“Perseverança, constância e paciência. Acredito que esses são os 3 pilares que devem nortear uma pessoa que pretenda iniciar sua trajetória no ramo dos concursos públicos. Em outras palavras, paciência para compreender que pode até demorar, mas só não passa quem desiste antes!”.
Confira nossa entrevista com Leonardo Caetano de Pádua, aprovado em 2º lugar no concurso TJSC para Técnico Judiciário:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Leonardo Caetano de Pádua: Tenho 26 anos, sou natural de Belo Horizonte (MG) e formado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Leonardo Pádua: Durante a faculdade, procurei conhecer e experimentar as diversas oportunidades que o curso de Direito oferecia. No 4º período do curso, pude estagiar em um grande escritório e conhecer na prática a rotina da advocacia. Algum tempo depois, prestei concurso para estagiário do TJMG, órgão no qual permaneci por 02 anos e que despertou em mim o interesse pela seara pública. Cheguei, inclusive, a ocupar temporariamente a vaga de Assistente de Desembargador no gabinete em que trabalhava – período desafiador, de grande relevância para meu amadurecimento profissional. Para além desses fatores, minha mãe também é servidora e sempre me incentivou a ingressar nas carreiras públicas.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Leonardo Pádua: Não, eu pude me dedicar integralmente aos estudos durante a minha trajetória. O apoio e suporte da minha família foram fundamentais nesse aspecto. Reconheço o privilégio que tive e sou muito grato a eles por isso.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Leonardo Pádua: Em virtude da pandemia do Covid-19, não prestei muitos concursos. Em Agosto/2021, realizei o concurso para Agente da PCAL (banca Cespe/Cebraspe), conseguindo ser aprovado dentro do número de vagas, na 88ª posição. Em Dezembro/2021, fiz o concurso do TJSC (banca FCC), no qual tive a felicidade de conquistar o 2º lugar geral, gabaritando todas as questões da prova e ficando empatado com a 1ª colocada, que também tirou nota máxima. Em Fevereiro/2022, realizei o concurso para Investigador da PCMT (banca UFMT), também conseguindo aprovação em uma boa colocação.
Sim, eu continuo estudando, mantendo a rotina, mas, por ora, ainda não vislumbro outro concurso que almejo prestar. No momento, desejo dar andamento nesses já mencionados e seguir com as próximas etapas. Os concursos da carreira policial, inclusive, compõem-se de inúmeras fases, que acabam demandando tempo e atenção do candidato (por exemplo, TAF, exames médicos e psicotécnico).
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Leonardo Pádua: Durante os estudos, busquei não abdicar totalmente do convívio social, pois sabia que a preparação para concursos, regra geral, não era um projeto de curto prazo. A constância nos estudos é fundamental durante o processo, por isso tentei criar uma rotina sustentável a médio/longo prazo. Na fase pré-edital, escolhia um dia do final de semana para sair e descansar. No pós-edital, com a proximidade da data das provas, costumava adotar uma postura menos flexível, estudando todos os dias, porém com um carga horária reduzida no final de semana.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Leonardo Pádua: Sou solteiro e não tenho filhos. Minha família foi essencial durante a preparação. Sempre me apoiaram e deram todo o suporte necessário para que eu pudesse direcionar minha energia aos estudos. Sou muito grato por ter meus maiores incentivadores dentro de casa. Também sou feliz por ter grandes amigos que compraram esse desafio comigo, sempre acreditando no meu potencial e compreendendo a minha ausência – em várias ocasiões – em razão dos estudos. Por isso, é motivo de grande orgulho e felicidade poder dividir essa conquista com eles e minha família. Cada um, do seu jeito especial, me auxiliou a enfrentar os percalços dessa jornada. Uma rede de relacionamentos saudável facilita e deixa muito mais leve a caminhada.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Leonardo Pádua: Bem, para responder essa pergunta, preciso contar alguns detalhes da minha trajetória. O meu foco inicial era o concurso do TJSC, cujas provas estavam marcadas para Maio/2020, mas foram suspensas em razão da pandemia. Veio o ano de 2021 e as provas de Tribunais continuavam suspensas, sem perspectiva de retomada. Paralelamente a isso, estava ocorrendo a publicação de vários editais da carreira policial, o que fez com que eu decidisse abrir o leque para também incluir concursos de polícia judiciária no meu horizonte de oportunidades.
Estudei por 02 meses de forma direcionada para o concurso da PCAL, após a publicação do edital. Isso porque, ao analisar o conteúdo programático, verifiquei que grande parte era compatível com o que eu já vinha estudando desde 2019 para o TJSC. Com isso, tive de fazer pequenos ajustes apenas para incluir Informática e a parte de legislação específica no meu ciclo de estudos.
Em relação ao concurso da PCMT, a situação foi parecida. Tive cerca de um mês e meio de preparação direcionada especificamente a essa prova. Fiquei sabendo do concurso com a publicação do edital no dia 05/01/2022 e as provas foram realizadas no dia 20/02/2022. Novamente, destaco que já vinha de uma preparação intensa para o TJSC (realizado em Dezembro/2021), de modo que precisei fazer apenas algumas adaptações no cronograma de estudos.
Portanto, de forma alguma estou dizendo que o estudo pós-edital é efetivo para levar o candidato à aprovação; pelo contrário, eu já vinha estudando há aproximadamente 02 anos para outro certame cujo edital contemplava vários conteúdos cobrados nos outros. Daí, a importância de saber analisar as oportunidades que venham a surgir pelo caminho e da maturidade para identificar se é possível ou não conciliar com outro concurso para o qual já vinha se preparando.
Por fim, quanto às estratégias para manter a disciplina, entendo que organização é um atributo indispensável para todo concurseiro. Saber o que irá estudar no dia seguinte, traçar metas factíveis para a semana e separar um período do dia para atividade física são pequenas atitudes que fazem toda a diferença. Uma rotina organizada e bem planejada permite maior clareza de objetivos e, consequentemente, facilita o diagnóstico para saber se estamos no caminho certo ou não.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Leonardo Pádua: Durante minha preparação, eu investi na leitura dos PDF’s, por ser um estudo menos passivo, que exige maior atenção do aluno. Além disso, montei um material com a legislação que seria objeto de cobrança no concurso. Diariamente, fazia leitura da letra de lei e marcava o material com base na resolução de questões.
Com isso, recorria a videoaulas apenas quando algum tópico do PDF não tivesse ficado tão claro. Porém, acho importante cada pessoa identificar qual o método de estudo dá mais certo pra ela e se encaixa melhor à sua rotina. Não há um certo ou errado, apenas métodos distintos com suas respectivas peculiaridades. Por exemplo, o PDF permite um estudo mais rápido e ativo. Por outro lado, a videoaula, em alguns casos, permite ao professor desenvolver uma didática que, a princípio, não seria possível de se transmitir via texto no PDF. Por essa razão, a importância do autoconhecimento para que o aluno consiga adaptar o estudo às suas individualidades.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Leonardo Pádua: Conheci o Estratégia Concursos em pesquisas na internet e redes sociais quando comecei a me interessar pelo mundo dos concursos públicos.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Leonardo Pádua: Eu estudava duas matérias por dia, alternando conforme o meu cronograma. No início, fazia resumo dos PDF’s. Com o passar do tempo, percebi que não estava sendo uma boa estratégia, tendo em vista o tempo despendido para elaborar os resumos. Comecei a somente ler os PDF’s e passar direto para as questões. A partir das questões, eu conseguia identificar os assuntos mais recorrentes em prova e, com isso, elaborava um material com as informações que julgava relevantes. Também incluía nesse material os meus erros, para não cometê-los novamente depois. Em síntese, o carro chefe da minha preparação foi leitura da lei seca, revisão dos materiais elaborados por mim e resolução de muitas, muitas questões.
Montei meu cronograma de estudos com base na minha realidade, deixando-o flexível para adaptá-lo quando necessário. Inclusive, fiz diversas alterações no meu planejamento até encontrar um que me permitisse otimização e desempenho, mas sem perder a qualidade. Quanto ao número de horas de estudos, eu não sou adepto do uso do cronômetro, pois isso acabava me gerando ansiedade. Porém, analisando minha rotina, acredito que costumava fazer uma média de 06 a 08 horas líquidas por dia (de segunda a sexta). No fim de semana, como já dito, reduzia essa carga horária.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Leonardo Pádua: Sempre busquei simplificar as revisões. Eu pegava o edital e ia riscando os conteúdos que já havia estudado de cada disciplina. Por exemplo, se fosse estudar o tópico “Crimes contra o patrimônio” em Direito Penal: primeiro, fazia a leitura do PDF, depois resolvia questões e marcava o material. Próxima vez que fosse estudar Direito Penal, eu já passava para o tópico seguinte. Costumava fazer a leitura do PDF uma única vez. Depois disso, as revisões eram feitas com base nos meus materiais, questões e letra de lei.
Quanto aos simulados, gostava de realizar já na reta final de preparação, depois de passar por grande parte do edital. Assim, conseguiria ter uma noção mais realista do meu desempenho no dia da prova. Ademais, os simulados também são interessantes para traçar estratégias de resolução de prova (administração do tempo, por qual disciplina começar, etc.).
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Leonardo Pádua: Considero a resolução de questões, juntamente com a leitura frequente do texto da lei, práticas basilares na preparação para concurso. Sem isso, dificilmente se alcançará êxito em uma prova. As questões permitem ao candidato conhecer o perfil da banca, identificar os assuntos mais recorrentes e diagnosticar onde estão seus erros. Com isso, ele poderá direcionar o estudo, reforçando os seus pontos fracos. Quanto ao número, eu tenho um histórico de aproximadamente 26.000 questões resolvidas na plataforma de questões. Se também levar em consideração as questões dos PDF’s, esse número fica ainda maior.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Leonardo Pádua: A disciplina que eu tive maior dificuldade foi Informática, tendo em vista a extensão do conteúdo e porque não estava prevista no edital do TJSC – para o qual eu já vinha me preparando há mais tempo. No caso da PCAL, como tinha apenas 02 meses até a data da prova, a estratégia foi dedicar mais tempo a Informática, inserindo mais vezes no meu ciclo de estudos. Fazia a leitura do PDF simplificado e depois ia direto para as questões comentadas. Antes de avançar para o próximo PDF, fazia a leitura apenas do resumo dos PDF’s anteriores para relembrar as informações principais. Essa foi a técnica que adotei para conseguir passar por todo o conteúdo de Informática em um curto período de tempo.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova?
Leonardo Pádua: Minha rotina de estudos na semana anterior à prova foi intensa, com muitas revisões, leitura de lei seca e resolução de simulados. No dia pré-prova, optei por assistir à revisão de véspera do Estratégia. Gosto bastante, pois além das apostas feitas pelos professores (geralmente assertivas), é também uma forma de revisar os principais pontos do conteúdo de modo mais descontraído, menos desgastante. Afinal, na véspera da prova, tão importante quanto o nível de preparação do candidato, é o cuidado com o aspecto emocional. O que devia ser feito já foi feito; não é o momento para absorver conteúdo novo ou fazer grandes manobras. Isso pode desencadear ainda mais ansiedade e insegurança no candidato.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Leonardo Pádua: Acredito que um dos erros que cometi no início da minha preparação foi o medo excessivo de esquecer o que estudei. Em razão disso, demorava mais do que o necessário para concluir um PDF, o que me impedia de avançar nos estudos em uma velocidade adequada. O conteúdo programático de um concurso é realmente extenso. Por isso, não adianta querer absorver tudo de uma vez. Tenha paciência e respeite o processo de aprendizagem. A solidificação do conhecimento vem a partir das revisões e da resolução de questões, não é de um dia pro outro. Ter a consciência de que a assimilação de conteúdo é um processo contínuo, gradual, que se realiza dia após dia, é fundamental para tornar a caminhada mais leve.
Quanto aos acertos, aponto a leitura regular da letra seca da lei, bem como a resolução diária de questões. Conhecer o perfil da banca examinadora do concurso é fundamental para que se obtenha êxito no dia da prova. Elenco também como um acerto a prática diária de atividade física. Manter uma rotina saudável e um bom condicionamento físico também irá auxiliá-lo durante os estudos, melhorando a disposição, a qualidade do sono, o controle da ansiedade e, por consequência, a absorção de conteúdo.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Leonardo Pádua: Sim, por um breve instante eu cheguei a pensar em desistir. Lembro-me, inclusive, da data. Foi na manhã de uma sexta-feira, dia 29/10/2021, quando ocorreu o cancelamento do concurso da PCAL por suspeita de fraude. Naquela oportunidade, ainda não havia feito as provas do TJSC e PCMT –aprovações que conquistei posteriormente. Imagine conseguir sua primeira aprovação dentro das vagas depois de muito estudo e, repentinamente, ser comunicado do cancelamento do concurso. É um mix de sentimentos: indignação, tristeza, angústia, impotência, ansiedade, insegurança… Acho que só quem já passou por essa situação sabe mensurar a dor de que estou falando.
Minha principal motivação foi visualizar toda a minha trajetória até aquele momento, o quanto eu já havia caminhado para chegar até ali. Quantas questões e simulados já havia resolvido, quantas vezes já havia lido o texto legal, de quantos finais de semana e feriados já havia abdicado… enfim, ao olhar pra trás e refletir sobre minha trajetória, encontrei forças e motivação para seguir adiante.
Não tive muito tempo pra lamentar, pois a prova do TJSC já estava marcada para o dia 12/12/2021, cerca de um mês e meio depois do episódio do cancelamento. O que eu fiz? Assimilei a queda, vivi o luto por alguns dias, mas sacudi a poeira e me reergui. E olha como o mundo dá voltas, nesse concurso do TJSC, tive a felicidade de ser aprovado em 2º lugar geral. Acertei todas as questões da prova e tirei nota máxima. Não bastasse, apenas dois meses depois (Fevereiro/2022), fiz o concurso da PCMT, no qual também fui aprovado em uma boa colocação.
O que fica de toda essa situação é o aprendizado. A vida realmente é uma caixinha de surpresas. Apareceu algum obstáculo ou imprevisto no meio do caminho? Não desista! Prossiga, seja resiliente… aquilo que você tanto almeja pode estar mais perto do que você imagina.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Leonardo Pádua: Perseverança, constância e paciência. Acredito que esses são os 3 pilares que devem nortear uma pessoa que pretenda iniciar sua trajetória no ramo dos concursos públicos. Perseverança para continuar estudando, independentemente de reprovações ou de contratempos que venham a surgir pelo caminho. Constância para criar o hábito do estudo como um compromisso diário, inserido em sua rotina, tratando-o com a seriedade devida. Por fim, paciência para respeitar o processo de aprendizagem, entendendo que cada um tem uma bagagem diferente, a sua história, o seu tempo. Em outras palavras, paciência para compreender que pode até demorar, mas só não passa quem desiste antes!