Aprovado em 15º lugar no concurso CGU para o cargo Auditor Federal de Finanças e Controle (DF).
Controladorias/Gestão (CGU, CGE, STN, EPPGG)“O candidato que entrar nessa vida de concurso público precisa ter duas certezas, que encontrará muitas dificuldades e que a aprovação vem, basta não desistir.”
Confira nossa entrevista com Paulo Bruno Roballo Baloq, Aprovado em 15º lugar no concurso CGU para o cargo Auditor Federal de Finanças e Controle (DF):
Estratégia Concursis: De onde você é? Qual é sua idade? E sua formação?
Paulo Bruno Roballo Baloq: Sou natural de São Borja (RS), mas atualmente moro em Brasília (DF). Tenho 44 anos e sou formado em matemática – licenciatura.
Estratégia: Você chegou a trabalhar na sua profissão? O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Paulo: Não cheguei a trabalhar no magistério, pois ingressei no serviço público bem cedo, com 19 anos. Resolvi retornar ao ambiente dos concursos públicos porque senti a necessidade de melhorar minha remuneração e ao mesmo tempo buscar um cargo que fosse considerado “topo da carreira”.
Estratégia: Como foi a escolha pela área de controle? O que pesou mais para você quando teve que definir esse foco de estudo?
Paulo: Inicialmente comecei a estudar para a área legislativa, porém, em virtude da baixa expectativa de abertura de edital para a Câmara ou Senado, resolvi migrar para o controle. Primeiro porque me identifico bastante com o trabalho da Controladoria, segundo porque já fui servidor da CGU. Ocupei o cargo de Técnico de Finanças e Controle de 2008 a 2010. O que pesou mais foi a identificação com o trabalho a ser desenvolvido, isso ajuda muito na hora de estudar, pois você tende a ter mais afinidade com os assuntos cobrados em prova.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Paulo: Atualmente ocupo o cargo de Agente de Polícia Federal, tomei posse na PF em 2010. O fato de ter que conciliar trabalho, família e estudos é o maior desafio que o candidato vai enfrentar na sua caminhada, a família tem que embarcar nessa jornada para que o objetivo seja alcançado. Criei uma rotina de estudos começando de maneira mais leve, mas bastante disciplinada, e aos poucos fui aumentando a carga e quantidade de matérias. Estudava mais durante os finais de semana e feriados. Durante esses anos de preparação, sempre gozei férias pra estudar, nunca para viajar ou descansar. Adotei algumas estratégias de estudo que recomendo: nos dias em que acordava um pouco cansado ou desanimado, eu focava mais na resolução de exercícios ou revisão de matérias com as quais tinha mais afinidade. Nos dias em que acordava mais disposto e nos finais de semana ou feriados, dava preferência para as matérias nas quais eu tinha mais dificuldade. Isso otimizou muito a minha preparação e manteve a minha rotina de estudos.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado?
Paulo: Eu fui aprovado em quatro concursos ao longo de 24 anos. Na ESA em 1997 (Sargento do Exército); na CGU em 2008 (Técnico de Finanças e Controle); na Polícia Federal em 2009 (Agente de Polícia Federal) e na CGU em 2022 (Auditor Federal de Finanças e Controle). Nesse último concurso alcancei a 14ª colocação para área de Auditoria e Fiscalização com lotação no Órgão Central.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Paulo: Quase toda a minha preparação foi pré-edital, estava estudando focado para o TCU. Como os editais da CGU e do Tribunal de Contas saíram mais ou menos na mesma época, tive que optar por um ou outro. Fiz a opção pela CGU por causa da quantidade de vagas, mesmo tendo me preparado mais para o TCU.
Foram longos 4 anos de preparação, várias vezes tive vontade desistir. Mantinha o foco nos estudos considerando o tempo que vinha estudando e com a certeza de que o objetivo seria alcançado, cedo ou tarde. O candidato que entrar nessa vida de concurso público precisa ter duas certezas, que encontrará muitas dificuldades e que a aprovação vem, basta não desistir. Eu sempre soube, talvez por já ter passado por isso.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Paulo: Conheci o Estratégia por indicação de um colega de trabalho. Tinha parado de estudar em 2009, na época não lembro se o Estratégia já existia. Estava buscando material para estudar para a Câmara e o Senado, a princípio.
Estratégia: Qual diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Paulo: Tive meu primeiro contato com os materiais por meio das aulas de Direito Constitucional da Nádia Carolina e do Ricardo Vale e, já de início, percebi que se tratava de material de altíssimo nível. Com linguagem bastante clara, excelente didática e especificamente direcionado para o concurso público que estava buscando, além de ser bastante completo. Nas demais disciplinas a qualidade se manteve, comprovando a impressão inicial.
Estratégia: Recomendaria o Estratégia para um amigo que está começando os estudos?
Paulo: Recomendaria o Estratégia a todos que estiverem buscando um cargo público, com toda certeza.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? O que funcionava melhor para você?
Paulo: Durante a minha preparação para a Polícia Federal eu foquei mais em livros, mas foi em outra época, não recomendaria isso hoje. Para a CGU eu estudei mais pelos PDFs, eventualmente assistia a videoaulas. Nesse caso é uma questão de perfil mesmo, foco mais em aulas escritas do que em vídeo. Nos vídeos eu me distraio com muita facilidade. Mas reitero que assisti a várias aulas do Estratégia, principalmente nos ciclos de revisões ou nos dias em que tinha pouco tempo para estudar (colocava o vídeo em velocidade 2x).
Estratégia: Quantas horas por dia costumava estudar?
Paulo: Isso variava muito, mas nunca consegui estudar mais de 8 horas líquidas e raramente ficava um dia sem estudar, mesmo que fosse uma hora. Isso ajuda muito a manter a disciplina. Considero que é muito melhor estudar uma hora por dia, sete vezes por semana, a estudar sete horas num único dia e não estudar mais durante a semana.
Em média estudava 5 horas líquidas por dia.
Outra coisa que recomendo é que o candidato marque as horas estudadas, isso ajuda no controle dos estudos e aumenta a motivação. Lembro que, nas vezes em que batia 8 horas de estudo, ficava com uma sensação de dever cumprido e, como são raras as boas sensações que o candidato sentirá durante a preparação, vale a pena desfrutar quando acontecem.
Aqui deixo outra recomendação, comemore cada conquista, por menor que ela seja. Se você fez um simulado em que foi bem ou conseguiu entender aquela questão dificílima de estatística inferencial, comemore. Coma um doce, beba uma cerveja etc. Não deixe isso passar em branco, mantenha-se motivado sempre.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso?
Paulo: Eu fiz ciclos de estudos. Como disse, comecei bem leve e fui aumentando a quantidade de matérias, a cada semana eu incluía uma matéria do edital passado até atingir todas. Estudava de duas a três matérias diferentes por dia, dando preferência para as que não fossem “parecidas”. Por exemplo, estudava Dir Constitucional e Contabilidade Geral no mesmo dia. Evitava estudar Dir Constitucional com Dir Administrativo, por entender que são muito próximas.
Intercalei o estudo da teoria com ciclos de revisão e de resolução de exercícios.
Recomendo o uso de resumos, mas entendo que eles devem ser feitos com moderação. Você perde muito tempo e é bastante cansativo. Sugiro que o candidato deixe pra fazer os resumos após fazer os exercícios sobre aquele assunto. Coloque em seu resumo somente aquilo que é mais cobrado e isso você só vai saber fazendo exercícios.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma disciplina?
Paulo: Por ser da área de exatas, sempre tive dificuldade em Português. Como tudo na vida, superei essa dificuldade na base do esforço. Estudei muito português durante a minha preparação, fiz milhares de exercícios e aos poucos fui aprendendo a matéria.
Hoje considero que sou relativamente bom em Língua Portuguesa – exceto quando a questão é da FGV.
Contabilidade Geral também foi muito complicada pra mim, principalmente no início. Graças ao professor Sílvio Sande, perdi o medo.
Em suma, nas matérias em que sentimos dificuldade tendemos a estudar menos. Isso é um erro!
Deve-se fazer justamente o contrário. Se você tem dificuldade, estude mais. Eu fazia isso nos finais de semana. Como tinha mais tempo pra estudar, deixava as matérias mais difíceis reservadas para esses dias.
Outra coisa importante é buscar um professor que tenha a didática mais adequada a você, testar PDF ou videoaula e ir mudando até encontrar a maneira menos difícil de aprender, sempre verificando o nível de aprendizagem por meio de exercícios.
Estratégia: Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Paulo: Sou casado e tenho um filho de 22 anos. Por enquanto, na minha família somente eu tenho experiência em estudar para concursos, isso foi mais uma dificuldade a ser superada. Você tem que a toda hora demonstrar o quanto é necessário manter uma rotina focada e disciplinada durante a preparação, isso acaba gerando conflitos. Mesmo assim, minha família me apoiou incondicionalmente durante a caminhada até a aprovação. O apoio veio na forma de incentivo, paciência nos momentos mais difíceis, cumplicidade e também privação, pois a família acaba sendo privada de momentos de lazer e da sua companhia durante a jornada de preparação.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Paulo: Na fase pré-edital busquei manter uma rotina disciplinada de estudos, porém sem excessos. Considero que a preparação para concursos públicos é semelhante a uma maratona, você não deve acelerar em demasia no início, pois haverá o risco de parar no meio do caminho ou faltar fôlego no final (que seria o pós-edital). Por esse motivo, durante a fase anterior à divulgação do edital, levei uma vida relativamente normal, saía com amigos, com minha família. Evitava fazer uso de bebidas alcoólicas, eventualmente bebia e sempre socialmente. Álcool atrasa muito o estudo. Após a abertura do edital, a postura foi bem mais radical, quase não saía de casa, exceto para trabalhar. Acordava todos os dias muito cedo e estudava o máximo que podia antes de sair para o trabalho.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? .
Paulo: Eu entendo que vale a pena fazer outros concursos, desde que seja na mesma área em que você venha estudando. Por exemplo, se você está estudando para a Polícia Federal, nada impede que você faça os concursos das Polícias Civis e da PRF. O que acredito que atrapalha é você ficar atirando para todos lados, sem ter foco. Fazer numa semana um concurso da área fiscal e depois fazer outro para a área legislativa, isso dificilmente o levará a uma aprovação.
Tenho um conhecido que fala que é o concurso que escolhe o candidato e não o contrário. Parece uma frase meio radical, mas tem sentido. O concurso dos seus sonhos geralmente é aquele em que você conseguiu a aprovação e no qual você se sente realizado, mesmo que não tenha sido o seu objetivo inicial. Portanto, não fique preso a um concurso específico, há outras opções tão boas quanto àquela que você almejava incialmente.
Por fim, não pretendo fazer outro concurso além desse da CGU, mas em 2010 falei a mesma coisa sobre a PF. Então pode ser que eu mude de ideia com o tempo.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Paulo: Eu estudei para a área de controle por aproximadamente 4 anos, mas direcionado para a CGU foi somente após o edital. A razão disso foi que o edital da CGU veio um pouco diferente do que geralmente é cobrado nos concursos para os Tribunais de Contas e para as Controladorias dos Estados. Estava estudando mais focado para o TCU, como os editais saíram na mesma época e muito diferentes, fui obrigado a optar por um deles. Fiz a opção pela CGU, mas muito do que estudei para o TCU foi aproveitado (Auditoria, Direitos Constitucional e Administrativo, AFO,
Contabilidade Pública, Português etc).
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados?
Paulo: É uma sensação maravilhosa de dever cumprido, confesso que ainda não caiu a ficha. Toda a sua família comemorando, seus amigos e colegas admirando sua capacidade de superação, tudo é muito gratificante. Valeu cada segundo em que passei sentado numa cadeira estudando, valeu cada dia em que tive que acordar de madrugada para estudar. Acredite, vale todo o esforço, porque a aprovação vem, cedo ou tarde.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova?
Paulo: A semana que antecedeu a prova foi a mais tensa, foquei nas matérias em que achava que havia mais chances de serem cobradas na redação. Foquei na LRF e na Constituição. Decorei os principais conceitos. Organizei um resumo especificamente para isso. Acordava às 04 horas e estudava até a hora de sair para o trabalho, decorando os conceitos e fazendo exercícios. Devo ter lido a LRF umas 4 vezes na última semana. Na véspera fiz a última leitura desse resumo até o meio-dia, após isso fiz uma oração e parei para descansar e concentrar para a prova.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Paulo: Eu fiz 8 simulados da prova discursiva, eram duas redações, uma de 90 linhas e outra de 15. Aconselho a simulação das condições de prova, inclusive quanto ao tempo disponível. Fiz 3 simulados do estratégia, combinados com redações de um site especializado que contratei no pós-edital. O primeiro simulado foi um verdadeiro vexame, pois não tinha noção de como escrever 90 linhas sem ser muito prolixo ou ser resumido demais. Simulado serve para isso, você terá a perfeita noção de como abordar cada tópico, inclusive quanto ao espaço e tempo disponíveis. No dia da prova aproveitei exatamente as 90 linhas que tinha, isso que não tive tempo de fazer rascunho, escrevi direto na folha de respostas definitiva.
Sugiro que o candidato só se preocupe com a redação no pós-edital, a não ser que ele tenha muita dificuldade de escrita. Digo isso por duas razões. Primeiro que você precisa focar muito mais no conteúdo do que na forma de escrever, pois é o conteúdo que o levará à correção de sua redação. Se você não for bem na prova objetiva não terá a redação corrigida. Segundo porque dá tempo de se preparar muito bem no pós-edital, não há razão para antecipar isso numa fase pré-edital.
Se a sua letra, assim como a minha, for muito “feia”, sugiro que faça os resumos escrevendo manualmente, você vai melhorar a letra e acostumará a musculatura da mão, vale a pena fazer isso.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação, quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS.
Paulo: Cometi vários erros durante a minha preparação, o principal foi querer economizar em material, perdi muito tempo estudando por materiais que não considerava adequados às minhas necessidades. Caro colega, não faça isso. Se sentiu que o material não é bom, troque-o. Reitero a indicação dos materiais do Estratégia, são os melhores do mercado.
Sei que a condição financeira de quem está estudando para concurso geralmente não é boa, caso contrário ele não estaria buscando uma aprovação num cargo que quase sempre paga mais, mas é o tipo de situação em que o barato sai caro. Nada é mais dispendioso que estudar errado e ter que fazer tudo de novo.
O principal acerto que tive foi estudar as leis secas, tinha muita dificuldade em fazer isso. Também fiz muito mais exercícios, aproveitei as plataformas de exercícios disponíveis, que não existiam na época em que estudei para a PF.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Paulo: O mais difícil foi estudar sem previsão de abertura de edital, com uma pandemia no meio do caminho, somados ao cansaço físico e mental de quem ficou 4 anos esperando o concurso. Claro que nesse intervalo fiz outros, a exemplo do TCDF, mas sem o foco necessário.
Várias vezes pensei em desistir, principalmente no início da pandemia, quando as notícias sobre a abertura de concursos eram bastante pessimistas, mas não o fiz porque, apesar da incerteza de abertura do edital, tinha absoluta certeza de que se não parasse minha chance de ser aprovado seria muito grande.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Paulo: A principal motivação foi a certeza na aprovação se eu seguisse o roteiro de forma disciplinada. Até parece arrogância, mas não é. Não existe outro resultado, para quem se dedica e estuda da forma certa, que não a aprovação.
Outra coisa importante que deve ser ressaltada, jamais menospreze algum assunto ou disciplina. Estude para tirar 10, para ser o primeiro colocado, não deixe nada de fora de seu estudo, por mais que seja uma matéria que nunca é cobrada. Se está no edital, estude!
Não vá com excesso de confiança, o nervosismo e a insegurança ajudarão a mantê-lo mais concentrado e alerta. Porém, não vá com medo. Você estudou, então se posicione sobre aquele assunto, faça a escolha da alternativa de acordo com o que entenda que esteja certo, provavelmente terá razão.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Paulo: A mensagem que deixo é que acredite na sua capacidade, faça as coisas a seu tempo, sem se importar com os outros. As pessoas têm realidades e necessidades diferentes, não há como comparar.
Comece a sua preparação, não importa se não tem o melhor ambiente ou o melhor material, apenas comece. Vá melhorando as coisas com o passar do tempo, desse jeito o objetivo será alcançado.
Se, por algum motivo, está descontente com sua atual situação, não procure desculpas para não começar a estudar, não se acomode, vá em busca da solução.