Artigo

História de um Brasileiro – Parte I

Olá amigos! Como é bom estar aqui!

Hoje não vim falar da matéria que eu ministro e sim de uma história real de um brasileiro. É um aluno meu, que contou um pouco da sua difícil trajetória em um e-mail. Pedi a ele que escrevesse um texto para que eu postasse no site. Ele vibrou com a ideia, enviou-me um texto e autorizou a publicação. O nosso objetivo é motivá-los!

Como é uma história de algumas páginas, será dividida em alguns artigos. Não vou divulgar o e-mail dele agora para ninguém perguntar o final. rsrs. No último artigo passo o e-mail para que vocês façam contato.

Segue a primeira parte da “História de um Brasileiro”:

Olá! Como vai você, tudo bem? Animo nas alturas porque a prova do TRE/PE se aproxima!! No meu caso, estatística de quase 40 mil inscritos. Nada mal, não é povo?
Conversando com o Prof. Sérgio Mendes por e-mail, sobre concursos e materiais de estudo, contei em poucas linhas minha história e ele deu a ideia de publicar um texto narrando minha trajetória. Apresento-lhe minha história. Adentre nela! Sobre o personagem, trata-se, quase, de um “Severino” (risos)

Meu nome é Severi…, digo, Ramalho Cardoso. Nasci na Bahia, Município de Araci, em uma pobre comunidade rural, longe de tudo. Filho de mãe solteira, rejeitado pelos irmãos maternos porque não aceitavam aquela gravidez. Também rejeitado pelo suposto pai e supostos irmãos, pois não nasci negro como a maioria destes era. Fui criado graças aos esforços de minha mãe, que em nenhum momento pensou em abandonar-me. Quando já andava e falava desejei um caderno, mais minha mãe não podia comprar. Éramos pobres demais. Assim ela alfabetizou-me com recortes de jornais que trazia da feira livre enrolados em barras de “sabão de sebo”.

Um dia ela conseguiu comprar um caderno e um lápis. Que festa! Aos sete anos iniciei a vida escolar no povoado há muito custo, porquanto não havia nada que garantisse minha identificação. Só consegui meu registro de nascimento aos 14 ou 15 anos, como filho de “pai não declarado”. Entretanto, para conseguir estudar fui colocado em uma casa mais próxima da escola. A casa da parteira que ajudou no meu nascimento. Fui colocado lá por um motivo maior: A casa do meu suposto pai era no caminho da escola e toda vez que eu passava na estrada, colocavam os cachorros em mim, jogavam pedras… Por varias vezes fui ferido. Não havia punição. Eu era o intruso.

Tempo passou. Consegui ser aluno sempre exemplar. Mas, aos 14 anos, com desnutrição e muito fraquinho para andar seis quilômetros todos os dias até a escola, sob um sol de 30 graus, tive que parar de estudar. Minha mãe pediu a um dos seus filhos que cuidasse de mim em São Paulo. Esse “cuidado” não ocorreu. Em São Paulo só tive, das mãos de meu irmão, humilhação, discriminação… Eu era o “tabaréu”, o “acanhado da roça”. Mas para que eu não voltasse do mesmo jeito, uma tia “emprestada”, gente boa, concordou que eu ficasse na casa dela. Lá fui bem tratado. Lá eu consegui aprender muito da vida e da cidade paulistana. Retornando à Bahia, isso no final de 1995, fiquei com minha mãe.

Mas entendia, naquele momento, que o bom mesmo seria trabalhar, ganhar dinheiro, “curtir a vida”. Retornei a São Paulo e trabalhei como faxineiro em um prédio na zona norte. No final de 1999 ouvi falar, pela primeira vez, em FACULDADE. De certo, eu não sabia para que servia o estudo. Na nossa cultura, quem sabe ler e escrever já não precisa de mais nada. Foi então que resolvi estudar novamente, resgatar aquela criança “raquítica” que sempre encantava as professoras.

Retornei para junto de minha Mãe e efetuei matrícula no colégio da comunidade rural. Objetivo: terminar o primário, o ensino médio e ingressar naquela coisa chamada FACULDADE. Era isso que povoava os meus sonhos. Era isso também que em mim classificava como “doido” perante o resto das pessoas ao meu redor. “Onde já se viu um filho de pobre querer fazer faculdade”.

Mas segui minha estrada. Foi neste tempo que minha mãe teve as forças reduzidas – MAL DE PARKINSON diagnosticado. Então agora eu cuidava dela, botava água em casa – isso mesmo, botava água de balde, pois não se falava em água encanada/tratada. É água do barreiro mesmo, “coada” em um pano, dentro do pote de barro. Quebrava lenha na caatinga, pois não tínhamos fogão a gás. Também não tínhamos luz elétrica. A iluminação era com “candeeiro” – uma espécie de lamparina com gás dentro e um pavio feito de trapo. Então minha vida era isso: Trabalhava nas roças durante o dia e estudava durante a noite. Parece simples, não é? Engano, companheiro. O trabalho braçal, o ganho miserável (cerca de 10 reais por dia). Assim vivi. Consegui terminar o ensino médio em 2004.

Ficamos por aqui. Só de terminar o ensino médio, já seria motivo de vitória para ele, concordam? Mas ele queria mais. Lá no fundo, ele já sabia desde jovem que a educação liberta.

No próximo artigo a história continua.

Forte abraço!
Sérgio Mendes

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