ICMS SC- Português – Recursos
Olá, pessoal, boa tarde. Tudo bem?
Estou analisando aqui a prova do ICMS SC, aplicada no último domingo. Postarei em breve um artigo com o comentário da prova inteira, não terminei ainda porque é gigantesca. Porém, para efeitos ansiolíticos, já disponibilizo aqui dois possíveis recursos.
A fundamentação está no comentário, basta ler, entender e depois reproduzir a argumentação COM SUAS PRÓPRIAS PALAVRAS, ok? Recursos padronizados são sumariamente indeferidos, então não recomendo tentar usar “modelo”. Tranquilo?
Vamos lá, sigam o professor que vos fala nas mídias sociais!
9- (FCC / ICMS-SC / AUDITOR / 2018)
Considerado o contexto, está correto o que consta de:
(A) O segmento sublinhado em desde que possa ser combinada com um amplo sistema de bolsas de estudo (último parágrafo) pode ser substituído por “uma vez que”, sem que nenhuma outra modificação seja feita na frase.
(B) O sinal indicativo de crase deverá ser mantido caso se substitua “economia mundial” por “uma economia globalizada” no segmento integrar-se de forma dinâmica à economia mundial (6º parágrafo).
(C) O segmento não é a escassez de capital financeiro, mas a escassez de capital humano (6º parágrafo) exprime noção de finalidade.
(D) Sem prejuízo da correção gramatical, o segmento impede que ele desenvolva (1º parágrafo) pode ser reescrito do seguinte modo: impede-lhe de desenvolver.
(E) Os verbos do segmento Malthus […] sugeria que o investimento público maciço em educação seria uma resposta mais eficaz (3º parágrafo) estão flexionados nos mesmos tempo e modo.
Comentários:
Gabarito letra A.
RECURSO.
“Desde que” possui valor condicional no contexto, ao passo que “uma vez que” possui valor causal/explicativo. Então, uma vez que a banca fala de “considerando o contexto”, essa mudança total de sentido invalida o item, pois as duas locuções não são equivalentes no contexto.
Vejam em Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, Domingos Paschoal Cegalla, página 395.
CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS
As orações subordinadas adverbiais classificam-se de acordo com as conjunções que as introduzem. Portanto, podem ser:
• causais – exprimem causa, motivo, razão. Exemplos:
O tambor soa porque é oco.
[…]
“Faltou à reunião, visto que esteve doente.”
.lá que (ou visto que ou desde que ou uma vez que) ninguém se mexe, temos que agir nós, cidadãos.”
Essa é só uma referência, qualquer outra gramática vai validar isso também.
A banca pode argumentar que é possível, sim, a locução “desde que” indicar causa. Contudo, o próprio Bechara estabelece que isso só é possível com o VERBO NO INDICATIVO. NA QUESTÃO, O VERBO ESTÁ NO PRESENTE DO SUBJUNTIVO.
Vejam as palavras do maior gramático vivo da nossa língua.
1) Causais: quando iniciam oração que exprime a causa, o motivo, a razão do pensamento da oração principal: que (= porque) , porque, como (= porque, sempre anteposta a sua principal, no português moderno), visto que, visto como, já que, uma vez que (com verbo no indicativo), desde que (com o verbo no indicativo), etc.:
“A memória dos velhos é menos pronta porque o seu arquivo é muito extenso” [MM].
“Como ia de olhos fechados, não via o caminho” [MA.1, 19].
“Desde que se fala, indeterminadamente, e no plural, em direitos adquiridos e atos jurídicos perfeitos, razão era que no
plural e indeterminadamente se aludisse a casos julgados” [RB.4, 25].
Moderna Gramática Portuguesa, pág. 326, 37ªedição, Ed. Nova Fronteira.
Portanto, a letra A não pode ser considerada correta à revelia das regras prescritas pelos gramáticos mencionados.
As demais possuem problemas mais visíveis:
(B) Incorreto. Não há sinal indicativo de crase antes de “uma”.
(C) Incorreto. O segmento não é a escassez de capital financeiro, mas a escassez de capital humano (6º parágrafo) exprime noção de oposição com valor subjacente de retificação.
(D) A oração “que ele desenvolva” tem função de objeto direto, não pode ser substituída por LHE, pronome que funciona como objeto indireto.
(E) Os verbos do segmento Malthus […] sugeria (pretérito imperfeito do indicativo) que o investimento público maciço em educação seria (futuro do pretérito do indicativo) uma resposta mais eficaz (3º parágrafo) estão flexionados em tempos diferentes
7- (FCC / ICMS-SC / AUDITOR / 2018)
… que é do seu próprio interesse respeitar regras gerais de conduta das quais todos os participantes da sociedade se beneficiam… (7º parágrafo)
Mantêm-se a correção e, em linhas gerais, o sentido original da frase acima substituindo-se o segmento sublinhado por:
(A) às quais trazem proveito a todos os participantes da sociedade
(B) a que todos os participantes da sociedade se vangloriam
(C) as quais todos os participantes da sociedade tiram proveito
(D) que favorecem todos os participantes da sociedade
(E) de que todos os participantes da sociedade contam para seu benefício
Comentários:
Temos que usar a preposição correta antes do pronome relativo. Beneficiar-se DE equivale a ser favorecido. Então, as regras “gerais de conduta” favorecem a todos.
Vejamos as correções na regência:
(A) as quais trazem proveito a todos os participantes da sociedade
(B) de que todos os participantes da sociedade se vangloriam
(C) das quais todos os participantes da sociedade tiram proveito
(E) com que todos os participantes da sociedade contam para seu benefício
Gabarito letra D.
RECURSO OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO.
Pessoal, aqui vai uma segunda “tentativa” de recurso. Em regra, quando temos como objeto direto pronomes como “todos, quem, ninguém”, estamos diante de uma hipótese de OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO. Então, a preposição A deveria aparecer antes de “todos”.
(D) que favorecem todos A os participantes da sociedade
Vejam:
“[…]
Objeto direto preposicionado é objeto direto antecedido de preposição, geralmente a, raramente de.
[…]
10) quando o objeto direto for constituído por pronome indefinido ou pelo relativo “quem”. Ex:
Comovemos a todos, mas a ninguém convencemos. “
Luis Antônio Sacconi, Nossa Gramática Teoria e Prática, 22ª edição, pág. 313, Atual Editora.
Então, como regra, deveria haver ali a preposição antes de TODOS.
Contudo, já antecipo que estou apenas tentando ajudar aqui os desesperados, pois gramáticos de peso como Bechara e Claudio Cezar Henriques declaram expressamente que este caso é facultativo. Outros trazem como regra, sem declarar expressamente a obrigatoriedade ou facultatividade (como ocorre com quase todas as regras presentes em gramáticas).
Quem quiser tentar, a fundamentação está aí. Há tantos casos facultativos que são tomados por obrigatórios pelas bancas, vamos tentar tudo para ganhar o pontinho da salvação!
Estes são os recursos que achei viáveis, se a questão não está aqui, entendo que não há brecha para recorrer, ok?
Grande abraço, boa sorte a todos!