Entrevista – Anna Barroso Santos – Aprovada no Tribunal de Contas do Distrito Federal – TCDF
Aproveitamos para parabenizar a Anna e todos os outros aprovados (grande parte alunos do Estratégia), bem como agradecer pela entrevista concedida, que servirá de estímulo aos colegas que continuam na luta!
Estratégia: Anna, conte um pouco de sua formação e trajetória:
Anna: Sou natural de Juiz de Fora – MG, formada em Engenharia de Alimentos, pela Universidade Federal de Viçosa. Comecei meus estudos em 2008, alguns meses após me formar. Fiquei meus dois primeiros anos de preparação focada totalmente na Receita Federal. No final de 2009, saiu o tão aguardado concurso para Auditor da RFB, mas não fui aprovada, fiquei por uma questão para ir pra segunda fase. Até então, eu achava que bastava estudar muito para conseguir passar e foi um susto minha reprovação.
Depois de muito chororô, resolvi traçar qual seria meu novo caminho, a previsão de um novo concurso para Receita era só em 2012 (Veja que ironia!) e eu não estava disposta a esperar até lá. Vi que havia um pedido de autorização para CGU e resolvi me dedicar. Em setembro de 2010, se não me falha a memória, o pedido de autorização foi arquivado, eu estava de novo sem saber para onde ir. Lembro-me de ter tido um péssimo rendimento nos meses seguintes e de enfrentar uma das minhas piores fases de desânimo. Na época, li alguns comentários no Fórum Concurseiros sobre a evasão de servidores da CGU para o TCU e pensei: Ué, vou tentar direto esse, então. Comecei a me informar sobre o órgão e logo vi que aquela, sim, era a carreira na qual eu me sentiria realizada profissionalmente. Já era quase abril de 2011 quando comprei meu primeiro livro de Controle Externo. A partir de então, direcionei todo meu estudo para a Corte de Contas. O edital saiu em agosto e eu queria passar de todo jeito daquela vez. Estudei muito, gastei uma grana com materiais, me sentia segura, bem preparada e rezava para que aquela fosse a minha vez. Mas não foi. Cheguei a ter as redações corrigidas, mas não fiquei entre as vagas. O desespero começou a bater, muito, de verdade, e comecei a ficar com medo de estudar pra sempre.
Estratégia: Como foi o seu ritmo de estudos após a publicação do edital do concurso para o TCDF?
Anna: Quando o edital para o TCDF saiu, eu estava ainda bem desanimada por causa do resultado do TCU. Lembro-me de ter lido o edital do TCDF e pensado: Já era, não tem como. O edital trouxe matérias de Auditoria Governamental, Obras e TI, tudo junto, e eu sabia apenas a parte de Auditoria, para a qual tinha concorrido no TCU. Mas…eis que uns dias depois entro no site do EVP e vejo o seguinte artigo do professor Fernando Gama: Saiu o edital para o concurso do MELHOR Tribunal de Contas do Brasil!!!! Fiquei com a pulga atrás da orelha… melhor?! MELHOR?! Ainda não sei a resposta, mas foi essa pergunta, esse artigo que me deram um clic e me fizeram encarar o desafio. Fiz meu planejamento, calculei as horas de estudo disponíveis até a data da prova e acelerei. Exageros à parte, nada como um edital em mãos para dar sentido à vida de um concurseiro! Estudar Obras e TI quase me levou à loucura, muitas vezes tinha vontade de sair correndo (e muitas vezes era o que eu fazia), não conseguia me sentir segura nessas disciplinas, principalmente em Obras, matéria em que tive problemas com o material comprado e acabei sendo obrigada a abandonar certos tópicos do edital. Por outro lado, alguns professores escrevem aulas tão boas que a gente acaba tendo algumas preferências na hora de estudar. Gostaria de parabenizar e agradecer os professores Heber Carvalho, Sérgio Mendes, Cyonil e, especialmente, Erick Alves e Fabiano Sales, que me ajudaram na elaboração dos recursos da segunda etapa do concurso.
Estratégia: Você disse que tinha vontade de sair correndo e que muitas vezes fazia isso?
Anna: Descobri na corrida um instrumento de otimização dos meus estudos, uma maneira de manter a sanidade mental (rsrs), inclusive em épocas de edital lançado. O que eu fazia nesses períodos era não ter um horário fixo para correr, estudava até a cabeça pifar, então, parava, corria e voltava com concentração suficiente para mais algumas horas de estudo. No começo, ficava com medo de estar perdendo tempo (já corri muito escutando a CF/88!), mas certa vez fui obrigada a parar de correr por três meses e tive uma significativa queda no meu rendimento. Depois disso, tive consciência da importância da corrida para a manutenção do meu ritmo de estudo. À primeira vista pode não parecer, mas concurseiro e corredor desenvolvem habilidades muito semelhantes.
Estratégia: Quais foram os principais erros e dificuldades durante sua preparação?
Anna: Acho que errei em só querer determinado cargo e nunca ter me dedicado aos concursos escadinhas, os poucos que fiz – acho que só SUSEP e MPU – foram sem preparação. Só queria saber de Auditor da RFB e depois só me interessava pela CGU e pelo TCU. O próprio TCDF por muito pouco não saiu do meu foco. Isso prolongou bastante meu tempo de estudo e aumentou demais a minha cobrança na hora de realização das provas. No TCU, fiz a maior parte da prova do segundo dia chorando por ter visto que não sabia o tema da peça técnica. Achava que só lembrando detalhadamente as disposições legais é que eu teria chance. No TCDF, eu estava muito mais tranquila, ainda que não estivesse me sentindo tão bem preparada quanto no TCU.
No começo eu achava que se passasse para algum cargo diferente do sonhado estaria comprometendo futuras aprovações. Acontece que ninguém consegue ficar por conta de estudar, todo dia, 8h/dia durante 4 anos! Tinha dia, principalmente em épocas sem nenhum edital aberto, que eu ficava o dia inteiro sentada tentando estudar, mas não rendia! Ficava exausta e frustrada. Acho também que gastei tempo com materiais de pouca qualidade, lia e relia apostilas nos primeiros meses de estudo, ainda não sabia como era esse mundo…
Estratégia: Que materiais você usou para sua preparação?
Anna: Fiz duas vezes um pacotão de aulas telepresenciais para Receita Federal. As aulas me deram uma base, mas não recomendo. Era super cansativo: aulas todo dia à noite e aos finais de semana. Vejo que tive um grande avanço nos estudos a partir do momento que passei a estudar por cursos em pdf – acho uma grande otimização de tempo. Pra mim cursinho presencial é só pra ter um primeiro contato com o mundo dos concursos ou para aparar algumas arestas. No começo de 2011 voltei para as aulas telepresenciais, mas dessa vez eram apenas de resolução de exercícios, durante os finais de semana. Foi a forma que encontrei para manter o ritmo em um ano atípico, sem promessas de grandes concursos. Li alguns livros também, mas tanto no TCU, quanto no TCDF, estudei praticamente apenas por cursos em pdf após a publicação do edital.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos?
Anna: Quando não havia edital publicado, eu muitas vezes não cronometrava meu tempo de estudo diário, mas tentava estudar umas 6h/dia. Entretanto, quando o edital da Receita, do TCU e do TCDF foram lançados eu calculei quantas horas disponíveis eu tinha até a prova e separei a carga horária por matéria. Estabelecia um mínimo de 40 ou 42/semanais e à medida que ia fazendo hora-extra eu acrescentava tempo nas disciplinas mais críticas. No TCDF, por exemplo, eu consegui fazer mais de 100 horas-extras de estudo.
Estratégia: Todos os concurseiros passam por muitas dificuldades na caminhada até a aprovação. Que palavras você gostaria de transmitir a quem continua sonhando com a conquista de um cargo público?
Anna: A vida de estudar pra concursos requer abdicações que nem sempre são rapidamente recompensadas e é aí que muitos desistem. A aprovação depende também de uma dose de sorte, afinal, são muitos candidatos de altíssimo nível para poucas vagas. Gosto da seguinte frase do Guimarães Rosa: Sorte é isto. Merecer e ter. Então, façam por merecer, estudando com seriedade, e esperem a sorte chegar. Ela chegou pra mim no concurso do TCDF! ;)