FUNPRESP – resolução Raciocínio Analítico
Caro aluno,
Veja abaixo a resolução das questões de RACIOCÍNIO ANALÍTICO da prova de Analista da FUNPRESP-EXE, realizada neste último final de semana. Trata-se apenas da segunda prova do CESPE sobre esta disciplina em concursos públicos (a primeira foi a do TCU em 2015), mas já podemos ir percebendo o estilo da banca, o que ela mais valoriza, o tipo de cobrança que podemos esperar em próximas provas desta disciplina. Repare que o CESPE dá muita atenção aos erros de argumentação, tendo cobrado nesta prova o apelo à autoridade e o apelo contra o homem (apelo pessoal). Falou-se ainda em raciocínio analógico, na distinção entre argumentos dedutivos e indutivos, e eu diria que a grande surpresa foi a cobrança dos raciocínios por abdução, que raramente são exigidos, mesmo nas provas com histórico maior (como a da ANPAD e do GMAT).
Ainda assim, espero que você tenha conseguido um bom desempenho!!!
CESPE – FUNPRESP – 2016) No diálogo a seguir, a resposta de B é fundamentada em um raciocínio por analogia. A: O que eu faço para ser rico assim como você? B: Como você sabe, eu não nasci rico. Eu alcancei o padrão de vida que tenho hoje trabalhando muito duro. Logo, você também conseguirá ter esse padrão de vida trabalhando muito duro
RESOLUÇÃO:
Como vimos, uma argumentação por analogia é aquela onde ressaltamos características em comum entre duas ou mais situações visando inferir conclusões similares. Neste caso temos uma analogia na fala de B, que apresenta uma situação (ficou rico trabalhando duro) para concluir outra similar (que A ficará rico trabalhando duro também). CORRETO.
Resposta: C
CESPE – FUNPRESP – 2016) O texto que se segue, produzido por um detetive durante uma investigação criminal, ilustra um raciocínio por indução. Ontem uma senhora rica foi assassinada em sua casa. No momento do crime, havia uma festa na casa da vítima e nela estavam presentes umas cinquenta pessoas. Dessas cinquenta, é sabido que nove tinham algum tipo de problema com a senhora assassinada. Assim, é plausível supor que o assassino esteja entre essas nove pessoas.
RESOLUÇÃO:
Em um argumento indutivo é preciso que, de alguma forma, seja mostrada a ocorrência de um padrão, uma regra que leva normalmente a um determinado resultado, o que permitiria induzir alguma conclusao. No caso deste argumento, seria preciso haver alguma premissa estabelecendo a relação entre o fato de pessoas não gostarem de outras e isso elevar significativamente a chance de elas cometerem um assassinato. Sem isso, não temos um processo indutivo. Item ERRADO.
Resposta: E
CESPE – FUNPRESP – 2016) No diálogo seguinte, a resposta de Q é embasada em um raciocínio por abdução. P: Vamos jantar no restaurante X? Q: Melhor não. A comida desse restaurante não é muito boa. Li em um site de reclamações muitas pessoas dizendo que, após comerem nesse restaurante, passaram muito mal e tiveram de ir ao hospital. Além disso, conheço cinco amigos que comeram lá e foram parar no hospital.
RESOLUÇÃO:
Nos argumentos por abdução, procura-se observar um padrão de ocorrências e, a partir deste padrão observado, é estabelecida uma possibilidade / probabilidade de que os resultados observados sejam consequência das causas observadas.
Veja que a resposta de Q não estabelece uma relação de probabilidade, e sim um juízo de valor. Temos um raciocínio por indução, onde parte-se da observação de algumas situações (pessoas que comeram no restaurante e passaram mal) e infere-se a conclusão de que a comida do restaurante não é boa. Item ERRADO.
Resposta: E
CESPE – FUNPRESP – 2016) A afirmação O ouro conduz eletricidade porque é um metal constitui exemplo de raciocínio dedutivo.
RESOLUÇÃO:
Aqui afirma-se categoricamente a conclusão (de que o ouro conduz eletricidade) com base em uma premissa (o ouro é um metal). Ainda que você considere este argumento inválido (pois seria preciso ter mais uma premissa dizendo que todo metal conduz eletricidade), ele não deixa de estar no campo dos argumentos dedutivos. Item CORRETO.
Resposta: C
CESPE – FUNPRESP – 2016) O raciocínio a seguir está embasado em um argumento de autoridade. Não há uma causa única para a depressão. Deve-se estudar essa doença, tentando-se isolar diversos fatores que podem desencadear quadros depressivos, pois, de acordo com pesquisa recente da Organização Mundial de Saúde, a depressão é uma doença multifatorial.
RESOLUÇÃO:
Veja que o autor do argumento não apresenta elementos concretos que justifiquem que a depressão é uma doença multifatorial, ele simplesmente “invoca” uma autoridade no assunto (a Organização Mundial de Saúde). Estamos diante de um argumento de autoridade, ou “apelo à autoridade”, como vimos em nosso curso. Item CORRETO.
Resposta: C
CESPE – FUNPRESP – 2016) A afirmação Por ser novo, esse carro não apresenta falhas nem dá problema fundamenta-se em um argumento no qual há uma premissa não declarada.
RESOLUÇÃO:
Veja que temos a seguinte estrutura neste argumento:
Premissa: Esse carro é novo
Conclusão: Esse carro não apresenta falhas nem dá problema
Note que, para sairmos da premissa e chegarmos na conclusão, é preciso assumir que “carros novos não apresentam falhas e nem dão problemas”. Esta é uma premissa implícita do argumento. Veja que este argumento ficaria mais sólido se apresentasse esta premissa:
Premissa 1: Esse carro é novo
Premissa 2: Carros novos não apresentam falhas e nem dão problemas
Conclusão: Esse carro não apresenta falhas nem dá problema
Item CORRETO.
Resposta: C
CESPE – FUNPRESP – 2016) Considerando o argumento abaixo, contrário à ideia de que os castigos são uma forma eficaz de educar crianças, é correto concluir que, na cadeia argumentativa da qual faz parte, esse argumento tem valor retórico considerável na medida em que combate diretamente o argumento daqueles que são contrários ao uso dos castigos como recurso educativo. O argumento em discussão já é, de saída, inválido! A pessoa que o defende não tem conhecimento de causa para opinar sobre a melhor maneira de educar uma criança. Como considerar o ponto de vista de uma pessoa que nunca teve filhos? Reitero: o argumento em discussão não é válido!
RESOLUÇÃO:
Veja que estamos diante da falácia do “apelo pessoal”, ou “apelo contra o homem”, que estudamos em nosso curso. O autor deste argumento busca simplesmente desqualificar a outra pessoa (a que defende que castigos são eficazes), e não atacar o real problema, o que seria feito apresentando elementos convincentes de que os castigos não são eficazes para educar crianças. Portanto, é ERRADO dizer que este argumento tem valor retórico considerável, trata-se de um argumento frágil e falacioso.
Resposta: E
CESPE – FUNPRESP – 2016) Na linguagem cotidiana, as condições de verdade de Fulano tomou suco e saiu são diferentes das de Fulano saiu e tomou suco.
RESOLUÇÃO:
Na lógica formal (ou proposicional), sabemos que as proposições “p e q” e “q e p” são equivalentes entre si, isto é, a conjunção apresenta a propriedade comutativa. Entretanto, essa questão enfatizou o termo “linguagem cotidiana”, o que nos lembra da lógica informal, onde o significado assume valor importante.
Na linguagem cotidiana, a ordem das informações gera diferença no significado. Dizer que “tomou suco e saiu” dá a ideia de que primeiro a pessoa tomou suco e depois saiu, já dizer que “saiu e tomou suco” permite inferir que o suco foi tomado fora de casa, após a pessoa ter saído. Portanto, o item está CORRETO, pois essas duas frases do enunciado são realmente distintas.
Resposta: C
CESPE – FUNPRESP – 2016) O pleno entendimento da frase Cicrano estava escrevendo uma carta envolve a identificação das seguintes informações pressupostas: a de que Cicrano tinha dado início à tarefa de escrever uma carta e a de que ele conseguiu concluir a escrita dessa carta.
RESOLUÇÃO:
É possível compreender a frase “Cicrano estava escrevendo uma carta” mesmo sem saber se ele tinha ou não dado início à atividade anteriormente ou se ele conseguiu ou não concluir a escrita. Item ERRADO.
Resposta: E
CESPE – FUNPRESP – 2016) O raciocínio: Nenhum peixe é ave. Logo, nenhuma ave é peixe é válido.
RESOLUÇÃO:
Temos o seguinte argumento:
Premissa: Nenhum peixe é ave
Conclusão: Nenhuma ave é peixe
Repare que, se a premissa for verdadeira (não houver nenhum peixe no mundo que também é ave), a conclusão obrigatoriamente deve ser verdadeira (não haverá nenhuma ave no mundo que também seja peixe). Portanto, podemos dizer que a conclusão decorre automaticamente da premissa, o que caracteriza um argumento válido. Item CORRETO.
Resposta: C