Aprovado em 1º lugar na PGE SP, Pedro destaca ‘disciplina implacável e muita estratégia’ como segredo da aprovação
“A partir de agosto de 2017 até a aprovação na PGE SP estudei todos os dias, sem nenhuma exceção. Não tive natal, ano novo, carnaval, aniversário, nada. Não fui a absolutamente nada e estudei simplesmente todos os dias.”, diz o aprovado em 1º lugar.
Conquistar uma meta é sempre gratificante, mas quando se trata de algo que vai mudar de vez a vida da pessoa, a satisfação é ainda maior, indescritível. Essa é a sensação que Pedro Monnerat Heidenfelder experimenta atualmente com um ingrediente ainda mais admirável: ficou no primeiríssimo lugar na lista de aprovados em todas as etapas do concurso para Procurador do Estado de São Paulo, PGE SP.
Esse glamour do primeiro lugar é inesquecível, assim como todo o processo de extrema dedicação, abdicação e esforço contínuo, até a tão sonhada aprovação.
Do início ao topo
A trajetória do carioca criado em Niterói não foi linear na área de direito, deu umas voltas até encontrar seu caminho. O primeiro vestibular foi para engenharia ambiental. Começou animado. Mas após dois anos, viu que não era bem aquilo que queria e parou.
Ficou cerca de um ano estudando por conta própria, basicamente lendo livros de literatura e filosofia, até pensou em fazer filosofia. Mas ao imaginar uma profissão, o direito apareceu como melhor escolha, um campo filosófico e prático também.
Graduou-se em 2014 na Universidade Federal Fluminense, depois de seis anos e um intercâmbio na Espanha. Mesmo sem estudar muito, passou de primeira na OAB.
“Acho que me dei bem na OAB porque encarava aquilo não como um teste de conhecimento, mas como um teste. Por exemplo, só em requisitos formais da peça você ganha metade da pontuação. Conhecimento talvez eu não tivesse tanto, mas fui um estrategista, vi quais eram os pontos fáceis e ganhei todos.”
Recentemente, Pedro juntou a facilidade natural que tinha nos estudos com uma disciplina implacável e muita estratégia, elementos que ele aponta como causas do excelente resultado na PGE SP.
Concursos
A decisão de prestar concursos ocorreu ainda na faculdade, em 2013, só que ficou apenas “tentando estudar” até 2016. Ano em que foi lançado o edital da residência da Procuradoria do Estado do Rio de Janeiro.
Já com 30 anos de idade, sentiu uma certa pressão para acelerar o processo até se tornar procurador. Ele estudou muito durante dois meses e passou em terceiro lugar, cargo que ocupa desde então, com uma carga horária flexível de, aproximadamente, quatro horas diárias.
O mais novo procurador de São Paulo acumulou alguns fortes sofrimentos em reprovações, como para procurador de Paraty, da Alerj e de Sergipe, todos concursos com poucas vagas. Porém, aprendeu bastante a cada derrota. Começou a avançar às segundas fases, mas o fato de não chegar à Prova Oral da Alerj, em julho de 2017, o fez repensar a forma de estudar.
“É muito duro ficar envolvido tanto tempo com uma prova e não passar. Comecei a buscar cursos de questões subjetivas, focar em certames com mais vagas e determinei que concurso não seria mais sonho e sim profissão, eu seria estudante profissional. Comecei a acordar cedo, 5h30 da manhã. A partir de agosto de 2017 até a aprovação na PGE SP estudei todos os dias, sem nenhuma exceção. Não tive natal, ano novo, carnaval, aniversário, nada. Não fui a absolutamente nada e estudei simplesmente todos os dias. Fiquei um ano sem ver minha mãe, que está morando na Argentina.”
Estudos
Pedro mantinha uma rotina saudável e “bem profissional”. Tentava ir à academia logo que acordava, preparava toda a sua alimentação e estudava apenas durante o dia, quando escurecia ele parava. A namorada, com quem vivia, era o único contato social que tinha, ainda assim se sentia contente por concentrar totalmente no seu objetivo.
Quando foi autorizado o concurso da PGE SP com 100 vagas, Pedro nem acreditou. Bastante empolgado, começou a estudar em novembro de 2017 com dedicação ainda maior. Comprometeu-se consigo mesmo a estudar tudo de todas as matérias. Foi quando conheceu o Estratégia, adquiriu um curso de legislação específica tributária. Acompanhou também o curso de reta final e contratou o nosso serviço de coaching.
A média diária de estudos ficava em torno de oito a nove horas, de 8h até 16h, e seguia para o trabalho. Tentava variar entre três matérias a cada dia e gostava de ler a lei seca várias vezes. Quando tinha uma carência buscava material extra e fazia um cronograma para conseguir ver as videoaulas.
“As pessoas têm medo de lei, achando que não vão ter capacidade de entender, eu quebrei isso. Usava toda a minha energia pra ler as leis, o que cansa muito, e quando já estava esgotado preenchia os espaços de estudo com videoaula, o que sanava algo não entendido. Via aulas nos caminhos, no horário de almoço. E sempre fiz muitas questões. Fazia ciclos de quatro semanas com umas quatro horas por dia só resolvendo exercícios.”
Ciente de que a Vunesp apenas organizaria o concurso e de que a prova seria elaborada pelos procuradores de São Paulo, Pedro diversificou. Resolveu questões variadas para juiz, promotor e procurador. Bastante afiado, fez a prova da Procuradoria de Pernambuco sem alterar em nada seu estudo e ficou em 5º lugar nas provas objetiva e discursiva, caiu um pouco em títulos depois.
A prova de São Paulo foi sucesso absoluto, culminando com o topo da classificação após a terceira fase. “Na sessão pública de leitura de notas, com umas 240 pessoas, fiquei em estado de graça. É uma gratidão completa de reconhecimento pelo esforço e toda essa privação.”, comenta.
Motivação e dificuldades
Com apoio total da família, Pedro conquistou sua grande meta profissional aos 32 anos. Ressalta que a vontade de mudar de vida foi a maior motivação durante o percurso. As dificuldades foram lidar com tensão, medo de não conseguir, frustrações e também aprender com erros, em posições bem desconfortáveis. Ele deixa uma dica a quem se propõe a alcançar objetivo parecido:
“A pessoa tem que ser muito sincera consigo e nunca pode ficar num falso conforto, achar que tá sabendo muito, enganar-se é o pior. Tem que se testar, fazer prova, não tem um ponto perfeito, tem que se corrigir sempre. Além disso, tem que acreditar, ter muita fé.”, finaliza.
Renata Martins
Jornalista Estratégia Concursos