“A você que está iniciando seus estudos para o Exame da OAB: parabéns! Você chegou até aqui e desejo uma ótima trajetória até a aprovação. Ao longo desse caminho não esqueça de desenvolver uma abordagem de estudos que funcione pra você […]”
Confira nossa entrevista com Leonardo Cristovam de Jesus, aprovado no XXXVII Exame da OAB:
Conte-nos um pouco sobre você, para que as pessoas que nos assistem possam te conhecer melhor. Qual o seu nome? Qual sua idade? De onde você é? Já concluiu sua graduação?
Leonardo Cristovam de Jesus: Meu nome é Leonardo Cristovam de Jesus, tenho 21 anos, sou natural de Praia Grande/SC e atualmente curso o 9° período do curso de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Durante seus estudos para o Exame de Ordem, você trabalhava, fazia faculdade e estudava para o Exame, ou se dedicava inteiramente aos estudos?
Leonardo: Durante minha preparação para a prova eu tive o privilégio de poder interromper minha trajetória profissional, de modo que minhas atenções ficaram divididas entre o Exame de Ordem e a faculdade. A conciliação entre o Exame de Ordem e a faculdade requer a realização de um planejamento e o estabelecimento de prioridades: planejamento para distribuir o conteúdo no tempo disponível (de forma exequível) e prioridades para lidar com o grau de energia e atenção que seriam depositadas em cada atividade. Assim, eu optei por todo o dia ter contato com o conteúdo – ainda que em alguns dias tivesse menos tempo disponível – e, no final de semana, além de estudar o conteúdo do dia, também compensava os dias em que estudei menos.
Foi a primeira vez que prestou o Exame de Ordem?
Leonardo: Sim, foi a primeira vez que prestei o Exame de Ordem.
Qual foi sua sensação ao ver que havia sido aprovado?
Leonardo: A minha sensação ao ver que havia sido aprovado pode ser dividida em dois momentos: o primeiro de imensa felicidade (misturada com alívio, confesso!) e o segundo de enorme gratidão. O sentimento de felicidade pela aprovação é um tanto quanto inexplicável, mas arrebatador, no momento eu sorri, chorei, enviei áudios para os professores, abracei os colegas… Por outro lado, o sentimento de alívio é mais explicável; parece-me que, em virtude do Exame de Ordem ser reconhecido de alguma forma como sendo uma prova trabalhosa e decisiva para os graduandos ou bacharéis em Direito, esse cenário acaba por gerar uma certa pressão, a qual justifica o sentimento de alívio do “dever cumprido”. Por fim, o sentimento de gratidão, o qual veio na sequência e se deu tanto pela aprovação em si, quanto pelo desempenho na prova, fazendo-me lembrar e agradecer pelos professores e amigos que me acompanharam, pela atenção que dispensaram e pela confiança depositada de que seria possível alcançar o resultado pretendido.
Os seus colegas de faculdade e amigos que também estavam estudando também conseguiram aprovação? Qual você acha que foi seu diferencial para alcançar a aprovação?
Leonardo: Sim, felizmente a maior parte dos meus colegas de faculdade e amigos conseguiram a aprovação, e os que não conseguiram bateram na trave, ou seja, chegaram muito perto. Após conversas com os colegas que não conseguiram a aprovação, pude perceber que o maior diferencial foi a prática através da redação das peças prático-profissionais. De fato, a revisão do direito material e o estudo através do direito processual são fundamentais, mas a prática da redação das peças é imprescindível, seja realizando provas anteriores, seja na realização de simulados inéditos.
Como era sua vida social durante a sua preparação? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social para passar o mais rápido possível?
Leonardo: A minha vida social durante a preparação para o Exame de Ordem também foi enquadrada dentro de algum “planejamento”. No entanto, importante dizer que eu não abdiquei do convívio social – até porque acredito que se o tivesse feito com a intenção de potencializar o desempenho na prova o efeito seria inverso. Assim, considerando que o convívio social e o contato com os amigos e a família sempre foram dimensões importantes e lugares de afeto pra mim (e continuariam sendo mesmo durante a preparação), apenas planejei a “intensidade”: a minha família mora em outra cidade, por exemplo, de modo que os visitei presencialmente com menos frequência, mas ainda assim ligava e conversava à distância; no círculo de amigos, aproveitava para estar próximo deles na faculdade e quando combinávamos para sair para nos divertir, fazíamos em locais próximos de onde moramos e voltávamos pra casa mais cedo.
Que materiais você usou em sua preparação para o Exame? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Leonardo: Eu usei diversos formatos de materiais ao longo da preparação para o Exame. Nesse aspecto, a plataforma do Estratégia OAB foi muito importante, já que nela há formatos textuais, em vídeo e em áudio. Assim, na universidade, por exemplo, aproveitei as aulas presenciais regulares do curso para entrar em contato com o direito material e processual. Por outro lado, em casa, utilizava a plataforma do Estratégia e organizava o modo como eu iria acessar os conteúdos. Para a primeira fase o foco foi nos materiais textuais, sem dúvida, combinado com videoaulas curtas dos conteúdos que eu tinha mais dificuldades. As videoaulas que eu assistia sempre eram acompanhadas de anotações em um caderno, a fim de tomar nota dos aspectos mais importantes para revisar com facilidade. Na segunda fase essa estratégia se manteve, mas adicionei as aulas telepresenciais, reservando-as para temas mais quentes de Direito Administrativo, visto que são aulas maiores que tomam mais tempo, por isso utilizei com menos frequência. Assim, mantive nos estudos para a segunda fase a predominância dos materiais textuais: o direito material e processual de forma escrita, tanto em PDFs, quanto em livros digitais – sempre na presença do vade mécum, para leitura da lei seca e grifos.
Como conheceu o Estratégia Concursos?
Leonardo: A história é bem curiosa. Quando decidi que iria adquirir uma plataforma de estudos para acompanhar a minha preparação para o 37º Exame de Ordem, conversei com alguns colegas sobre as plataformas existentes no mercado e recebi um ótimo relato de uma grande amiga (a Elisa) acerca do Estratégia. Na ocasião, inclusive, ela relatou que conhecia o Estratégia porque estudou através dos conteúdos gratuitos disponibilizados no Youtube e acompanhou as aulas e revisões. Naquele momento fui pesquisar sobre a plataforma do Estratégia e gostei muito do que encontrei, o que só se confirmou quando obtive acesso à plataforma: um espaço completo, intuitivo, com diversos formatos de conteúdo e extremamente organizado; além dos professores qualificados, acessíveis e muito animados.
Uma das principais dificuldades de todo o candidato é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos?
Leonardo: Acredito que essa questão se relaciona diretamente com a pergunta sobre os materiais utilizados. Eu adotei a técnica de revisar o conteúdo com frequência. Assim, sempre ao término de cada semana eu revisava o conteúdo estudado naquela semana. Depois, programava uma revisão a cada duas semanas do conteúdo acumulado, de um mês e a revisão final, na semana da prova. Nesse processo, os resumos ganham uma centralidade muito importante, porque eles são o meio mais prático para acessar o conteúdo, além de ter sido feito por você, o que de certa forma te coloca diante do momento em que você o construiu e faz relembrar o processo de construção daquele raciocínio. Para alguns conteúdos, por eu ter uma boa memória visual, olhava rapidamente o conteúdo na sua forma textual integral já com os grifos, a fim de guardar a “topografia” dele, quase como uma leitura dinâmica para ativar essas lembranças.
Acerca dos exercícios, na primeira fase foi primordial, destinando um tempo razoável para realização de listas de exercícios e simulados. Já na segunda fase, a parte prática passou a ser a de redação das questões e de provas prático-profissionais. Assim, organizei o tempo para poder resolver provas anteriores e realizar os simulados, focando na resolução de questões discursivas cuja incidência em prova eram maiores, tanto para treinar a escrita, quanto também no momento de estudo e de revisão do direito material. Desta forma, se pudesse resumir o plano de estudos, ele envolvia a leitura do material textual, com grifos e anotações pontuais para posterior revisão, o reforço do aprendizado com videoaulas nos assuntos mais essenciais e nas dificuldades e a centralidade da prática através de questões e simulados somados à revisão periódica dos resumos e anotações.
Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Leonardo: Certamente! No meu caso as disciplinas que eu possuía maior dificuldade eram as de Direito Empresarial e Direito Tributário. Eu acredito que a superação dessas dificuldades envolve assumir uma posição de tranquilidade, mas também de estratégia. Geralmente as dificuldades são mais pontuais, motivo pelo qual é importante não focar mais nelas do que nas conquistas com as disciplinas que há mais facilidade. Contudo, é importante atenção, sobretudo se a dificuldade residir em disciplinas cujo número de perguntas é alto. Assim, acho que não se deve abandonar os conteúdos por esse motivo, mas sim reconhecer que teremos que passar por ele mesmo com dificuldades, não criando mais um bloqueio. Eu adotei a técnica de separar as disciplinas que eu possuía mais dificuldade e reservar um tempo específico em que eu estivesse mais descansado para ler o conteúdo novamente ou assistir a videoaula – aos poucos o contato foi melhorando e consegui me conectar com as disciplinas e sua lógica.
A reta final é sempre um período estressante. Como você levou seus estudos neste período? Focava mais na releitura, em resumos, em exercícios, etc ?
Leonardo: No período da reta final eu foquei na revisão, tanto de direito material, quanto de direito processual, revendo os resumos e as anotações e repassando o conteúdo dos livros digitais e PDFs. Ou seja, a prioridade foi a revisão e a confecção de breves resumos sobre a estrutura das peças prático-profissionais e de seus requisitos. Contudo, não deixei de realizar exercícios através da resolução de provas anteriores, também como uma forma de revisão.
Na semana da prova, nós sempre observamos vários candidatos assumindo uma verdadeira maratona de estudos. Por outro lado, também vemos aqueles preferem desacelerar um pouco, para chegar no dia da prova com a mente mais descansada. O que você aconselha?
Leonardo: Acredito que seja importante entender a semana da prova de duas formas: de um lado a semana anterior à prova e de outro o dia que antecede a prova e o dia da prova. No que concerne à semana da prova, particularmente acredito que seja importante ser uma semana de foco, destinada a revisar o conteúdo e realizar alguns exercícios de fixação para que o conteúdo fique fresco, mas não é uma semana cujo objetivo deva ser aprender conteúdos novos, até porque pode ser frustrante tentar assimilar coisas novas em tão pouco tempo e com tamanha ansiedade. De fato, a depender de como foi a preparação nas semanas anteriores, talvez seja importante pelo menos entrar em contato com conteúdos “quentes” caso não tenha sido possível acompanhá-los anteriormente, mas se isso ocorrer, eu daria prioridade para grifar o vade-mécum e fazer uma breve leitura dos conceitos gerais – não abrindo mão em hipótese alguma da revisão dos conteúdos estudados e de alguma prática com exercícios. Por outro lado, em relação ao dia da prova e ao dia que antecede a prova acho que a posição deve ser diferenciada. No dia que antecede a prova eu sugiro que o candidato participe de uma revisão geral – as chamadas revisões de véspera, já que é comum que se façam apostas de conteúdos e a dinâmica é mais leve, preferencialmente pela manhã. No período da tarde, reservaria para descanso – sem contato com os materiais de estudo, de preferência, bem como sugeriria que o candidato saísse de casa para fazer alguma atividade de lazer, desde que leve, como tomar um café ou ver os amigos. E no domingo, por certo, também não entraria em contato com o material, concentraria em manter a calma e acreditar na preparação que foi realizada para o dia da prova.
Para a segunda fase, optou por criar uma peça de qual área do direito? Qual foi sua estratégia na hora de tomar sua decisão?
Leonardo: Para a segunda fase, optei pela área de Direito Administrativo. A área de Direito Administrativo foi uma área que eu já tinha tido experiência profissional estagiando e trabalhando. Por outro lado, também era uma disciplina que eu estava cursando na graduação, o que me permitiu maior contato com o assunto, facilitando o processo de aprendizagem. No mais, sempre gostei muito de Direito Constitucional, uma área próxima ao Direito Constitucional, inclusive com algumas peças prático-profissionais comuns entre ambas. Todo esse cenário tranquilizou-me de que seria uma decisão acertada.
Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação, quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Leonardo: Acredito que o maior erro da minha preparação tenha sido não ter dado a devida atenção para os sentimentos ao longo da trajetória, sobretudo a ansiedade e o nervosismo. É que tais sentimentos são fatores decisivos nos dias de prova, pelo que se faz importante trabalhá-los até que chegue o grande dia. Acredito que outro erro seja a falsa compreensão de que o estudo só é proveitoso ou é tão mais proveitoso quanto mais linear. Não se nega que a constância seja fundamental, mas constância não é sinônimo de linearidade no estudo; é preciso compreender que haverá dias ruins, imprevistos, dias em que não se terá clima ou vontade para estudar e é importante saber lidar com tudo isso e respeitar a mente e o corpo no processo. Até porque, o processo de estudo é recompensador, mas não o é o tempo inteiro; estudar também envolve ser constantemente contrastado com aquilo que não se sabia e com erros, e são essas experiências que nos fazem aprender.
Acredito que um dos acertos tenha sido compreender que a revisão e a prática de exercícios e de provas anteriores são aspectos fundamentais para a aprovação, portanto, não deixe de revisar o conteúdo e de praticá-lo. Igualmente, outro acerto foi ter planejado os estudos; o planejamento é imprescindível, ter em mente como você conduzirá sua preparação é libertador e muito eficaz.
O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? E qual foi sua principal motivação?
Leonardo: A trajetória de preparação teve como ponto mais difícil a pressão e o cansaço. De fato, a pressão maior é aquela derivada da autocobrança, de modo que é importante nos mantermos vigilantes para não sermos muito duros com nós mesmos. O cansaço também foi um fator de dificuldade, já que são muitas matérias e muito conteúdo, ainda mais somados a vida acadêmica na graduação. Contudo, apesar disso, a principal motivação para prosseguir foi compreender que a aprovação representaria passar pelo primeiro grande desafio na minha trajetória profissional enquanto advogado, imprescindível para que eu pudesse ser colocado diante de tantos outros, aliado ao fato de saber que eu não estava sozinho, pois eu tinha o apoio e a compreensão dos meus colegas, amigos e familiares.
Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para o Exame da OAB? Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Leonardo: A você que está iniciando seus estudos para o Exame da OAB: parabéns! Você chegou até aqui e desejo uma ótima trajetória até a aprovação. Ao longo desse caminho não esqueça de desenvolver uma abordagem de estudos que funcione pra você, observando suas dificuldades e reconhecendo suas conquistas, não deixe de revisar os conteúdos e reserve um tempo considerável para a prática das questões e para a redação de provas anteriores, sobretudo a redação de provas prático-profissionais. Além das dicas, gostaria de compartilhar a compreensão de que nós devemos ser mais gentis conosco mesmo e isso vale inclusive para o momento de preparação para a prova, já que, apesar da importância do Exame de Ordem na trajetória dos graduandos e bacharéis em Direito, não deve ser sobre uma questão estritamente pessoal, ou seja, a prova pode dizer sobre várias coisas, mas seu resultado – positivo ou negativo – não diz sobre o valor da pessoa que a presta. Respire fundo, vai dar tudo certo!