Aprovado em 8° lugar para Analista - Mercado de Capitais no concurso CVM
Concursos Públicos“[…] Pense nas coisas que podem lhe ajudar a manter-se em equilíbrio. E, sobretudo, acredite, tenha fé e faça o melhor de si para ser merecedor do sucesso. Fazendo isso, cedo ou tarde, ele virá! Ficarei na torcida por vocês!”
Confira nossa entrevista com Marcus Fabio Rodrigues Peixoto, aprovado em 8° lugar para Analista CVM – Mercado de Capitais no concurso CVM:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Marcus Fabio Rodrigues Peixoto: Sou economista de formação, tenho 54 anos e nasci em Manaus (AM).
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Marcus Fabio: Estava no setor privado desde 1992. Gostava muito daquilo que eu fazia, mas já planejava uma mudança há bastante tempo. Finalizei meu doutorado em 2021 e comecei a lecionar (dou aulas na Fundação Dom Cabral) em 2022. Nos meus planos, existiam duas novas rotas que eu gostaria de experimentar: dar aulas e trabalhar no setor público; como já estava cumprindo um deles, achei que era o momento de correr atrás do segundo e, no final de 2023, decidi que iria investir meu tempo e esforço na busca de entrar para o serviço público.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Marcus Fabio: A partir de dezembro de 2023, passei apenas a dar aulas, de maneira esporádicas; pois já havia decidido que investiria meu tempo, quase integralmente, na preparação para os concursos.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado?
Marcus Fabio: A CVM foi meu foco desde o início. Fiz dois ou três concursos ainda em 2023 e antes da data da CVM apenas para pegar a “experiência do dia”. Isso me ajudou muito a perceber o enorme desafio que eu teria pela frente. Depois da CVM, também prestei mais três concursos.
Com relação à segunda pergunta, como a prova da CVM havia sido extremamente difícil e eu não tinha qualquer garantia de aprovação, mudei um pouco meu rumo e comecei a investir na área fiscal. Em setembro e novembro, fiz dois concursos nessa área (resultados ainda em elaboração, com boas perspectivas) e, também o CNU, este último apenas para treinar, pois não havia tido tempo para estudar para ele. Porém, a notícia da aprovação na CVM mudou tudo, visto que ela era meu principal objetivo. Seguirei estudando um pouco, mas de forma mais pausada, para os exames da área fiscal, porém meu desejo agora é começar o quanto antes a trabalhar na CVM. Certamente haverá muito a aprender nesse novo desafio profissional.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos?
Marcus Fabio: Foi um período muito, muito, muito difícil. E aqui pode estar a lição principal no meu processo a ser compartilhada, pois acredito que minha estratégia não foi a melhor e gerou um esforço excessivo que poderia ter sido, ao menos em parte, evitado.
Quando decidi, no final de 2023, me tornar “concurseiro”, não tinha a mínima ideia da real dificuldade de todo o processo. Para piorar, acabei consultando e escutando apenas comentários de amigos que tampouco conheciam o atual processo desses concursos públicos de níveis mais exigentes. Para eles, que me conheciam bem, bastaria minha “dedicação”, para que eu estivesse apto a passar em seis meses. Ou seja, meu planejamento era frágil e baseado em ilusões e não na realidade. Como a prova da CVM estava prevista para junho, acreditei que os seis meses seriam um tempo de estudo factível e comecei meus trabalhos.
Não precisei nem chegar ao final do segundo mês para ver que, frente ao enorme volume de conteúdo do edital, meu objetivo era completamente inverossímil. Dali em diante, comecei uma luta insana para tentar cobrir o máximo possível que poderia, sabendo que isso me cobraria um alto preço, inclusive do ponto de vista de equilíbrio “vida social e pessoal x estudos”.
Nesse contexto, com a exceção das viagens de férias que já estavam previamente marcadas, de algum pouco tempo para esportes e de pausas para o equilíbrio espiritual (fé), tive pouquíssimo tempo para me dedicar a outras coisas que não fossem as apostilas da CVM.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro?
Marcus Fabio: Total apoio da família; mesmo quando perceberam, junto comigo, que o planejamento havia sido equivocado rsrs. No final, eles também pagaram um preço alto pela minha ausência nesses seis meses.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso?
Marcus Fabio: Como o prazo era extremamente curto, a dedicação era integral, com cerca de doze horas, em média, de estudo por dia, incluindo sábados e domingos. Para manter a disciplina, me ative a ideia de que aquilo seria temporário e que era um “pedágio” que eu tinha que pagar para alcançar meu objetivo. Fazia uma “contagem regressiva” na minha cabeça, usando a data da prova como ponto final daquela etapa.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Marcus Fabio: Infelizmente, por falta de tempo, acabei aproveitando muito pouco de todos os recursos disponíveis no Estratégia. Como a lacuna de conteúdo que eu tinha para cobrir era gigantesca, no caso da CVM, a preparação foi quase exclusivamente feita sobre os PDFs do curso. Pós-CVM, comecei a utilizar um processo mais estruturado e, aos poucos, fui acrescentando videoaulas. Assim mesmo, ainda considero uma pena não ter tirado todo proveito dos diversos recursos disponíveis, tanto de lá como de outros locais externos. Afinal de contas, a aprendizagem se torna muito mais rica com a diversidade de fontes.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Marcus Fabio: Acho que foi em 2018 ou 2019, quando decidi fazer meu Doutorado. Precisei fazer a prova da ANPAD e comprei um curso de Raciocínio Lógico do Estratégia para me preparar. Deu certo e por isso decidi seguir com o Estratégia quando pensei nos concursos públicos.
Estratégia: Antes de conhecer o Estratégia, você chegou a usar materiais de outros cursos?
Marcus Fabio: Não, apenas utilizei o Estratégia mesmo.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação?
Marcus Fabio: Conforme comentei anteriormente, acredito que poderia ter usado o Estratégia de uma forma muito mais integral e completa, mas o tempo curto disponível que eu tinha me limitou bastante. Como diferencial positivo, posso, porém, citar as questões comentadas ao final de cada apostila. Acredito que ajudam bastante na fixação do conteúdo.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Marcus Fabio: Aqui retornamos ao “não faça o que fiz”. Comecei querendo cobrir as matérias básicas (ex.: Português, Matemática, Direito Constitucional, TI, etc.) e intercalando duas ou três para não ficar muito cansativo. Porém, como não haveria tempo para cobrir tudo adequadamente, mudei de rumo e privilegiei as disciplinas mais relevantes para o concurso. Correndo e finalizando cada uma delas antes de iniciar a próxima. Cada pessoa possuí sua forma própria de aprendizagem, mas, no geral, não aconselho ninguém a fazer da forma que fiz. No meu ponto de vista, o método que utilizei pode acarretar, dentre outros problemas, em: uma overdose de determinado tema (fica cansativo e maçante ver uma única temática por um longo período); dificuldades para memorização (pois as distâncias entre as disciplinas que você estudou no início começam a pesar muito na diminuição de retenção do conteúdo); e no risco de deixar áreas/disciplinas inteiras descobertas (caso o prazo não seja suficiente para ver todas as disciplinas de sua ementa).
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Marcus Fabio: Somente pude pensar em revisar parcialmente alguns temas quando o concurso teve que ser prorrogado por cerca de um mês. Esses dias a mais de preparação, advindos de um evento tão trágico (as chuvas no Sul do Brasil), acabaram sendo fundamentais para meu resultado, pois me deram um tempo precioso que utilizei para a revisão de meus estudos. Adicionalmente, tive a oportunidade também de fazer a revisão de véspera do Estratégia.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios?
Marcus Fabio: A resolução dos exercícios foi, provavelmente, o ponto forte da preparação. Mesmo com o pouco tempo que eu dispunha, sempre fiz questão de resolver os exercícios de cada apostila. Tentava fazê-los até ao ponto que me sentia seguro sobre o tema. Somente após isso é que eu passava para a próxima apostila. Não sei exatamente quantos foram, mas seguramente acabaram sendo uma quantidade muita expressiva.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Marcus Fabio: No caso da CVM (e mesmo nas seguintes) tive dificuldade com Tecnologia da Informação. Minha percepção era que tudo era muito “genérico” e aberto demais. Além disso, sempre me parecia que o volume de estudo era demasiado frente ao peso delas nas provas. No caso da CVM, as disciplinas específicas sobre o mercado de capitais me pareceram também pouco assertivas, tanto em conteúdo quanto em exercícios de fixação. Entendo que isso possa ter sido fruto do longo período sem concursos nesta autarquia. Acredito que as próximas versões possam vir mais precisas, visto que a prova deste ano deva servir como um balizador do conteúdo e da forma daquilo que será cobrado nos próximos concursos.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Marcus Fabio: Intenso! Rsrsrs. Correndo atrás de cada segundo disponível para cobrir o conteúdo. Um dos preços que tive que pagar pelo pouco tempo disponível para esse concurso em meu planejamento.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame?
Marcus Fabio: No meu caso, como o concurso previa poucas discursivas a serem corrigidas (77 para ampla concorrência) e eu tinha pouco tempo para me preparar, acabei focando na parte objetiva mesmo, na esperança de ficar entre os 77 melhores, simplesmente porque seria pouco possível atacar ambas as frentes (discursiva e objetiva) no tempo que eu tinha disponível (visto que eu estava começando basicamente da estaca zero). Como tenho o hábito e a necessidade de escrever devido à rotina acadêmica, tive que apostar nesta minha experiência para este concurso. Desta forma, consegui ver apenas uma parte do curso que tratava sobre as questões discursivas, mesmo sabendo que seriam duas e com alto valor para a nota final. Infelizmente, tive que tomar algumas escolhas difíceis. Como conselho, volto ao ponto inicial: foquem na possibilidade de estruturar um planejamento de estudo de acordo com os requisitos da prova e com o status de seu próprio conhecimento. Se você estiver iniciando sua jornada nos concursos públicos e almeja instituições e posições que demandem bastante conteúdo, dê-se o tempo necessário para poder cobrir todo o material, inclua o tema de preparação para a parte discursiva e não abdique de seguir um plano de revisão contínua em sua planilha de estudos. Ou seja, a regra clássica para uma boa preparação.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Marcus Fabio: Começando pelos erros, acredito que o principal foi não ter uma clara dimensão da dificuldade e do volume requerido para esse tipo de concurso, sobretudo pelo fato que eu estava iniciando meus estudos do “zero”. Acreditar que, pelo meu passado de estudos e experiência, eu seria capaz de dar conta de tudo em apenas alguns meses também me prejudicou nesta largada. Acredito que uma melhor compreensão da situação no início da jornada poderia ter sido útil para mim.
Quanto aos acertos, acredito que tenham sido dois. O primeiro foi o de manter a tenacidade e consistência frente a um ritmo insano de estudos por cerca de seis meses. Em muitos dias, eu pensava em desistir, mas me mantive firme no objetivo, aproveitando qualquer tempo disponível para estudar durante esse período.
O segundo ponto, se referencia com a fé. Indiferentemente se a pessoa acredita ou não, o equilíbrio espiritual e emocional foi, para mim, um elemento chave para manutenção do foco nesse desafio. Eu acredito que a fé, como diz o ditado, realmente tem a capacidade de “mover montanhas” e me ative a isso. Sendo assim, acreditar que seria possível e, obviamente, fazendo minha parte (esforço árduo) para ser merecedor disso, foram as duas forças que, juntas, me fizeram conseguir o objetivo desejado.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir?
Marcus Fabio: Claro! Veja a resposta anterior; rsrs. Afinal de contas é extremamente frustrante, dia após dia, levantar-se às 5h40 e saber que, mesmo ficando acordado e estudando até as 22h você não seria capaz de cobrir tudo que gostaria e deveria ver. Tive que me ater muito ao pensamento que tal nível de esforço tinha data para acabar e, também, à fé de que algo bom poderia acontecer ao final da jornada. Eu me propus a dar o melhor e o máximo que eu poderia. O resultado, fosse a aprovação ou não, seria apenas uma consequência. Assim, eu teria a consciência tranquila que, ao final da prova, não haveria qualquer arrependimento de meu lado do tipo: “ahhh…. e se eu tivesse tentado um pouquinho mais….”
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Marcus Fabio: Acredito que eu tenha saído deste exame muito melhor do que entrei, sobretudo pelos erros que cometi e pelo preço que tive que pagar em termo de esforço. Meu conselho é que cada um tenha muito claro o objetivo almejado, a distância para o mesmo e, com base nisso, planeje bem as etapas de preparação. Não existe mágica. É necessário muito esforço e muito equilíbrio emocional para se alcançar o sonho da aprovação. Faça uma autoanálise para saber qual a quantidade e tipo de esforço você dedicará ao seu projeto. Pense nas coisas que podem lhe ajudar a manter-se em equilíbrio. E, sobretudo, acredite, tenha fé e faça o melhor de si para ser merecedor do sucesso. Fazendo isso, cedo ou tarde, ele virá! Ficarei na torcida por vocês!