Dúvidas de Português: Tenho que ou tenho de
Olá, pessoal! Tudo certo?
Hoje vamos comentar sobre uma dúvida que pega todo mundo: eu tenho que ou eu tenho de??
Certamente você já se pegou pensando nisso, não é mesmo?
Então vamos à explicação…
Primeiramente é importante falarmos um pouco sobre locuções verbais.
Segundo Bechara (1999), a locução verbal é a combinação de um verbo auxiliar com as formas nominais infinitivo, gerúndio ou particípio, os quais são chamados de verbo principal.
hei de | estudar | estou | estudando | tenho | estudado | ||
verbo auxiliar | verbo principal | verbo auxiliar | verbo principal | verbo auxiliar | verbo principal | ||
(infinitivo) | (gerúndio) | (particípio) | |||||
locução verbal |
locução verbal |
locução verbal |
Entre o auxiliar e o verbo principal no infinitivo, pode aparecer ou não uma preposição (de, em, por, a, para). Muitas vezes o verbo auxiliar traduz um valor semântico ao verbo principal dando origem aos chamados aspectos verbais.
Na locução verbal é somente o auxiliar que recebe as flexões de pessoa, número, tempo e modo:
haveremos de fazer estavam trabalhando tinhas visto.
Também pode ocorrer, em vários casos, a alternância da preposição (começar a/de fazer).
Mas onde entra o ter que / de?
Bem, existem locuções verbais em que os verbos auxiliares são chamados de modais, isto é, o verbo auxiliar se combina com o infinitivo ou gerúndio do verbo principal para determinar com mais rigor o modo como se realiza ou se deixa de realizar a ação verbal. Observe os exemplos dos valores semânticos dos auxiliares modais abaixo:
Necessidade, obrigação, dever: haver de escrever, ter de(que)escrever, dever escrever, precisar (de) escrever, etc.
Você notou que apareceu a forma pela qual esperávamos? Pois bem, observe que, em vez de ter ou haver de + infinitivo, usa-se ainda, mais modernamente, ter ou haver que + infinitivo: tenho que estudar. Neste caso, que funciona como verdadeira preposição. Mas atenção! Não confunda este que preposição com o que pronome relativo em construções do tipo: nada tinha que dizer, tenho muito que fazer. (Bechara – 1999)
Portanto, as duas formas são aceitas! ?
Veja agora os outros exemplos de auxiliares modais:
Possibilidade ou capacidade: poder escrever, etc.
Vontade ou desejo (volitivo): querer escrever, desejar escrever, odiar escrever, abominar escrever, etc.
Tentativa ou esforço: buscar escrever, pretender escrever, tentar escrever, ousar escrever, atrever-se a escrever, etc.
Consecução: conseguir escrever, lograr escrever, etc.
Aparência, dúvida: parecer escrever, etc.
Intento futuro: ir escrever (vou escrever), etc.
Resultado: vir a escrever, chegar a escrever, etc.
Viu como é simples? Agora você não precisa mais ficar na dúvida!?
Um grande abraço,
Professor Décio Terror.
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