fonte de imigrantes na Europa foi secando antes que a demanda por trabalhadores no Brasil se esgotasse. O segundo foi fruto de uma circunstância: o Brasil teve necessidade de trabalhadores e a Europa secara a fonte de imigrantes.
Comentários:
Nesse tipo de questão, devemos procurar ou um erro gramatical crasso, ou uma mudança brusca de sentido, aí eliminamos a alternativa e seguimos:
(A) Seus descendentes tornaram-se brasileiros, a despeito de muito preconceito e até perseguição. / Seus descendentes converteram-se em brasileiros, despertando muito preconceito, incluído até a perseguição.
“a despeito de” tem sentido de concessão, sem qualquer relação com “despertar”; pronto, vamos para a próxima.
(B) Apesar da imigração maciça […], sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria mais desejável… / Ainda que tenha havido imigração maciça […], sempre ocorreram debates sobre que traços fundamentais deveria um imigrante exibir para que fosse considerado o tipo mais desejável.
Esse é nosso gabarito. “Apesar da” e “Ainda que” são conectivos concessivos e podem ser substituídos, levando em conta a adaptação no verbo, que foi feita corretamente na alternativa. “Houve” e “ocorreram” são sinônimos, apenas a concordância foi ajustada, porque “Haver” é impessoal e “Ocorrer” não é…
(C) Braços para a lavoura, era o que se dizia, e uma injeção de material genético selecionado com o intuito de “melhorar a raça”. Se dizia que era “Braços para a lavoura” e uma injeção de material genético selecionado com a intensão de “melhorar a raça”.
A grafia correta é “intenção”, bastava isso para eliminar o item.
(D) Seguindo as premissas eugênicas então em voga, acreditava-se que o sangue europeu, tido como mais forte, venceria o sangue africano e ameríndio, eliminando-os paulatinamente. Em concordância com as teorias eugênicas então em vigor, havia a crença que o sangue europeu, comprovadamente mais forte, chegaria a vencer o sangue africano e ameríndio, eliminados que seriam fatalmente.
Há vários problemas: “tido como mais forte” dá ideia de uma opinião— considerado mais forte; já “comprovadamente mais forte” traz o fato como verdade absoluta. Além disso, faltou a preposição obrigatória na oração completiva nominal: “crença DE que o sangue europeu…”; por fim, “paulatinamente” é gradativamente, não é sinônimo de “fatalmente”.
(E) O segundo, circunstancial, é que a fonte de imigrantes na Europa foi secando antes que a demanda por trabalhadores no Brasil se esgotasse. O segundo foi fruto de uma circunstância: o Brasil teve necessidade de trabalhadores e a Europa secara a fonte de imigrantes.
“foi secando” é diferente de “secara”; o primeiro traz ideia progressiva; o segundo, ideia de fato já concluído num passado anterior a outro.
Gabarito letra B.
6. (FCC / PREF. MANAUS / AUDITOR FISCAL / 2019)
Afirma-se com correção:
(A) (parágrafo 3) Nas orações Conseguiram essa proeza, de início, porque se mantiveram isolados no interior do país. Longe da vista, como fizeram meus avós e bisavós, o pronome destacado tem valor reflexivo e ao segmento sublinhado é possível atribuir-se o valor causal.
(B) (parágrafo 1) A frase Pelo mesmo motivo, a pseudociência da época desaconselhava a entrada de mais africanos, para além dos milhões que já haviam ingressado escravizados no país exemplifica enunciado em que as formas verbais denotam que as ações ocorrem em simultaneidade.
(C) (parágrafo 2) À oração inicial do período Seguindo as premissas eugênicas então em voga, acreditava-se que o sangue europeu, tido como mais forte, venceria o sangue africano e ameríndio, eliminando-os paulatinamente, deve ser atribuído o sentido temporal, sem outra possibilidade de valor.
(D) (parágrafo 2) Em Seguindo as premissas eugênicas então em voga, acreditava-se que o sangue europeu, tido como mais forte, venceria o sangue africano e ameríndio, eliminando-os paulatinamente, a forma grifada é semanticamente equivalente a “para eliminar”.
(E) (parágrafo 2) A transposição da frase Essa política de branqueamento já foi documentada, ad nauseam, por nossa historiografia para a voz ativa gerará a forma “tinha documentado”.
Comentários:
“Mantiveram-se”= mantiveram a si mesmos…
Em “Longe da vista”, pode-se subentender valor causal: Porque ficaram longe, porque se esconderam…
Gabarito letra A.
(B) (parágrafo 1) A frase Pelo mesmo motivo, a pseudociência da época desaconselhava a entrada de mais africanos, para além dos milhões que já haviam ingressado escravizados no país exemplifica enunciado em que as formas verbais denotam que as ações ocorrem em simultaneidade.
Incorreto. A locução “haviam ingressado” está no pretérito mais-que-perfeito e indica uma ação passada anterior a outra também passada, não há simultaneidade.
(C) (parágrafo 2) À oração inicial do período Seguindo as premissas eugênicas então em voga, acreditava-se que o sangue europeu, tido como mais forte, venceria o sangue africano e ameríndio, eliminando-os paulatinamente, deve ser atribuído o sentido temporal, sem outra possibilidade de valor.
Incorreto. É possível, por exemplo, atribuir valor de causa: Porque seguiam-se…
(D) (parágrafo 2) Em Seguindo as premissas eugênicas então em voga, acreditava-se que o sangue europeu, tido como mais forte, venceria o sangue africano e ameríndio, eliminando-os paulatinamente, a forma grifada é semanticamente equivalente a “para eliminar”.
Incorreto. A forma “para eliminar” indica finalidade, o sentido original é de consequência.
(E) (parágrafo 2) A transposição da frase Essa política de branqueamento já foi documentada, ad nauseam, por nossa historiografia para a voz ativa gerará a forma “tinha documentado”.
Incorreto. Geraria a forma “documentaram”; como o agente da passiva não aparece, na voz ativa não saberemos quem é o sujeito, então ficará em forma de sujeito indeterminado: “documentaram”.
7. (FCC / PREF. MANAUS / AUDITOR FISCAL / 2019)
Palavras destacadas nos segmentos do texto que vêm a seguir estão empregadas em consonância com a norma-padrão da língua. Essas palavras motivaram a criação de outras frases, vistas ao lado do segmento original, devendo ser consideradas independentes dele. A frase proposta que está correta, mantido o padrão citado, é:
(A) Os japoneses ficaram e se fixaram / Eles se fixaram aonde pudessem ficar isolados.
(B) Apesar da imigração maciça promovida por sucessivos governos […] sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria desejável / Apesar de a imigração maciça ter sido promovida por sucessivos governos, sempre houve rejeição a determinados grupos.
(C) era o reconhecimento implícito de que os interesses econômicos iriam prevalecer sobre a ideologia eugenista / Aquele era o empreendimento de que muitos esperavam com ganância.
(D) O consenso era de que devia ser impedida / Foram advertidos de que os recém-chegados deveriam, o mais rapidamente possível, serem encaminhados aos respectivos alojamentos.
(E) sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria mais desejável / Devem ter havido mesmo, no período em questão, debates intensos sobre imigração.
Comentários:
Vejamos:
A) Incorreto. Só se usa “aonde” se um termo seguinte exigir preposição “a”, o que não ocorre aqui.
B) Correto. Apenas houve uma transformação em oração explícita, com o sujeito claro e “imigração” e a locução passiva: “ter sido promovida”.
C) Incorreto. “Esperar” não pede preposição “de”:
Aquele era o empreendimento que muitos esperavam com ganância.
D) Incorreto. Na locução verbal, apenas o verbo auxiliar se flexiona: deveriam SER.
E) Incorreto. Quando temos verbo haver impessoal como principal de uma locução verbal, o verbo auxiliar também fica no singular: deve ter havido debates
Gabarito letra B.
8. (FCC / PREF. MANAUS / AUDITOR FISCAL / 2019)
Leia com atenção os trechos que vêm a seguir. Cada um deles apresenta segmento em destaque, que pode, ou não, estar presente como relevante argumento a favor da ideia expressa no trecho em que está inserido.
I. Apesar da imigração maciça promovida por sucessivos governos durante o Império e o primeiro período republicano, sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria mais desejável, passando pela rejeição explícita a determinados grupos.
II. Quando o navio Kasato Maru atracou no porto de Santos em junho de 1908, com 165 famílias japonesas a bordo, era o reconhecimento implícito de que os interesses econômicos iriam prevalecer sobre a ideologia eugenista.
III. Essa política de branqueamento já foi documentada, ad nauseam, por nossa historiografia.
IV. Ela é o pano de fundo ideológico para o crescimento da cidade de São Paulo, onde a porcentagem de italianos ficou acima de 30% entre as décadas de 1890 e 1910, período em que a população aumentou quase dez vezes.
É correto afirmar que se trata de relevante argumento, como caracterizado acima, o que se lê APENAS em:
(A) IV.
(B) I, II, III.
(C) II e IV.
(D) I, III e IV.
(E) III.
Comentários:
Modelo confuso de questão. Basicamente, teríamos que buscar a alternativa em que o termo sublinhado não contribuísse para o tema do parágrafo. Isso ocorre apenas em II, pois esse “a bordo” é totalmente dispensável ao parágrafo. Se as famílias estavam no navio, é evidente que estavam “a bordo”, de modo que essa expressão é dispensável argumentativamente.
Em I, é informação essencial o fato de que as discussões sobre imigrantes chegaram ao ponto de xenofobia explícita.
Em III, é essencial mencionar que a historiografia documentou a política de branqueamento exaustivamente, ad nauseam, até enjoar, pois isso fortalece a tese de que há histórico de xenofobia no Brasil, ao contrário da visão geral.
Em IV, é essencial dizer que a porcentagem é de italianos, pois se está falando de um grupo imigrante europeu que se tornou muito numeroso, incentivado pelo Estado.
Gabarito letra D.
9. (FCC / PREF. MANAUS / AUDITOR FISCAL / 2019)
O terceiro motivo do fracasso do modelo de assimilabilidade católica é conceitual. Seus defensores partiam de um pressuposto falso: o de que a população brasileira era homogênea em termos de religião. […] o mito do bom imigrante católico ignorava estrategicamente a presença de judeus, muçulmanos e protestantes no Brasil. Os três grupos estiveram presentes desde a época colonial e, cada um a seu modo, contribuíram para a formação do país.
Considerado o trecho reproduzido, é correto afirmar:
(A) No último período, a retirada da vírgula após a conjunção não prejudica a correção original da frase, visto que seu emprego é facultativo.
(B) Redação alternativa à acima transcrita, que reúna os dois períodos iniciais num só e não prejudique o sentido original, deve valer-se da locução coesiva “à medida que”.
(C) O segundo período manteria a correção com o segmento alternativo “partiam de um pressuposto falso, qual seja, este de que a população brasileira era homogênea em termos de religião”.
(D) Se o segmento um pressuposto falso fosse alterado para “uma ideia falsa”, a frase manteria sua correção sem que houvesse necessidade de outra modificação no período.
(E) Os dois-pontos estão empregados pelo mesmo motivo que se nota em “Curioso, perguntou: − Quem lhe deu esse belo presente?”, exigidos por verbo dicendi.
Comentários:
(A) Incorreto. A vírgula faz parte de um par que isola “cada um a seu modo”.
(B) Incorreto. A locução “à medida que” expressa “proporcionalidade”, o que não é o sentido original.
(C) Correto. O segundo período manteria a correção com o segmento alternativo “partiam de um pressuposto falso, qual seja, este de que a população brasileira era homogênea em termos de religião”.
(D) Incorreto. Seria necessário adaptar para o feminino:
Seus defensores partiam de um pressuposto falso: o de que a população brasileira era homogênea em termos de religião.
Seus defensores partiam de uma ideia falsa: a de que a população brasileira era homogênea em termos de religião.
(E) Incorreto. No primeiro caso, temos dois-pontos empregados para introduzir aposto explicativo. No segundo, para introduzir discurso direto, citação literal.
Gabarito letra C.
10. (FCC / PREF. MANAUS / AUDITOR FISCAL / 2019)
A frase que está clara e adequada à norma-padrão da língua é:
(A) Antes de virem a receber a homenagem do público que presenciava a corrida, algumas testemunhas, todos esportistas, que ajudaram o ciclista e depuseram a seu favor, serão apresentadas àqueles dois jornalistas que farão a cobertura do acidente.
(B) Alguns não crêem no que tem sido propagado, mas concordo em que ações ante-democracia constróem o caminho para que futuras gerações conheçam dores que aquele que viveu períodos ditatoriais busca esquecer a todo custo.
(C) Entre todos os funcionários, um dos poucos que primavam pela descrição com que conduzia seu trabalho foi exatamente o que recebeu reprimenda do diretor, fato este que o fez receber manifestação de apoio de alguns funcionários e gerentes.
(D) Esforçando-se por manter os seus projetos de renovação o mais transparente possíveis, chegou a cometer tanto excesso em detalhamentos de planilhas, que acarretaram mal-estar em todos do departamento de controle.
(E) Estava bastante fragilizado pelos reveses que vinha sofrendo na sua sessão, departamento em que se processavam as conferências de dados, mas quando conhecidos lhe encontravam no refeitório da empresa, tentava mostrar-se a vontade, com o intuito de evitar constrangimentos.
Comentários:
Vejamos:
A) Perfeita a redação.
B) “Creem” não tem acento; “antidemocracia” não tem hífen, pois o prefixo termina em letra diferente da palavra seguinte; “Constroem” não possui acento porque é paroxítona terminada em “em”.
C) A palavra deveria ser “discrição”, qualidade de quem é discreto, reservado.
D) A forma correta seria: o mais transparente possível, seguindo o artigo.
E) Se é “departamento”, a grafia correta seria “seção”. Além disso, a forma correta seria: o encontravam, pois “lhe” substitui termo preposicionado e “encontrar” não pede preposição. “À vontade” possui acento grave, pois a crase é obrigatória em locuções de base feminina.
Gabarito letra A.