A preparação para concurso público envolve diversos fatores, desde aspectos emocionais as mais “avançadas” técnicas de estudo. Mas toda história de sucesso envolve muita dedicação, horas de estudo e, de maneira quase unânime, milhares de questões resolvidas. É exatamente o estudo por questões que iremos abordar neste artigo, destrinchando algumas metodologias e técnicas que podem ser aplicadas em cada fase de preparação do aluno, partindo do iniciante ao avançado.
Dependendo do estágio de preparação do concurseiro, indica-se uma abordagem de estudo por exercícios diferente. A metodologia que será apresentada é pautada em basicamente três pilares: o objetivo das questões na preparação, a técnica que será aplicada e o tempo dedicado ao estudo ativo.
São muitas as técnicas que podem ser aplicadas ao estudo por questões, as mais utilizadas e de aplicação mais simples são também as mais eficazes e úteis na preparação. São elas:
Esta é a técnica mais simples, e uma das mais importantes. É através do filtro do sistema de questões que iremos definir a matéria a ser estudada, como direito constitucional, português ou raciocínio lógico, por exemplo, e o assunto específico dentro da matéria selecionada. Além de escolher a área para qual a questão foi aplicada e a banca examinadora do concurso.
Vamos para um exemplo prático. Imagine que estamos nos preparando para o grande concurso da Receita Federal e reservamos nosso horário para estudar direito tributário, mais especificamente as limitações ao poder de tributar. Um bom filtro a ser aplicado seria a escolha da disciplina de direito tributário, limitada ao tópico relativo as limitações ao poder tributar, banca ESAF e a área fiscal. Dessa forma, iremos nos deparar com questões muito relevantes para nosso concurso.
Muitos estudantes que obtiveram êxito em seus certames tinham a prática de comentar as questões que estavam resolvendo, seja na própria plataforma de exercícios, em seus resumos, e na maioria das vezes, fazendo a análise de forma mental. Comentar as questões de forma escrita leva muito tempo, coisa que o concurseiro não dispõe, e pode fazer com que o número de questões resolvidas não seja o ideal. Tendo isto em vista, a análise mental é a mais indicada.
Mas como é feito esse comentário mental?
Essa técnica consiste em analisar a questão tentado aplicar algum conhecimento extra que não foi exatamente o cobrado no exercício. Voltando a nossa bateria de questões da ESAF sobre as limitações ao poder de tributar, nos deparamos com a seguinte questão:
Secretaria de Estado de Fazenda (MG) ESAF Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEF/MG) 2005
Assinale a opção correta.
O princípio segundo o qual é vedado cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado (art. 150, III, ‘a’ da CRFB/88) é o da:
a) anterioridade.
b) irretroatividade.
c) anualidade.
d) imunidade recíproca.
e) legalidade.
A questão cobra apenas o conhecimento relativo ao princípio da IRRETROATIVIDADE. O aluno muitas vezes sabe que essa é a resposta correta para o enunciado, marca rapidamente e já pula para próxima questão. Nesse caso, seria muito útil tentarmos fazer uma breve definição mental das demais alternativas da questão. Assim, faríamos uma revisão mais completa e manteríamos o estudo ativo. É nisso que se baseia a técnica de comentar questões.
A versão clássica dessa técnica consistia em catalogar as questões erradas durante a bateria de exercícios para usá-las em revisões posteriores. Contudo, muitas vezes acertamos algumas questões no “chute” ou tendo a certeza de qual é a alternativa correta, mas sem saber definir exatamente o erro das outras alternativas.
Para potencializar a eficácia do caderno de erros, é muito útil anotarmos tanto as questões que erramos quanto as alternativas que geraram dúvidas. Sempre adaptando a alternativa para que ela fique correta e anexando-as ao material de revisão. Logo, teremos uma fonte de revisão robusta, com nossos resumos e os tópicos que ainda não dominamos.
O estudo reverso tem como fundamento, como próprio nome diz, a inversão da ordem do estudo, iniciando pela resolução dos exercícios e só depois focando na parte teórica, como lei seca, doutrina e jurisprudência. Mas é importante ressaltar que essa é uma técnica que deve ser realizada com muita cautela e no momento certo. Não adianta aplicá-la sem nunca ter tido contado prévio com a disciplina, ou logo no início da preparação.
A principal função do estudo reverso é nos familiarizarmos com a banca do nosso concurso, aprendermos os assuntos que ela mais cobra e a linguagem utilizada. Com isso, podemos adaptar o estudo da teoria para os pontos mais cobrados ou que geram mais dúvidas, direcionando-o para o foco de abordagem da banca. Por conta disso, deve ser utilizado no início da preparação pós-edital, sempre nas matérias que já dominamos, e que desejamos apenas refinar o conhecimento.
Vamos supor que o edital da Receita Federal acabou de sair, e que a banca não é mais a ESAF, já que ela não realizará mais concursos públicos. A banda escolhida foi o CEBRASPE, no conhecido modelo de certo ou errado. Todo o estudo preliminar foi baseado na banca ESAF, a partir de agora será necessária uma grande adaptação, esta é a situação ideal para fazer o estudo reverso.
Em nossa trajetória de estudos enfrentamos basicamente três fases principais: a inicial, ou primeiro contado com as matérias, a fase intermediária, na qual já superamos as matérias do ciclo básico, e o estágio avançado, geralmente no pós-edital, pautado em revisões e no refinamento do conhecimento. É exatamente cada estágio que determinará a melhor técnica a ser aplicada, o tempo utilizado para resolver exercícios e o objetivo do estudo por questões.
No início o concurseiro faz o primeiro contado com as matérias do ciclo básico de sua área de preferência. É muito importante que o estudante já tenha um norte a seguir na fase inicial de preparação, não necessariamente um concurso específico, mas que pelos menos enquadre-se em alguma das grandes áreas dos concursos públicos. Como a área fiscal, policial ou tribunais, por exemplo.
Nessa fase de estudo, cerca de 80% do tempo do aluno é dedicado a parte teórica, como os PDFs e as videoaulas, com isso, já podemos concluir que o fator tempo será escasso para resolver questões.
É necessário agora definir o objetivo do estudo por exercícios, que nessa etapa inicial serve para fixar o alto volume de assunto estudado e familiarizar-se com a forma de cobrança das bancas.
O estudante sabe que tem pouco tempo para resolver questões e não possui uma base solida para fazer os comentários mentais ou o estudo reverso, o foco deverá ser em utilizar da melhor forma possível os filtros disponíveis.
Voltamos ao exemplo prático. Escolhemos a área fiscal, e queremos fixar o conteúdo que acabamos de aprender na teoria. Nesse caso, focar o estudo em uma única banca não seria uma boa ideia, devemos tentar focar nas grandes bancas da área fiscal, como FCC, CESPE e FGV. Contudo, utilizando o filtro com várias bancas a quantidade de questões será enorme, e concluímos que não temos tanto tempo para resolver questões nessa fase. A grande dica aqui é focar nas questões mais recentes, filtrando por períodos curtos, como um ano ou no máximo dois.
Fazendo isso iremos deixar passar algumas questões clássicas, ou recorrentes em provas, mas esse fato é superado pelas próprias questões contidas no PDF do professor.
Nessa fase ocorre um fato interessante, o estudante já superou o ciclo básico com a teoria e as questões de fixação e começou a introduzir novas disciplinas que costumam ser cobradas em sua área de interesse. Então, deve-se dividir o estudo por questões entre esses dois grupos de disciplinas. Para as novas matérias o processo é basicamente o mesmo da etapa inicial. A ideia é abordamos apenas a segunda fase.
Aqui já superamos boa parte da teoria e podemos focar nossa atenção na resolução de questões. O tempo de estudo por questões agora será divido igualmente entre a teoria e o estudo ativo.
O objetivo agora é aprofundar o conhecimento e sedimentar o que já foi aprendido, por isso que a teoria ainda é muito importante nessa fase. É muito comum o estudante ter que voltar constantemente ao material teórico.
Iremos utilizar os mesmos filtros da fase inicial, mas agora podemos ampliar um pouco mais o horizonte temporal. Passaremos a ter uma grande quantidade de questões para resolver, estas questões servirão de base para o caderno de erros e uma fonte muita boa para o comentário metal, estes dois últimos sendo os grandes diferenciais do estágio intermediário.
Lembrando que os comentários dos professores, e até mesmo dos alunos, disponibilizados no sistema de questões são uma grande fonte de conteúdo de aprofundamento e de revisão. Não basta resolver a questões, devemos saber o que erramos e tirar as dúvidas que ainda ficaram. Par conta disso, dividimos o tempo de resolução de questões e o estudo teórico.
A terceira fase básica do concurseiro é a avançada, aqui o aluno já domina muito bem as disciplinas básicas, inseriu novas matérias em seu ciclo de estudo e possui um bom nível de acerto nas questões.
No estágio de avanço, a base da preparação é a resolução de exercícios, por isso o tempo gasto será cerca de 80% voltado para as questões e 20% para a teoria.
Considerando que é nessa etapa que o edital é publicado, agora é a hora de refinar o estudo por questões e direcioná-lo para as características da banca.
Daqui em diante é um bom momento para adotar o estudo reverso, mas para isto é necessário alterar alguns padrões de filtragem. Um aluno avançado provavelmente já resolveu quase todas as questões da banca de sua área de interesse, é possível expandir um pouco mais este filtro.
Em nosso caso, a banca escolhida foi o CEBRASPE, devemos focar na banca, mas podemos incluir a área de Controle e Gestão em conjunto com a Bancária, por exemplo, e ainda expandir o horizonte temporal para alcançar as diversas questões realizadas pela banca.
Observação: Muito cuidado para não fugir muito da área escolhida e se deparar com questões que fogem totalmente do objetivo.
O novo bloco de exercícios será a base para aplicar a técnica do caderno de erros e, com isso, montar um poderoso material que o ajudará a conhecer cada detalhe do CEBRASPE. Mas não basta montar o caderno e conhecer a banca, nesse momento é crucial voltar a teoria das disciplinas e estudar os pontos que ainda não há o domínio pleno.
Ao fim de todo o processo, é a hora de realizar a prova e colocar em prática todo o treinamento feito durante a preparação.
É importante considerar que a metodologia de estudo por questões apresentada é apenas uma das diversas formas de estudo que podem trazer bons resultados, além de poder ser adaptada a realidade de cada aluno. A repetição das fases a cada prova realizada e a experiencia conquistada individualmente são fatores importantíssimos para se chegar ao método “ideal”. O processo de aprendizado não pode ser tratado como uma verdade universal, ainda mais quando se fala de estudo para concurso público.
A única certeza é que para passar em qualquer certame a quantidade de questões resolvidas deve ser enorme, não importa qual metodologia de estudo por questões seja aplicada.
Grande abraço e ótimos estudos!
Arthur Carvalho.
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Muito Obrigada! Excelente artigo! Vai me ajudar muito nós meus estudos!