Veja um exemplo prático de como escrever o seu estudo de caso para provas da FCC
Olá pessoal, tudo bem?
Recentemente recebi uma excelente notícia: tenho diversos alunos aprovados para a segunda fase de concursos que exigem provas discursivas para a área de Comunicação. Por isso, muitos deles me pediram para produzir um conteúdo específico para esse tipo de prova, em especial os estudos de caso da Fundação Carlos Chagas (FCC).
No meu artigo de hoje, quero trazer orientações para que você seja bem-sucedido na sua prova discursiva e possa conquistar a sua aprovação.
É evidente que eu vou tratar os temas de Comunicação Social – a minha área aqui no Estratégia – de forma mais específica, mas tenho certeza de que esse artigo também pode ajudar alunos que visam cargos em outros segmentos. Você deve trocar as propostas de estudo de caso por temas que fazem parte da sua área de atuação, ok?
Ao conversar com vocês no Instagram, eu percebi que muitos estão assustados e surpresos por terem sido aprovados em boas colocações para a segunda fase de concursos que exigem provas discursivas. Por isso, creio que pode ser interessante compartilhar aqui a minha experiência com o estudo de caso da FCC e abrir o coração sobre como foi essa etapa na minha vida: espero que isso ajude vocês nos seus estudos!
Eu entendo bem esse sentimento porque foi exatamente o que eu vivi na minha prova para a CLDF. Ao ver o meu resultado parcial da primeira fase, eu fiquei uns cinco minutos olhando para a tela do computador, tentando assimilar aquela informação. Eu sabia que tinha ido bem na prova por causa da correção do gabarito, mas, definitivamente, não esperava ficar em 2o lugar. Passado o susto, comecei a planejar a preparação para a etapa seguinte.
Restava um mês entre o resultado das objetivas e a aplicação das provas discursivas. No entanto, havia uma pequena dificuldade no meio do caminho: uma viagem de trabalho a outro estado, marcada antecipadamente e com duração de uma semana. Era certo que durante, durante essa viagem, eu praticamente não teria nenhum tempo livre. Alem disso, não havia a menor possibilidade de desmarcá-la, visto que tudo já estava acertado, pago e um cancelamento traria um impacto direto à agenda de outras pessoas envolvidas.
Diante desse cenário, eu me organizei para estudar por uma semana, viajar na semana seguinte e, então, ter mais duas semanas de estudo. Eu precisava aproveitar todo o meu tempo disponível para estudar e, assim, cancelei todos os compromissos e atividades que não precisariam estar na minha rotina naquele momento. Eu sempre gostei muito de escrever, então, tracei como meta revisar todo o conteúdo teórico do concurso e também produzir ao menos duas redações por semana para treinar minhas habilidades.
No entanto, durante a viagem, recebi uma notícia que afetou de forma muito intensa a minha vida pessoal. É nesse momento que eu gosto de lembrar a você que somos todos humanos e, portanto, não estamos imunes às reviravoltas que ocorrem ao nosso redor. Existem acontecimentos que nós não controlamos, mas podemos controlar a forma como reagimos a eles.
Eu estava prestes a voltar para Brasília e, assim, fiz um compromisso comigo mesma: “Eu vou me envolver emocionalmente com esse problema até o avião pousar na cidade. Depois que eu sair do aeroporto, vou focar 120% no meu concurso até a data da prova”. Eu abri o meu notebook no avião, escrevi tudo o que eu sentia em relação àquele fato desagradável e tomei uma decisão racional de deixar aquele mal estar ali no vôo, pelo menos até o meu concurso.
Foi fácil? Não, não foi. Eu tive muitos momentos ao longo dessas duas semanas nos quais eu queria parar tudo para resolver questões que envolviam o acontecimento mencionado. No entanto, ninguém iria sentar naquela sala de aula para fazer a prova em meu lugar.
Por mais que eu estivesse me sentindo muito mal, a responsabilidade pelo meu resultado era exclusivamente minha. Não sei no que cada um aqui acredita, mas minha fé pessoal também foi muito importante para que eu conseguisse focar e direcionar a minha atenção a tudo o que estava acontecendo naquele momento.
Eu sei como é difícil conciliar a vida pessoal com as provas de concursos, mas é extremamente importante lembrar que o seu resultado é somente seu. É o seu nome que estará no Diário Oficial e esse sentimento de conquista não tem preço.
O final da história muitos aqui já conhecem: consegui manter o foco nas duas semanas seguintes, fiz a minha prova com tranquilidade e obtive 92 pontos (de um total de 100 pontos) no estudo de caso. O resultado foi suficiente para que eu fosse aprovada em 2o lugar no concurso :)
Para começarmos a nossa análise, precisamos entender que esse formato “estudo de caso” tem origem nos trabalhos científicos desenvolvidos no ambiente acadêmico. Se analisarmos a literatura especializada em metodologias de pesquisa, vemos que o estudo de caso pode ser definido como:
O estudo de caso […] consiste no estudo profundo e exaustivo de um de um ou pouco objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento […]. (Antônio Carlos Gil – Como elaborar projetos de pesquisa – Atlas, São Paulo, 2010)
Veja, portanto, que o estudo de caso terá como foco um ou mais objetos que estarão no centro da análise. No contexto de um concurso público, o estudo de caso é uma ferramenta que avalia os conhecimentos do candidato de uma forma mais prática e detalhada. Dessa forma, o objetivo de um estudo de caso é verificar como você agiria como profissional em uma determinada situação específica que poderá ocorrer no seu dia a dia de trabalho como servidor aprovado.
Ao analisarmos os editais da FCC, vemos que os estudos de caso para a banca examinadora devem ser realizados com base em uma estrutura dissertativa-argumentativa. Logo, a banca vai avaliar o seu texto de acordo com critérios como:
Dessa forma, perceba que aspectos gramaticais e de expressão linguística serão analisados pela banca, assim como o conhecimento técnico demonstrado por você. Por isso, o seu texto deve ser claro, coerente e estar de acordo com a literatura especializada da sua área de atuação.
O tema do seu estudo de caso FCC será, via de regra, diretamente relacionado do que você estudou para a parte de conhecimentos específicos das provas objetivas. Veja o que a FCC diz sobre isso (exemplo retirado do edital da prova da AL-AP de 2020):
A Prova Discursiva-Estudo de Caso constará de 02 (duas) questões práticas, para as quais o candidato deverá apresentar, por escrito, as soluções. Os temas versarão sobre conteúdo pertinente a Conhecimentos Específicos, conforme programa constante do Anexo II deste Edital, adequados às atribuições da Categoria/Área/Especialidade para o qual o candidato se inscreveu.
Ou seja, você deve revisar todo o conteúdo teórico já estudado como forma de ter uma base suficientemente sólida de informações para desenvolver a sua prova discursiva. Não cometa o erro de estudar apenas a parte de redação e de formato do texto: você também deve se preocupar com os seus conhecimentos específicos para o certame.
OBSERVAÇÃO: lembre-se sempre de checar as regras específicas sobre a sua prova discursiva a partir do edital do seu concurso público, ok? O que eu trouxe nesse artigo são trechos e informações gerais disponíveis em editais de provas já realizadas anteriormente pela FCC. :)
A proposta do seu estudo de caso FCC, via de regra, apresentará itens que devem nortear a escrita do seu texto. Haverá um tema central e subtópicos que indicam pontos a respeito desse assunto: o ideal, de acordo com as orientações da nossa equipe de Língua Portuguesa, é escrever um parágrafo para cada tópico apresentado (sem esquecer da introdução e da conclusão). Logo, a sua estrutura de texto seria feita da seguinte forma:
Em alguns casos, a resolução sobre o último item da banca e a conclusão poderão ser apresentados no mesmo parágrafo final, caso não haja espaço suficiente para escrever um parágrafo exclusivo para concluir o texto. Contudo, destaco aqui que você deve seguir a estrutura introdução – desenvolvimento – conclusão no seu texto.
Por fim, quero trazer um exemplo prático de um estudo de caso resolvido para a área da Comunicação.
A proposta abaixo tem como base a prova discursiva aplicada para o cargo de Comunicação Social do Ministério das Cidades (concurso de 2013). Eu adaptei a proposta feita pela banca para que ela ficasse mais próxima do formato que costuma ser apresentado nas provas de estudo de caso, sobretudo da banca FCC.
A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) é o órgão do Poder Legislativo do Rio de Janeiro, responsável pela criação de leis e pela fiscalização externa dos Poderes.
Redija um texto dissertativo em, no mínimo, 20 e, no máximo, 30 linhas, e argumente sobre como a Comunicação Social da ALERJ pode ser realizada com base no respeito à opinião pública e no atendimento à necessidade de comunicação de utilidade pública.
No seu texto, contemple:
Com base na proposta acima apresentada, escrevi o texto que seria a minha resposta caso a prova discursiva mencionada fosse aplicada hoje. Meu objetivo aqui é permitir que vocês tenham um exemplo prático de como eu apresentaria as minhas ideias sobre o tema dentro da proposta e das exigências feitas pela banca examinadora.
OBSERVAÇÃO: Caso você queira fazer essa prova em casa, sugiro que você escreva o seu texto antes de ler a minha versão. Dessa forma, você pode comparar as estruturas e verificar se existem ajustes que podem ser feitos no seu treino!
O departamento de Comunicação Social de um órgão público influencia diretamente a gestão da relação entre a instituição e a sociedade. Assim, percebe-se que, no caso da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), as ações de comunicação são indispensáveis para o efetivo cumprimento dos dispositivos legais em vigor e para o exercício da cidadania pela população do Rio de Janeiro, sobretudo por meio de iniciativas realizadas no ambiente digital.
Com relação à comunicação pública, constata-se que o tema está em consonância com a legislação brasileira a respeito do princípio da Publicidade e do direito à informação. De acordo com a Constituição Federal de 1988, todos os atos realizados pelo Poder Público devem ser divulgados, ressalvados os casos excepcionais de sigilo definidos em lei. Dessa maneira, o indivíduo tem o direito de receber dados dos órgãos governamentais para o pleno exercício da cidadania, conforme a Lei de Acesso à Informação.
Nesse contexto, percebe-se que a comunicação pública traz benefícios tanto para a ALERJ quanto para o cidadão. Em relação à instituição, é possível cumprir a legislação vigente e entender as demandas sociais com mais agilidade, a partir do melhor relacionamento do órgão com a população. Por outro lado, ações estruturadas de comunicação permitem que o cidadão participe da criação de proposições e fiscalize a aplicação dos recursos do DF nas políticas públicas. Portanto, o diálogo entre a ALERJ e o seu público-alvo aprimora a construção de soluções que satisfaçam o interesse coletivo.
Diante das razões expendidas, conclui-se que a comunicação pública é essencial para viabilizar a transparência administrativa e o exercício dos direitos pelo cidadão. Visto que a sociedade brasileira vivenciou expressiva expansão tecnológica nos últimos anos, recomenda-se que a ALERJ utilize as redes sociais para ampliar as suas ações de comunicação. Além disso, é possível utilizar blogs e portais para divulgar informações relevantes para o público. Posto isso, percebe-se que a presença digital estruturada facilitará o acesso do cidadão à ALERJ e proporcionará impactos significativos no aprimoramento das atividades da instituição.
Veja, portanto, que a minha introdução traz aspectos iniciais que devem ser considerados pelo aluno ao expressar o seu ponto de vista sobre o tema proposto pela banca. Eu inclusive mencionei, de forma clara, os três pontos que tratarei nos parágrafos seguintes, como forma de mostrar que o meu texto está bem estruturado (de acordo com os itens que são apresentados pela banca).
Os parágrafos seguintes tratam, respectivamente, sobre os itens a), b) e c): o objetivo é apresentar uma solução para cada item, ou seja, demonstrar os conhecimentos técnicos para que a banca examinadora compreenda a minha aptidão para o cargo.
Perceba que eu tenho um limite de 30 linhas e, assim, não tive espaço suficiente para fazer três parágrafos de desenvolvimento + um exclusivo para a conclusão. Dessa forma, apresentei a conclusão do meu texto no mesmo parágrafo no qual tratei sobre o item c), como uma forma de respeitar a estrutura proposta pela banca examinadora e ter um texto bem organizado.
Os estudos de caso variam em relação ao limite de linhas, ok? Em geral, podemos esperar questões que cobrem redações entre 20 e 60 linhas (para cargos de concursos públicos em geral).
O importante, em qualquer caso, é respeitar esse limite máximo e já ter uma noção de como é a sua letra manuscrita em termos de tamanho das palavras. Eu tenho uma letra pequena ao escrever redações e, por isso, consegui incluir todas as informações apresentadas no meu exemplo acima. Eu testei esse texto em uma folha de redação antes de transcrevê-lo aqui para o blog :)
Quero fazer aqui também um convite para que você conheça os meus cursos extensivos para concursos da área de Comunicação. Eles são direcionados para provas objetivas, no entanto, abordam temas que são relevantes para os certames e, assim, com certeza podem te auxiliar com a fundamentação teórica necessária para o seu estudo de caso.
Aqui no Estratégia, desenvolvi cursos extensivos focados em duas áreas: Jornalismo e Publicidade e Propaganda. Eles abordam temas comuns em concursos públicos para esses cargos, tais como Teorias da Comunicação, Comunicação Pública, fundamentos de cada profissão e novas mídias, por exemplo.
Lá no meu Instagram, disponibilizei também exemplos de propostas de estudo de caso já cobradas pela FCC e que você pode utilizar para os seus treinos.
Desejo aqui um excelente desempenho na sua prova discursiva: me conte o seu resultado lá pelo Instagram! Vai dar tudo certo! :)
Com carinho,
Prof. Júlia Branco
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