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ENEM 2016 COMENTADO. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS.

    Olá pessoal. Em primeira mão trago a avaliação de ciências humanas e suas tecnologias. Enem 2016 comentado. Sou o professor Sérgio Henrique do ESTRATÉGIA ENEM e o acompanho o tempo todo. Durante a preparação, de plantão durante o exame e após a prova para fornecer o gabarito mais rápido do Brasil. Agora, toda prova comentada.


Como sempre foi uma prova bastante interdisciplinar. Pesou bastante sua exigência de leitura de textos, muitos complexos e alguns confusos. Este foi um pecado terrível da banca principalmente na questão da imagem sobre a frança e o café brasileiro. Confiram com seus professores de português e verão que verdadeiramente a questão traz uma ambiguidade terrível, que não permite distinguir com clareza se a pergunta é sobre o Brasil (seria letra D) ou sobre a França (neste caso alternativa E). Salvo este erro seria uma excelente questão.
Vamos agora às resoluções comentadas. Este artigo é para você acessar sempre que tiver alguma dúvida sobre este exame. No final temos o link do nosso gabarito ESTRATÉGIA. Confira.


História:

1. (ENEM 2016) Pois quem seria tão inútil ou indolente a ponto de não desejar saber como e sob que espécie de constituição os romanos conseguiram em menos de cinquenta e três anos submeter quase todo o mundo habitado ao seu governo exclusivo – fato nunca antes ocorrido? Ou, em outras palavras, quem seria tão apaixonadamente devotado a outros espetáculos ou estudos a ponto de considerar qualquer outro objetivo mais importante que a aquisição desse conhecimento?

                                                                                                POLÍBIO. História. Brasília; Editora UnB, 1985.

 A experiência a que se refere o historiador Políbio, nesse texto escrito no século II a.C., é a

A) ampliação do contingente de camponeses livres.

B) consolidação do poder das falanges hoplitas.

C) adoção do monoteísmo cristão.

D) Adoção do monoteísmo cristão.

E) Libertação do domínio etrusco.

 

[D]

O historiador romano Políbio enaltece a importância do homem de sua época que conheceu a história militar da expansão da República Romana. Questão simples, bastava ficar atento ao texto. É um dos episódios da Antiguidade que é mais estudado. Com a expansão ocorreu o aumento do número de escravos e os plebeus, camponeses que migram para as cidades num grande êxodo rural, provocando a marginalização plebeia e o crescimento da cidade de Roma.

 

 

2. (ENEM 2016)

Uma scena franco-brazileira: ‘franco” – pelo local e os personagens, o local é Paris e os personagens são pessoas do povo da grande capital; “brazileira” pelo que ahi se está bebendo; café do Brazil. O letreiro diz a verdade apregoando que esse é o melhor de todos os cafés. (Essa página foi desenhada especialmente pelo Sr. Tofani, desenhista do Je Sais Tout.)

A ilustração Brazileira, n.2, 15 jun. 1909 (adaptado)

A página do periódico do início do século XX documenta um importante elemento da cultura francesa, que é revelador do papel do Brasil na economia mundial, indicado no seguinte aspecto:

A) Prestador de serviços gerais.

B) Exportador de bens indústrias.

C) Importador de padrões estéticos.

D) Fornecedor de produtos agrícolas.

E) Formador de padrões de consumo.

 

[D]/[E]

Essa questão é a que trouxe maior dissenso sobre a alternativa correta, pois ocorre uma ambiguidade que não permite clareza na pergunta sobre o que se trata: da França ou do Brasil.

Se o que está indicado é o elemento da cultura francesa, seria letra E. Se o que está indicado é o papel do Brasil, seria letra D.

Ocorreu ambiguidade em relação a palavra “indicado”. Como oração intercalada funciona como adjunto adnominal, e, portanto, é um termo acessório, menos relevante para a compreensão do enunciado, pode-se entender que o que foi indicado foi o elemento. Assim, seria, letra E. Ao mesmo tempo pode-se argumentar que a palavra papel está mais perto de indicado. Isso faria com que o indicado fosse “papel”, levando à letra D.

 3. (ENEM 2016) TEXTO I

 

TEXTO II

   Os santos tornaram-se grandes aliados da Igreja para atrair novos devotos, pois eram obedientes a Deus e ao poder clerical. Contando e estimulando o conhecimento sobre a vida dos santos, a igreja transmitia aos fiéis os ensinamentos que julgava corretos e que deviam ser imitados por escravos que, em real, traziam outras crenças de suas terras de origem, muito diferentes das que preconizavam a fé católica.

                          Oliveira, A. J. Negra Devoção. Revista de História da Biblioteca Nacional, n, 20, maio 2007 (adaptado)

Posteriormente ressignificados no interior de certas irmandades e no contato com outra matriz religiosa, o ícone e a prática mencionada no texto estiveram desde o século XVII relacionados a um esforço da Igreja Católica para

A) reduzir o poder das confrarias.

B) cristianizar a população afro-brasileira.

C) espoliar recursos materiais dos cativos.

D) recrutar libertos para o seu corpo eclesiástico.

E) atender a demanda popular por padroeiros locais.

 

[C]

A imagens sempre foram usadas como recurso pedagógico para instruir e catequizar fiéis. Nas catedrais medievais usavam vitrais com cenas bíblicas. Em um mundo com poucos alfabetizados, as imagens tinham um aspecto muito importante na cristianização. Na colonização do Brasil foram largamente usadas como instrumentos de cristianização. A Igreja produzia as Hagiografias – histórias das vidas dos santos.  No Brasil até o século XIX predominou o catolicismo de raiz popular, sincrético (com elementos romanos e africanos) e praticado principalmente nas irmandades. Santos como Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Nossa Senhora Aparecida eram muito populares entre os negros, principalmente os dois últimos pelas semelhanças evidentes na cor e pela associação da vida dos negros com a deles.

4. (ENEM 2016) Em 1935, o governo brasileiro começou negar vistos a judeus. Posteriormente, durante o Estado Novo, uma circular secreta proibiu a concessão de vistos a “pessoas de origem semita”. Inclusive turistas e negociantes, o que causou uma queda de 75% da imigração judaica ao longo daquele ano. Entretanto, mesmo com as imposições da lei, muitos judeus continuaram entrando ilegalmente no país durante a guerra e as ameaças de deportação em massa nunca foram concretizadas, apesar da extradição de alguns indivíduos por sua militância política.

GRIMBERG, K. Nova língua interior : 500 anos de história dos judeus no Brasil. In: IBGE.

Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de janeiro: IBGE, 2000 (adaptado).

Uma razão para a adoção da política de imigração mencionada no texto foi o(a)

A) receio do controle sionista sobre a economia nacional.

B) reserva de postos de trabalho para a mão de obra local.

C) oposição do clero católico à expansão de novas religiões.

D) Apoio da diplomacia varguista ás opiniões dos líderes árabes.

E) Simpatia de membros da burocracia pelo projeto totalitário alemão.

 

[E]

Na Era Vargas o período entre 1937 e 1945, o Brasil foi uma ditadura: O Estado Novo.  Vargas e a elite burocrática (o alto funcionalismo público: ministros, diplomatas, juízes …) tinha grande simpatia pelo projeto totalitário europeu. A maior influência foi do fascismo Italiano. A constituição de 37 ficou conhecida como “Polaca” numa referência à constituição da Polônia sob governo fascista, e também havia simpatia pelo projeto alemão. Importante lembrarmos que a segunda guerra não tinha iniciado ainda (39) e um dos fatores que levaram o Brasil à Guerra foi além do Financiamento da usina de volta redonda pelos EUA, fomos bombardeados por navios alemães. Também é importante lembramos que no Brasil era muito forte o pensamento do Darwinismo Social, que era um pensamento racista e que considerava não só os judeus como inferiores, mas os negros, índios e a miscigenação brasileira era vista com maus olhos pelos intelectuais brasileiros da época.

5. (ENEM 2016) O coronelismo era fruto de alteração na relação de forças entre os proprietários rurais e o governo, e significava o fortalecimento do poder do Estado antes que o predomínio do coronel. Nessa concepção, o coronelismo é, então, um sistema político nacional, com base em barganhas entre o governo e os coronéis. O coronel tem o controle dos cargos públicos desde o delegado de polícia até a professora primária. O coronel hipoteca seu apoio ao governo, sobretudo na forma de voto.

CARVALHO, J. M. Pontos e bordados: escritos de história política. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998 (Adaptado).

No contexto da primeira república no Brasil, as relações políticas descritas baseavam-se na

A) Coação das milícias locais.

B) Estagnação da dinâmica urbana.

C) Valorização do proselitismo partidário.

D) Seminação de práticas clientelistas.

E) Centralização de decisões administrativas.

 

[D]

A República Velha, que vigorou no país da proclamação em 1889 até 1930 quando tem início a Era Vargas. A república Velha caracteriza-se pelo coronelismo, pelo controle dos dependentes – currais eleitorais – e pela manipulação dos votos que eram abertos (não secreto). Um dos principais traços desta época é o clientelismo, ou seja, as relações de domínio/dependência estabelecidas entre os coronéis e a população que buscando benesses como cargos (que como o texto diz eram distribuídos). São as relações clientelistas.

6. (ENEM 2016)

No anúncio, há referências a algumas das transformações ocorridas no Brasil nos anos 1950 e 1960. No entanto, tais referências omitem transformações que impactaram segmentos da população, como a

A) exaltação da tradição colonial.

B) redução da influência estrangeira.

C) ampliação da imigração internacional.

D) intensificação da desigualdade regional.

E) desconcentração da produção industrial.

 

[D]

A imagem nos mostra um automóvel em Brasília. Uma referência direta ao período JK que foi marcado pela aplicação do Plano de Metas que promoveu uma grande industrialização, traçou rodovias e criou usinas de energia. O desenvolvimento ficou concentrado no Sudeste, aumentando as desigualdades regionais. Para combater estas desigualdades JK criou a SUDENE (superintendência para o desenvolvimento do nordeste), mas não teve o efeito esperado.

 7. (ENEM 2016) Texto I

Texto II

   A eleição dos novos bens, ou melhor, de novas formas de se conceber a condição do patrimônio cultural nacional, também permite que diferentes grupos sociais, utilizando as leis do Estado e o apoio de especialistas, revejam as imagens e alegorias do seu passado, do que querem guardar e definir com próprio e identitário.

ABREU, M.; SOIHET, R.; GONTIJO, R. (Org.) Cultura política e leituras do passado: historiografia e ensino de história. Rio de Janeiro: civilização brasileira, 2007.

O texto chama atenção para a importância da proteção de bens que, como aquele apresentado na imagem, se identificam como:

A) Artefatos sagrados.

B) Heranças materiais.

C) Objetos arqueológicos.

D) Peças comercializáveis.

E) Conhecimentos tradicionais.

 

[E]

Questão de um tema muito querido pelo INEP e sempre presente no ENEM: Patrimônio histórico, natural e cultural. O patrimônio cultural pode ser material ou imaterial. Material são artefatos arqueológicos ou arquitetônicos e o imaterial são os conhecimentos tradicionais de um povo, como receitas culinárias, danças e artesanato. A produção de um instrumento musical artesanalmente faz parte do patrimônio cultural imaterial de um povo.

 8. (ENEM 2016) A operação Condor está diretamente vinculada às experiências históricas das ditaduras civil-militares que se disseminaram pelo cone sul entre as décadas de 1960 e 1980. Depois do Brasil (e do Paraguai de Stroessner), foi a vez da Argentina (1966), Bolívia (1966 e 1971), Uruguai e Chile (1973) e Argentina (novamente, em 1976). Em todos os casos se instalaram ditaduras civil-militares (em menor ou menor medida) com base na doutrina de Segurança Nacional e tendo como principais características um anticomunismo militante, a identificação do inimigo inteiro, a imposição do papel político das Forças Armadas e a definição de fronteiras ideológicas.

PADRÓS, E. S. et al. Ditadura de Segurança Nacional no Rio Grande do Sul (1964-1985): história e memória. Porto Alegre: corag, 2009 (Adaptado).

Levando-se em conta o contexto em que foi criada a referida operação tinha como objetivo coordenar a

A) modificação de limites territoriais.

B) sobrevivência de oficiais exilados.

C) interferência de potências mundiais.

D) repressão de ativistas oposicionistas.

E) implantação de governos nacionalistas.

 

[D]

Durante a guerra fria a América do Sul alinhou-se à geopolítica norte americana. Vários golpes militares sucederam-se sob o mesmo argumento: o combate ao comunismo. As lideranças de esquerda de todos os países que sofreram golpes e tornaram-se ditaduras militares perseguiram internamente seus inimigos e também externamente. A operação Condor foi implantada para reprimir militantes políticos contrários à ditadura. Entre eles João Goulart, que morreu no Uruguai sob condições suspeitas, e sua família desconfia de ação do serviço secreto da operação Condor. As ditaduras alinharam-se no combate ao comunismo às vozes politicas democráticas. Um militante argentino exilado no Brasil não estaria seguro.

 9. (ENEM 2016) A regulação das relações de trabalho compõe uma estrutura complexa, em que cada elemento se ajusta aos demais. A justiça do trabalho é apenas uma das peças dessa vasta engrenagem. A presença de representantes classistas na composição dos órgãos da justiça do trabalho é também resultante da montagem dessa regulação. O poder normativo também reflete essa característica. Instituída pela Constituição de 1934, a justiça do trabalho só vicejou no ambiente político do Estado Novo instaurado em 1937.

ROMITA, A. S. justiça do trabalho: produto do estado novo. In: PANDOLF, D. (Org.). Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1999.

A criação da referida instituição estatal na conjuntura histórica abordada teve por objetivo

A) legitimar os protestos fabris.

B) ordenar os conflitos laborais.

C) oficializar os sindicatos plurais.

D) assegurar os princípios liberais.

E) unificar os salários profissionais.

 

 

[B]

A classe operária brasileira formou-se tardiamente, durante a Primeira Guerra Mundial. Desde então ocorreram muitos conflitos sociais e movimentos em prol dos direitos dos trabalhadores. Nos anos 20 por influência da Revolução Russa, partidos e movimentos socialistas surgiram em todo mundo e também no Brasil. Muitas manifestações de trabalhadores estavam ocorrendo, e os conflitos cada vez mais tensos. Vargas controlou os conflitos laborais, ou seja, os conflitos entre empregadores e trabalhadores. As formas empregadas foram a criação das leis trabalhistas e no período ditatorial do Estado Novo, os sindicatos pelegos. As leis trabalhistas ordenaram os conflitos minimizando-os. As reivindicações socialistas, bem mais radicais, foram controladas após a criação das leis trabalhistas, que a propósito, somente eram válidas nas cidades.

 10. (ENEM 2016) Texto I

   Documentos do século XVI algumas vezes se referem aos habitantes indígenas como “os brasis”, ou “gente Brasília” e, ocasionalmente no século XVII, o termo “brasileiro” era a eles aplicado, mas as referências ao status econômico e jurídico desses eram muito mais populares. Assim, os termos “negro da terra” e “índios” eram utilizados com mais frequência do que qualquer outro.

SCHWARTZ, S. B. Gente da terra brasiliense da nação. Pensando o Brasil: a construção de um povo. In: MOTA, C. G. (Org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, 2000 (Adaptado).

Texto II

  Índio é um conceito construído no processo de conquista da América pelos europeus. Desinteressados pela diversidade cultural, imbuídos de forte preconceito para com o outro, um indivíduo de outras culturas, espanhóis, portugueses, franceses e anglo-saxões terminaram por dominar da mesma forma povos tão díspares quanto os tupinambás e os astecas.

SILVA, K. V.; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: contexto, 2005.

Ao comparar os textos, as formas de designação dos grupos nativos pelos europeus, durante o período analisado, são reveladores da

 

A) concepção idealizada do território, entendido como geograficamente indiferenciado.

B) percepção de uma ancestralidade comum as populações ameríndias.

C) compreensão etnocêntrica acerca das populações dos territórios conquistados.

D) transposição direta das categorias originadas do imaginário medieval.

E) visão utópica configurada a partir de fantasias de riqueza.

 

[C]

Uma questão clássica no ENEM: interdisciplinar entre história e sociologia. Envolve a ideia de cultura e etnocentrismo que é a visão de superioridade de um grupo cultural sobre o outro. Os europeus tinham uma visão de superioridade sobre os nativos das américas, que denominamos eurocentrismo.

 11. (ENEM 2016) Batizado por Tancredo Neves de “Nova República”, o período que marca o reencontro do Brasil com os governos civis e a democracia ainda não completou seu quinto ano e já viveu dias de grande comoção. Começou com a tragédia de Tancredo, seguiu pela euforia do plano Cruzado, conheceu as depressões da inflação e das ameaças da hiperinflação e desembocou na movimentação que antecede as primeiras eleições diretas para presidente em 29 anos.

O álbum dos presidentes: A história vista pelo JB. Jornal do Brasil, 15 Nov. 1989.

O período descrito apresenta continuidades e rupturas em relação à conjuntura histórica anterior. Uma dessas continuidades consistiu na

A) representação do legislativo com a fórmula do bipartidarismo.

B) detenção de lideranças populares por crimes de subversão.

C) presença de políticos com trajetória no regime autoritário.

D) prorrogação das restrições advindas dos atos institucionais.

E) estabilidade da economia com o congelamento anual dos preços.

 

[C]

Após a ruptura com o regime militar ainda temos algumas permanências. Não haviam partidos verdadeiramente de oposição. Desde a decretação do AI-2 que instituiu o bipartidarismo havia o MDB – movimento democrático brasileiro – oposição consentida e a ARENA – Aliança renovadora nacional – o partido da oposição, ou seja, de apoio à ditadura. Durante o governo Geisel o país passou por uma abertura “lenta, gradual e segura” e o AI-5 foi revogado, aprovada a lei da anistia e a lei orgânica dos partidos, que instituía novamente o pluripartidarismo. Vários partidos que surgiram foram criados por lideranças políticas com trajetória durante a ditadura.

12. (ENEM 2016) A África Ocidental é conhecida pela dinâmica das suas mulheres comerciantes, caracterizadas pela perícia, autonomia e mobilidade. A sua presença, que fora atestada por viajantes e por missionários portugueses que visitaram a costa a partir do século XV, consta também na ampla documentação sobre a região. A literatura é rica em referência às grandes mulheres como as vendedoras ambulantes, cujo jeito para o negócio, bem como a autonomia e mobilidade é tão típico da região.

HAVIK, P. Dinâmicas e assimetrias afro-atlânticas: A agência feminina e representações em mudanças na Guiné (Séculos XIX e XX) in: PANTOJA, S. (Org.). Identidades, memórias e histórias em terras africanas. Brasília: LGE; Luanda: Nzila, 2006.

A abordagem realizada pelo autor sobre a vida social da África Ocidental pode ser relacionada a uma característica marcante das cidades no Brasil escravista nos séculos XVIII e XIX, que se observa pela

A) restrição à realização do comércio ambulante por africanos escravizados e seus descendentes.

B) convivência entre homens e mulheres livres no pequeno comércio.

C) presença de mulheres negras no comércio de rua de diversos produtos e alimentos.

D) dissolução dos hábitos culturais trazidos do continente de origem dos escravizados.

E) entrada de imigrantes portugueses nas atividades ligadas ao pequeno comércio urbano.

 

[C]

A escravidão teve formas diversas e complexas, entre elas a escravidão urbana em municípios como Vila Rica (atual Ouro Preto) e Rio de Janeiro. Haviam os escravos de Ganho e as “pretas de tabuleiro”. Cativos que trabalhavam no pequeno comércio ambulante urbano, e com seu trabalho ao longo dos anos compravam sua alforria. A mulheres tinham um papel especial pois principalmente eram vendidos quitudes cozidos pelas mulheres que também os vendiam, vestidas em roupas típicas. O próprio acarajé, comida típica de nosso Nordeste é um exemplo. As pretas de tabuleiro vendiam seus bolinhos na rua, aos gritos na língua iorubá: acará jé (bolinho  aqui).

13. (ENEM 2016) O que ocorreu na Bahia de 1798, ao contrário das outras situações de contestação política na América portuguesa é que o projeto que lhe era subjacente não tocou somente na condição, ou no instrumento, da integração subordinada das colônias no império luso. Dessa feita, ao contrário do que se deu nas Minas Gerais (1789), a sedição avançou sobre a sua decorrência.

JANCSO, I; PIMENTA, J. P. Peças de um mosaico. In: MOTA, C. G. (Org). Viagem incompleta: a experiência brasileira, (1500-2000). São Paulo: Senac, 2000.

A diferença entre as sedições abordadas no texto encontrava-se na pretensão de

A) eliminar a hierarquia militar.

B) abolir a escravidão africana.

C) anular o domínio metropolitano.

D) suprimir a propriedade fundiária.

E) extinguir o absolutismo monárquico.

[B]

As duas mais importantes revoltas emancipacionistas, ou seja, que planejavam a emancipação, a independência, foram a inconfidência mineira e a conjuração baiana. Em minas a conspiração não chegou a tomar às ruas, foi elitista, queriam liberdade comercial, a independência das minas, mas não tinham um consenso sobre a abolição da escravidão. A conjuração baiana além de ter sido um grande movimento que tomou as ruas, foi popular com a participação de negros alforriados e pretendiam a abolição imediata da escravidão. Questão clássica. As duas rebeliões são sempre comparadas nestes aspectos.


Geografia:

  1. (ENEM 2016)

SATRAPI, M. Persépolis. São Paulo: Cia. Das letras, 2007 (adaptado)

A memória recuperada pela autora apresenta a relação entre

A) conflito trabalhista e engajamento sindical.

B) organização familiar e proteção à infância.

C) centralização econômica e pregação religiosa.

D) estrutura educacional e desigualdade de renda.

E) transformação política e modificação de costumes.

 

[E]

Marjane Satrapi é uma iraniana que narra sua história da infância à vida adulta. Quando é uma menina ocorreu a revolução iraniana de 1979, liderada pelo clero Xiita. O país tornou-se uma teocracia e o regime do Taleban, fundamentalista religioso passou a governar e a impor a prática de costumes tradicionais como por exemplo o uso da burca (vestimenta feminina que cobre o rosto e o corpo). Relaciona as transformações políticas à modificação de costumes. Questão bem tranquila e que a imagem te orienta adequadamente.

 

2. (ENEM 2016) O número de filhos por casal diminui rapidamente. Para a maioria dos economistas, isso representa um alerta para o futuro.

Taxa de fecundidade total

Uma consequência socioeconômica para os países que vivenciam o fenômeno demográfico ilustrado é a diminuição da

A) oferta de mão de obra nacional.

B) média de expectativa de vida.

C) disponibilidade de serviço de saúde.

D) despesa de natureza previdenciária.

E) imigração de trabalhadores qualificados.

 

[A]

Primeiramente é só lembrarmos a definição de fecundidade: o número de filhos por mulher. Com a entrada da mulher no mercado de trabalho, pílulas anticoncepcionais e a urbanização o número de filhos por pessoa tem diminuído e o tamanho das famílias tem mudado. São cada vez menores. Num futuro próximo entrarão no mercado de trabalho, mas não serão em número suficiente para substituir os que se aposentaram, dessa forma diminuindo a oferta de mão de obra. Nos países europeus e no Japão a população é bastante envelhecida e as natalidade e a fecundidade são baixas e já sentem a falta de mão de obra.

 

3. (ENEM 2016) A Promessa da tecnologia moderna se converteu em uma ameaça, ou essa se associou àquela de forma indissolúvel. Ela vai além da constatação da ameaça física. Concebida para a felicidade humana, a submissão da natureza, na sobremedida de seu sucesso, que agora se estende à própria natureza do homem, conduziu ao maior desafio já posto ao ser humano pela própria ação. O novo continente da práxis coletiva que adentramos com a alta tecnologia ainda constitui, para a teoria ética, uma terra de ninguém.

JONAS, H. O princípio da responsabilidade. Rio de janeiro; contraponto; Editora PUC-Rio, 2011 (adaptado).

As implicações éticas da articulação apresentada no texto impulsionam a necessidade de construção de um novo padrão de comportamento, cujo objetivo consiste em garantir o(a)

A) pragmatismo da escolha individual.

B) sobrevivência de gerações futuras.

C) fortalecimento de políticas liberais.

D) valorização de múltiplas etnias.

E) promoção da inclusão social.

 

[B]

Uma bela questão interdisciplinar entre geografia e filosofia. Comenta que as novas tecnologias se tornaram uma ameaça e a necessidade de uma nova ética, ou seja, um novo padrão de comportamento. A questão trata de sustentabilidade de uma forma interessante: a necessidade de um novo padrão de comportamento que garanta a sobrevivência das gerações futuras.  Uma definição simples de sustentabilidade seria explorar o meio garantindo o mesmo direito às gerações futuras.

 

4. (ENEM 2016) O conceito de função social da cidade incorpora a organização do espaço físico como fruto da regulação social, isto é, a cidade deve contemplar todos os seus moradores e não somente aqueles que estão no mercado formal de produção capitalista da cidade. A tradição dos códigos de edificação, uso e ocupação do solo no Brasil sempre partirão do pressuposto de que a cidade não tem divisões entre os incluídos e os excluídos socialmente.

Quinto Jr., L.P. Nova legislação urbana e os velhos fantasmas. Estudos avançados (USP), n.47, 2003 (Adaptado).

Uma política governamental que contribui para viabilizar a função social da cidade, nos moldes indicados no texto, é a

A) Qualificação de serviços públicos em bairros periféricos.

B) Implantação de centros comerciais em eixos rodoviários.

C) Proibição de construções residenciais em regiões íngremes.

D) Disseminação de equipamentos culturais em locais turísticos.

E) Desregulamentação do setor imobiliário em áreas favelizadas.

 

[A]

Para que a cidade cumpra sua função social, ou seja, possa absorver todos moradores com formas de vida e ocupação dignas, é necessário oferecer serviços públicos de qualidade como transporte público, coleta de lixo, saneamento, atendimento médico entre outros, ou seja, a importância de se qualificar (melhorar a qualidade do serviço público). Alternativa [A]. Implantar centros comerciais nas rodovias não torna a cidade mais acessível. Construções em regiões íngremes tem uma série de regulamentações, mas apesar do problema das favelas e ocupações em regiões de morros, a melhor solução são programas de habitação.  Equipamentos culturais em locais turísticos, sem dúvida melhoram a prestação de serviço turística, mas não torna a cidade mais acessível. O setor imobiliário nas favelas não é regulamentado, na verdade são áreas que constituem as chamadas cidades “ilegais” pois não há documentos de posse dos lotes.

 

5. (ENEM 2016) O bioma Cerrado foi considerado recentemente um dos 25 hotspots de biodiversidade do mundo, segundo uma análise em escala mundial das regiões biogeográficas sobre áreas globais prioritárias para conservação. O conceito de hotspot foi criado tendo em vista a escassez de recursos direcionados para a conservação, com o objetivo de apresentar os chamados “pontos quentes”, ou seja, locais para os quais existe maior necessidade de direcionamento de esforços, buscando evitar a extinção de muitas espécies que estão altamente ameaçadas por ações antrópicas.

Pinto, P. P; Diniz-Filho, J. A. F. In: Almeida, M. G. (Org.) Tantos cerrados: múltiplas abordagens sobre a biodiversidade e a singularidade cultural. Goiânia: Vieira, 2005 (Adaptado).

A necessidade desse tipo de ação na área mencionada tem como causa a

A) Intensificação da atividade turística.

B) Implantação de parques ecológicos.

C) Exploração de recursos minerais.

D) Elevação do extrativismo vegetal.

E) Expansão da fronteira agrícola.

 

[E]

O cerrado é um domínio ambiental ameaçado pois foi bastante devastado devido à expansão da fronteira agrícola, em razão da proliferação da lavoura transgênica. Até 2005 quando foi aprovada a lei de biossegurança, que liberou o cultivo de sementes transgênicas, os cultivos se alastraram por São Paulo, MG, Goiás, Mato Grosso e Pará. Os biomas mais atingidos pela expansão da soja foram o cerrado e agora as bordas da floresta amazônica.

 

6. (ENEM 2016)

Dessalinização das águas

 Capacidade total de dessalinização das águas salobras ou salinas (por país em metros cúbicos por dia

Conforme análise do documento cartográfico, a área de concentração das usinas de dessalinização é explicado pelo(a)

A) Pioneirismo tecnológico.

B) Condição hidropedológica.

C) Escassez de água potável.

D) Efeito das mudanças climáticas.

E) Busca por sustentabilidade ambiental.

 

[C]

Observando atentamente o mapa perceberá que há usinas de dessalinização instaladas no Oriente Médio, Japão, norte da África e Europa.  A dessalinização ocorre em razão da ausência de água potável.  No oriente Médio e Norte da África é em razão do clima. Na Europa e Japão devido à pressão hídrica, ou seja, a pressão que a grande população urbana exerce nos recursos hídricos.

7. (ENEM 2016) Texto I

   Mais de 50 mil refugiados entraram no território húngaro apenas no primeiro semestre de 2015. Budapeste lançou “trabalhos preparatórios” para a construção de um muro de 4m de altura e 175 km ao longo de sua fronteira com a Sérvia, informou o ministro húngaro das relações exteriores. “Uma resposta comum da União Europeia a este desafio da imigração é muito demorada, e a Hungria não pode esperar. Temos que agir”, justificou o ministro.

Disponível em: www.portugues.rfi.fr. Acesso em: 19 Jun. 2015 (Adaptado).

Texto II

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) critica as manifestações de xenofobia adotadas pelo governo da Hungria. O país foi invadido por cartazes nos quais o chefe do executivo insta os imigrantes a respeitarem as leis e não “roubarem” os empregos dos húngaros. Para o ACNUR, a medida é surpreendente, pois a xenofobia costuma ser instigada por pequenos grupos radicais e não pelo próprio governo do país.

Disponível em: http://pt.euronews.com. Acesso em: 19 Jun. 2015 (Adaptado).

O posicionamento governamental citado nos textos é criticado pelo ACNUR por ser considerado um caminho para o(a)

A) alteração do regime político.

B) fragilização da supremacia nacional.

C) expansão dos domínios geográficos.

D) cerceamento da liberdade de expressão.

E) fortalecimento das práticas de discriminação.

[E]

A situação descrita da Hungria é de xenofobia, ou seja, aversão aos estrangeiros. Num momento de crise humanitária de refugiados em razão da guerra civil da Síria, a Europa é o principal destino dos que migraram de forma forçada. Na Europa tem ocorrido um aumento do preconceito contra estrangeiros, que tem sido chamado de Islamofobia. O preconceito ocorre de várias formas: na sociedade civil e através de práticas políticas dos países, como as leis imigratórias que são cada vez mais rígidas. Medidas como a descrita acima colaboram para o fortalecimento das práticas de discriminação.

 

8. (ENEM 2016)

O regime do Apartheid adotado de 1948 a 1994 na África do Sul fundamentava-se em ações estatais de segregacionismo racial. Na imagem, os fuzileiros navais fazem valer a “lei do passe” que regulamentava o(a)

A) concentração fundiária, impedindo os membros de tomar posse legítima do uso da terra.

B) boicote econômico, proibindo os negros de consumir produtos ingleses sem resistência armada.

C) sincretismo religioso, vetando os ritos sagrados dos negros nas cerimônias oficiais do Estado.

D) controle sobre a movimentação, desautorizando os negros a transitar em determinadas áreas da cidade.

E) exclusão do mercado de trabalho, negando a população negra o acesso aos bens de consumo.

[D]

O Apartheid foi a segregação racial na África do Sul que teve seu fim com a eleição de Nelson Mandela, o maior símbolo de luta contra o regime. A população negra possuía espaços específicos como banheiros, escolas e assentos. Eram confinados nos guetos negros, chamados de “bantustões”. Não tinham direito políticos, não podiam ter propriedades e não podiam circular livremente, e quando o fizessem, deveriam portar um documento identificador, como a imagem nos mostra claramente.

 

9. (ENEM 2016) A linhagem dos primeiros críticos ambientais brasileiros não praticou o elogio laudatório da beleza e da grandeza do meio natural brasileiro. O meio natural foi elogiado por sua riqueza e potencial econômico, sendo sua destruição interpretada como signo de atraso, ignorância e falta de cuidado.

PÁDUA, J. A. Um sopro de destruição: pensamento político e crítica ambiental no Brasil escravista (1786-1888). Rio de Janeiro: Zahar, 2012 (Adaptado).

Descrevendo a posição dos críticos ambientais brasileiros dos séculos XVIII e XIX, o autor demonstra que, via de regra, eles viam o meio natural como

A) ferramenta essencial para o avanço da nação.

B) dádiva divina para o desenvolvimento industrial.

C) paisagem privilegiada para valorização fundiária.

D) limitação topográfica para promoção da urbanização.

E) obstáculo climático para o estabelecimento da civilização.

 

[A]

O que se destacava da natureza era sua riqueza e potencial econômico. É uma visão utilitária e considera a natureza como matéria prima para desenvolvimento, uma ferramenta essencial para o desenvolvimento da nação. Visão bem diferente da que hoje predomina que faz apologia da beleza, da grandeza e da biodiversidade.

 

10. (ENEM 2016)

Pesca industrial provoca destruição na África.

O súbito desaparecimento do bacalhau dos grandes cardumes da terra nova, no final do século XX – o que ninguém havia previsto –, teve o efeito de um eletrochoque planetário. Lançado pelos bascos no século XV, a pesca e depois a sobrepesca desse grande peixe de água fria levaram ao impensável. Ao Canadá, o bacalhau nunca mais voltou. E o que ocorreu no atlântico norte está acontecendo em outros mares. Os maiores navios do mundo seguem agora em direção ao sul, até os limites da Antártida para competir pelos estoques remanescentes.

MORA, J. S. Disponível em: www.diplomatique.com.br. Acesso em: 14 de Jan. 2014.

O problema exposto no texto jornalístico relaciona-se à

A) insustentabilidade do modelo de produção e consumo.

B) fragilidade ecológica de ecossistemas costeiros.

C) inviabilidade comercial dos produtos marinhos.

D) mudança natural nos oceanos e mares.

E) vulnerabilidade social de áreas pobres.

 

[A]

De novo o tema sustentabilidade. A pesca do bacalhau, de acordo com o texto mostrou-se predatória. Os cardumes estão desaparecendo e cada vez mais os navios vão mais longe para pescar. É um modelo insustentável de atividade econômica, pois esgota rapidamente os recursos.

 

11. (ENEM 2016) No início de maio de 2014, a instalação da plataforma petrolífera de perfuração HYSY-981 nas águas contestadas do mar da China meridional suscitou especulações sobre as motivações chinesas. Na avaliação de diversos observadores ocidentais, Pequim pretendeu com esse gesto, demonstrar que pode impor seu controle e dissuadir outros países de seguir com suas reivindicações de direito de exploração dessas águas, como é o caso do Vietnã e das Filipinas.

KLARE, M. T. A guerra pelo petróleo se joga no mar. Le monde diplomatique Brasil, Abr, 2015.

A ação da China em relação à situação descrita no texto evidencia um conflito que tem como foco o(a):

A) Distribuição das zonas econômicas especiais.

B) Monopólio das inovações tecnológicas extrativas.

C) Dinamização da atividade comercial.

D) Jurisdição da soberania territorial.

E) Embargo da produção industrial.

 

[D]

O litoral do mar da China é profundamente disputado pois são irregulares os limites do mar territorial da China e seus vizinhos. Há áreas em disputa e que não há uma posição definitiva sobre os limites do mar territorial de cada país. Ao perfurar um poço numa área de litígio (disputa), a grande potência emergente asiática impõe os limites do seu território à força garantindo sua jurisdição (domínio jurídico) na área.

 

12. (ENEM 2016)

A ONU faz referência a uma projeção cartográfica em seu logotipo. A figura que ilustra o modelo dessa projeção é:

A)

B)

C)

D)

E)

 

[A]

O símbolo da ONU e uma projeção polar, ou azimutal. Projeta o planeta num círculo cujo centro é o polo. As áreas mais próximas ao polo sofrem menor deformação. Dessa forma privilegia os territórios no hemisfério norte. As longitudes irradiam do polo e as linhas de latitude são círculos concêntricos, com centro no polo norte.  A alternativa [B] é uma projeção cilíndrica, [C] e [E] projeções cilíndricas e a [D] é uma superfície de projeção similar à azimutal, mas seu centro não é o polo.

 

13. (ENEM 2016) Segundo a conferência de Quioto, os países centrais industrializados, responsáveis históricos pela poluição, deveriam alcançar uma meta de redução de 5,2% do total de emissões segundo níveis de 1990. O nó da questão é o enorme custo desse processo, demandando mudanças radicais nas indústrias para que se adaptem rapidamente aos limites de emissão estabelecidos e adotem tecnológicas energéticas limpas. A comercialização internacional de créditos de sequestro ou de redução de gazes causadores do efeito estufa foi a solução encontrada para reduzir o custo global do processo. Países ou empresas que conseguirem reduzir as suas emissões abaixo de suas metas poderão vender esse crédito para outro país ou empresa que não consiga.

BECKER, B. Amazônia: geopolítica na virada do II milênio. Rio de Janeiro: garamond, 2009.

As posições contrárias à estratégia de compensação presente no texto relacionam-se à ideia de que ela promove

A) retração nos atuais níveis de consumo.

B) surgimento de conflitos de caráter diplomático.

C) diminuição dos lucros na produção de energia.

D) desigualdade na distribuição do impacto ecológico.

E) decréscimo dos índices de desenvolvimento econômico.

 

[C]

A ideia é simples. Alguns países provocam um grande impacto com emissões de CO2, enquanto outros emitem pouco pois são pouco ou nada industrializados. Isso significa que países com os EUA podem comprar o direito de emitir gás carbônico de vários países subdesenvolvidos do mundo. Além de provocar uma desigualdade no impacto ecológico, pois alguns países podem comprar créditos de outros. Os que vendem os créditos estarão mais preservados. Contudo também condicionados ao subdesenvolvimento e dependência pois venderam seus direitos de impacto ecológico.

 

14. (ENEM 2016) Dados recentes mostram que muitos são os países periféricos que dependem dos recursos enviados pelos imigrantes que estão nos países centrais. Grande parte dos países da América Latina, por exemplo depende hoje da remessa de seus imigrantes. Para se ter uma ideia mais concreta, recentes dados divulgados pela ONU revelaram que somente os indianos receberam 10 bilhões de dólares de seus compatriotas no exterior. No México, segundo maior volume de divisas, esse valor chega a 9,9 bilhões de dólares e nas Filipinas o terceiro, a 8,4 bilhões.

HAESBAERT, R.; PORTO-GONÇALVES, C. W. A nova des-ordem mundial. São Paulo: Edunesp, 2006.

Um aspecto do mundo globalizado que facilitou a ocorrência do processo descrito na transição do século XX para o século XXI, foi o(a)

A) integração de culturas distintas.

B) avanço técnico das comunicações.

C) quebra de barreiras alfandegárias.

D) flexibilização de regras trabalhistas.

E) desconcentração espacial da produção.

 

[B]

O texto diz que muitos países pobres dependem do dinheiro dos imigrantes dos países ricos. O que possibilita esta facilidade de fluxo é o sistema financeiro cada vez mais desenvolvido e o avanço técnico das comunicações que ocorreu a partir da terceira revolução industrial (informática e telecomunicações).

15. (ENEM 2016)

Texto I

 

   Texto II

Metade da nova equipe da Nasa é composta por mulheres

Até hoje, cerca de 350 astronautas americanos já estiveram no espaço, enquanto as mulheres não chegam a ser um terço desse número. Após o anúncio da turma composta 50% por mulheres, alguns internautas escreveram comentários machistas e desrespeitosos sobre a escolha nas redes sociais.

Disponível em: https://catracalivre.com.br. Acesso em: 10 de Mar. 2016.

A comparação entre o anúncio publicitário de 1968 e a repercussão da notícia mostra a

A) elitização da carreira científica.

B) qualificação da atividade doméstica.

C) ambição de indústrias patrocinadoras.

D) manutenção de estereótipos de gênero.

E) equiparação de papeis nas relações familiares.

 

[D]

 A propaganda mostra um enorme preconceito de época associando as mulheres à limpeza e aos serviços domésticos. Com a entrada da mulher no mercado de trabalho e o surgimento da pílula anticoncepcional e ainda o movimento feminista, as mulheres mudaram o perfil da sociedade, mudando a família e os laços de dominação de gênero típicos de uma sociedade patriarcal. A segunda notícia mostra que as mulheres alcançaram grandes conquistas, como tornarem-se astronautas, mas ainda sofrem preconceitos machistas devido à manutenção de estereótipos de gênero.

 

16. (ENEM 2016)

Os moradores de Andalsnes, na Noruega poderiam se dar ao luxo de morar perto do trabalho nos dias úteis e de se refugiar na calmaria do bosque aos fins de semana. E sem sair da mesma casa. Bastaria achar uma vaga para estacionar o imóvel antes de curtir o novo endereço.

Disponível em: http://casavogue.globo.com. Acesso em: 03 Out. 2015. (Adaptado)

Uma vez implementada, essa proposta afetaria a dinâmica do espaço urbano por reduzir a intensidade do seguinte processo:

A) Êxodo rural.

B) Movimento pendular.

C) Migração de retorno.

D) Deslocamento sazonal.

E) Ocupação de áreas centrais.

 

[B]

Esta questão nos mostra a interessante particularidade de algumas regiões europeias: Casas que podem se deslocar. O texto nos diz que os moradores podem morar nos dias úteis perto do trabalho e se refugiar nos bosques aos fins de semana. Isso permite que os moradores possuam maior mobilidade e evita o surgimento das chamadas cidades dormitórios em que a maioria da população só dorme e passa o dia trabalhando em outro centro e se deslocando. O movimento populacional dentro de uma metrópole por exemplo, em que alguém mora numa cidade menor e trabalha na maior, chamamos de movimento pendular. As casas móveis evitam o movimento pendular.

 

17. (ENEM 2016)

O Rio de Janeiro tem projeção imediata no próprio estado e no Espírito Santo, em parcela do sul do estado da Bahia, e na Zona da mata, em Minas Gerais, onde tem influência dividida com Belo Horizonte. Compõe a rede urbana do Rio de Janeiro, entre outras cidades: Vitória, Juiz de Fora, Cachoeira de Itapemirim, Campos dos Goytacazes, Volta Redonda – Barra Mansa –, Teixeira de Freitas, Angra dos Reis e Teresópolis.

Disponível em: http://ibge.gov.br. Acesso em: 09 Jul. 2015 (Adaptado).

O conceito que expressa a relação entre os espaço apresentado e a cidade do Rio de Janeiro é:

A) Frente pioneira.

B) Zona de transição.

C) Região polarizada.

D) Área de conurbação.

E) Periferia metropolitana.

 

[C]

O texto fala da influência que o Rio de Janeiro tem sobre o Espírito Santo, sul da Bahia e Zona da mata mineira e divide a influência com outras cidades com Juiz de Fora e Volta Redonda. O tema sobre urbanização descrito é polarização, ou seja, a influência que um polo urbano exerce no outro. Não pode ser conurbação pois tratasse da união de malhas urbanas de diferentes municípios.

 

18. (ENEM 2016)

Dentro das atuais redes produtivas, o referido bloco apresenta composição estratégica por se tratar de um conjunto de países com

A) elevado padrão social.

B) sistema monetário integrado.

C) alto desenvolvimento tecnológico.

D) identidades culturais semelhantes.

E) vantagens locacionais complementares.

 

[E]

Perceba que todos os países destacados possuem litoral no Oceano Pacífico, o que facilita a comunicação e os transportes entre os membros da parceria. São países com vantagens locacionais complementares. A movimentação de mercadorias no Pacífico é muito grande e as facilidades de importação/exportação conecta os países.


Sociologia:

1. (ENEM 2016) Participei de uma entrevista com o músico Renato Teixeira. Certa hora, alguém pediu para listar as diferenças entre a música sertaneja antiga e a atual. A resposta dele surpreendeu a todos: “Não há diferença alguma. A música caipira sempre foi a mesma. É uma música que espelha a vida do homem no campo, e a música não mente. O que mudou não foi a música, mas a vida no campo”. Faz todo o sentido: a música caipira de raiz exalava uma solidão, um certo distanciamento do país “moderno”. Exigir o mesmo de uma música feita hoje, num interior conectado, globalizado e rico como o que temos, é impossível. Para o bem ou para o mal, a música reflete seu próprio tempo.

BARCINSKI, A. Mudou a música ou mudaram os caipiras? Folha de São Paulo, 4 jun. 2012 (Adaptado)

A questão cultural indicada no texto ressalta o seguinte aspecto socioeconômico do atual campo brasileiro:

A) Crescimento do sistema de produção extensiva.

B) Expansão de atividades das novas ruralidades.

C) Persistência de relações de trabalho compulsório.

D) Contenção da política de subsídios agrícolas

E) fortalecimento do modelo de organização cooperativa.

 

[B]

Podemos compreender como ruralidades a condição social comportamental dos grupos que vivem ou se identificam com o campo.  No passado, as músicas expressavam a saudade do campo de quem foi para a cidade, êxodo rural. Era uma ruralidade daquela época. Hoje ela se expressa de uma forma diferente: rural e moderna, incorporando as novas tecnologias e as formas de vida entre o campo e cidade. Surgem novas ruralidades. Antigamente era o peão saudosista, hoje o sertanejo universitário, por exemplo.

 

2. (ENEM 2016) Não estou mais pensando como costumava pensar. Percebo isso de modo mais acentuado quando estou lendo. Mergulhar num livro, ou num longo artigo, costumava ser fácil. Isso raramente ocorre atualmente. Agora minha atenção começa a divagar depois de duas ou três páginas. Creio que seu o que está acontecendo. Por mais de uma década venho passando tempo de mais on-line, procurando e surfando e algumas vezes acrescentando informações á grande biblioteca da internet. A internet tem sido uma dádiva para um escritor como eu. Pesquisas que antes exigiam dias de procura em jornais ou na biblioteca agora podem ser feitas em minutos. Como disse o teórico da comunicação Marshall Mcluhan nos anos 60, a mídia não é apenas um canal passivo para o tráfego de informação. Ela fornece a matéria, mas também molda o processo de pensamento. E o que a net parece fazer é pulverizar minha capacidade de concentração e contemplação.

CARR, N. Is Google making us stupid? (adaptado)

Em relação à internet, a perspectiva defendida pelo autor ressalta um paradoxo que se caracteriza por

A) associar uma experiência superficial à abundância de informações.

B) condicionar uma capacidade individual à desorganização da rede.

C) agregar uma tendência contemporânea à aceleração do tempo.

D) aproximar uma mídia inovadora à passividade da recepção.

E) equiparar uma ferramenta digital à tecnologia analógica.

 

[A]

Os hábitos de leitura de livros são cada vez mais negligenciados em benefício de leituras da internet, que são curtas, que raciocínio rápido e de pouca profundidade. Há muito mais informação disponível, mas boa parte dela é superficial.

 

3. (ENEM 2016) A democracia deliberativa afirma que as partes do conflito político devem deliberar entre si e, por meio da argumentação razoável, tentar chegar a um acordo sobre as políticas que seja satisfatório para todos. A democracia ativista desconfia das exortações à deliberação por acreditar que, no mundo real da política, onde as desigualdades estruturais influenciam procedimentos e resultados, processos democráticos que parecem cumprir as normas de deliberação geralmente tendem a beneficiar os agentes mais poderosos. Ela recomenda, portanto, que aquelas que se preocupam com a promoção de mais justiça devem realizar principalmente a atividade de oposição crítica, em vez de tentar chegar a um acordo com quem sustenta estruturas de poder existentes ou delas se beneficia.

Young, I. M. desafios ativistas à democracia deliberativa. Revista Brasileira de Ciência Política, n.13, jan-abr. 2014.

 As concepções de democracia deliberativa e de democracia ativista apresentadas no texto tratam como imprescindíveis respectivamente,

 

A) a decisão da maioria e a uniformização de direitos.

B) a organização de eleições e o movimento anarquista.

C) a obtenção do consenso e a mobilização das minorias.

D) a fragmentação da participação e a desobediência civil.

E) a imposição de resistência e o monitoramento da liberdade.

 

[C]

 

O texto fala de democracia deliberativa, como aquela em que as partes devem decidir entre si e chegar num acordo, ou seja, num consenso. A democracia ativista, procura militar/defender determinado tema depende da mobilização das minorias e fazer uma oposição crítica.  

 

4. (ENEM 2016) A sociologia ainda não ultrapassou a era das construções e das sínteses filosóficas. Em vez de assumir a tarefa de lançar luz sobre uma parcela restrita do campo social, ela prefere buscar as brilhantes generalidades em que todas as questões são levantadas sem que nenhuma seja expressamente tratada. Não é com exames sumários e por meio de instituições rápidas que se pode chegar a descobrir as leis de uma realidade tão complexa. Sobretudo, generalização as vezes tão amplas e tão apressadas não são suscetíveis a nenhum tipo de prova.

Durkheim, E. O suicídio: estudo da sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

O texto expressa o esforço de Émile Durkheim em construir uma sociologia com base na

A) vinculação com a filosofia como saber unificado.

B) reunião das percepções intuitivas para demonstração.

C) formulação de hipóteses subjetivas sobre a vida social.

D) adesão aos padrões de investigação típicos das ciências naturais.

E) incorporação de um conhecimento alimentado pelo engajamento político.

[D]

Durkheim é o pai da sociologia, que surgiu no século XIX, num contexto de grande agitação política e ideológica. Procurava leis sociais e que estas deveriam ser confiáveis, e para isso passíveis de prova. Até então este método era somente das ciências naturais.

 

5. (ENEM 2016) Quanto mais complicada se tornou a produção industrial, mais numerosos passaram a ser os elementos da indústria que exigiam garantia de fornecimento. Três deles eram de importância fundamental: o trabalho, a terra e o dinheiro. Numa sociedade comercial, esse fornecimento só poderia ser organizado de uma forma: tornando-os disponíveis à compra. Agora eles tinham que ser organizados para a venda no mercado. Isso estava de acordo com a exigência de um sistema de mercado. Sabemos que em um sistema como esse, os lucros só podem ser assegurados se se garante a autorregulação por meios de mercados competitivos interdependentes.

POLANYI, K. A grande transformação: As origens de nossa época. Rio de Janeiro: Campus, 2000 (Adaptado).

A consequência do processo de transformação socioeconômica abordada no texto é a

A) expansão das terras comunais.

B) limitação do mercado como meio de especulação.

C) consolidação da força de trabalho como mercadoria.

D) diminuição do comércio como efeito da industrialização.

E) adequação do dinheiro como elemento padrão das transações.

 

[C]

A questão trata da Revolução Industrial e a formação do operariado urbano. De acordo com Marx, o proletariado é aquele que só tem sua força de trabalho, e dispõe dela para conseguir sua sobrevivência. O trabalho torna-se uma mercadoria como qualquer outra, e sujeita às oscilações da lei da oferta e da procura. É simples perceber: O excesso de mão de obra que existia, devido à grande quantidade de miseráveis urbanos fazia os salários serem muito baixos.

 

6. (ENEM 2016) A mundialização introduz o aumento da produtividade do trabalho sem acumulação de capital, justamente pelo caráter divisível da forma técnica molecular-digital do que resulta a permanência da má distribuição da renda: exemplificando mais uma vez os vendedores de refrigerantes às portas dos estádios viram sua produtividade aumentada graças ao just in time dos fabricantes e distribuidores de bebidas, mas para realizar o valor de tais mercadorias, a forma de trabalho dos vendedores é a mais primitiva. Combinam-se, pois, acumulação molecular digital com o puro uso da força de trabalho.

OLIVEIRA, F. Crítica à razão dualista e o ornitorrinco. Campinas: boi tempo, 2003.

Os aspectos destacados no texto afetam diretamente questões como emprego e renda, sendo possível explicar essas transformações pelo(a)

A) crise bancária e o fortalecimento do capital industrial.

B) inovação toyotista e a regularização do trabalho formal.

C) impacto da tecnologia e as modificações na estrutura produtiva.

D) emergência da globalização e a expansão do setor secundário.

E) diminuição do tempo de trabalho e a necessidade de diploma superior.

 

[C]

As mudanças tecnológicas têm um grande poder de provocar transformações no espaço e nas formas de vida. O toyotismo e o seu “just in time”, mudou a produtividade e as formas de trabalho. No entanto, coexistem formas muito diferentes de produção e trabalho ao longo da escala produtiva. No topo temos as grandes empresas com processos cada vez mais modernos, e na outra ponta, os vendedores ambulantes nas portas dos estádios que tecnicamente atuam de forma “primitiva”.  As transformações citadas no texto estão corretamente citadas na alternativa [C]. A alternativa [A] em nada se relaciona com a proposta do texto. Poderíamos ter alguma dúvida na alternativa [D], pois é o contexto da globalização em que estas transformações se processam de forma mais intensa, mas quando fala que ocorreu uma expansão do secundário (isso relaciona-se à estrutura econômica: setor produtivo e população empregada) encontramos o erro. Atualmente temos uma expansão do setor terciário (comércio e serviços), muitas vezes provocadas por novas tecnologias de produção industrial, que exigem cada vez menos decisões humanas.

 

7. (ENEM 2016) Hoje, a indústria cultural assumiu a herança civilizatória da democracia de pioneiros e empresários, que tampouco desenvolvera uma fineza de sentido para os desvios espirituais. Todos são livres para dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde a neutralização histórica da religião, são livres para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha da ideologia, que reflete sempre a coerção econômica, revela-se em todos os setores como a liberdade de escolher o que é sempre a mesma coisa.

ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

A liberdade de escolha da civilização ocidental, de acordo com a análise do texto, é um(a)

A) legado social.

B) patrimônio político.

C) produto da moralidade.

D) conquista da humanidade.

E) ilusão da contemporaneidade.

 

[E]

O texto destaca o papel da indústria cultural no mundo atual e suas várias liberdades de escolha do que consumir, mas encerra dizendo que nossa liberdade de escolher coisas que são as mesmas. Dessa forma a liberdade (materializada na liberdade de escolha de consumo) é uma ilusão dos tempos atuais.


Filosofia:

1. (ENEM 2016) Nunca nos tornaremos matemáticos, por exemplo, embora nossa memória possua todas as demonstrações feitas por outros, se nosso espírito não for capaz de resolver toda espécie de problemas; não nos tornaríamos filósofos, por ter tido todos os raciocínios de Platão e Aristóteles, sem poder formular um juízo sólido sobre o que nos é proposto, Assim, de fato, pareceríamos ter aprendido, não ciências, mas histórias.

DESCARTES, R. Regras para a orientação do espírito. São Paulo: Martins fontes, 1999.

Em busca pelo saber verdadeiro, o autor considera o conhecimento, de modo crítico, como resultado da

A) investigação de natureza empíricas

B) retomada da tradição intelectual.

C) imposição de valores ortodoxos.

D) autonomia do sujeito pensante.

E) liberdade do agente moral.

 

[D]

De acordo com o texto de Descartes não baste ler os raciocínios dos grandes filósofos, mas para se tornar um o sujeito deve pensar por si só e formular seu juízo sobre o que analisa. Dessa forma o conhecimento verdadeiro passa pelo crivo da dúvida e da razão. Para pensar o sujeito deve ser autônomo.

 

2. (ENEM 2016) 

Essa deu discussão. Talvez a mais difícil de ciências humanas.

Texto I 

    Fragmento B91: Não se pode banhar duas vezes no mesmo rio, nem substância mortal alcançar duas vezes a mesma condição; mas pela intensidade e rapidez da mudança, dispersa e de novo reúne.

HERÁCLITO. Fragmentos (Sobre a natureza). São Paulo; Abril Cultural, 1996 (adaptado)

TEXTO II

    Fragmento B8: São muitos os sinais de que o ser é ingênito e indestrutível, pois é compacto, inabalável e sem fim; não foi nem será, pois é agora um todo homogêneo, uno, contínuo. Como poderia o que é perecer? Como poderia gerar-se?

                                                                                                 Parmênides. Da natureza. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado)

Os fragmentos do pensamento pré-socrático expõem uma oposição que se insere no campo das

A) investigações do pensamento sistemático.

B) preocupações do período mitológico.

C) discussões de base ontológica.

D) habilidades da retórica sofística.

E) verdades do mundo sensível.

 

[C]

Heráclito e Parmênides são os maiores pensadores pré-socráticos e com eles surgiu o primeiro debate filosófico.  Parmênides é o filósofo do devir, enquanto Parmênides o filósofo da unidade.  Situam-se na passagem do pensamento mítico para o logos, racional. O pensamento pré-socrático já possuía critérios de pensamento sistemáticos que eram racionalizados. Por outro lado, tudo que diz respeito à uma discussão sobre a essência do pensamento e comportamento humano é ontológico.  Esse exercício é o que considerei o mais difícil do exame. Porque? Exigia conhecimento de conceitos básicos de filosofia e muita interpretação. Temos que esperar qual o entendimento da banca, pois foi o exercício que mais ocorreu dissenso entre os professores. A alternativa cobrada pela banca foi [C], mas a alternativa [A] traz uma grande dificuldade e uma confusão teórica. Questão a ser analisada pelo INEP, pois gera dúvidas desnecessárias e então possui baixa seletividade.

 

3. (ENEM 2016) Ser moderno é encontrar-se em um ambiente que promete aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformação e transformação das coisas em redor – mas ao mesmo tempo ameaça destruir tudo o que temos, tudo o que sabemos, tudo o que somos. A experiência ambiental da modernidade anula todas as fronteiras geográficas e raciais, de classe e nacionalidade: nesse sentido, pode-se dizer que a modernidade une a espécie humana. Porém, é uma unidade paradoxal, uma unidade de desunidade.

Bermam, M. Tudo que é sólido se desmancha no ar. A aventura da modernidade. São Paulo; Cia. Das Letras, 1986 (adaptado)

O texto apresenta uma interpretação da modernidade que a caracteriza como um(a)

A) dinâmica social contraditória.

B) interação coletiva harmônica.

C) fenômeno econômico estável.

D) sistema internacional decadente

E) processo histórico homogeneizador.

 

[A]

A modernidade que o mundo vive desde o século XIX, em um ritmo acelerado é bastante contraditória pois traz o novo e várias melhorias, mas também destrói as formas tradicionais de vida. A modernidade não é um processo homogeneizador pois as minorias tendem a ser mais representadas e ter mais espaço.  Apesar disso é inegável que cada vez mais o mundo está ocidentalizado, mas não é o que caracteriza a modernidade nem está ligado ao texto.

 

4. (ENEM 2016) Pirro afirmava que nada é nobre nem vergonhoso, justo ou injusto; e que, da mesma maneira, nada existe do ponto de vista da verdade; que os homens agem apenas segundo a lei e o costume, nada sendo mais isto do que aquilo. Ele levou uma vida de acordo com essa doutrina, nada procurando evitar e não se desviando do que quer que fosse, suportando tudo, carroças, por exemplo, precipícios, cães, nada deixando ao arbítrio dos sentidos.

Laércio, D. Vidas e sentenças dos filósofos ilustres. Brasília: Editora UNB, 1988.

O ceticismo conforme sugerido no texto caracteriza-se por:

A) Desprezar quaisquer convenções e obrigações da sociedade.

B) Atingir verdadeiro prazer como princípio e o fim da vida feliz.

C) Defender a indiferença e a impossibilidade de obter alguma certeza.

D) Aceitar o determinismo e ocupar-se com esperança transcendente.

E) Agir de forma virtuosa e sábia afim de enaltecer o homem bom e belo.

[C]

Pirro foi o filósofo cético que talvez mais levou ao estremo a dúvida, colocando em questão ela própria: A possibilidade de duvidar da própria dúvida. Como está destacado no texto, põe em questão a existência da verdade. É uma defesa da impossibilidade de termos certeza de qualquer coisa, pois tudo é dubitável (passível de dúvida). Alternativa correta [C]. A alternativa [A] está errada pois não despreza as convenções sociais, e é possível observarmos no texto sua referência à obediência às leis, que mesmo sem sentido são seguidas. Nada no trecho sugere esse desprezo. A alternativa [B] descreve muito bem os princípios do epicurismo, que foi cobrada no exame passado. O texto não sugere nada quanto a felicidade. A alternativa [D] está completamente no oposto do que o texto diz. Ele fala que os homens seguem leis e doutrinas suportando tudo sem submeter ao arbítrio dos sentidos, isso é uma reprovação do comportamento. A alternativa [E] em nada se relaciona com o texto e o tema da questão.

 

5. (ENEM 2016) Vi os homens sumirem-se numa grande tristeza. Os melhores cansaram-se das suas obras. Proclamou-se uma doutrina e com ela circulou uma crença: tudo é oco, tudo é igual, tudo passou! O nosso trabalho foi inútil; o nosso vinho tornou-se veneno; o mau olhado amareleceu-nos os campos e os corações. Secamos de todo, e se caísse fogo encima de nós, as nossas cinzas voariam em pó. Sim; cansamos o próprio fogo. Todas as fontes secaram para nós, e o mar retirou-se. Todos os solos se querem abrir, mas os abismos não nos querem tragar!

NITZSCHE, F. Assim falou Zaratustra. Rio de Janeiro: e de ouro, em 1977.

O texto exprime uma construção alegórica e traduz o entendimento da doutrina Niilista, uma vez que

A) reforça a liberdade do cidadão.

B) desvela os valores do cotidiano.

C) exorta as relações de produção.

D) destaca a decadência da cultura.

E) amplifica o sentimento de ansiedade.

 

[D]

O filósofo Nietzsche é um emblema do pensamento niilista. Sua obra é marcada por um grande pessimismo sobre a civilização e a cultura humana. Em sua obra Assim Falava Zaratustra, entre outras, destaca sua visão de decadência da cultura ocidental após a Antiguidade. Outra característica marcante é a forma de comunicação do filósofo. Busca uma grandeza que julga não mais existir e recusa-se a escrever no alemão moderno (após a unificação alemã) e escreve no alemão de Goethe (um grande escritor da língua). Escreve através de máximas e alegorias. Alternativa correta [D]. Sua obra não é principalmente sobre a crítica à cultura e não lida com conceitos como cidadania. Nega a religião, princípios políticos econômicos. Também um antimarxista.

6. (ENEM 2016)

Ser ou não ser – eis a questão.

Morrer-dormir – Dormir! Talvez sonhar aí está o obstáculo!

Os sonhos que hão de vir no sono da morte

Quando tivermos escapado ao tumulto vital

Nos obrigam a hesitar: é essa a reflexão

Que se dá à desventura uma vida tão longa.

SHAKESPEARE, W. Hamlet. Porto Alegre: L&PN, 2007.

Este solilóquio pode ser considerado um precursor do existencialismo ao enfatizar a tensão entre

A) consciência de si e angústia humana.

B) inevitabilidade do destino em certeza moral.

C) tragicidade da personagem e ordem do mundo.

D) racionalidade argumentativa e loucura iminente.

E) dependência paterna e impossibilidade de ação.

 

[A]

O existencialismo é a corrente filosófica que tem como seu maior expoente J. P. Sartre. Caracteriza-se por uma busca constante de significação para a existência e um sentido para o ser. Em geral é uma filosofia – que mesmo que não resulte numa vida triste -, nos revela uma profunda tensão entre a consciência humana diante de um mundo em que os sujeitos individualizam-se cada vez mais, tornando-se quase insignificantes, ou a culpa pela busca do prazer, a vida num mundo extremamente contraditório, leva o homem à reflexões angustiantes.

 

7. (ENEM 2016) Sentimos que toda satisfação de nossos desejos advinda do mundo assemelha-se à esmola que mantém hoje o mendigo vivo, porém prolonga amanhã a sua fome. A resignação, ao contrário, assemelha-se à fortuna herdada: livra o herdeiro para sempre de todas as preocupações.

SCHOPENHAUER, A. Aforismo para a sabedoria da vida. São Paulo: Martins fontes, 2005.

O trecho destaca uma ideia remanescente de uma tradição filosófica ocidental, segundo a qual a felicidade se mostra indissociavelmente ligada à

A) consagração de relacionamentos afetivos.

B) administração da independência interior.

C) fugacidade do conhecimento empírico.

D) liberdade de expressão religiosa.

E) busca de prazeres efêmeros.

 

[B]

Schopenhauer compara a satisfação efêmera, advinda do mundo à uma esmola e a resignação à fortuna. Sugere desta maneira que a resignação é melhor ao homem. Ele foi o filósofo que mais preocupou-se com o livre arbítrio e dizia que o homem deve decidir por si, mas para isso é necessário que o homem seja capaz de administrar sua independência interior.  É uma questão de interpretação complexa, na minha opinião está entre as mais difíceis da prova, então seria mais simples tentarmos respondê-la por eliminação. Apegando-se ao texto, ele não faz referência a relacionamentos ou religião, não fala que o conhecimento empírico é efêmero e que eles são pouco.


É isso aí pessoal. Como o prometido, o link do gabarito, onde você pode encontrar as outras disciplinas. É só clicar.

Muito obrigado, sucesso nos seus objetivos. Vai dar tudo certo.

Prof. Sérgio Henrique.

Sergio Henrique

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