ENTREVISTA: Sérgio Augusto Bordalo Raposo – Aprovado em 7º lugar no concurso PRF para o estado do Pará
“Troque a preposição ‘para’ pela preposição ‘até’ e, com isso, tire o peso do imediatismo das suas costas. Não estude para passar no concurso, estude ATÉ passar no concurso“
Confira nossa entrevista com Sergio Raposo, aprovado em 7º lugar no concurso da Polícia Rodoviária Federal para o estado do Pará (provas objetiva e discursiva):
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Sergio Raposo: Sou do Rio de Janeiro (onde moro até o momento), formado em Engenharia de Produção pela UERJ e tenho 27 anos de idade.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Porque a área Policial?
Sergio: Bom, muitas vezes chama a atenção dos conhecidos eu ter me formado em Engenharia de Produção e estar prestando concurso para a área policial. Sempre tive muita admiração pela profissão policial, ao passo que não havia me encontrado na faculdade que cursei. A primeira decisão (e a que mais demorou), foi mudar de foco da Engenharia para concursos.
Quando decidi prestar concursos, fiquei um pouco perdido sobre qual área seguir. Mas creio que o primeiro passo é entender: como você se enxerga nesse meio, o que você gostaria de fazer e quais áreas você teria vontade de trabalhar (isso fez toda a diferença para mim).
As duas áreas que mais me motivaram a estudar foram: as áreas de carreira policial e de auditoria. Como são bem diferentes, eu queria mudar minha realidade em um horizonte um pouco mais curto de tempo. Então avistei na Polícia Rodoviária Federal uma oportunidade de dar uma guinada em minha vida e em um cargo de alta relevância para a sociedade.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Sergio: Eu tive a possibilidade de apenas estudar. Isso foi muito importante para mim. Com o material do Estratégia e planejamento de estudos, pude aproveitar bem esse período. O maior desafio é não procrastinar nem perder a urgência em virtude da sensação de ter muito tempo livre.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Sergio: Essa é minha primeira aprovação em concursos públicos. Fiquei em 7º lugar.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados na primeira fase do certame?
Sergio: Foi um misto de alívio com dever cumprido. Há pouco tempo, comentei com uma pessoa próxima que a sensação de estudar para concursos se assemelha com a de uma criança que está aprendendo a andar de bicicleta: ela anda uma vez, cai; anda duas, cai; anda oito, cai; até que na nona vez ela simplesmente anda (esse exemplo eu ouvi de Lair Ribeiro e jamais me esqueci). Mas a sensação que a criança tem entre a primeira e a nona vez é de que de nada estava adiantando. Seja perseverante!
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Sergio: Não tinha vida social (rsrs). Adotei uma postura radical. Sacrifiquei tudo o que, em minha visão, seria um entrave ou uma perda de tempo no que tange a alcançar meu objetivo. Cheguei a deixar de ir em aniversários de familiares e, até mesmo, despedidas de amigos que foram morar no exterior.
Não houve Natal nem Ano Novo. Mas não aconselho outras pessoas a copiarem. Creio que cada um tem que agir de acordo com o seu propósito (eu funciono melhor pelo método “dedicação exclusiva”).
Confesso que, a partir do momento que defini onde queria chegar, eu sabia que toda vez que eu dissesse “sim” para algo que eu gostaria de dizer “não”, eu estaria, de certa forma, dizendo “não” para o meu sonho, nem que fosse um pouquinho.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Sergio: Estou solteiro e moro com minha avó paterna (que foi quem me criou). Quase todos me apoiaram muito, cada um da sua forma. No entanto, alguns não entendem a postura radical. Penso que, algo que aprendi nessa jornada, é que para alcançarmos nossos objetivos não precisamos depender do apoio integral de outras pessoas.
Claro que é excelente quando as pessoas que você ama te apoiam, porém não podemos depender disso para perseguirmos nossos objetivos. Até porque, em muitas vezes, teremos que dizer “não” para essas pessoas (as que mais amamos) e elas provavelmente não entenderão.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Sergio: Certamente acho. Estabeleci um mapa para trilhar novos concursos. A Polícia Rodoviária Federal é um grande objetivo.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Serio: Foram 5 meses estudando exclusivamente para a PRF. Talvez um pouquinho menos.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Sergio: Sim, pesquisei muito sobre os concursos que estavam na iminência de abrirem edital e acompanhava muito o blog do Estratégia sobre a carreira policial. Como a PC-DF estava com uma pendência quanto ao cargo de agente, optei pela PRF. Uma vez que, tendo optado pela PRF, eu pus na cabeça que iria estudar até a prova, levasse o tempo que fosse.
Acredito que, algo que ajuda muito, é o planejamento pessoal. Calcular qual a porcentagem do total de aulas você já estudou e, principalmente, qual a sua data-alvo. Eu estabeleci uma meta que era meu limite para terminar todos os PDFs. Então, mesmo que o edital não saísse, a minha “missão” era alcançar 100% das aulas até aquela data.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Sergio: Eu estudei apenas pelos PDFs pois, na minha percepção, eu apreendia mais do conteúdo dessa forma. Não tenho o que falar, só elogios! Explicação excelente, quantidade de questões robusta. Só dependia de mim, pois o Estratégia forneceu tudo o que eu precisava.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Sergio: Minha ex-namorada me indicou há um tempinho atrás e me incentivou a estudar utilizando o material de vocês.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Sergio: Eu não fazia resumos. Aproveitava o próprio PDF para marcar e realizar algumas anotações. Resumindo, meu método foi o seguinte: com base na quantidade de PDFs, eu estabeleci quantas aulas de cada disciplina eu iria estudar por ciclo (exemplo: 2 de Constitucional, 2 de Penal, 1 de Física… Ao final de cada ciclo de estudos eu repetia a ordem mas, antes de iniciar as aulas do novo ciclo, revisava as aulas do ciclo anterior imediatamente (exemplo: se estudei no último ciclo as aulas 5 e 6 de português. No ciclo seguinte eu as revisava e, após a isto, estudava as aulas 7 e 8). E assim, prossegui até finalizar as disciplinas. Estudava em média de 8 a 9 horas por dia. E, nas últimas três semanas, passei a estudar em média 10 horas por dia.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Sergio: Eu vim da Engenharia mas, por incrível que pareça, gosto muito das disciplinas de Direito. Acredito que em relação às disciplinas de trânsito, em especial as resoluções (que não constavam no edital anterior, mas foram cobradas no edital desse concurso), o grande desafio é que não são matérias que estudamos normalmente (a não ser que o estudante já tenha prestado concursos para a área). Não tive uma dificuldade específica, o desafio maior foi em relação ao volume de matérias.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Sergio: As três semanas anteriores (incluindo a semana da prova), até a quinta-feira anterior à prova, foram de estudos intensos, batendo diversas vezes mais de 10 horas de estudo por dia. Costumo dizer que o segredo para vencer em qualquer área na vida é: Deus, determinação, disciplina e cafeína (rsrs).
Na sexta-feira anterior à prova, diminui um pouco o ritmo. No sábado, apenas revi coisas específicas de legislação de trânsito e dei uma lida na Constituição, em especial, naqueles artigos que são cobrados na literalidade (competências privativas e bens da União, por exemplo).
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Sergio: Aconselho que os estudantes não deixem de lado os estudos para a prova discursiva. Confesso que fiquei tão focado na prova objetiva, que simplesmente, deixei de lado a prova discursiva. Se não fosse isso, poderia ter saltado algumas posições no ranking. Então, fica a dica: separem um tempinho para estudar para a prova discursiva!
Estratégia: Como está sendo sua preparação para o TAF e para as demais etapas?
Sergio: Já vinha me preparando para o TAF porém, após a prova, passei a me dedicar mais. Sei que a exigência da PRF é grande então, possivelmente, as etapas serão mais céleres. Eu faço musculação quase todos os dias e corro de 3 a 4 vezes na semana.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Sergio: Vou começar por algo que não sei se é um erro ou um acerto (rsrs). Não deixei nenhuma questão em branco na prova (eu realmente queria acertar todas as questões).
Na preparação, um erro foi não ter me preparado para a prova discursiva como eu poderia ter feito. Certamente poderia ter subido algumas colocações por conta disso.
Em termos de acerto, creio que estabelecer previamente o que eu queria alcançar (o objetivo) e porque eu queria alcançar (a motivação), foram essenciais e me ajudaram a ter muita determinação.
Aconselho todos a pararem, refletirem (seja em oração, meditação ou da forma como acharem melhor) e entenderem exatamente qual concurso querem alcançar e porque almejam isso. Expressando meu ponto de vista, isso nos dá uma energia gigantesca quando mais precisamos.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Sergio: Não pensei em desistir em momento algum mas, o mais difícil na caminhada, é que mesmo que você tenha apoio, no fim é sempre uma caminhada solitária. Você sabe que depende apenas de você, e pode ser que em alguns dias você acorde se achando incapaz.
Creio que um segredo (ao menos foi algo que eu fiz todos os dias), é pensar em meus sonhos diariamente. Em outras palavras, relembrar onde eu queria chegar e os meus motivos. Ponderar isso, antes de dormir e logo ao acordar, todos os dias.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Sergio: A relevância social de um cargo na área de segurança pública (no âmbito profissional) e a oportunidade que esse cargo me dará em tornar possível outros planos, como: ter minha casa e constituir família (no âmbito da vida pessoal).
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Sergio: Caro(a) concurseiro(a), você sabe aonde você quer chegar? Se você já sabe, excelente! Esse é um passo enorme, caso não saiba busque: entender em que área você se encaixa, qual tipo de concurso teria mais a ver com sua personalidade e tome a decisão (essa é, em minha opinião, a parte mais importante). O verbo “decidir” carrega o significado de eliminar todas as outras possibilidades, portanto é sempre um ato de coragem.
Se você sabe o que você quer e quais os seus motivos mais íntimos e pessoais para isso (se a renda vai possibilitar você se casar, ajudar sua família, dar uma vida melhor para os seus filhos, ter sua casa etc.), agora é hora de se comprometer com esse objetivo e consigo mesmo. Comprometer-se é muito mais profundo do que se envolver, é doar-se por inteiro.
Grandes objetivos demandam forte determinação. Porém, como a maior parte das coisas na vida, a determinação, a disciplina, o foco e a atenção podem ser aprendidos. Sendo assim, se você pensa que não tem ou que, ao menos, poderia melhorar esses atributos, entenda que a evolução é uma consequência do process. E, como diz Lair Ribeiro “quanto mais você pratica, mais talentoso você fica”.
Troque a preposição “para” pela preposição “até” e, com isso, tire o peso do imediatismo das suas costas. Não estude para passar no concurso, estude ATÉ passar no concurso. No momento em que você decide estudar ATÉ ser aprovado, deixa de ser uma questão de SE e passa a ser uma questão de QUANDO.
Que Deus abençoe a sua jornada, dê forças para você superar os desafios e se levantar a cada percalço. “Faça o bem, evite o mal, viva sua vida extraordinariamente”. E fica aqui o meu lema: Deus, determinação, disciplina e cafeína (rsrs).
“O que as suas mãos tiverem que fazer, que o façam com toda a sua força” (Eclesiastes 9:10).
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Foi aprovado e deseja dividir com a gente e com outros concurseiros como foi sua trajetória até a aprovação?! Mande um e-mail para: [email protected]
Abraços,
Thaís Mendes