“Ser aprovado no concurso só depende de você e do seu esforço. Todo mundo pode ficar bom em determinada matéria. Você não precisa ter talento, você precisa se esforçar para aprender.”
Confira nossa entrevista com Milena Rubim, que fez 94 pontos (de 100) no TJ SP para o cargo de Escrevente Técnico Judiciário:
Estratégia Concursos: Você é formada em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Milena Rubim: Eu sou formada em Química pela USP de Ribeirão Preto. Tenho 29 anos e sou de Pompéia, interior de São Paulo.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovada? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Milena: Fui aprovada no concurso do Tribunal de Justiça do estado de São Paulo em 2018 para o cargo de escrevente técnico judiciário, em oitavo lugar, ainda aguardando nomeação. Fiz novamente o concurso para o mesmo cargo no dia 31 de outubro, mas a colocação só saberei após a análise dos recursos contra o gabarito preliminar. Na prova de 2018 minha nota foi 89 e nessa última, 94 de 100.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Milena: Até 2018 eu nunca tinha pensado em estudar para concursos. Foi no começo de Janeiro que eu resolvi estudar para o concurso do Tribunal de Justiça do estado de São Paulo. Uma pessoa que eu conhecia compartilhou uma notícia que teria o concurso do TJ na nossa região, e eu abri a página para ler. Vi que tinha a possibilidade de trabalhar na minha cidade, e na hora falei para o meu marido que teria esse concurso. Ele respondeu falando pra eu tentar, fiquei um pouco na dúvida, mas resolvi fazer a prova. Dias depois eu tinha uma viagem marcada e nesses dias que antecederam a viagem eu pesquisei sobre esse concurso, mas não fiz minha inscrição, pois estava insegura devido à grande quantidade de questões de Direito que estariam na prova e ao pouco tempo que eu teria para estudar, já que a prova seria em aproximadamente 2 meses, e eu não tinha noção de Direito e outras matérias, como informática e raciocínio lógico. Depois que voltei de viagem fiz minha inscrição no concurso e comecei a separar toda a matéria de Direito.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseira, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Milena: Nas duas vezes que fiz o concurso do TJSP eu estava trabalhando e estudando. Eu acordava mais cedo, por volta das 5h, já ficava pronta pra sair pra trabalhar, pois para mim era uma forma de ficar mais disposta, porque se continuasse de pijama a probabilidade de eu ficar com sono e voltar a dormir era bem alta. Eu tomava meu café da manhã enquanto estudava. Então, eu saía para trabalhar e no caminho para o trabalho eu resolvia questões das matérias em que eu tinha mais facilidade, ou era português ou era raciocínio lógico (especialmente sobre proposições). Na volta do trabalho eu também vinha resolvendo questões ou então ouvindo alguma videoaula. Quando chegava à tarde em casa, eu já começava a estudar, e estudava até umas 22h, pois a partir desse horário eu tinha muito sono e já não conseguia mais ter atenção nos estudos. Mesmo assim, ainda tentava resolver questões de matemática e raciocínio lógico, pois como eu não precisava ficar lendo, eu conseguia fazer pelo menos 3 questões antes de ir dormir. Como eu só estudei por 2 meses, depois que já tinha o edital, eu precisava aproveitar todo minuto que eu tinha para estudar. Eu estudava antes de sair para o trabalho, depois do trabalho, enquanto eu tomava banho e fazia as refeições eu assistia a videoaulas, enquanto lavava roupa, louça, limpava a casa, levava as cachorras pra passear, sempre com o fone de ouvido para também estudar através das videoaulas.
Eu trabalhava de terça a domingo, era essa minha rotina nesses dias, já na segunda-feira que era meu dia de folga eu estudava o dia inteiro, o máximo que eu conseguia. Nos dias em que eu estava muito cansada e não conseguia ficar focada na leitura da lei ou na resolução de questões, eu assistia a videoaula para não perder esse tempo sem estudar nada.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Milena: É indescritível ver o nome na lista de aprovados ou, no caso dessa última prova, saber que a nota que tirei me dá a possibilidade de estar entre os primeiros da lista. É uma mistura de sentimentos, é felicidade, alívio, ansiedade. Para mim, a maior sensação é de dever cumprido, pois é algo que só dependia de mim, do meu esforço.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Milena: Como eu comecei a estudar após o edital já publicado, adotei uma postura radical. Só saía para trabalhar, ir ao mercado ou para algo que fosse realmente necessário.
Estratégia: Você é casada? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseira? Se sim, de que forma?
Milena: Eu sou casada. Meu marido me apoiou muito. Ele me incentivou a fazer o concurso em 2018 e também quando abriu o concurso novamente esse ano. Ele colaborava nas tarefas domésticas, me incentivava falando que eu era capaz e que ele acreditava que eu iria bem na prova, deixava comigo o computador que ele usava para trabalhar para eu usar para estudar, e o principal é que quando eu pensava de forma negativa ele sempre falava que eu ia conseguir.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é e se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo).
Milena: Eu acredito que vale a pena fazer outros concursos que tenham um conteúdo programático relacionado ao do concurso que seja o principal objetivo, para que seja possível utilizar o conhecimento já adquirido nos estudos sem ter que estudar algo totalmente novo e deixar de lado os estudos para o concurso que seja o objetivo maior.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovada?
Milena: Estudei por 2 meses e meio.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Milena: Não estudei assim, somente com o edital já publicado.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Milena: Conheci o Estratégia pelo Youtube, quando fui pesquisar as matérias da prova.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso?
Milena: Eu usei principalmente videoaulas, a lei seca, e muitas questões. Quando eu não podia estar sentada para estudar, eu ouvia videoaulas enquanto fazia alguma outra atividade, e nesses momentos eu aproveitava para ouvir alguma videoaula sobre a matéria que eu ia estudar naquela semana, para que a leitura da lei seca ficasse mais fácil. No começo, eu preferi estudar todo o conteúdo de determinada matéria e, em seguida, resolver questões. Fiz assim para as matérias de Direito Administrativo, Direito Penal e Direito Constitucional, pois o conteúdo era menor. Já para as matérias de Direito Processual Penal e Direito Processual Civil, que eram maiores, eu ouvia as aulas e fazia a leitura da lei por assunto, pois como essas matérias tinham um conteúdo maior, não adiantaria eu ler tudo e depois voltar para resolver as questões, já que não me lembraria de quase nada. Já em Normas da Corregedoria eu também ouvi as aulas primeiro, depois já fui direto para as questões. Como são poucas as questões de provas antigas dessa matéria, então eu fiz as questões inéditas do sistema de questões do Estratégia e li o comentário do professor em todas as questões, e por fim só dei uma lida na lei porque já tinha lido bastante nos comentários das questões. Em todas as questões que eu fiz das matérias de Direito eu lia os comentários dos professores com a explicação, porque nesses comentários eles também colocavam os artigos correspondentes às alternativas das questões, e isso fazia eu gravar mais facilmente a lei. A leitura da lei mesmo eu só fiz uma vez, nas demais foi só pelas questões. Informática estudei também através de videoaulas, mas a essas eu assistia sentada, pois precisava acompanhar e visualizar o que o professor explicava, e depois fiz muitas questões. Atualidades também através de videoaulas e questões. Já matemática, raciocínio lógico e português, que eram matérias que eu estudava com mais facilidade, estudei apenas resolvendo questões.
Nas duas semanas anteriores ao concurso assisti às videoaulas do Ato Final e da Hora da Verdade, que para mim serviram de revisão, pois foram muito completas e abordaram praticamente todo o conteúdo do edital. Aliás, a área do aluno TJSP do Estratégia estava com tanto material disponível que não consegui usar todos para estudar. Fiz também os simulados do Estratégia, que me ajudaram a identificar onde eu estava errando e no que eu precisava melhorar, além de eu ter noção do tempo que eu estava levando para resolver a prova e o tempo que estava sobrando para eu voltar em questões que não tinha resolvido ainda e transferir as respostas para o gabarito.
Estratégia: Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?
Milena: Para mim funcionou melhor estudar através de videoaulas e questões. As videoaulas eram importantes para mim principalmente nas matérias de Direito, pois eu tinha mais dificuldade nessa disciplina. Era uma forma de tornar essa matéria mais clara, e com os exemplos que os professores davam eu conseguia entender a matéria e guardar com mais facilidade. Para mim, se eu fosse estudar só através da leitura da lei eu não fixaria nada e não conseguiria entender muitos artigos. Em todos os casos, as questões foram essenciais para entender como as matérias eram cobradas. Além disso, acredito que resolver questões não só da banca que realizará o concurso como também de outras bancas é importante para diversificar o aprendizado e englobar a maior parte possível do conteúdo previsto no edital. Também acho válido não fazer questões só de nível médio, que é o caso do concurso do TJSP, mas também de ensino superior, desde que seja possível resolver sem usar jurisprudência, que não é cobrado nesse concurso. Resolver questões assim nos ajuda a ficar mais preparados para a prova.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Milena: Eu separei as matérias para estudar da seguinte forma: todos os dias eu resolvia questões de português ou raciocínio lógico no caminho de ida e volta do trabalho. Antes de ir trabalhar eu estudava informática. Quando chegava do trabalho eu estudava só direito e apenas uma matéria até ela acabar. Atualidades geralmente eu estudava na hora do jantar. Quando já estava cansada de estudar direito, eu fazia algumas questões de matemática. Apenas em direito processual civil que não estudei todo o conteúdo lendo a lei seca, uma parte considerável do conteúdo eu estudei apenas com as videoaulas e questões.
Não fiz resumos, mas no concurso de 2018 fiz um caderno com toda a matéria de Direito usando as videoaulas. Hoje não faria mais isso, pois eu perdi muito tempo pra escrever cada palavra que o professor falava. Na época me ajudou muito porque eu não tinha noção de nada do que seria cobrado na prova. Com certeza foquei mais em resolver questões, fiz cerca de 4 mil no concurso de 2018 e 6 mil nesse último. Praticamente só lia os artigos nos comentários dos professores nas questões ou então quando eu tinha alguma dúvida na videoaula eu procurava na lei como estava escrito.
Eu não fiz um plano de estudos, eu escolhia o que ia estudar naquela semana e estudava até acabar. Eu não estudava todo dia pelo mesmo período de tempo; durante a semana eu estudava uma média de 6h por dia e aos finais de semana no máximo 4h, pois eu trabalhava até mais tarde e chegava mais cansada em casa. Na segunda-feira que era meu dia de volta eu aproveitava pra estudar o máximo que conseguisse. Estudei assim por mais de 1 mês e faltando 30 dias para a prova eu tirei férias do trabalho e aí estudava umas 10h por dia.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Milena: Minha maior dificuldade era em Direito, por isso dediquei mais tempo nas disciplinas de Direito, ouvi e assisti muitas videoaulas, fiz muitas questões e li a resolução de todas elas.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Milena: Na semana que antecedeu a prova eu resolvi algumas questões que ainda não tinha feito e revisei todas as matérias com as aulas da Hora da Verdade. Essas aulas fizeram muita diferença para mim, pois abordaram praticamente todo o conteúdo para a prova. Inclusive, durante a prova eu me lembrei de muitos assuntos que os professores falaram nessas aulas e tenho certeza que provavelmente não teria acertado algumas questões que eu acertei se não tivesse assistido a essas aulas. Na véspera eu participei da revisão online. Acredito que esse período de reta final foi ainda mais estressante por eu ter começado a estudar somente após o edital.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Milena: Acredito que o maior erro é estudar após a publicação do edital. O conteúdo para a prova é muito grande para estudar em pouco tempo. Se a pessoa não tem noção da matéria é muito mais difícil, então o ideal é estudar pelo menos as matérias básicas (português, matemática, raciocínio lógico e informática) com antecedência, para no pós-edital ter a possibilidade de se dedicar às matérias mais específicas de Direito e só revisar as matérias mais básicas. Meus maiores acertos foram resolver muitas questões de várias bancas e não só de nível médio, principalmente em Direito, fazer simulados e revisar pelas aulas da semana da prova. Para as demais disciplinas fiz apenas questões de nível médio.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Milena: O mais difícil foi manter a disposição para estudar quando parecia que eu não aguentava mais ler. Eu pedia pra Deus me dar disposição pra conseguir estudar e não ter sono tão cedo. Também não é fácil renunciar a certas coisas, mas é necessário para alcançar o objetivo. Nunca pensei em desistir, mas às vezes eu parava pra pensar se esse concurso é o plano que Deus tem pra mim, porque eu tinha esperança que seria nomeada no concurso de 2018 e ainda não tinha acontecido, mas depois pensava que se Deus me deu mais uma oportunidade de fazer essa prova então eu não ia perder.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Milena: Minha maior motivação foi a possibilidade de trabalhar na minha cidade em um cargo bom, já que nunca tive vontade de morar em outra cidade. E como fui aprovada em oitavo lugar no concurso de 2018, dessa vez minha motivação foi estar entre os primeiros colocados. Todos os dias enquanto eu estudava eu repetia para mim e falava para meu marido que eu passaria entre os primeiros.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Milena: Eu aconselho a primeiro definir qual o cargo que a pessoa deseja, qual a instituição, se ela mudaria de cidade e o custo-benefício para isso. Acredito que a pessoa deve focar em uma área e se dedicar a ela. Às vezes, mesmo estudando bastante, parece que não sabemos o suficiente para a prova e isso nos deixa mais nervosos e ansiosos, e isso só atrapalha. Eu acabei errando questão que eu sabia por ficar nervosa. O psicológico é muito importante e muita gente preparada não consegue fazer a prova por ficar nervoso. Antes de começar a prova eu pedi pra Deus me deixar tranquila, e repetia para mim que quando eu abrisse a prova eu saberia as questões porque eu tinha estudado muito para isso, e isso me deixou mais calma.
O período de estudos não é fácil, nenhum aprovado diz que não foi difícil, então o que temos que fazer é estudar. Cada um tem uma forma de estudar, e por isso cada um deve identificar qual método é melhor para você. Não existe uma fórmula mágica, o mais importante na minha opinião é aplicar, através de questões, todo o conhecimento adquirido. E o principal é não desistir. Ser aprovado no concurso só depende de você e do seu esforço. Todo mundo pode ficar bom em determinada matéria. Você não precisa ter talento, você precisa se esforçar para aprender. E quando você pensar em desistir, visualize o dia que você ver seu nome na lista dos aprovados, é uma sensação tão boa que a primeira coisa que você pensa é que faria tudo de novo.