Olá pessoal!
Vários alunos têm nos procurado pedindo comentários a respeito das questões aplicadas no último fim de semana na parte específica de Comunicação da Funpresp-Jud. Aí vão nossos comentários :)
De um modo geral, a prova não “ousou” como é de costume do Cespe. Muitas questões superficiais e, inclusive, poucas possibilidades de recurso. Volto a ressaltar o que sempre falo: se você encontrar alguma incoerência, nem que seja de interpretação, recorra! Formule um texto claro e objetivo sobre a razão de uma ambiguidade que você detectou, que pode não ter sido percebida por outros. No mais, vamos aos comentários da prova.
As assertivas 51 a 55 são bem questionáveis. No enunciado, o elaborador nos pede para julgar os itens a respeito da sociologia da comunicação. Em todas essas questões ele traz dados históricos e não diretamente sociológicos. Por mais que os livros partam desses dados, não podemos classifica-los exatamente como análise sociológica em si. É bem estranho a banca não procurar testar o candidato segundo os conhecimentos sociológicos, já que é o que consta no edital. Em relação aos fatos citados, os gabaritos estão certos, mas talvez valha a pena recorrer porque a história da imprensa e da mídia não são itens do nosso conteúdo programático.
O segundo bloco de questões (56-59) foi melhor elaborado. Como vimos em nossas aulas, a gestão de marcas trabalha com uma visão a longo prazo e utiliza ferramentas e conceitos do design gráfico para incrementar não apenas a embalagem do produto, mas toda a identidade visual que o envolve. As marcas mais bem trabalhadas têm capacidade de ir além do que está escrito. O uso das cores, dos traços e das imagens suscitam memórias e destacam diferenciais enraizados no imaginário do público-alvo.
No grupo a seguir (60-62) temos conceitos básicos sobre a teoria matemática. Tendo sofrido influência direta dos campos de estudo das ciências exatas, o sistema linear sugerido por Weaver e Shannon é a base dessa linha teórica e ela se assenta no entendimento de transmissões de códigos binários (zero e um) entre um emissor e um receptor, codificado na fonte (e não posteriormente, questão 62). Todas as respostas do gabarito nos parecem acertadas.
Sobre os itens que abordaram a responsabilidade social corporativa (83-86) temos margem para outras interpretações. Aprendemos que a responsabilidade social corporativa se caracteriza pela gestão consciente, e não necessariamente pela obtenção direta de lucros decorrentes de ações filantrópicas. A instituição, tendo entronizado a consciência do seu papel social, busca novas formas de atuação e comunicação.
Existe um movimento popular cada vez maior que acaba pressionando as instituições a se posicionarem de uma forma mais responsável. Mas, se a organização fizer apenas como uma resposta a esse clamor popular afim de ganhar a simpatia (ou a não antipatia) do público, não podemos dizer que essa organização tem uma gestão socialmente responsável. Acredito que essa lógica não tenha ficado clara no item 63 e por isso é passível de recurso!
O quinto bloco de questões (67-70) não traz conceitos tão estranhos a nós. Sabemos que, em um momento de crise, é bom tratar todos os fatos com clareza e transparência. Qualquer posicionamento diferente desse pode oferecer grande risco de piora da crise. Prestadores de serviços na área da comunicação (como agências de publicidade) são muitas vezes utilizados para gerir a imagem das organizações.
O próximo bloco (81-86) levanta questões acerca das novas tecnologias. Os conceitos foram bem trabalhados e concordamos com os gabaritos. Vale a pena destacar apenas a definição correta de Newsfeed ou feed de notícias. Ele é a coluna central da nossa página inicial em redes sociais como o facebook, atualizada constantemente, e mostra as publicações de nossos amigos e das empresas que seguimos.
Quanto às técnicas utilizadas pelo profissional de relações públicas, citados nos itens 87, 88, 89, vimos algumas “cascas de banana”, mas que não tornam o gabarito questionável. Podemos questionar a função “política”, citada no item 87, por exemplo. Mas lembrem-se do papel decisivo do relações públicas no lobby junto à classe política! Na questão 89 podemos achar estranha também a premissa de que o RP pode trabalhar como assessor de imprensa (relacionamento com a mídia), mas esse fato também é verdade. O RP ou o jornalista podem desempenhar bem essa função, mas publicitários que também o tem feito.
No grupo de itens a seguir (90-92) sobre a assessoria de imprensa, podemos questionar logo o primeiro. O assessor de imprensa pode, de fato, fazer uma seleção dentre os fatos disponíveis na empresa e dar destaque aqueles que ele considera mais relevantes. No entanto, esse movimento faz alusão a um personagem isolado que seleciona os fatos que viram notícia tem relação direta ao conceito de gatekeeping e não ao de newmaking. Podem preparar um recurso para essa questão!
Entre os itens 93 ao 97, quero destacar o item 94, já que não encontro embasamento teórico que o sustente. A depender da natureza da crise e da estratégia adotada, o que temos encontrado nos manuais traz as entrevistas coletivas como uma forma rápida e abrangente de divulgar as informações para um público grande e com destaque na mídia.
Sobre a organização de eventos, cerimonial e protocolo (98-100), vale lembrar que o decreto que determina as normas do cerimonial público e a ordem geral de apresentação das autoridades (ou ordem geral de precedência) é o de número 70.274, de 9 de março de 1972.
O processo de criação de valor e troca baseado nas demandas e características do mercado, ao qual damos o nome de marketing, é corretamente explorado nos itens 101 a 104. Uma certa superficialidade é percebida nessas questões, no entanto, isso não é razão para recurso (apenas para nossa irritação mesmo!).
No conjunto de itens sobre o composto mercadológico, a segmentação e posicionamento de mercado (105-108) fiquem bem atentos para o item 106! O componente do composto mercadológico que trata da embalagem diretamente é o Produto! O item está mesmo errado!
Uma bela “casca de banana” consta logo no primeiro item do grupo seguinte (109-111). O endomarketing procura fixar a imagem das instituições de forma positiva junto ao público interno (não só os funcionários, daí já tiramos um erro), mas não necessariamente por meio da comunicação institucional… Na verdade, ele aplica conceitos de marketing para a promoção desses conceitos.
Também percebi certa superficialidade nos últimos dois grupos de questões da prova (112-116). Apesar da irritação de quem realmente se preparou e pretendia ser avaliado em seus conhecimentos, não há muito o que possamos fazer ou recorrer.
Espero ter ajudado a quem pretende interpor recursos contra o gabarito oficial. Se quiser perguntar mais alguma coisa deixe seu comentário aqui!
Abraços!
Paolla Marletti
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Olá, gostaria de saber se o Estratégia possui um curso de comunicação social, pois vi uma publicação que seria criado em 2018 um curso completo para o pessoal dessa área. Obrigado!