Eu, o Guru do Direito Civil (IG, FB e YT), vou apresentar o gabarito e os recursos da prova de Civil da 1ª Fase do XXVI Exame OAB. Vou fazer alguns comentários sobre a prova e analisar como foi a prova. Logo chega a prova da 2ª Fase; está preparado?
O Direito Civil tem 7 questões, mas era possível responder a questões de outras disciplinas apenas com os conhecimentos do Direito Civil. Acompanhe comigo a correção agora!!!
QUESTÃO 35
A cidade de Asa Branca foi atingida por uma tempestade de grandes proporções. As ruas ficaram alagadas e a população sofreu com a inundação de suas casas e seus locais de trabalho. Antônio, que tinha uma pequena barcaça, aproveitou a ocasião para realizar o transporte dos moradores pelo triplo do preço que normalmente seria cobrado, tendo em vista a premente necessidade dos moradores de recorrer a esse tipo de transporte. Nesse caso, em relação ao citado negócio jurídico, ocorreu
A) estado de perigo.
B) dolo.
C) lesão.
D) erro.
Gabarito apresentado pela FGV: C
De fato, de acordo com o art. 157 do CC/2002, trata-se de lesão, dado que havia (a) necessidade dos moradores e (b) prestação manifestamente desproporcional (triplo do valor cobrado normalmente), os dois requisitos da lesão.
QUESTÃO 36
Lúcio, comodante, celebrou contrato de comodato com Pedro, comodatário, no dia 1º de outubro de 2016, pelo prazo de dois meses. O objeto era um carro da marca Y no valor de R$ 30.000,00. A devolução do bem deveria ser feita na cidade Alfa, domicílio do comodante, em 1º de dezembro de 2016. Pedro, no entanto, não devolveu o bem na data marcada e resolveu viajar com amigos para o litoral até a virada do ano. Em 1º de janeiro de 2017, desabou um violento temporal sobre a cidade Alfa, e Pedro, ao voltar da viagem, encontra o carro destruído. Com base nos fatos narrados, sobre a posição de Lúcio, assinale a afirmativa correta.
A) Fará jus a perdas e danos, visto que Pedro não devolveu o carro na data prevista.
B) Nada receberá, pois o perecimento se deu em razão de fato fortuito ou de força maior.
C) Não terá direito a perdas e danos, pois cedeu o uso do bem a Pedro.
D) Receberá 50% do valor do bem, pois, por fato inimputável a Pedro, o bem não foi devolvido.
Gabarito apresentado pela FGV: A
Questão simples. Bastava lembrar que o devedor em mora responde pelos danos à coisa certa, mesmo que haja caso fortuito ou força maior, por aplicação do art. 399 do CC/2002, sendo irrelevante o fato de haver ou não culpa de Pedro.
QUESTÃO 37
Ronaldo é proprietário de um terreno que se encontra cercado de imóveis edificados e decide vender metade dele para Abílio. Dois anos após o negócio feito com Abílio, Ronaldo, por dificuldades financeiras, descumpre o que havia sido acordado e constrói uma casa na parte da frente do terreno – sem deixar passagem aberta para Abílio – e a vende para José, que imediatamente passa a habitar o imóvel. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.
A) Abílio tem direito real de servidão de passagem pelo imóvel de José, mesmo contra a vontade deste, com base na usucapião.
B) A venda realizada por Ronaldo é nula, tendo em vista que José não foi comunicado do direito real de servidão de passagem existente em favor de Abílio.
C) Abílio tem direito a passagem forçada pelo imóvel de José, independentemente de registro, eis que seu imóvel ficou em situação de encravamento após a construção e venda feita por Ronaldo.
D) Como não participou da avença entre Ronaldo e Abílio, José não está obrigado a conceder passagem ao segundo, em função do caráter personalíssimo da obrigação assumida.
Gabarito apresentado pela FGV: C
Questão que apresenta uma PEGADINHA! Muita gente acha que quando eu passo pelo terreno de outrem é servidão. Não é. Servidão é acordo. Se eu preciso forçar a minha passagem pelo terreno do outro, o instituto é da… passagem forçada! O art. 1.285 do CC/2002 deixa isso bem claro. A passagem forçada independe da vontade de Abílio, que fica obrigado a ceder a passagem pelo terreno, independentemente de comunicação, pois se trata de direito real.
Não se pode sequer falar em usucapião de servidão de passagem porque o prazo para tanto não se verificou.
QUESTÃO 38
Diante da crise que se abateu sobre seus negócios, Eriberto contrai empréstimo junto ao seu amigo Jorge, no valor de R$200.000,00, constituindo, como garantia, hipoteca do seu sítio, com vencimento em 20 anos. Esgotado o prazo estipulado e diante do não pagamento da dívida, Jorge decide executar a hipoteca, mas vem a saber que o imóvel foi judicialmente declarado usucapido por Jonathan, que o ocupava de forma mansa e pacífica para sua moradia durante o tempo necessário para ser reconhecido como o novo proprietário do bem. Diante do exposto, assinale a opção correta.
A) Como o objeto da hipoteca não pertence mais a Eriberto, a dívida que ele tinha com Jorge deve ser declarada extinta.
B) Se a hipoteca tiver sido constituída após o início da posse ad usucapionem de Jonathan, o imóvel permanecerá hipotecado mesmo após a usucapião, em respeito ao princípio da ambulatoriedade.
C) Diante da consumação da usucapião, Jorge tem direito de regresso contra Jonathan, haja vista que o bem usucapido era objeto de sua garantia.
D) Sendo a usucapião um modo de aquisição originária da propriedade, Jonathan pode adquirir a propriedade do imóvel livre da hipoteca que Eriberto constituíra em favor de Jorge.
Gabarito apresentado pela FGV: A
Questão simples. A aquisição da posse é modo de aquisição originário da propriedade, pelo que todas as situações jurídicas anteriores se apagam, como se pode retirar do art. 1.241 do CC/2002. Irrelevante quando a hipoteca foi instituída, se antes ou depois de iniciada a posse, não havendo qualquer direito do credor hipotecário contra o novo proprietário, que usucapiu o bem.
QUESTÃO 39
Paula é credora de uma dívida de R$ 900.000,00 assumida solidariamente por Marcos, Vera, Teresa, Mirna, Júlio, Simone, Úrsula, Nestor e Pedro, em razão de mútuo que a todos aproveita. Antes do vencimento da dívida, Paula exonera Vera e Mirna da solidariedade, por serem amigas de longa data. Dois meses antes da data de vencimento, Júlio, em razão da per da de seu emprego, de onde provinha todo o sustento de sua família, cai em insolvência. Ultrapassada a data de vencimento, Paula decide cobrar a dívida. Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
A) Vera e Mirna não podem ser exoneradas da solidariedade, eis que o nosso ordenamento jurídico não permite renunciar a solidariedade de somente alguns dos devedores.
B) Se Marcos for cobrado por Paula, deverá efetuar o pagamento integral da dívida e, posteriomente, poderá cobrar dos demais as suas quotas-partes. A parte de Júlio será rateada entre todos os devedores solidários, inclusive Vera e Mirna.
C) Se Simone for cobrada por Paula deverá efetuar o pagamento integral da dívida e, posteriomente, poderá cobrar dos demais as suas quotas-partes, inclusive Júlio.
D) Se Mirna for cobrada por Paula, deverá efetuar o pagamento integral da dívida e, posteriomente, poderá cobrar as quotas partes dos demais. A parte de Júlio será rateada entre todos os devedores solidários, com exceção de Vera.
Gabarito apresentado pela FGV: B
Questão que exigia conhecimentos bons de Direito das Obrigações. Primeiro, necessário lembrar que o credor pode renunciar a solidariedade quanto a determinados devedores, sem problemas. Quando cobra um devedor, ele deve pagar a dívida. Este codevedor “pagante”, ao pagar, pode cobrar a quota-parte dos demais, incluindo os retirados da solidariedade por meio da renúncia. A resposta dessa questão é uma soma dos arts. 282, caput e parágrafo único, 283 e 284.
QUESTÃO 40
Jorge, engenheiro e construtor, firma, em seu escritório, contrato de empreitada com Maria, dona da obra. Na avença, foi acordado que Jorge forneceria os materiais da construção e concluiria a obra, nos termos do projeto, no prazo de seis meses. Acordou-se, também, que o pagamento da remuneração seria efetivado em duas parcelas: a primeira, correspondente à metade do preço, a ser depositada no prazo de 30 (trinta) dias da assinatura do contrato; e a segunda, correspondente à outra metade do preço, no ato de entrega da obra concluída. Maria, cinco dias após a assinatura da avença, toma conhecimento de que sobreveio decisão em processo judicial que determinou a penhora sobre todo o patrimônio de Jorge, reconhecendo que este possui dívida substancial com um credor que acaba de realizar ato de constrição sobre todos os seus bens (em virtude do valor elevado da dívida). Diante de tal situação, Maria pode
A) recusar o pagamento do preço até que a obra seja concluída ou, pelo menos, até o momento em que o empreiteiro prestar garantia suficiente de que irá realizá-la.
B) resolver o contrato por onerosidade excessiva, haja vista que o fato superveniente e imprevisível tornou o acordo desequilibrado, afetando o sinalagma contratual.
C) exigir o cumprimento imediato da prestação (atividade de construção), em virtude do vencimento antecipado da obrigação de fazer, a cargo do empreiteiro.
D) desistir do contrato, sem qualquer ônus, pelo exercício do direito de arrependimento, garantido em razão da natureza de contrato de consumo.
Gabarito apresentado pela FGV: A
Questão legal e que mostra como entender a “lógica” do Direito Civil é fundamental! O contrato é um negócio jurídico bilateral. Se é bilateral, tem dois lados. Dois lados que têm de cumprir sua parte. Se uma das partes não parece que vai cumprir sua parte, o que eu faço? Exceção de contrato não cumprido, prevista no art. 477 do CC/2002. Ou você garante que vai cumprir, ou cumpre sua parte e eu cumpro a minha ao final.
QUESTÃO 41
Lúcio, viúvo, tendo como únicos parentes um sobrinho, Paulo, e um tio, Fernando, fez testamento de acordo com to das as formalidades legais e deixou toda a sua herança ao seu amigo Carlos, que tinha uma filha, Juliana. O herdeiro instituído no ato de última vontade morreu antes do testador. Morto Lúcio, foi aberta a sucessão. Assinale a opção que indica como será feita a partilha.
A) Juliana receberá todos os bens de Lúcio.
B) Juliana receberá a parte disponível e Paulo, a legítima .
C) Paulo e Fernando receberão, cada um, metade dos bens de Lúcio.
D) Paulo receberá todos os bens de Lúcio.
Gabarito apresentado pela FGV: D
O art. 1.851 transparece que o direito de representação não se aplica à sucessão testamentária, já que está inserido na parte da sucessão legítima. Por isso, Juliana nada herda. Já o art. 1.843 estabelece que preferem os sobrinhos aos tios, pelo que Paulo herda tudo.
Espero que você tenha ido bem na prova da 1ª Fase e agora já esteja na preparação da
2ª Fase! Você já está preparado? O Estratégia tem cursos para a
2ª Fase e eu sou o Professor responsável pelo Direito Civil! Fique ligado, porque o pacote está super completo e eu corrijo pessoalmente duas rodadas de peças e questões que você me enviar! =)
Abraço,
Paulo H M Sousa
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Gostaria de saber quantas questoes tem para ser anuladas neste xxvi.