Aprovada em 1° lugar (CR) no concurso TRF-2 para o cargo de Analista Judiciário - Área Apoio Especializado - Serviço Social - Rio de Janeiro
Concursos Públicos“[…] Se possível, busquem referências, aproximem-se de lugares e pessoas que já alcançaram o que você deseja e tente vislumbrar essa chance como uma possibilidade de atingir condições melhores de vida, através do estudo. Isso tornará a sua jornada mais leve e possível!”
Confira a nossa entrevista com Venusa Scazuzo Cardoso de Carvalho, aprovada em 1° lugar (CR) no concurso TRF-2 para o cargo de Analista Judiciário – Área Apoio Especializado – Serviço Social – Rio de Janeiro:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-la. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Venusa Scazuzo Cardoso de Carvalho: Eu me chamo Venusa Scazuzo, tenho 27 anos, sou natural do Rio de Janeiro e moro na zona oeste da cidade. Sou egressa do Ensino Público e recém-formada em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Venusa: Inicialmente, pela minha formação, eu sabia que, eventualmente, esse momento chegaria. A atuação do Serviço Social, por fazer parte de muitas políticas de Estado, tem sua prática quase sempre institucionalizada. Embora existam algumas oportunidades no setor privado, onde o Serviço Social também atua, percebi que não era esse o tipo de relação de trabalho que eu buscava, especialmente após ter vivido situações de insegurança no mercado de trabalho da iniciativa privada.
Foi a partir da pandemia de COVID-19, em 2019, que tomei a decisão de começar a me preparar para concursos. Quando abriu o edital para o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, eu decidi me arriscar no meu primeiro concurso público. Também fui muito inspirada pelos meus professores de faculdade, que tinham uma trajetória em órgãos do judiciário.
A partir de então, iniciei os meus estudos, de forma um tanto inexperiente, enquanto ainda estava na graduação. Felizmente fui aprovada, mas muitas coisas aconteceram depois desse momento.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Venusa: Sim! Desde a minha graduação, sempre precisei conciliar o trabalho com os estudos. Durante a pandemia, não, pois o comércio onde eu trabalhava teve suas atividades suspensas, então eu passei praticamente todo o período de isolamento estudando, embora sem muitos recursos ou planejamento estruturado.
Com o retorno das atividades presenciais, continuei estudando nos momentos em que era possível. Eu me deslocava para o trabalho lendo legislações ou respondendo questões. Durante o almoço ou enquanto tomava banho, escutava as aulas. No entanto, percebi que esse ritmo não seria suficiente para garantir uma aprovação expressiva, que me permitisse ser convocada e mudar aquela situação. Foi aí que decidi me concentrar em primeiro, concluir a graduação, para depois poder me dedicar exclusivamente para concursos públicos.
Com a flexibilização das relações de trabalho, após o período pandêmico, eu percebi que já não havia mais garantias trabalhistas que me estimulassem a manter o vínculo com o emprego formal que eu tinha.
Foi quando decidi sair do trabalho em que estava e usar o fundo de garantia que ainda tinha, para me dedicar exclusivamente para o concurso do TRF2, de janeiro a julho deste ano, logo após a minha formatura.
Estratégia Concursos: Em quais concursos já foi aprovada? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Venusa: A minha primeira aprovação foi para o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o que me deixou muito confiante, pois ainda estava no meio da graduação em Serviço Social. No entanto, como estava estagiando no TJRJ, comecei a perceber que, apesar da alta demanda de processos, não havia a intenção de convocar muitos aprovados, já que a presidência do órgão alegou que não havia verba para tal. No final, o concurso não foi prorrogado, o que me fez perder um pouco da esperança nessa jornada.
Uma estratégia utilizada pelo TJRJ para lidar com a demanda processual sem precisar convocar os profissionais aprovados, foi a criação de uma residência jurídica, na qual estou lotada hoje, na Vara da Infância e Juventude. Embora um pouco inconformada, mas ainda motivada a atuar no judiciário, prestei o concurso para a referida residência, ficando em 2º lugar na prova objetiva (ampla concorrência), mas minha posição foi deslocada para 7º lugar, após a correção da discursiva (Banca FGV, sabe?).
Nesse momento, me dei conta de dois fatos: estava no caminho certo, mas precisava estudar mais para a fase discursiva.
Outras aprovações, menos expressivas, foram em municípios ao redor do Rio de Janeiro, mas não assumi, pois o meu objetivo era mesmo atuar na área sociojurídica.
Hoje, com uma carga mais reduzida, devido a conciliação com a residência no TJRJ, ainda estudo para concursos de tribunais e só pretendo aposentar a caneta quando for de fato nomeada no TRF2.
Estratégia Concursos: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Venusa: Entre a minha família e amigos, poucos sabiam que eu havia tomado a decisão de sair do meu antigo trabalho para me dedicar exclusivamente aos estudos, por dois motivos: primeiro, porque eu havia decidido me dedicar a esse projeto pessoal da mesma forma que um dia me dediquei ao projeto do meu empregador — com horário para iniciar e sair, intervalo para o almoço e a necessidade de ter uma boa justificativa, caso eu faltasse. Dessa forma, raramente me colocava à disposição, pois tinha um compromisso comigo mesma.
Após a experiência frustrada de não ser convocada para o TJRJ e depois de ter contado a todos que estava aguardando a convocação, eu decidi que falaria desse projeto, após ser nomeada. Além de achar que pleitear um cargo em um tribunal federal era um plano um tanto prepotente da minha parte, percebi que não precisar justificar a minha ausência nos eventos era muito mais fácil para mim durante a preparação.
Ainda assim, tive muitas incertezas sobre se valeria a pena abdicar de estar perto das pessoas que eu amo, sem saber se a preparação realmente daria frutos. No final, porém, quando vi o meu nome no topo da lista, todas as renúncias valeram a pena.
Estratégia Concursos: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseira? De que forma?
Venusa: No meu núcleo familiar, há uma supervalorização do esforço do trabalho braçal, pela forma em que fomos criados ou do empreendedorismo e há poucas experiências de esforço do trabalho intelectual, ou seja, adquirido através dos estudos. Então, eu tive muita dificuldade em me fazer entender que aquele momento de estudo seria uma possibilidade de trabalho, ainda mais uma possibilidade melhor do que as que eu e minha família conhecíamos.
Como moro com os meus avós e além de ambos lidarem com perda de audição, o que faz com que tudo esteja sempre no volume máximo (tom de voz, televisão, rádio, telefone, campainha), a casa dos avós é sempre a casa de todos, então sempre havia visitas, festas e comemorações, o que foi algo bastante delicado para mim.
No entanto, o maior desafio, sem dúvidas, foi não ter estado tão presente na primeira infância do meu sobrinho. Lembro de quando ele me encontrava quase escondida no meu quarto e me perguntava quando eu iria poder sair para brincar com ele. Como dizer a uma criança de 5 anos que eu não poderia sair, porque estava estudando para concurso e que ele teria que esperar que eu terminasse as minhas 6 horas de estudo? Isso realmente machucava o meu coração, mas dentre todos, ele era o único que tinha o direito de não entender.
Para justificar a minha ausência, eu criava uma forma fácil de explicar, dizendo: “Estou estudando para ser a sua tia rica!”
De todo modo, a minha avó sempre foi a minha grande incentivadora. Ela sempre acreditou, mesmo sem entender muito bem, que a decisão de estudar seria o caminho mais seguro para mim.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Venusa: Eu me dediquei, exclusivamente, para esse concurso de janeiro à julho de 2024, quando foi aplicado a prova do TRF2, pois em dezembro eu estava entregando o meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no início do ano, eu estava prestando concurso para residência do Tribunal do Rio.
Primeiro, eu entendi que não haveria um ambiente ideal para poder estudar em casa – pelas primeiras razões que expliquei acima – e por não ter computador na época. Então, religiosamente, eu pegava a minha bicicleta e me deslocava para a biblioteca do bairro vizinho, de 8h às 18h, seguindo a mesma carga horário que eu teria em um trabalho formal.
Foi difícil encontrar uma biblioteca no lugar onde eu moro, mas dessa forma, em um local apropriado, eu tinha mais compromisso com o meu plano.
Com isso, eu percebi que precisaria dormir mais cedo, para acordar mais cedo, me alimentar melhor, para não adoecer durante a preparação, me exercitar para aguentar as longas horas sentada estudando. Tudo isso exige muita disciplina, o que se não for observado de princípio, facilmente o corpo irá se cansar primeiro e as chances de desistir serão maiores.
Estratégia Concursos: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Venusa: Como para o meu cargo, a maior parte das questões se voltava para a minha formação, eu buscava sempre acessar a literatura do Serviço Social e do Conselho Federal, pois as bancas costumam cobrar trechos integrais das bibliografias e seus autores. Em documentos e leis esparsas, eu preferia ler a lei seca “integralmente” e, logo após, fazer uma bateria de questões para entender quais pontos eram mais cobrados.
Para doutrinas e conceitos fora desse universo, eu optava, em primeiro lugar, pelos materiais em PDF. Se o conteúdo fosse difícil de compreender, recorria às explicações dos professores por vídeo, com algumas exceções: acredito que há um ganho maior em estudar Português com a explicação em vídeo, por questões de grafia, pronúncia, entonação e interpretação textual. Nesse ponto, agradeço muito à professora Adriana Figueiredo pelo esforço em esquematizar conceitos difíceis e torná-los até divertidos de assistir. Sempre que um colega me dizia que estava com dificuldades nessa disciplina, eu perguntava: “Já tentou assistir à aula da professora Adriana Figueiredo?”
Outra exceção é o Direito Constitucional. Somente a leitura da Constituição não é suficiente para entender todas as interpretações e conceitos dela advindos. Mas, no caso das aulas da professora Nelma Fontana, assistir as suas aulas sempre foi a minha primeira escolha, pois sempre foi muito prazeroso ouvir todo o arcabouço que ela tem sobre o tema, com aquela didática impecável.
Além disso, sempre usei a tecnologia a meu favor. Algumas ferramentas para contabilizar as horas de estudo, o número de questões acertadas, para espaçar as revisões ou bloquear o celular durante as horas de distração foram muito importantes ao longo dessa preparação.
Estratégia Concursos: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Venusa: Quando decidi estudar para o tribunal, olhei o edital e pensei: “Português eu já sei (Ou acreditava que sabia) o conteúdo específico que eu tenho na faculdade, deixa eu ver o próximo: Direito Constitucional. Não tenho a menor compreensão. Ao procurar “Direito Constitucional TJRJ”, tive a grata surpresa de encontrar uma live de revisão da professora Nelma Fontana. Naquele momento, tive a impressão que: ou ela era ministra do STF ou que a própria havia escrito aquele documento, com tanta apropriação e detalhes em que ela explicava artigo por artigo da Carta Constitucional. Por causa dela, iniciei a minha jornada nos concursos e Direito Constitucional se tornou a minha matéria favorita nos concursos. Deixo aqui registrada a minha eterna gratidão!
Logo depois, na mesma live, conheci o professor Herbert Almeida, com todo o seu carisma e capricho em suas explicações. A partir dali, eu soube que a equipe de professores do Estratégia era extremamente competente.
Estratégia Concursos: Antes de conhecer o Estratégia, você chegou a usar materiais de outros cursos? Se sim, o que mais incomodava quando você estudava por esse concorrente?
Venusa: Dentre os materiais gratuitos, eu percebi que não havia um nível de aprofundamento nos assuntos como o Estratégia oferece. Dependendo do nível do concurso que você está buscando, isso faz muita diferença, pois nas provas mais difíceis e/ou concorridas, o nível de cobrança também será mais aprofundado.
Acrescento que os professores do Estratégia são, em sua maioria, ex-concurseiros e sabem onde estão as dificuldades de cada conteúdo e as pegadinhas de cada banca. Isso os torna muito respeitosos e empáticos com os alunos que estão passando pelo mesmo momento.
Estratégia Concursos: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Venusa: Sim. No início, é tudo muito difícil, sobretudo nas matérias que não são específicas ao meu cargo. Mas, conforme você persiste, ao longo do tempo, começa a perceber a sua evolução. Por exemplo, ao invés de apenas decorar os princípios da República Federativa do Brasil, você passa a entender como o STF tem interpretado determinadas questões. Você percebe que, ao resolver uma questão de português, o esquema que o professor passou te ajuda a acertar a resposta. Mas o melhor de tudo, é quando você vê o seu nome no topo da lista dos aprovados.
Sobre as ferramentas: Revisar as aulas durante os deslocamentos, pelo Estratégia Cast e ter o material sempre acessível pelo celular foi um diferencial.
Estratégia Concursos: Como montou seu plano de estudos?
Venusa: Eu organizava os meus estudos dentro de uma carga de 6 horas diárias. Dentre essas 6 horas, separava 2 para cada matéria. Dentro dessas 2 horas, eu dividia o tempo: 30 minutos para revisão, 1 hora de conteúdo novo e 30 minutos para resolver questões, com o objetivo de identificar quais temas mais caem nas provas sobre aquele assunto.
Concomitantemente, já inseri o conteúdo no material de revisão para que, no próximo ciclo, eu retomasse o último conteúdo estudado.
À medida que a prova se aproximava e com o fechamento do edital, não havia mais conteúdo novo para ser revisado, o que fazia com que a parte de revisão aumentasse. Dessa forma, a divisão do tempo se tornava: 1 hora de revisão e 1 hora de resolução de questões.
Eu controlava as minhas pausas pelo método Pomodoro, com ciclos de 50 minutos de estudo seguidos de 10 minutos de pausa, além de uma pausa para o almoço de até 1 hora. Depois do almoço, eu sempre cochilava uns 20 a 30 minutos e retornava aos estudos.
Dentro da semana, eu dividia as disciplinas de acordo com o número de questões cobradas, a quantidade de conteúdo até o edital, o peso e a minha dificuldade em cada matéria. Todos os dias, eu estudava Serviço Social (por ser a matéria com maior número de questões e maior conteúdo programático), Língua Portuguesa, eu estudava 3 vezes por semana (pelo nível de dificuldade, tamanho do conteúdo programático e número de questões) e as demais, eu via 2 vezes por semana, por serem disciplinas com menor número de questões cobradas e menor conteúdo programático.
Tudo isso estava organizado por meio de uma planilha de Excel, que não me deixava esquecer qual seria a matéria do dia e da hora.
Eu também usava o Google Docs para marcar as legislações, fazer comentários e sinalizar as questões mais cobradas. Depois de resolver as questões, eu organizava um caderno de erros, que era criado automaticamente pela plataforma de resolução de questões.
Estratégia Concursos: Como fazia suas revisões?
Venusa: Eu revisava por meio de flashcards, o que revolucionou a minha forma de memorizar os conteúdos. Não há outra forma de memorizar tantos conteúdo sem estar em contato com eles todos os dias, de forma repetida e espaçada. Contudo, precisei analisar qual o tipo de memória que mais me favorecia.
Eu sempre tive uma memória afetiva muito boa, então, buscava ouvir sobre o assunto, assistir aos professores contextualizando o tema da prova (fora da contagem das horas de estudo) e, eventualmente, tentava ensinar ou conversar com alguém sobre a matéria estudada.
Quando comecei a estudar as legislações de Sustentabilidade, por exemplo, tentava visualizar aquelas situações no contexto em que eu vivia, o que me ajudava muito a fortalecer a memória de longo prazo.
Estratégia Concursos: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Venusa: A resolução de questões é de extrema importância e deve estar no planejamento de estudos o tempo todo, não de forma ocasional, mas constante. Quando começamos a estudar para concursos, inicialmente, nos preocupamos mais em aprender e quase não testamos o nosso aprendizado, além de não fazermos revisões. Com o tempo de preparação, percebi que, na verdade, é mais importante resolver questões e revisar do que apenas ler um conteúdo sem aplicá-lo, na prática.
Somente com a resolução de muitas questões foi possível identificar o que estudar, onde focar e qual conteúdo incluir nas suas revisões.
Eu resolvi um pouco mais de 3 mil questões nesse período, com uma taxa de até 15% de erros.
Vale a pena, pois não há sensação melhor do que, no dia da prova, ter a impressão de já ter visto todas aquelas questões antes. Seja por ter se empenhado nas revisões, seja por entender que não há como inovar na formulação das questões, principalmente se você já conhece o estilo de cobrança da sua banca.
Estratégia Concursos: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Venusa: Raciocínio Lógico foi a minha maior dificuldade. Mas, decidi não me inscrever em concursos que exigissem essa disciplina e posso dizer que Língua Portuguesa ocupa o segundo lugar das mais difíceis. Não me orgulho de dizer que tive dificuldades em Português, pois sempre achei que tinha uma boa escrita. Porém, isso é completamente diferente de dominar todas as regras gramaticais, ao ponto de não ser essa matéria a que mais me tirava pontos na prova.
Para superar essa dificuldade, primeiro precisei assumir que, considerar-me boa em Português não me tornava uma concorrente melhor. Eu precisava ser realmente boa. Após entender que Língua Portuguesa para concursos não é como a disciplina da escola, busquei ter paciência comigo mesma, compreendendo que precisava revisar o material mais de uma vez e que ainda assim cometeria erros até me tornar boa. Um fator que potencializou essa perspectiva, foi assistir a uma entrevista da Nelma Fontana, onde ela dizia que o Direito Constitucional foi a matéria que ela mais teve dificuldade durante a sua preparação para concursos. Eu pensava: “Se ela se tornou tão boa no assunto, ao ponto de hoje dar aula sobre, eu sou capaz de “só” passar na prova, apesar da minha dificuldade”.
Estratégia Concursos: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Venusa: Na semana da prova, intensifiquei as revisões e refiz todas as questões erradas do meu caderno de erros. No dia anterior à prova, gosto de escrever em um caderno todos os macetes, mnemônicos e prazos de conteúdos que tive dificuldade em memorizar durante a preparação. Assim, no local de prova, já com o celular desligado, tento dar uma última revisada antes da prova. Também, no dia anterior, visitei o local da prova para que o caminho até lá não fosse um fator de ansiedade.
No dia da prova, sempre começo lendo o tema da redação, faço uma chuva de ideias e, em seguida, volto para as questões, começando pelas que eu tenho mais facilidade e indo até as mais difíceis. Aquelas que me deixaram em dúvida, eu sinalizo, para voltar nelas em um momento posterior e depois de reler, marcar a alternativa de forma mais consciente.
Quando chega o momento de formular a redação, peço para ir ao banheiro e faço uma pausa, exatamente como fazia durante os estudos, quando trocava de assunto.
Estratégia Concursos: No seu concurso, além da prova objetiva, houve a discursiva. Como foi sua preparação para essa importante parte do certame? O que você aconselha?
Venusa: Sim! Neste concurso específico, houve um grau de dificuldade adicional, pois o tema da discursiva era comum a todos os cargos e não específico para a minha área de formação. Isso me deixou um pouco apavorada, pois poderia cair qualquer assunto de forma imprevisível. Confesso que essa imprevisibilidade me fez procrastinar até o último mês de preparação, até que decidi buscar temas que estavam em alta.
Em um último momento, pedi ao professor do meu antigo pré-vestibular comunitário, que corrigisse as minhas redações e vi que não estava indo bem. Para piorar, ainda escolhi o domingo como o dia para a redação. Isso não tinha como dar certo. Felizmente, o tema que foi cobrado era foi um dos poucos que havia simulado em casa, mas essa negligência poderia ter comprometido a minha nota.
Para quem tiver a oportunidade, aconselho a separar um tempo na semana para treinar discursivas, desde o início da preparação, pois a sensação de ter jogado todo o tempo de estudos fora, na fase de correção, por não ter dado a sua devida importância, é a pior possível.
Estratégia Concursos: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Venusa: Começando pelos erros, vejo que eu poderia ter investido mais tempo na parte discursiva. Acredito que esse deslize poderia ter comprometido todo o tempo de dedicação à prova. No entanto, felizmente, não se tornou um grande problema. Hoje, penso também que, se tivesse condições, teria investido em um bom apoio lombar, pois a única coisa que realmente me desestimulava era a minha má postura e, consequentemente, as dores nas costas.
Quanto aos acertos, vejo como positivo, o fato de ter estudado em segredo. Não precisar lidar com as expectativas ou desestímulos das pessoas ao meu redor me tornou mais confiante para perceber que a aprovação ou não na prova, dependeria única e exclusivamente de mim. Nesse aspecto, aprender a dizer “não” para algumas situações e priorizar esse projeto foi um ponto positivo.
Investir na resolução de questões foi, sem dúvida, o maior acerto da minha preparação, além de entender o estilo de cobrança da banca. Sempre ouvia, nas entrevistas de aprovados, que 80%, 85% de acertos era a taxa ideal para ter uma boa colocação em concursos, então perseguir esse percentual foi essencial para medir o nível de meus estudos. Sem essa métrica, não teria sido possível avaliar as possibilidades da minha aprovação. Tanto que, no dia da prova, atingi o tão esperado 90% de acerto. A prova, de fato, foi um reflexo exato do meu empenho nos estudos e não há como fugir disso.
Outro grande acerto, foi buscar sanar todas as minhas inseguranças antes da prova, com o intuito de não levar erros para a folha de resposta. Para isso, organizei um caderno de erros e refiz todas as questões que geraram dúvidas durante a minha preparação. Afinal, seriam os meus erros que poderiam prejudicar a minha colocação.
Por fim, para tornar a rotina de estudos sustentável, eu decidi que essa jornada poderia ser leve. Sempre busquei pequenos estímulos diários para me manter motivada até a reta final, como dar um “check” naquela legislação que precisava ler ou marcar no edital as disciplinas que já havia estudado, percebendo que estava avançando no fechamento do edital, cumprir as metas diárias, como o número de questões a ser resolvido me fazia visualizar um certo progresso. Sem essa percepção de que não estava mais no ponto em que comecei e valorizando os pequenas feitos, certamente não teria seguido firme até o dia da prova.
Tornar essa rotina sustentável também exigiu que eu percebesse que o meu corpo e mente precisavam estar bem para continuar estudando. Então, se eventualmente eu não estivesse emocionalmente bem para me concentrar, me permitia fazer uma pausa ou caso precisasse, ir a uma consulta ou cuidar da minha saúde. Eu tentava não me culpar, pois sabia que a minha saúde era fundamental para sustentar os estudos. Esse ponto foi um acerto e um aprendizado, pois era uma lógica diferente da que eu estava acostumada a adotar comigo mesma.
Um acerto “encurtador” do tempo da minha preparação, foi desde o início ter escolhido a área em que eu queria me dedicar (Tribunais) e não ter saído da rota, até conseguir.
Diferentemente dos anos anteriores, o ano em que me formei foi um ano de muitos concursos autorizados e eu observava vários colegas “tentando” a aprovação em diversos deles. E eu me lembro de dizer de forma muito segura quando me perguntavam se também não iria tentar o concurso x, y, z “não, pois eu estou estudando para outro cargo e se eu trocar meu foco agora, quando o edital sair, eu não vou ter chances de ser aprovada”. Claro que não foi uma decisão fácil, pois ainda assim, eu temia não ser aprovada no TRF2 e me dar conta que havia deixado várias oportunidade passarem. Além do que, a orientação geral era que, caso eu quisesse ser aprovada em um grande concurso, talvez eu devesse começar pelos menores, mas eu tinha escolhido começar pelo meu “concurso fim”. Acredito que isso poupou o meu tempo de preparação, pois desde o início eu me mantive focada em uma única prova.
Outro “encurtador”, sem dúvidas, foi ter encontrado os professores do Estratégia nessa caminhada e não ter soltado mais. Naquele mesmo período em que me formei, percebia diversos colegas que estudavam para carreira de tribunais comprando cursos e mais cursos atrás de suas aprovações. Hoje, eu posso dizer que o Estratégia foi um dos melhores investimentos que eu fiz, que me proporcionou alcançar mais rápido a minha aprovação!
Estratégia Concursos: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Venusa: Não, pois não havia outras possibilidades para mim. Sempre estudei como se aquela fosse a única chance.
Existe uma desvalorização do ensino como uma oportunidade de se atingir melhores condições de vida. Hoje, sobretudo, há muitas formas de ascender socialmente e tenho a impressão de que as pessoas buscam o caminho mais fácil e, às vezes, até o ilegal. Entendo que a possibilidade de estudar para concursos não é acessível à maioria das pessoas que buscam mudar suas condições de vida. Mas no meu caso, essa foi a forma que fui ensinada ao longo da vida, então não havia outro caminho que me fizesse desistir.
Estratégia Concursos: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Venusa: Hoje, atuo na Vara da Infância e Juventude e sempre que posso, retorno à escola onde estudei para incentivar os jovens a seguir estudando. Nessa atuação, percebo o quão distante ainda está do imaginário social a ideia de que os estudos são uma possibilidade real de melhoria de vida. Quando era menor, me recordo de ter precisado recorrer à Justiça para resolver questões pessoais e, dentro daquele espaço de muito poder, com uma arquitetura gigantesca, foram aqueles profissionais bem vestidos que me atenderam de forma digna. Foi ali que pensei: “Um dia eu quero trabalhar nesse lugar”. Hoje, sei que foi Deus quem colocou esse sonho no meu coração e me manteve viva até esse momento.
Então, o melhor conselho que eu poderia dar para as pessoas que decidiram embarcar nessa jornada é: ter clareza do lugar onde almeja estar. Se possível, busque referência, aproxime-se de lugares e pessoas que já alcançaram o que você deseja e tente vislumbrar essa chance como uma possibilidade de atingir condições melhores de vida, através do estudo. Isso tornará a sua jornada mais leve e possível!