“Todos nós sabemos que a concorrência nos certames está cada vez mais alta, mas acho que isso não pode em hipóstese alguma mitigar a autoconfiança do candidato. O importante é manter a disciplina e a motivação, comparando sempre o nosso conhecimento de ontem com o de hoje, valorizando cada passo e exigindo cada vez mais de nós mesmos”
Fazer uma graduação e, depois de formado, não se encontrar na profissão. São inúmeras as pessoas que passam por essa situação e acabam ficando sem rumo e muitas vezes frustadas por fazer algo que não as estimulam. Mas quem disse que não dá para dar uma nova guinada na vida em busca de um futuro diferente?! A Médica Veterinária, Micaella Rose, é um exemplo disso!
Formada pela Universidade Federal do Paraná, Micaella tentou atuar na sua área mas logo percebeu que não era isso que queria. Então, logo optou por se preparar para a realização de concursos públicos. Em Janeiro de 2012 iniciou sua preparação e logo no ano seguinte vieram os frutos de sua dedicação: sua aprovação no concurso do Tribunal Regional do Trabalho.
Confira a entrevista concedida ao Professor e Coordenador do Estratégia Concursos, Mário Pinheiro, e veja que não existe segredo para o sucesso, que basta dedicação, força de vontade e autoconfiança na caminhada rumo à aprovação.
Mário Pinheiro: Conte-nos um pouco sobre você, para que nosso leitor possa te conhecer melhor. Você é formada em que área? Trabalhava e estudava, ou se dedicava inteiramente aos estudos?
Micaella Rose: Olá, Mário! Primeiramente gostaria de agradecer pela oportunidade! Sou formada em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Paraná. Tentei atuar na minha área de formação, mas logo percebi que não havia me encontrado profissionalmente, motivo pelo qual comecei a pensar em concursos. Em janeiro de 2012, iniciei meus estudos, passando a me dedicar exclusivamente a eles.
Mário Pinheiro: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Micaella: Como eu nunca havia estudado Direito e não tinha experiência com nenhum concurso, resolvi me matricular em um curso telepresencial voltado para a área fiscal, aproveitando esse contato inicial com as matérias jurídicas administradas pelos professores e estudando em casa apenas as que eram cobradas na prova de Auditor Fiscal do Trabalho (meu foco na época). Simultaneamente, li alguns livros de Direito para melhorar a qualidade dos meus estudos. Além disso, utilizei o material do Estratégia para reforçar as matérias que eu já conhecia melhor e outras que ainda não havia estudado. Particularmente, prefiro livros específicos para concursos e cursos em PDF, pois aprendo mais lendo do que assistindo a aulas telepresenciais. Mas sei que isso é algo muito pessoal. A grande vantagem de estudar em casa é seguir seu próprio ritmo, diferentemente do que acontece em sala de aula, onde se deve acompanhar a dinâmica do professor.
Mário Pinheiro: Como era seu planejamento e sua rotina de estudos? Qual foi a média de horas de estudo por dia? Quantas matérias você estudava por dia?
Micaella: Meu primeiro passo foi decidir qual seria meu foco e, para isso, li um livro sobre preparação para concursos, técnicas de estudos, dicas para a realizaçao de provas, etc. Foi quando eu optei pela área fiscal trabalhista e planejei uma rotina de estudos para o AFT (Auditor Fiscal do Trabalho). Depois de formar uma boa base nas matérias mais importantes, como Direito Administrativo, Constitucional, Trabalhista, Português e Raciocínio Lógico, utilizei minha rotina para fazer mais exercícios e fixar meu conhecimento. Tentei diversificar o máximo possível meu ciclo de estudos, intercalando matérias de áreas distintas do conhecimento e destinando no máximo 3 horas seguidas para cada uma. Desta forma, cheguei a estudar até 5 matérias por dia e minha rotina de estudos se tornou mais dinâmica e menos cansativa, o que me proporcionou uma sensação relativamente rápida de que eu estava acumulando conhecimento e me motivou cada vez mais! Cabe ressaltar que o controle de horas líquidas estudadas era sagrado para mim. Eu mantinha um caderno apenas para este fim, anotando diariamente o horário de início e de término dos meus estudos e descontando os minutos de pausa para descanso utilizados ao longo do dia.
Mário Pinheiro: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social para passar no concurso o mais rápido possível?
Micaella: Não foi preciso abdicar do convívio com as pessoas das quais eu gosto. É claro que nós temos que fazer concessões e ponderar bem o que realmente devemos fazer em cada momento: estudar ou dispor de um tempo de lazer. Às vezes dedicava mais meus finais de semana aos estudos, dependendo do ritmo em que me encontrava. Porém, normalmente, descansava no sábado e/ou no domingo, pois notei que, quando estudava com muito afinco nesses dias, ficava extramente cansada nos seguintes, obtendo um rendimento aquém do que eu gostaria. Mas uma coisa é certa: nada como a publicação de um edital para nos trazer aquela energia extra, que acaba nos impulsionando em qualquer dia da semana! Ressalta-se, também, que eu não trabalhava na época, o que contribuiu muito para que eu pudesse dispor de mais horas de lazer.
Mário Pinheiro: Ao longo de sua jornada, você tentou outros concursos, para treinar e se manter com uma alta motivação ou decidiu manter o foco apenas naquele concurso que era o seu sonho? Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Micaella: O único concurso que eu fiz além do TRT-PR foi o da Receita Federal, em 2012. Naquela época, meu foco ainda era o concurso de AFT e a banca examinadora era a mesma para ambos, razão pela qual julguei importante fazer a prova para o cargo de auditor fiscal da Receita Federal. Porém, não modifiquei meu ciclo de estudos, na tentativa de memorizar as matérias cobradas neste edital, pois meu objetivo era verificar, em tempo real de prova, o nível de dificuldade das questões e os temas que estavam sendo mais abordados pela banca. Em dezembro de 2012, foi publicado o edital do TRT-PR e, como eu já havia estudado cinco das seis matérias exigidas no certame, passei a me dedicar, a partir de janeiro de 2013, exclusivamente para este concurso. Acho interessante selecionar bem as provas de acordo com nossos objetivos, analisando se estamos diante de uma real oportunidade ou de algo que possa nos servir de experiência, não fazendo com que isso prejudique nossas horas de estudo para o cargo almejado.
Mário Pinheiro: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: Você costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e re-leitura da teoria?
Micaella: Desde o início eu anotava minhas revisões de acordo com cada matéria estudada, programando-as com uma peridiocidade voltada para não esquecer o que eu já havia estudado e mantendo minha memória de longo prazo sempre ativa. Realizava, portanto, a primeira revisão depois de 7 dias e as próximas a cada 30 dias. Inicialmente, eu apenas relia as frases que eu havia grifado estrategicamente para facilitar meu estudo, acompanhadas de anotações às margens do texto que eu julgava importantes.
Com o tempo, fui testando meus conhecimentos com diferentes tipos de exercícios, priorizando os da banca examinadora do concurso em questão. Porém, acabei priorizando as revisões teóricas, pois o volume de matérias era muito grande e quase todas eram novidade para mim. Além disso, não tinha o costume de fazer resumos e esquematizar as matérias, pois acabava perdendo muito tempo com isso, sendo que o texto grifado já se encontrava à minha disposição, podendo ser estudado a qualquer momento. Todavia, algo que me ajudava na memorização eram os lembretes em papel colorido que eu colova no próprio livro ou nas folhas dos cursos em PDF, chamando a atenção para algum tópico importante.
Mário Pinheiro: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Micaella: Normalmente as matérias mais difíceis são aquelas que exigem quase que exclusivamente a memorização, sem que se possa criar uma lógica ou uma linha de raciocício para nos orientar. É a famosa “decoreba”! Quando tinha me via diante de uma situação dessas, aumentava a frequência de revisões e estudava com muita atenção o conteúdo. Eu mantinha a calma, pois sabia que a minha dificuldade poderia ser a mesma de muitos outros candidatos, cabendo a mim encontrar uma forma de superá-la!
Mário Pinheiro: Quais foram os principais erros e acertos em sua preparação?
Micaella: Considero o foco e a minha disciplina os meus maiores acertos, além do cuidado que eu tive para encontrar o método de estudo que fosse mais compatível comigo. Eu logo percebi que meu rendimento era muito maior em casa, lendo livros e cursos em PDF, do que em sala de aula. Com isso pude me adaptar, da melhor forma possível, ao edital do concurso, fixando cada vez mais as matérias. Saliento ainda que as revisões foram fundamentais para que eu formasse a base do meu conhecimento e mantivesse o que eu já havia estudado de forma ativa na minha memória.
Em contrapartida, no início encontrei dificuldade para avançar no meu ciclo de estudos e acabei estudando uma mesma matéria por mais de 4 horas, por exemplo, o que fazia com que eu me sentisse mais cansada. Desta forma tive que corrigir esse hábito com o passar dos meses, conseguindo diversificar mais o meu ciclo e obtendo, consequentemente, um desempenho melhor. Acredito, também, que poderia ter resolvido mais questões para aumentar minha segurança no dia da prova, mas tive um tempo relativamente curto para aprender todas as matérias, o que me levou a priorizar a teoria.
Mário Pinheiro: As notas de corte em concursos de TRT têm sido altíssimas. No seu caso, mesmo acertando 58 das 60 questões, ficou em 94ª colocação, e o edital só disponibilizava 12 vagas imediatas para o cargo de técnico. Você esperava esse resultado?
Micaella: Não esperava! Foi uma surpresa muito grande tanto pelo número de questões que eu acertei quando pela minha colocação, pois não imaginava que pudesse obter um desempenho como esse, como também não sabia que a nota de corte seria tão alta. Quando vi que havia me classificado em 94º lugar, fiquei um pouco apreensiva, mas me informei a respeito do número de candidatos nomedos no certame anterior e logo me acalmei. Deve-se lembrar, entretanto, que a prova contava apenas com questões objetivas, não havendo, portanto, a possibilidade do candidato se diferenciar com uma boa nota na redação.
Mário Pinheiro: Quanto tempo demorou até ser nomeada? As remoções são frequentes em Tribunais do Trabalho?
Micaella: A homologação do concurso ocorreu em agosto de 2013 e minha nomeação em outubro daquele ano. Normalmente, o TRT-PR tem publicado as nomeações a cada dois meses, as quais são precedidas de etapas complementares de remoção. Essas etapas abrangem apenas os servidores mais novos, oportunizando a remoção de quem ingressou recentemente no quadro de servidores do Tribunal para uma cidade de sua preferência.
Mário Pinheiro: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concursos públicos? Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Micaella: Acredito muito na importância de saber como se preparar para um concurso. Vejo muitas pessoas que não querem perder tempo pesquisando os melhores materiais e métodos de estudo mais eficazes. Além disso, é comum notar a falta de preocupação com as atribuições dos diversos cargos existentes na Administração Pública, o que faz com que uma grande parte dos concursandos deixe de refletir sobre a sua real compatibilidade e afinidade com as diferentes áreas da carreira pública. Com isso, perde-se o foco, que eu considero fundamental para se obter aprovação em um concurso de forma mais rápida.
Outro ponto interessante é o que eu chamo de “competir com você mesmo”. Todos nós sabemos que a concorrência nos certames está cada vez mais alta, mas acho que isso não pode em hipóstese alguma mitigar a autoconfiança do candidato. O importante é manter a disciplina e a motivação, comparando sempre o nosso conhecimento de ontem com o de hoje, valorizando cada passo e exigindo cada vez mais de nós mesmos.
Uma coisa que me ajudava muito era pensar no tanto que eu tinha aprendido e em como eu havia superado minhas dificuldades, acumulando um conhecimento cada vez maior. Isso me trazia uma vontade de evoluir ainda mais, por isso eu traçava metas durante os estudos, apertava o ritmo e pensava duas vezes antes de fazer uma pausa para o descanso, testando, assim, meus próprios limites. Eu sabia que a concorrência era enorme, mas tinha certeza também de tudo que eu havia feito para aumentar minhas chances de ser aprovada naquele concurso. E ir para uma prova com a consciência tranquila faz toda a diferença!
Gostaria de dizer, ainda, que a preocupação com as horas líquidas de estudo é essencial, inclusive para manter essa cobrança consigo mesmo. E eu não estou falando aqui de 12 ou 14 horas por dia, pois não acredito que alguém realmente mantenha essa média ao longo dos meses, como lemos em muitos fóruns na internet. Estou me referindo a uma rotina de estudos com qualidade e constância! Não adianta passar horas e horas em cima de um livro se você não consegue absorver direito as informações. Estudem com afinco, dediquem-se ao máximo, mas não se deixem influenciar pelo que se lê nos sites. Acreditem em mim: uma média de 6 horas líquidas de estudo é o suficiente para consolidar toda a matéria!
E, por fim, leiam e releiam. Procurem deixar a ansiedade de lado e não tentar ver o conteúdo da forma mais rápida possível, pois as revisões são indispensáveis pare se manter o conhecimento ativo na memória e obter sua almejada aprovação!
Confira outras entrevistas em:
http://www.estrategiaconcursos.com.br/depoimentos/
Assessoria de Comunicação
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