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Gabarito e Recursos OAB – Direito Civil 1ª Fase

Vou apresentar o gabarito e os recursos da prova de Civil da 1ª Fase do XXV Exame da OAB. Vou fazer alguns comentários sobre a prova e analisar como foi a prova. Logo chega a prova da 2ª Fase; está preparado?

O Direito Civil tem 7 questões, mas era possível responder a questões de outras disciplinas apenas com os conhecimentos do Direito Civil.

Estávamos aguardando os alunos nos enviarem a prova para resolvermos ela. Recebida, bora apresentar as questões aqui, em detalhe. Teremos recursos em Civil? Não. A prova estava tranquila… acompanha comigo!

Abraço,

Paulo H M Sousa

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Questão 35 – XXV Exame da OAB

João,  empresário  individual,  é  titular  de  um  estabelecimento comercial  que  funciona  em  loja  alugada  em  um shopping-center  movimentado.   No   estabelecimento,  trabalham   o próprio João, como gerente, sua esposa, como caixa, e Márcia, uma funcionária contratada para atuar como vendedora. Certo dia, Miguel, um fornecedor de produtos da loja, quando da entrega de uma encomenda feita por João, foi recebido por Márcia e sentiu-se ofendido por comentários preconceituosos e  discriminatórios  realizados  pela  vendedora.  Assim, Miguel ingressou  com  ação  indenizatória  por  danos  morais  em  face de João.

A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta.

A) João não deve  responder  pelo  dano  moral,  uma  vez  que não foi causado direta e imediatamente por conduta sua.

B) João pode responder  apenas  pelo  dano  moral,  caso  reste  comprovada  sua  culpa in vigilando  em  relação  à  conduta de Márcia.

C) João pode responder  apenas  por  parte  da  compensação por    danos    morais    diante    da    verificação    de    culpa  concorrente de terceiro.

D) João deve responder   pelos   danos   causados,   não   lhe assistindo alegar culpa exclusiva de terceiro.

Comentários

A alternativa A está incorreta, eis que o art. 932, inc. III (“São também responsáveis pela reparação civil o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele”) prevê que nesses casos o empregador responde, ainda que não tenha ele sido o causador do dano.

A alternativa B está incorreta, porque segundo o art. 933 (“As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos”) o responsável responde de maneira objetiva pelos danos causados.

A alternativa C está incorreta, até porque não se fala em “terceiro”, no caso, já que Márcia é funcionária de João.

A alternativa D está correta, por aplicação do art. 932, inc. III cumulada com o art. 933, supracitados. Irrelevante se a vítima é fornecedor, cliente, funcionário etc.; o empregador responde.

Questão 36 – XXV Exame da OAB

Em  05  de  dezembro  de  2016,  Sérgio,  mediante  contrato  de compra   e   venda,   adquiriu   de   Fernando   um   computador seminovo  (ano  2014)  da  marca  Massa  pelo  valor  de  R$5.000,00.  O  pagamento  foi  integralizado  à  vista,  no mesmo dia,  e  foi  previsto  no  contrato  que  o  bem  seria  entregue  em até um mês, devendo Fernando contatar Sérgio, por telefone, para  que  este  buscasse  o  computador  em  sua  casa.  No contrato, também foi prevista multa de R$ 500,00 caso o bem não fosse entregue no prazo combinado.  Em  06  de  janeiro  de  2017, Sérgio,  muito  ansioso,  ligou  para Fernando  perguntando  pelo  computador,  mas  teve  como resposta  que  o  atraso  na  entrega  se  deu  porque  a  irmã  de Fernando,  Ana,  que  iria  trazer  um  computador  novo  para  ele do  exterior,  tinha  perdido  o  voo e  só  chegaria  após  uma semana.   Por   tal   razão,   Fernando   ainda   dependia   do computador antigo para trabalhar e não poderia entregá-lo de imediato a Sérgio.

Acerca dos fatos narrados, assinale a afirmativa correta.

A) Sérgio poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega  do  bem)  ou  a  cláusula  penal  de  R$ 500,00,   não   podendo   ser   cumulada   a   multa   com   a obrigação principal.

B) Sérgio poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega do  bem)  simultaneamente  à  multa de R$ 500,00, tendo em vista ser cláusula penal moratória.

C) Sérgio somente poderá  exigir  de  Fernando  a  execução específica  da  obrigação  (entrega  do  bem),  não a multa, pois o  atraso  foi  por  culpa  de  terceiro  (Ana),  e  não  de Fernando.

D) Sérgio somente poderá exigir de Fernando a cláusula penal de R$ 500,00,  não  a  execução  específica  da  obrigação (entrega do bem), que depende de terceiro (Ana).

Comentários

A alternativa A está incorreta, porque o art. 410 (“Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor”) se aplica somente ao caso de inadimplemento absoluto, que não é o caso.

A alternativa B está correta, já que se trata de mora, inadimplemento relativo, segundo o art. 411: “Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal”.

A alternativa C está incorreta, pois não se fala de promessa de fato de terceiro nesse caso.

A alternativa D está incorreta, eis que mesmo que fosse uma promessa de fato de terceiro, o contratante responderia.

Questão 37 – XXV Exame da OAB

Marcos caminhava na rua em frente ao Edifício Roma quando, da  janela  de  um  dos  apartamentos  da  frente  do  edifício,  caiu uma torradeira elétrica, que o atingiu quando passava. Marcos sofreu  fratura  do  braço  direito,  que  foi  diretamente  atingido pelo  objeto,  e  permaneceu  seis  semanas  com  o  membro imobilizado,  impossibilitado  de  trabalhar,  até  se  recuperar plenamente do acidente.

À luz do caso narrado, assinale a afirmativa correta.

A) O condomínio do   Edifício   Roma   poderá   vir   a   ser responsabilizado  pelos  danos  causados  a  Marcos,  com base na teoria da causalidade alternativa.

B) Marcos apenas poderá   cobrar   indenização   por   danos materiais  e  morais  do  morador  do  apartamento  do  qual caiu o objeto, tendo que comprovar tal fato.

C) Marcos não poderá  cobrar  nenhuma  indenização  a  título de   danos   materiais   pelo   acidente   sofrido,   pois   não permaneceu com nenhuma incapacidade permanente.

D) Caso Marcos consiga  identificar  de  qual  janela  caiu o objeto,  o  respectivo  morador  poderá  alegar  ausência  de culpa   ou   dolo   para   se   eximir   de   pagar   qualquer indenização a ele.

Comentários

A alternativa A está correta, havendo responsabilidade objetiva no caso do art. 938: “Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido”.

A alternativa B está incorreta, pois, a despeito da literalidade do art. 938, há responsabilidade do condomínio no caso em que não é possível indicar com precisão o morador que causou o dano, segundo o STJ.

A alternativa C está incorreta, dado que a despeito de não haver dano permanente, houve dano, e a vítima dever ser indenizada.

A alternativa D está incorreta, eis que a responsabilidade civil é objetiva, nesse caso. Veja que o art. 938, em momento algum menciona a necessidade de comprovação e culpa ou dolo.

Questão 38 – XXV Exame da OAB

Jonas  trabalha  como  caseiro  da  casa  de  praia  da  família Magalhães,   exercendo   ainda   a   função   de   cuidador   da matriarca  Lena,  já  com  95  anos.  Dez  dias  após  o  falecimento de  Lena,  Jonas  tem  seu  contrato  de  trabalho  extinto  pelos herdeiros.  Contudo,  ele  permanece  morando  na  casa, apesar de   não   manter   qualquer   outra   relação   jurídica   com   os herdeiros,  que  também  já  não  frequentam  mais  o  imóvel  e permanecem incomunicáveis.  Jonas    decidiu,    por    sua    própria    conta,    fazer    diversas modificações na casa: alterou a pintura, cobriu a garagem (que passou  a  alugar  para  vizinhos)  e  ampliou  a  churrasqueira.  Ele passou  a  dormir  na  suíte  principal,  assumiu  as  despesas  de água,   luz,   gás   e   telefone,   e   apresentou-se,   perante   a comunidade, como “o novo proprietário do imóvel”.  Doze  anos  após  o  falecimento  de  Lena,  seu  filho  Adauto decide retomar o imóvel, mas Jonas se recusa a devolvê-lo.

A partir da hipótese narrada, assinale a afirmativa correta.

A) Jonas não pode  usucapir  o  bem,  eis  que  é  possuidor de má-fé.

B) Adauto não tem  direito  à  ação  possessória,  eis  que o imóvel estava abandonado.

C) Jonas não pode  ser  considerado  possuidor,  eis  que  é o caseiro do imóvel.

D) Na hipótese indicada,   a   má-fé   de   Jonas   não   é   um empecilho à usucapião.

Comentários

A alternativa A está incorreta, porque, de fato o possuidor possuiu a coisa de má-fé (sabia do impedimento a respeito da aquisição da propriedade), mas tinha posse justa (sem violência, clandestinidade ou precariedade), o que lhe permite usucapir o bem, em dadas circunstâncias.

A alternativa B está incorreta, porque não há abandono, nesse caso, propriamente dito. O proprietário abandonou a coisa, mas a coisa não está abandonada, porque se encontra na posse de outrem.

A alternativa C está incorreta, porque o caseiro era detentor apenas enquanto cuidador era; quando a matriarca Lena faleceu, ele não mais estava sujeito. Veja que o art. 1.198 (“Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas”) determina que o detentor, detentor é, enquanto cumpre ordens.

A alternativa D está correta, pela conjugação do caput do art. 1.238 (“Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis”) com o parágrafo único (“O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo”). Como ele está no imóvel há 12 anos, pode adquirir por usucapião.

Questão 39 – XXV Exame da OAB

Mário, cego, viúvo, faleceu em 1º de junho de 2017, deixando 2  filhos:  Clara,  casada  com  Paulo,  e  Júlio,  solteiro.  Em  seu testamento  público,  feito  de  acordo  com  as  formalidades legais,  em  02  de  janeiro  de  2017,  Mário  gravou  a  legítima  de Clara  com  cláusula  de  incomunicabilidade;  além  disso,  deixou toda a sua parte disponível para Júlio.

Sobre a situação narrada, assinale a afirmativa correta.

A) O testamento é inválido, pois, como Mário é cego, deveria estar regularmente assistido  para  celebrar  o  testamento validamente.

B) A cláusula de  incomunicabilidade  é  inválida,  pois  Mário não  declarou  a  justa  causa  no  testamento,  como  exigido pela legislação civil.

C) A cláusula que  confere  a  Júlio  toda  a  parte  disponível  é inválida,  pois  Mário  não  pode  tratar  seus  filhos  de  forma diferente.

D) O testamento é  inválido,  pois,  como  Mário  é  cego,   a legislação    apenas    lhe    permite    celebrar    testamento cerrado.

Comentários

A alternativa A está incorreta, conforme o art. 1.867: “Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em voz alta, duas vezes, uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das testemunhas, designada pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no testamento”.

A alternativa B está correta, de acordo com o art. 1.848: “Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima”.

A alternativa C está incorreta, segundo o art. 1.849: “O herdeiro necessário, a quem o testador deixar a sua parte disponível, ou algum legado, não perderá o direito à legítima”.

A alternativa D está incorreta, conforme o art. 1.872: “Não pode dispor de seus bens em testamento cerrado quem não saiba ou não possa ler”.

Questão 40 – XXV Exame da OAB

Ana, sem filhos, solteira  e cujos pais  são pré-mortos, tinha os dois  avós  paternos  e  a  avó  materna  vivos,  bem  como dois irmãos: Bernardo (germano) e Carmem (unilateral). Ana falece sem  testamento,  deixando  herança  líquida  no  valor  de  R$ 60.000,00 (sessenta mil reais).

De   acordo   com   os   fatos   narrados,   assinale   a   afirmativa correta.

A) Seus três avós receberão, cada um, R$ 20.000,00 (vinte mil reais), por direito  de  representação  dos  pais  de  Ana,  pré-mortos.

B) Seus avós paternos  receberão,  cada  um,  R$  15

000,00(quinze mil reais) e sua avó materna receberá R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por direito próprio.

C) Bernardo receberá R$  000,00  (quarenta  mil  reais,  por ser  irmão  germano,  e  Carmem  receberá  R$  20.000,00 (vinte mil reais), por ser irmã unilateral.

D) Bernardo e Carmem  receberão,  cada  um,  R$  30.000,00 (trinta mil reais), por direito próprio.

Comentários

A alternativa A está incorreta, não se falando em direito de representação na linha ascendente, como prevê o art. 1.836: “Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente”.

A alternativa B está correta, como se extrai do art. 1.836, §2º: “Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna”.

A alternativa C está incorreta, pela combinação do art. 1.838 (“Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge sobrevivente”) com o art. 1.839 (“Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau”).

A alternativa D está incorreta, só herdando os irmãos, colaterais, se não houver ascedentes.

Questão 41 – XXV Exame da OAB

Arlindo, proprietário da vaca Malhada, vendeu-a a seu vizinho, Lauro. Celebraram, em 10 de janeiro de 2018, um contrato de compra   e   venda,   pelo   qual   Arlindo   deveria   receber   do comprador a quantia de R$ 2.500,00, no momento da entrega do  animal,  agendada  para  um  mês  após  a  celebração  do contrato. Nesse interregno, contudo, para surpresa de Arlindo, Malhada pariu dois bezerros.

Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta.

A) Os bezerros pertencem a Arlindo.

B) Os bezerros pertencem a Lauro.

C) Um bezerro pertence a Arlindo e o outro, a Lauro.

D)Deverá ser feito um sorteio para definir a quem pertencem os bezerros.

Comentários

A alternativa A está correta, na literalidade do art. 237: “Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação”.

As alternativas B, C e D estão incorretas, portanto.

Conclusão

Como eu disse, essa foi uma prova mais bem mais fácil do que o esperado. Tínhamos algumas “cascas de banana”, mas isso não impediria que você, se lembrasse da “lógica do Direito Civil”, conseguisse levar a prova com tranquilidade.

Espero que sua aprovação para a 2ª Fase já esteja garantida. Já temos nosso Curso de 2ª Fase do XXV Exame lançado! Eu corrijo pessoalmente 2 peças e 8 questões suas, pra te deixar afiado para o que der e vier na 2ª Fase. Ah, ele também foi lançado com um preço especial. Veja logo porque esse preço promocional dura pouco. Se você só está se preparando com mais prazo já temos o Curso de 1ª Fase do XXVI Exame.

Por fim, se você já está com um olho no peixe e outro no gato, temos uma série de Cursos de Nível Superior para sua preparação. Siga minha página no Facebook (facebook.com/prof.phms) e Instragram (instagram.com/prof.phms)  sempre apresento novidades lá =)

Grande abraço,

Paulo H M Sousa

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