ENTREVISTA: Renato Valério – Aprovado em 2º lugar na SEFAZ BA para Auditor Fiscal área Administração Tributária
“Nessa caminhada de estudo para concursos, assim como na vida em geral, há muitas variáveis que não podemos controlar. Aceite isso, faça bem feito aquilo que está sob seu controle e esqueça aquilo que você não pode controlar, acreditando que algo maior que todos nós, seja lá o que for, está cuidando desta parte!”
Confira nossa entrevista com Renato Pescarini Valério, aprovado em 2º lugar no concurso da Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia para o cargo de Auditor Fiscal / área Administração Tributária (concurso em andamento):
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Renato Pescarini Valério: Sou natural de Volta Redonda (RJ) e tenho 29 anos. Sou formado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com Mestrado em Engenharia de Produção (Área de Concentração: Pesquisa Operacional) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ).
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Renato: São muitos os fatores que ,ao longo da vida, foram despertando a minha vontade de estudar para concursos. Os principais foram a estabilidade da carreira pública, a questão salarial e algumas frustrações na iniciativa privada. Claro que somente esses fatores não sustentariam meu estudo por muito tempo se ao longo do caminho não tivesse tomado gosto pela área fiscal, que foi exatamente o que aconteceu.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Renato: Eu tive muitas fases na caminhada como concurseiro. Gostaria de aproveitar essa pergunta para contar um pouco da minha trajetória – nada retilínea – no mundo dos concursos. Muitas histórias que li me ajudaram a manter a motivação diária nos estudos. Espero que a minha possa ajudar muita gente a partir de agora também! Bom, vamos lá!
Nos últimos três períodos da graduação (janeiro/2012 a julho/2013), além das disciplinas teóricas do curso, fiz também um estágio numa indústria automobilística. Na época, vi que não queria me formar e logo em seguida iniciar minha carreira numa indústria. Além disso, nesse tempo, participei de um projeto de iniciação científica que me fez ter a certeza de que a área que me interessava, de fato, na Engenharia de Produção, era a Pesquisa Operacional (uma área de conhecimento que utiliza métodos matemáticos, estatísticos e computacionais para auxiliar nas tomadas de decisão). Foi então que decidi que faria um Mestrado nessa área, assim que me formasse.
Saí do estágio em julho de 2013 e, enquanto me preparava para o processo seletivo do Mestrado, meu pai me deu a ideia de aproveitar esse tempo para estudar para o concurso da Receita Federal. Decidi, então, me matricular num curso telepresencial. Não levei a sério o curso, pois nunca aprendi muito em aulas (ainda mais no formato telepresencial), mas foi ali meu primeiro contato com as disciplinas básicas da área fiscal. Não estudava praticamente nada nessa época, somente assistia às aulas que me interessavam. Mesmo assim, no fim do ano, me inscrevi para o concurso da SEFAZ RJ, cujas provas fiz em janeiro e, é claro, nem a pontuação mínima eu fiz.
Nessa época já havia passado no Mestrado na UFRJ, que tanto queria, e decidi que aquela história de concursos da área fiscal não era para mim. De março de 2014 a março de 2016 fiz o Mestrado como aluno bolsista, com dedicação exclusiva, sendo que no segundo semestre de 2015 fui aprovado como 1º colocado no concurso para Professor Substituto de Estatística e Pesquisa Operacional na UFF (cargo que exerci durante os últimos 6 meses do Mestrado – outubro/2015 a abril/2016 – lecionando a disciplina de Estatística para alunos dos cursos de Engenharia, Administração e Ciências Contábeis). Além disso, nesse período, prestei um concurso para Professor Efetivo de Estatística e Pesquisa Operacional do CEFET/RJ, tendo sido aprovado na 2ª posição, mas não fui convocado ao longo da validade do concurso (se tivesse sido, talvez não estaria aqui hoje…).
O final do Mestrado foi mais um período de indecisão. Cheguei a ser aprovado no Doutorado, no mesmo local onde já estudava, mas foi um período de corte de bolsas de estudos. Devido à insegurança que isso gerou, aliada a outras questões financeiras, decidi que iria tentar conseguir um emprego na área em que me havia especializado e que não faria o Doutorado. Apresentei a Dissertação de Mestrado e no mesmo mês (abril/2016) comecei a trabalhar como Consultor de Implementação, numa empresa que desenvolvia software para otimização logística no Rio de Janeiro.
Bastaram poucos meses para algumas insatisfações surgirem e para a ideia de estudar para a área fiscal voltar (algo que realmente não imaginava mais que fosse acontecer… ). Pensei muito na época, conversei com minha família e com alguns amigos e, com o apoio que tive, decidi que tentaria estudar de verdade para a Receita Federal, cujo último concurso havia sido pouco mais de 2 anos antes. Foi aí que, pesquisando sobre cursos na internet, conheci o Estratégia Concursos, que foi a principal fonte de material para toda minha preparação.
Decidi que continuaria trabalhando e que estudaria de forma lenta, sem expectativa de passar em algum concurso a curto prazo. Criei uma planilha no Excel, que serviu para minha organização e para registro das horas líquidas de cada matéria (nada mágico, só simples e organizado). Comecei os estudos em meados de agosto de 2016, com apenas duas disciplinas (Direito Tributário e Contabilidade), estudando cada uma em dias alternados. Depois de certo tempo, incluí Direito Constitucional, Direito Administrativo e Auditoria, nunca estudando mais do que 2 disciplinas por dia. Assim, mantive um ritmo médio de 10 horas líquidas por semana até meados de abril de 2017. Era pouco, mas era o que eu me propus fazer na época.
Morava com alguns amigos e não estava disposto a abrir mão de todo o tempo de lazer que tinha para só ficar estudando. Nessa época, eu perdia muito tempo com resumos e quase não fazia exercícios. Em abril de 2017, fiz algumas entrevistas para uma nova oportunidade de emprego em São Paulo. Fui selecionado para o novo emprego, passei quase 2 meses na sede da empresa na Bélgica em treinamento, me mudei do Rio para São Paulo e lá se foram uns 5 meses sem estudar para concursos.
Já estabelecido em São Paulo e morando sozinho, vi ali a oportunidade de voltar aos estudos, agora com uma carga horária maior, sendo que nessa época já comecei a incluir algumas matérias específicas para a Receita Federal. Conseguia fazer uma média de 18 horas líquidas por semana. Comecei a fazer mais exercícios, ler mais lei seca e, com isso, fui desenvolvendo uma maior confiança de que aquele projeto poderia fazer com que eu me tornasse Auditor Fiscal um dia! Com maior confiança, a motivação para estudar aumentava e, conseqüentemente, aumentava também a carga horária líquida semanal. Entretanto, nesse novo emprego eu viajava com bastante frequência, chegando a ficar até 2 semanas por mês fora de São Paulo. É claro que isso atrapalhava muito os estudos, pois era bastante desgastante.
E aí chegou um momento chave na minha vida: naquele momento acreditava mais do que nunca que o meu desejo de ser Auditor Fiscal era possível, mas meu trabalho me impedia de me dedicar como eu gostaria. Por causa do desgaste físico e emocional, decidi que iria parar de estudar – mais uma vez – para pensar e poder tomar um decisão: ou me dedicaria à minha carreira na área em que trabalhava, que já estava encaminhada, ou largaria tudo, me sustentaria com o dinheiro que havia poupado e me dedicaria exclusivamente aos estudos. E aí escolhi a segunda opção.
Em abril de 2018 voltei a morar com meus pais, em Volta Redonda, e a partir daí me dediquei exclusivamente aos estudos. Nessa época retomei o que já havia estudado e fui incluindo novas disciplinas para a Receita Federal. Entretanto, começaram os boatos de vários fiscos estaduais. Comecei a pesquisar sobre as carreiras e quando saiu a autorização do concurso para a SEFAZ SC, em julho de 2018, decidi focar 100% neste concurso. Pouco mais de um mês depois, o edital do concurso para a SEFAZ SC foi publicado e a minha motivação chegou ao auge. Fazia uma média de 45 horas líquidas por semana, nessa época. Algo que me ajudou muito foi começar a estudar numa biblioteca, diariamente, durante todo o pós-edital (até então estudava em casa durante a semana e só aos sábados ia para a biblioteca). Havia outras pessoas estudando para concursos lá, inclusive uma amiga com quem havia estudado no Ensino Fundamental e Médio, que também estava estudando para a área fiscal e decidiu fazer o concurso de SC, acabou se tornando um apoio fundamental para mim em toda essa jornada.
Mantendo o foco no edital de SC, fiz a prova da SEFAZ GO no final de setembro de 2018, pois seria a mesma banca de SC. Fiz somente para pegar ritmo de prova, sem nenhuma expectativa, visto que não estudei as disciplinas específicas para tal concurso e, com isso, não obtive nota para estar entre os aprovados. Em novembro de 2018, fiz a prova da SEFAZ SC e, pela primeira vez, senti que poderia ter alguma chance. Para a minha felicidade obtive aprovação neste concurso tão concorrido, como 87º colocado, o que me classificou no cadastro de reserva (não tendo ficado dentro das vagas por uma diferença de 1% na nota).
Somente após a homologação do concurso da SEFAZ SC, no final de janeiro de 2019, voltei a estudar. Pouco menos de 1 mês depois saiu o concurso para a SEFAZ BA, no qual não tive dúvidas de que focaria. Eram menos vagas do que SC, mas era a mesma banca (FCC) e eu tinha ficado bastante confiante com meu último resultado. Mantive, mais uma vez, um ritmo de estudos bom no pós-edital.
Em maio realizei as provas e, para a minha surpresa, me encontro atualmente em 2º colocado no concurso, aguardando ainda a prova de títulos. Depois de todas as mudanças, indecisões, riscos assumidos e abdicações, ver que algo que você tanto queria e para o qual você tanto se esforçou está dando certo, é extremamente recompensador!
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Renato:
- Professor Substituto de Estatística e Pesquisa Operacional (Universidade Federal Fluminense) – 1º colocado
- Professor Efetivo de Estatística e Pesquisa Operacional (CEFET/RJ) – 2º colocado
- Auditor Fiscal SEFAZ SC (Área: Administração Tributária) – 87º colocado (CR)
- Auditor Fiscal SEFAZ BA (Área: Administração Tributária) – 2º colocado (Prova Objetiva e Discursiva – aguardando prova de títulos)
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Renato: Para mim, tanto no concurso de SC quanto no da BA, o momento mais emocionante foi corrigir o gabarito da prova. O concurso da SEFAZ SC foi o primeiro concurso da área fiscal que fiz para o qual eu realmente me preparei. E foi uma sensação muito boa ver que tinha chegado a aproximadamente 83% de acerto naquela bateria de provas, o que me trouxe a aprovação no cadastro de reserva. Já na Bahia, quando vi que tinha obtido aproximadamente 93% de acerto na prova objetiva, foi inacreditável. Eu sabia que aquela nota poderia me colocar não só dentro das vagas, como entre os primeiros colocados. E foi o que aconteceu: depois da nota da prova discursiva, alcancei a 2ª colocação no concurso.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Renato: Não foi uma postura totalmente radical, mas teve muita abdicação sim, principalmente depois de largar meu emprego e me dedicar 100% aos estudos. Nesse período, durante o pré-edital, eu estudava de segunda a sábado, deixando o domingo como dia livre. Tentava sempre sair com amigos no sábado à noite e aos domingos fazia coisas que me relaxavam, como cozinhar, correr, ver séries, ir ao cinema.
Já no pós-edital a abdicação era maior e eu estudava até aos domingos, sendo que num ritmo mais lento que nos outros dias. Algo que me ajudou muito foi que, no pós-edital, eu comecei a estudar diariamente numa biblioteca, onde havia outras pessoas estudando para concursos, principalmente uma amiga com quem havia estudado no Ensino Fundamental e Médio, que também estuda para a área fiscal. Por estarmos na mesma situação, um sempre ajudou muito o outro, conversando bastante e se aconselhando sobre as inúmeras incertezas que surgem ao longo do caminho.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Renato: Sou solteiro e não tenho filhos. Morei em 3 lugares diferentes ao longo da jornada: no início morava com alguns amigos no Rio; já em São Paulo, morava sozinho; e depois de ter largado meu emprego e voltado de São Paulo, morei com meus pais e minha irmã, em Volta Redonda. Minha família não só entendeu, como sempre me incentivou e acreditou muito em mim. Eles foram fundamentais para todas as minhas conquistas!
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Renato: Isso é um ponto complicado… Eu acho que vale a pena fazer outros concursos sim, com o principal objetivo de pegar ritmo de prova. Ainda mais para quem nunca fez concurso na vida. Mas tomando sempre muito cuidado com a expectativa que se cria ao fazer um concurso para o qual você não está preparado.
Eu estudei muito tempo sem fazer provas. Muitas pessoas são contra isso, mas eu escolhi respeitar meu tempo, pois minha decisão era ir com calma. Quando fiz a prova da SEFAZ/GO, por exemplo, eu não tinha nenhuma expectativa de passar. Encarei aquela prova como uma preparação para a prova da SEFAZ/SC, para a qual eu estava me preparando. Não tive nota para estar entre os classificados em GO, mas tirei muito proveito da experiência e não me frustrei.
Agora, sair fazendo todos os concursos possíveis que aparecem, acreditando que uma hora um vai dar certo e sem se preparar direito para nenhum, eu não sou a favor.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Renato: Direcionado ao concurso da SEFAZ/BA, estudei a partir da publicação do edital, o que deu algo em torno de 3 meses de estudo. Entretanto, já estava há algum tempo me preparando para a área fiscal, com todas as matérias básicas já fechadas.
Portanto, todos os dias de estudo, desde quando eu ainda trabalhava e estudava num ritmo mais lento, foram importantes para minha aprovação.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Renato: Grande parte do tempo estudei sem edital publicado. Acredito que dois pontos fundamentais me ajudaram a manter a disciplina nos estudos: organização e criação de metas de curto prazo.
Antes de começar a estudar, eu criei uma planilha no Excel onde pretendia registrar as horas líquidas estudadas de cada matéria, de forma a ter um histórico para mensurar minha evolução e, também, onde organizava meu estudo futuro. Era uma planilha simples, nada demais, mas que foi muito importante, pois eram muitas disciplinas a serem estudadas. Basicamente as colunas representavam as disciplinas e as linhas os dias de estudo. Então nos dias passados eu tinha as horas líquidas registradas por disciplinas, além de um total geral no final. Nos dias futuros eu tinha o planejamento de cada disciplina, com as aulas do PDF que ainda faltavam ler (se eu tivesse no primeiro contato com a matéria) ou com a lista dos cadernos de questões que havia criado no TEC Concursos (se já tivesse na etapa de exercícios).
Eu me organizava nessa planilha de forma a saber quais disciplinas e também qual o assunto de cada uma delas eu estudaria em cada dia. Conhecendo meu ritmo de estudo, eu conseguia calcular mais ou menos quando finalizaria cada etapa. Então, quando sentava para estudar, sabia que cumprindo a meta daquele dia (meta de curto prazo), eu cumpriria minha meta final no prazo estabelecido. A sensação de ir cumprindo metas pequenas para poder chegar ao objetivo final, mesmo que a longo prazo, foi mantendo a minha motivação.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Renato: Como material usei livros e cursos em PDF. Sempre aprendi melhor lendo do que prestando atenção em aulas, então optei por não utilizar videoaulas. Livro só usei para uma disciplina, que foi Direito Tributário. Para as outras, foi somente PDF mesmo. Os cursos em PDF são mais objetivos e você acaba finalizando os assuntos mais rapidamente, podendo ir direto fazer questões que, para mim, era a melhor maneira de fixar os assuntos.
Além disso, também imprimia muitas leis importantes para customizá-las com minhas anotações e sempre as relia. Utilizei também o TEC Concursos para fazer questões e, enquanto trabalhava, às vezes ia para o trabalho ouvindo a CF ou o CTN em áudio.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Renato: Conheci o Estratégia Concursos através de pesquisas na internet, enquanto buscava cursos em PDF para o concurso da Receita Federal. Chamou muito minha atenção o fato de ter tantos professores que haviam passado no concurso da Receita Federal. Senti confiança e decidi adquirir um material para ver se gostava. Gostei muito e, depois disso, fui adquirindo vários outros ao longo do tempo.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Renato: Eu comecei estudando somente 2 disciplinas, em dias alternados (1 por dia) enquanto trabalhava. Adicionei mais algumas disciplinas depois de um tempo, mas estudando no máximo 2 por dia. Só cheguei a média de 4 ou 5 disciplinas quando larguei meu trabalho e fiquei focado 100% nos estudos. Neste momento eu lia a teoria das matérias e ia fazendo revisões programadas; depois de finalizado focava somente em exercícios e em lei seca.
A média de estudos por dia é algo muito complicado de dizer, pois variou bastante durante todas as fases que tive. Enquanto trabalhava, não fazia mais de 3 horas líquidas por dia, sendo que no início fiquei um bom tempo estudando num ritmo menor do que esse. Depois que larguei meu emprego e fiquei focado nos estudos, chegava a uma média de 5 a 6 horas líquidas por dia no pré-edital. E no pós edital a uma média de 7 a 8 horas líquidas por dia. Poucas vezes consegui passar das 9 horas líquidas diárias.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Renato: No início acredito que a disciplina de Contabilidade tenha sido a mais complicada. Para mim, o problema da Contabilidade não era a parte matemática, pois julgo ser relativamente simples, mas sim a parte conceitual. O conteúdo é muito extenso e eu ficava muito tempo num só assunto e não avançava. Acho que somente depois de internalizar o lema do “Feito é melhor do que Perfeito” é que as coisas melhoraram com essa disciplina. Fui aceitando certas coisas que não entendia, fazendo exercícios e com o tempo tudo foi clareando. Além disso, foi também um desafio no início aprender várias das disciplinas do Direito, pois foge muito da minha área de formação.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Renato: A semana anterior à prova reservei somente para revisões. Desacelerei totalmente, não acordava tão cedo e tentava fazer algumas atividades que me relaxavam também. Não sou muito daquelas pessoas que estudam até o último momento. Prefiro relaxar e me preparar mentalmente para a bateria de provas.
Tanto em SC quanto na BA, o dia anterior da prova foi, sobretudo, de descanso. Acordei mais tarde, li algumas fórmulas pela última vez e depois saí de casa para distrair a cabeça.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Renato: Na SEFAZ/BA houve a etapa de prova discursiva, mas tenho que confessar que só estudei o conteúdo, que também caía na prova objetiva. Não fiz nenhum curso de discursivas e nem fiz questões discursivas para treinar. Optei por estar bem no conteúdo e na hora tentar ser o mais claro e objetivo possível nas respostas. No meu caso deu certo!
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Renato: Os principais ERROS ocorreram durante o início da preparação. Ia lendo os materiais e fazendo resumos muito grandes, que não utilizava depois. Quase não fazia exercícios. Enfim, vários daqueles erros de iniciante. Além disso, acho que errei bastante ao descuidar da parte emocional, um pouco antes de largar o meu emprego. Era bastante difícil manter o ritmo de estudos, principalmente por causa das viagens a trabalho e isso me abalou muito. Entretanto, sempre tentei fazer o meu melhor, e cada um desses erros me ensinou muito e foi importante para as conquistas que estou tendo hoje.
Em relação aos ACERTOS, acredito que minha organização sempre me ajudou muito a ter controle sobre onde eu queria chegar e sobre o que precisava fazer diariamente para chegar lá, o que me ajudou a manter o foco no longo prazo. Outro grande acerto, na minha opinião, foi ter começado a estudar trabalhando e só largar o emprego depois. Esse momento foi muito importante para eu desenvolver a minha autoconfiança, o que foi fundamental para manter o equilíbrio emocional quando estava focado 100% nos estudos.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Renato: O mais difícil, para mim, foi ter que abdicar de tantas coisas. A sensação, nos momentos mais difíceis, é de que a vida de todo mundo está acontecendo lá fora e a sua parou…
Na minha trajetória tive muitas incertezas, algumas vezes parei de estudar, mas sempre havia algo dentro de mim me falando para continuar. Acho que o que me fez seguir em frente foi o autoconhecimento que fui desenvolvendo ao longo da caminhada, o respeito ao meu próprio ritmo, a aceitação de que era um projeto de longo prazo e a enorme vontade que eu tinha de que aquilo desse certo.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Renato: No meu caso, eu tive várias motivações e teria bastante dificuldade em eleger a principal. Sem dúvidas, uma delas, foi pensar em como seria minha vida depois de aprovado. A estabilidade e a segurança que a carreira pública proporciona é algo que sempre me atraiu. A remuneração também foi um fator que sempre me motivou bastante. Por fim, pensar em um dia fazer parte de uma carreira tão importante para o funcionamento do Estado como a carreira de Auditor Fiscal é extremamente motivador.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Renato: Primeiramente, acho importante saber que tudo é questão de dedicação e persistência. Desenvolva sua autoconfiança e busque ajuda se não conseguir sozinho, não há problema nenhum nisso! Você vai precisar dela no longo prazo, pois estudar para concursos de alto nível, fora algumas exceções, é sim um projeto de longo prazo. Aceitando esse fato, se você for aprovado antes, será uma grande satisfação; se não for, pelo menos estará preparado emocionalmente para se manter firme!
Além disso, tome muito cuidado com comparações. Não há uma fórmula a ser seguida em que todo mundo se encaixe. Não há um número de horas exatas que você deva estudar por dia e nem um ritmo de leitura que todos devam seguir. Cada um tem seu ritmo e o melhor a fazer é aceitar e respeitar o seu! Não abdique de tudo: há situações na vida que não voltam mais, então as aproveite também. Faça o seu melhor e busque sempre um equilíbrio!
Nessa caminhada de estudo para concursos, assim como na vida em geral, há muitas variáveis que não podemos controlar. Aceite isso, faça bem feito aquilo que está sob seu controle e esqueça aquilo que você não pode controlar, acreditando que algo maior que todos nós, seja lá o que for, está cuidando desta parte!
Existe uma frase proferida pelo Steve Jobs num discurso para formandos da Universidade de Stanford que sempre lia nos momentos de incerteza:
“Você não consegue ligar os pontos olhando pra frente; você só consegue ligá-los olhando pra trás. Então você tem que confiar que os pontos se ligarão algum dia no futuro. Você tem que confiar em algo – seu instinto, destino, vida, carma, o que for. Esta abordagem nunca me desapontou, e fez toda diferença na minha vida.”
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Abraços,
Thaís Mendes