Categorias: Concursos Públicos

Diploma importa para concurso público?

Lembro-me com extrema clareza de uma situação que ocorreu após a minha formatura no curso superior (de curta duração) de Tecnologia em Telecomunicações: uma colega da época do Colégio, embrigada, aproximou-se de mim e disse que meu diploma não valia nada (na verdade, utilizando-se de palavras que não posso citar aqui). Aquelas palavras me machucaram e mexeram muito com minha autoestima.

Bom, vitimismo e ressentimentos à parte (rs!), o fato é que todo conteúdo que vi no meu curso tecnológico ajudou-me, e muito, na parte específica do concurso para o cargo de Técnico em Regulação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Como já tinha visto o conteúdo específico na Faculdade, foquei apenas nas matérias que nunca tinha estudado: foi um sufoco ler a Constituição para quem só viu números durante a graduação. Fui aprovado (em 13º lugar), nomeado e convocado para posse, não restando dúvidas de que meu diploma na área foi fundamental para esse concurso.

Contudo, após tomar posse na Anatel em janeiro/2007, eu ainda não sabia o que queria da vida: se fazia outra graduação; se me capacitava para o mercado de trabalho; ou se estudava para outro concurso. Estava inquieto, pois a única certeza que eu tinha é que eu não deveria me acomodar. Comecei um curso de Engenharia Elétrica, mas desisti após um mês (odiei); fiz vestibular para o curso de Direito, mas não passei onde queria (desisti); e, por fim, no início de 2008, decidi ir na onda de uma galera da Anatel que estava estudando para o concurso da Receita Federal.

Resumindo: após dois anos de intensos estudos, passei nos concursos de Analista-Tributário da Receita Federal (ATRFB) e de Analista do Banco Central do Brasil (BCB, Área 6), sendo que esse último nem estava nos meus planos. Nesses dois concursos, toda amplitude de matérias que estudei não tinha nada a ver com o que eu vi na Faculdade de Tecnologia em Telecomunicações, ou seja, tive que estudar tudo do zero. No entanto, se eu não tivesse feito um curso tecnológico de curta duração, eu não teria tido tempo hábil para estudar, e, talvez, nem diploma de nível superior para tomar posse nos referidos cargos. E detalhe: quase totalidade dos meus colegas engenheiros, contadores e advogados que prestaram esses mesmos concursos nem sequer atingiram a pontuação mínima exigida nos certames.

Hoje, ao encontrar ex-colegas na Receita Federal, Banco Central ou em outros órgãos e entidades, vejo como o diploma não importou: quem fez cursos convencionais de longa duração tem o mesmo patamar de renda que eu. E só de curiosidade, hoje estou num patamar melhor do que a colega que citei no início deste artigo. Por isso, seja humilde, nunca menospreze ninguém.

Mas, não quero finalizar este artigo com um beijo no ombro para as inimigas. O que eu quero mesmo é que você perceba que, se de fato quer prestar concursos públicos e seguir uma carreira pública, o diploma não importa, a não ser que você queira seguir uma carreira muito específica e com reserva de mercado (v,g., magistratura, procuradoria, promotoria, especialista em telecomunicações, carreiras na área da saúde etc). Os cursos superiores tecnológicos de curta duração, assim como os bacharelados e licenciaturas, são cursos em nível de graduação e, consequentemente, aceitos para posse em todos os cargos públicos que não tenham reserva de mercado estabelecida em lei.

E só para terminar o conto: hoje, mais estabelecido e mais maduro (há controvérsias), fiz o curso de Direito que queria fazer lá atrás. Que a história de vocês tenha um final feliz assim também, ou, melhor, mais feliz ainda! :)

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Paulo Morishigue

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