Aprovado em 1° lugar (CR) no concurso Câmara de BH para o cargo de Coordenador do Processo Legislativo
Concursos Públicos“Não queira cortar caminho estudando somente por resumos ou questões e não fique trocando de material. Essas são ferramentas de revisão e não de construção […]”
Confira nossa entrevista com Maycon Vinícius Nascimento Manuli Lisboa, aprovado em 1° lugar (CR) no concurso Câmara de BH para o cargo de Coordenador do Processo Legislativo:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Maycon Vinícius Nascimento Manuli Lisboa: Bom, meu nome é Maycon Vinícius Nascimento Manuli Lisboa, tenho 27 anos e sou de Conselheiro Lafaiete – MG. Formei-me em Direito pela PUC Minas em dezembro de 2020, sou pós-graduado em Direito Público e em Direito Penal e Processual Penal.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Maycon: Eu sempre vi o serviço público com bons olhos, desde antes da faculdade. Como sou do interior, as pessoas mais bem sucedidas e com mais qualidade de vida que eu conhecia geralmente eram do serviço público. Porém, quando comecei a graduação em Belo Horizonte, abri a mente para a advocacia, ao ter contato com pessoas de sucesso na iniciativa privada. Durante a faculdade, sempre procurei fazer estágios em escritórios de advocacia porque eu sabia que um dia poderia precisar advogar, o que só se aprende na prática. Mesmo aprovado em processos seletivos para vários órgãos públicos, sempre optei por estagiar em escritórios. Ainda assim, como sempre fui muito curioso em relação às remunerações das profissões, comecei a comparar as remunerações da iniciativa privada com aquelas ofertadas no serviço público. Do mesmo modo, fazia comparações sobre a qualidade de vida existente nos dois setores (público e privado). Nesses comparativos, era evidente a superioridade do serviço público. Assim, no último ano de faculdade (2020), comecei a pensar mais sobre concursos, pensamento este que se acentuou com a chegada da pandemia de covid-19. Após a colação de grau em fevereiro de 2021, a pandemia ainda era presente e os concursos e o exame da OAB estavam represados, o que me deixou no limbo profissional. Arrumei diversos empregos para não ficar parado nesse período, mas só comecei a estudar de modo mais organizado no fim de 2021, quando consegui um estágio de pós-graduação no TJMG.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Maycon: SEMPRE. Nunca tive o luxo de ficar só por conta de estudar. Afinal, meus pais nunca tiveram uma condição financeira que permitisse isso e eu precisava pagar minhas contas (principalmente os materiais, cursinhos, etc.). Como eu disse, quando me formei na faculdade, a pandemia estava no auge e os concursos (inclusive o exame da OAB) estavam suspensos. Eu estava no limbo profissional e encontrei alternativas para auferir renda nesse período: fui professor de legislação de trânsito em autoescola, motorista de aplicativo, atuei com recursos de multas de trânsito, entre outras atividades. Nesse período, eu quase não estudava e, quando tentava o fazer, era de modo esparso e desorganizado. Isso só mudou quando passei em um processo seletivo para residência jurídica (estágio de pós-graduação) no TJMG em agosto de 2021, cargo que me permitiu aumentar significativamente a qualidade do meu estudo, em razão da baixa carga horária e das atribuições. Fiquei no cargo até outubro de 2023, quando comecei outro estágio de pós no MPMG, onde fiquei até ser nomeado para a CMBH, o que aconteceu recentemente.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Maycon: Sim, já fui aprovado em alguns. Ainda no final de 2021, fui aprovado dentro das vagas na prova para soldado da Polícia Militar de MG, mas não quis fazer as etapas seguintes do concurso. Pouco depois (em 2022), fui aprovado dentro das vagas para a Polícia Penal de MG, certame que fiz todas as etapas, mas no fim não quis ir para o curso de formação. No fim de 2022, fui aprovado em 13º lugar para Técnico Judiciário Área Administrativa – Especialidade Agente de Polícia Judicial (TJAA- APJ) no TRT-MG, cargo para o qual devo ser nomeado em breve (acho que não vou assumir). Por fim, em 2023 fui aprovado na PMMG, desta vez para Oficial (CFO 2023). Eu fui aprovado em várias etapas (objetiva, discursiva, física e médica), mas acabei sendo reprovado no exame psicotécnico. Ocorre que, durante as etapas do CFO, eu já havia decidido não assumir, pois não tenho nenhum perfil para a carreira militar, razão pela qual não quis recorrer do psicotécnico e tampouco tentar uma revisão no âmbito judicial.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Maycon: Como a minha preparação não foi linear, isso oscilou muito. No começo eu saía mais, mas ao longo dos estudos isso foi diminuindo significativamente. Nunca abdiquei totalmente de lazer com amigos, família e namorada, mas posso dizer que, desde o ano passado (2023), isso diminuiu bastante. Ainda assim, os lazeres mantidos eram, de certa forma, planejados para os sábados à noite. Quase nunca eram em dias úteis ou durante o dia nos finais de semana. É necessário salientar, ainda, que, quando digo lazer, estou me referindo a encontrar no clube com os amigos, sair para um restaurante com minha namorada ou algo semelhante. Shows, grandes eventos, boates e afins eu realmente abri mão.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Maycon: Quanto à família, tenho que fazer uma divisão. As pessoas mais importantes (mãe, pai, avós, minha madrasta e alguns primos e tios) sempre me apoiaram de diversas formas, especialmente a minha mãe, que sempre acreditou na minha aprovação, mesmo nos piores momentos. Todavia, tive a infelicidade de ter um parente (por afinidade) que não compreendia os meus estudos e meus objetivos e sempre dificultou o percurso. O curioso é que essa pessoa é servidora e, por essa razão, deveria ser a mais compreensiva, uma vez que passou pelo que eu estava passando. Quando se tem alguém assim na família, é preciso ter resiliência e não se deixar abater, como eu fiz. Quanto aos meus amigos, eles sempre apoiaram a minha decisão, embora algumas vezes não compreendessem bem meu “sumiço” de encontros, o que é normal. Por fim, minha namorada teve um papel fundamental, pois, além de sempre apoiar a minha decisão de estudar para concursos, sempre me ajudou de inúmeras maneiras e inclusive me ajudava a voltar para o foco nos momentos em que eu cometia algum desvio no percurso.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Maycon: Direcionado à CMBH, cerca de quatro meses (de janeiro a abril, quando foi a prova). Porém eu já vinha estudando há mais tempo para outros certames. O que mantém a disciplina é ter rotina. Todas as vezes em que eu perdia desempenho nos estudos era por quebrar a rotina e demorar para voltar para ela. Dessa vez, não saí da minha rotina durante o período mencionado.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Maycon: Sem dúvidas o meu principal material eram os livros em PDF do Estratégia, porque são eles que melhor formam e consolidam a base. Eu vi aulas apenas de temas pontuais e, no caso desse concurso da Câmara, apenas de algumas matérias, como português e legislação específica. A minha base foi construída 100% nos PDFs, é o melhor material que eu conheço.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Maycon: Há muitos anos, quando ainda estava na faculdade, por meio de PDFs na internet.
Estratégia: Antes de conhecer o Estratégia, você chegou a usar materiais de outros cursos? Se sim, o que mais incomodava quando você estudava por esse concorrente?
Maycon: Sim, já estudei por outros cursinhos. O que mais me incomodava neles eram os materiais em PDF, por serem pouco intuitivos, desconfortáveis para a leitura e não tão focados nos concursos. Eram PDFs genéricos, sem direcionamento para o que realmente caia em cada prova.
Estratégia: Você chegou a fazer algum concurso enquanto ainda se preparava com esse outro material? Foi aprovado?
Maycon: Sim, fiz alguns, mas não obtive aprovação.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Maycon: Sim, senti muita diferença nos materiais em PDF. Como eu disse, foi o meu principal material de apoio e foi como eu construí a minha base nas principais disciplinas. Eu gostei tanto deles que comprei um tablet para ir grifando e fazendo anotações nos cadernos digitais. Como revisão, eu relia apenas as partes grifadas e as anotações. Quando descobri esse método, foi como sair da caverna do Platão. Eu dei um salto gigantesco no meu desempenho e recomendei para diversas pessoas.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Maycon: Nunca contei horas líquidas e não tinha um plano de estudos bem definido. Para esse concurso, eu estudei da seguinte forma: inicialmente consolidei a base e me aprofundei nas principais disciplinas (constitucional e administrativo). Quando já havia esgotado tais matérias e já estava mais próximo da data do concurso, fiz uma grande revisão de português e, no fim da preparação, já nas vésperas da prova, fiquei por conta de estudar a legislação específica, como constituição estadual, leis municipais e regimento interno.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Maycon: Relendo os meus grifos nos materiais em PDF e na sequência realizando inúmeras questões. Em relação a estas, sempre as fazia de modo cumulativo.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Maycon: É o que fixa o conteúdo, é o melhor medidor de aprendizado. Por isso, é imprescindível fazer questões desde o começo da preparação. Não me lembro da quantidade, mas com certeza supera a casa de mil questões. Eu sempre fazia todas as questões dos PDFs e avançava nas matérias. Em determinado dia da semana, geralmente no sábado ou domingo, eu utilizava o Sistema de Questões e filtrava questões de todo o conteúdo já estudado e não só o estudado na referida semana. O estudo tem que ser progressivo e cumulativo, senão o esquecimento é inevitável.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Maycon: Em relação a esse concurso para Coordenador da CMBH especificamente, posso dizer que eu lidava bem com a maior parte das disciplinas, pois eu já as estudava há um bom tempo, então não tive muita dificuldade. A exceção e a resposta para as perguntas foi a legislação específica municipal e a Constituição de MG. Tais matérias, quando são cobradas, são com certeza o ponto mais difícil da preparação. Como método, eu as deixei somente para a véspera da prova, para chegar com a memória fresca e não “ocupar a cabeça” com matérias que não seriam cobradas em outros certames. Nos três dias anteriores à prova, eu foquei totalmente nessas disciplinas, a partir de leitura seca da lei e realização de questões.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Maycon: Como disse, no fim da preparação foquei em português e nas leis locais. Sobre as demais disciplinas, fiz apenas questões para manter a memória. Na semana da prova, debrucei-me sobre o regimento interno, as leis municipais e a Constituição Estadual.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Maycon: Como nunca tive dificuldade com a escrita, nunca me preparei efetivamente escrevendo redações ou respondendo questões discursivas. No meu concurso, houve duas questões discursivas, uma de direito constitucional e outra de direito administrativo. Logo, eu apenas procurei estudar de modo aprofundado tais disciplinas. Não estudei especificamente para a fase discursiva. Afinal, cairia na discursiva o mesmo conteúdo cobrado na objetiva, razão pela qual eu percebi que o melhor caminho era me aprofundar nessas matérias desde o começo da preparação. Inclusive, nesse ponto, acho importante ressaltar a importância dos PDFs do Estratégia. Ambas as questões discursivas neste concurso fugiram do usual e cobraram apenas entendimentos doutrinários. Isso pegou muita gente de surpresa, pois nos concursos anteriores foi cobrado apenas o conhecimento do texto legal. Os PDFs já são elaborados com base na melhor doutrina, então eu sempre estive estudando a doutrina de certa forma desde o começo da preparação. Por isso reforço a necessidade de se estudar por materiais escritos, uma vez que as aulas em vídeo não conseguem abarcar todo o conteúdo contido no material em PDF. Para as matérias jurídicas não existe atalho, tem que gostar de ler.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Maycon: O principal erro foi ficar trocando de material de concurso para concurso e o acerto, de modo inverso, foi definir um material para cada disciplina e revê-lo por diversas vezes. Por exemplo, como estava pensando em estudar para Promotor de Justiça, adquiri o Estratégia Carreiras Jurídicas e estudei constitucional e administrativo apenas pelo material de promotor. Obviamente, o conteúdo e aprofundamento são muito maiores do que o exigido para o meu cargo na CMBH, mas foi justamente essa preparação aprofundada o meu diferencial nas discursivas. Como eu disse, não pode ter preguiça de ler e, querendo ou não, quem estuda “o mais” inevitavelmente está estudando “o menos”.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Maycon: Sim, desistir já passou pela minha cabeça várias vezes. Principalmente após aquelas reprovações em concursos para os quais eu tinha certeza de que estava preparado o suficiente, mas ainda assim fiquei mal classificado por questões que errei, mesmo sabendo o conteúdo. Em alguns certames que eu queria muito, por causa da localidade principalmente, eu sentia um vazio e uma tristeza muito grande, ao pensar que o próximo concurso para esse cargo demoraria anos para se repetir. Por outro lado, está havendo uma onda grande de concursos no meu Estado MG e, durante o luto por alguma prova, sempre abria um novo edital para que eu pudesse me apegar. Foi justamente o que ocorreu neste concurso da Câmara. Quando saiu o edital, eu estava na última etapa da ALMG para o mesmo cargo, mas fui eliminado. Assim que acabou a prova, antes mesmo de sair o resultado, eu já virei a chave para o concurso da CMBH e, quando saiu o resultado de reprovado na ALMG, eu simplesmente ignorei e continuei a preparação para a Câmara. O luto por uma reprovação é inevitável, mas o melhor remédio é focar em um próximo edital (que já saiu ou está para sair).
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Maycon: Não queira cortar caminho estudando somente por resumos ou questões e não fique trocando de material. Essas são ferramentas de revisão e não de construção. Construir uma base nas principais disciplinas é demorado, mas é fundamental. É como se, em uma corrida longa, você começasse caminhando enquanto todos já iniciam correndo. Após um período, enquanto todos permanecessem correndo ou até mesmo desistindo e diminuindo o ritmo, você começasse a voar. Construir a base de modo sólido demanda tempo agora, mas poupa tempo amanhã. Não seja ansioso e respeite o seu tempo. Além disso, ter uma base nas principais disciplinas permite que você se prepare para outros certames semelhantes e que talvez estejam fora do radar. A gente nunca sabe com certeza quando vai sair um edital e estar preparado quando ele sai é fundamental para chegar competitivo. Afinal, a cada edital novo, se você já possuir uma base sólida nas principais matérias, precisará apenas direcionar para as disciplinas secundárias, o que será um grande diferencial.