Olá, pessoal! Tudo bem com vocês?
Sou a professora Luciana Uhren e hoje vou apresentar alguns aspectos bem interessantes que estão envolvidos no estudo da gramática da língua portuguesa. Aliás, no que você pensa quando vê esse termo “gramática”? Pensa em algo complexo como regras isoladas que só servem para dificultar a vida de quem vai prestar um concurso público? A gramática não é isso! Ela é uma parte importante do nosso conhecimento sobre a Língua Portuguesa.
Antes de entrar no assunto, permitam-me fazer uma breve apresentação.
Cursei bacharelado (e licenciatura) em Letras na Universidade de São Paulo. Além do conhecimento sobre língua portuguesa, tive a oportunidade de cursar disciplinas sobre diferentes manifestações literárias ao redor do mundo.
Na sequência, fiz especialização em Literatura na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e mestrado em Literatura e Crítica Literária pela mesma universidade, quando tive a oportunidade de estudar com um pouco mais de profundidade um autor do século XIX nos seus escritos literários e jornalísticos.
Nesse meio tempo, atuei em várias áreas da educação – desde a educação infantil até chegar, atualmente, ao trabalho em cursos de graduação e pós-graduação, passando por cursos preparatórios para vestibular e concurso público. Também produzo conteúdo para cursos de graduação a distância, para o Estratégia Concursos e sou revisora de uma revista científica da PUC-SP.
Ao longo de toda essa minha trajetória tanto acadêmica como profissional, percebi a importância de conhecer, e ajudar meus alunos a compreenderem, o que significa estudar língua portuguesa, quais aspectos estão envolvidos nesses estudos e o que dizer de conceitos tais como ortografia, gramática, sintaxe etc.
Em primeiro lugar, é importante saber que a língua é um fenômeno social presente no cotidiano de todas as pessoas que habitam nosso planeta. Como fenômeno social é por meio dela que interagimos com o mundo e o interpretamos. Utilizamos a língua para construir nosso pensamento, para nos comunicar com outros, para nos inserir na sociedade e para aprender o que é e o que não é socialmente aceito.
Isso indica que existem dois polos que constituem a língua: um pessoal – a expressão de cada um de nós, nosso jeito de falar, as expressões que escolhemos utilizar tanto de forma falada quanto escrita; e outro social – a maneira de falar e escrever que é aceita socialmente e que segue determinado padrão, principalmente do que diz respeito à escrita.
É necessário seguir um padrão de escrita para nos comunicar? Em ambientes formais sim! Essa padronização garante que a comunicação escrita seja compreensível a todos os usuários de uma língua e que a mensagem veiculada consiga atingir todos os públicos, independentemente do local onde estejam ou da maneira como se comunicam pessoalmente. A essa padronização se dá o nome de norma-padrão do português. Essa norma-padrão é baseada em uma série de regras gramaticais e são essas regras que vocês estudam quando estão se preparando para um concurso público.
Todas essas regras estão descritas naquilo que conhecemos como gramática. O conceito de gramática vem do grego antigo cuja expressão grammatiké significa “arte das letras”. O conceito de gramática, para esse povo antigo, estava relacionado ao estudo da ordem que se dá às palavras de modo a facilitar a comunicação. Esse é o mesmo conceito atual dessa disciplina.
Então, podemos entender que a gramática (normativa) da língua portuguesa é uma disciplina que estuda e descreve as regras da língua escrita e serve para a construção de textos claros e com sentido que possa ser acessado por todos. Os estudos gramaticais são divididos em diferentes áreas:
Estudo das relações que as palavras estabelecem dentro das orações. Nessas relações são identificados termos tais como sujeito, verbo e complementos, a concordância que se estabelece entre eles e como a pontuação colabora para a correta construção de sentido das orações.
Estudo dos significados das palavras. Aqui, os estudos vão além do significado que encontramos nos dicionários – as palavras estabelecem relação de sentido dentro de textos e contextos; assim, uma palavra pode assumir diferentes significados de acordo com o modo como foi utilizada. Além disso, os significados das palavras mudam com o tempo e com o uso. A palavra “legal”, por exemplo, num passado era utilizada apenas para se referir ao conceito de legalidade, algo relacionado às leis, mas com o passar do tempo tornou-se uma gíria para descrever algo que é bom ou agradável.
A fonética estuda os sons que produzimos na fala. Ao produzirmos os sons utilizamos diferentes partes do aparelho fonador (boca, língua, lábios, dentes, palato, cordas vocais, laringe, pulmão etc.). Dependendo do modo como uma palavra é pronunciada, diferentes órgãos são acionados. Por outro lado, a fonologia estuda os fonemas (ou sons) da língua. Esses fonemas são representados, na língua escrita, pelas letras – consoantes e vogais – e estão relacionados ao modo como a corrente de ar sai de nossos pulmões quando produzimos um determinado som: sem qualquer obstrução – som das vogais; com obstrução (dos dentes, lábios, língua etc.) – som das consoantes. A representação dos sons por meio das letras nos leva a outra área de estudos: a ortografia.
Conjunto de regras que define a correta escrita das palavras e o uso dos acentos gráficos. De tempos em tempos, o modo como escrevemos as palavras pode mudar. Essas mudanças são estabelecidas nos Acordos Ortográficos. Na década de 1970, por exemplo, houve um acordo ortográfico que eliminou acentos de palavras tais como mêsa, almôço, côr, êle etc. Para muitos de nós, a acentuação dessas palavras é estranha porque fomos alfabetizados depois dessa reforma ortográfica. A partir da década de 1990, aconteceu uma nova reforma que estamos vivenciando atualmente em que palavras como ideia, plateia, voo, veem etc. deixaram de ter acento. Essas mudanças ocorrem na grafia de algumas palavras, e não na gramática da língua. Fiquem atentos a essa diferença!
Estudo da forma das palavras. Isso quer dizer que cada classe de palavra (substantivo, adjetivo, numeral, artigo, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição) apresenta um aspecto diferente na formação da palavra. Por exemplo, os verbos no infinitivo apresentam a letra -R no final, o plural dos substantivos, na maioria dos casos, é feito com o acréscimo do -S final, as palavras compostas são formadas por processos de composição e justaposição etc.
Todos esses aspectos são abordados nos estudos gramaticais da norma-padrão da língua portuguesa e se referem a uma série (finita, ou seja, com número limitado) de regras que servem para padronizar a escrita.
As regras não servem para serem estudadas isoladamente, como se fossem itens sem relação entre si. Ao contrário, todas essas regras são utilizadas quando escrevemos um texto. São elas que garantem a clareza das informações e a correta construção textual. Assim, não vejam as regras estudadas em seu curso de língua portuguesa como algo isolado, mas como itens de um mesmo universo que garante a organização da língua escrita.
Outro aspecto que devo ressaltar é que mesmo a gramática, como ciência, não é exata. Diferentes gramáticos defendem posições distintas a respeito de certas regras – essas diferenças são aceitáveis e fazem parte do modo como interpretam o fenômeno da língua escrita. Outro aspecto: em relação à ortografia, nem tudo se justifica por meio de uma regra – algumas palavras apresentam certo modo de escrita porque preservam a sua origem (grega ou latina, por exemplo) e existem até palavras que se aceita a escrita de maneiras diferentes.
Então, o melhor a fazer no momento do concurso, diante de questões sobre sintaxe, por exemplo, que sempre estão presentes nas provas, é procurar o sentido expresso pelo texto ou pela sentença que se está analisando. A nomenclatura das regras é importante, mas saber como as orações se organizam e o sentido que expressam é mais importante ainda. Isso significa compreender, por exemplo, que não se pode separar o sujeito do verbo por vírgula não apenas por uma regra gramatical, mas porque essa separação prejudica o sentido do texto, causa uma ruptura no que se quer expressar, logo esse tipo de procedimento não deve ser utilizado.
Estudar a língua portuguesa é muito enriquecedor e abre as portas para um entendimento mais abrangente de outras áreas e disciplinas. Por isso, incentivo a todos a estudarem com atenção essa nossa língua tão bela e rica, não só com o objetivo de passar no concurso (claro, esse é o grande objetivo de todos que se dedicam a esse estudo!!), mas de conhecer um pouco mais dessa língua que utilizamos para nos comunicar.
Agora, convido a todos vocês para acessarem o e-book sobre leitura e interpretação de textos que é uma outra faceta muito importante nos concursos públicos, não só na área de língua portuguesa, mas na prova no geral. É um conteúdo bem detalhado e com várias dicas interessantes.
Acesse pelo link:
E-Book Como Ler e Interpretar Textos em Concursos Públicos
Grande abraço e bons estudos,
Prof. Luciana Uhren
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