Aprovado em 3° lugar no concurso CNJ para o cargo de Técnico Judiciário - Área: Administrativa
Concursos Públicos“Sejam disciplinados, a disciplina é capaz de superar qualquer talento inato mal trabalhado e é ela que, pouco a pouco, te coloca mais próximo daquilo que você deseja, ainda que possa parecer distante […]”
Confira nossa entrevista com Henrique Sousa Milhomem, aprovado em 3° lugar no concurso CNJ para o cargo de Técnico Judiciário – Área: Administrativa:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Henrique Sousa Milhomem: Meu nome é Henrique, tenho 32 anos, sou economista pela PUC-Campinas e natural de Brasília-DF. Sou de uma família pobre, criado por mãe solteira que ficou órfã aos 9 anos de idade, mas que sempre lutou e fez de tudo para que eu tivesse as oportunidades que ela não teve.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Henrique: Ao cursar minha graduação, acabei me interessando muito e despertando uma paixão muito forte pela parte de macroeconomia e políticas públicas, foi quando, então, decidi que para trabalhar com isso eu precisava me tornar servidor público.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Henrique: Quando tomei a decisão de ser servidor público, eu já tinha uma carreira de quase 10 anos na iniciativa privada, na área de serviços em saúde e trabalhava em uma multinacional em Campinas-SP, mas eu tinha certeza de que largar tudo aquilo seria o melhor para mim e então decidi sair do meu emprego para poder me dedicar 100% aos estudos. Eu queria que a minha aprovação fosse o mais rápido possível e eu entendia que concurso é um projeto de longo prazo, então eu não queria gastar mais alguns anos numa carreira na qual eu não me via realizado profissional e pessoalmente, especialmente depois de ter me dedicado por anos à minha graduação, ainda que isso significasse passar por algumas dificuldades que eu já havia, de certa forma, superado, como ter meu dinheiro, etc. Não foi uma decisão fácil, porque eu já estava habituado com um certo conforto e uma carreira que eu havia construído do zero, com muito esforço por anos a fio e também abdicado de muitas coisas para poder conquistá-la, mas eu entendia que seria um passo para trás, de modo que, depois, eu daria vários passos à frente de uma só vez. Eu encarei os meus estudos como se fossem o meu trabalho, minha obrigação era estudar todos os dias, pelo tempo que eu aguentasse.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Henrique: Desde que comecei a estudar, em 2022, eu só tinha em mente uma coisa: ir sempre melhor do que na prova anterior. Então, eu procurei seguir essa máxima. Tenho algumas “aprovações” como excedente, para analista de políticas públicas do DF, auditor fiscal de atividades urbanas do DF e Emater-DF, mas essa foi a primeira dentro das vagas imediatas. Também continuo estudando, pois ainda estou me decidindo se vou para Tribunais de Contas, Poder Legislativo, Fisco ou BACEN. Não pretendo parar até chegar em um desses.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Henrique: Eu basicamente só me permitia fazer qualquer coisa aos finais de semana e, em geral, isso significava ir para a casa da minha namorada ou, raramente, reunir-me com alguns amigos por algumas poucas horas e falar sobre concurso, para depois retornar para a rotina. Os domingos costumavam ser descanso total, mas eu já estudei muitos domingos também, em pós-edital não fazia diferença que dia da semana era.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Henrique: Sim, pois dois dos meus grandes amigos, que permaneceram mais próximos a mim durante esse processo, são servidores e foram fundamentais em toda essa jornada, fornecendo dicas, estratégias, aconselhamento e suporte emocional, por já terem passado pelo mesmo processo que eu estava passando. Minha namorada também foi meu pilar, porque, inúmeras vezes, ela foi compreensiva ao fato de que eu não poderia acompanhá-la em alguma festa de aniversário ou evento que ela gostaria que fôssemos juntos e acabava indo sozinha, enquanto eu ficava estudando e, também, por ter sempre me dado suporte emocional quando um resultado não era o que eu esperava, ou nas ansiedades de pré-prova. Por fim, minha mãe foi o pilar central que permitiu que tudo isso fosse possível, porque acreditou em mim e nunca mediu esforços para que eu tivesse o necessário para poder chegar no resultado que eu tinha traçado. De toda forma, algumas amizades, naturalmente, se tornaram muito menos presentes.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Henrique: Eu estava me preparando para o CNU, mas quando foi anunciado que as provas seriam remarcadas, eu decidi começar a estudar para o CNJ, então foram aproximadamente 40 dias de preparação específica. De todo modo, eu já tinha uma bagagem de 2 anos de estudo, provas e reprovações que, definitivamente, fizeram a diferença. Manter a disciplina não foi difícil, porque depois de você não ser aprovado por uma ou duas questões, como já aconteceu comigo, te machuca muito, mas também te faz ter mais sagacidade na próxima vez. Eu já estava cansado de “bater na trave”.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Henrique: Sempre tive uma certa facilidade com audiovisual, então estudar por videoaulas foi relativamente um bom começo para mim, mas sempre utilizei os PDFs por serem mais completos para abordar temas num nível mais aprofundado ou para obter melhores exemplos de alguma coisa que não estivesse bem clara em minha mente. As vantagens do material em PDF se contrapõem às desvantagens da videoaula e vice e versa. Estudar pelos dois é o caminho do meio.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Henrique: Conheci o Estratégia por indicação de outros amigos que tinham mais experiência em concursos que eu e, ao procurar, pareceu-me mesmo o melhor curso preparatório, pois eu via que o Estratégia aprovava muita gente nas primeiras posições.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Henrique: Ao estudar pelo Estratégia, logo percebi que os professores eram extremamente didáticos e explicavam muito bem, de modo que eu mal precisava procurar material complementar para me aprofundar em alguns temas importantes. Além disso, sempre utilizei muito o fórum de dúvidas e a equipe do Estratégia sempre me respondia muito rápido, então eu conseguia sanar minhas dúvidas sem perder tempo, nem corria o risco de acabar esquecendo qual era a minha dúvida.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Henrique: Eu sempre gostei de começar o dia com as matérias em que eu achava mais difíceis, pois sentia que meu cérebro estava bom e deixava as mais fáceis para o fim do dia, quando estaria mais cansado. Sempre gostei de alternar bem entre um assunto e outro, de forma que eles fossem, dentro do possível, completamente diferentes entre si, como, por exemplo, começar estudando AFO e depois português.
Em pós-edital eu estudava o máximo que aguentava, chegando a fazer 8h líquidas, mas quando o cansaço batia forte, eu ficava só resolvendo questões, sem me preocupar em acertar ou errar, “brincando” com as questões ou lendo meu caderno de erros, aí chegava a estudar por umas 10h, outras 12h. Meu dia em pós-edital era “guerra total”, mas claro que, apesar de muitas horas estudando, somente algumas eram com total atenção e concentração, líquidas mesmo, tudo para não ir além do que fosse adequado para o meu corpo naquele momento, afinal, eu precisava manter o ritmo por meses até a prova, mas sempre dando um intervalo de 10min pra levantar, respirar e alongar. Tirando um cochilinho de 20min após o almoço e uma hora no dia para atividade física.
Pré-edital era mais tranquilo, fazia entre 6h a 8h por dia, apenas seguia meu cronograma. Eu tentei fazer a minha vida girar em torno de concurso, até no meu instagram eu deixei de seguir coisas inúteis e passei a seguir muitos professores do estratégia, perfis de questões, coisas desse tipo, então, mesmo quando eu estava “à toa” no celular, eu acabava lendo uma questão em algum perfil, ou uma jurisprudência.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Henrique: No começo, eu fui fazendo muitos resumos, anotações e percebi que isso não era eficiente, porque anotava tudo. Daí em diante, passei a fazer um caderno de erros para os assuntos que tinha mais erros e quando era algo muito importante, eu fazia pequenas notas autoadesivas para pendurar em lugares de fácil alcance do meu olhar. Eu sempre deixei para fazer minhas revisões aos finais de semana e na última semana de prova. Os simulados não eram uma coisa que me atraía muito aos olhos, gostava mais de fazer muitas questões, o máximo possível.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Henrique: Resolver questões é o que acredito que deve haver em comum em concurseiros, porque a prova é feita de questões e, por vezes, não adianta saber o conteúdo se não entender como ele é cobrado e errar. A resolução de questões é uma prática que te faz aprender pela repetição e isso é fundamental para acertar aquelas questões que você não tem certeza. Resolvendo muitas questões, você aprende a acertar até mesmo coisas que nem sabe. Já resolvi mais de 30 mil questões, realmente acho que é fundamental e outros aprovados concordam comigo.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Henrique: Não que eu tivesse dificuldade, mas eu percebia que ter um percentual alto em Administração Financeira e Orçamentária era algo difícil, não só para mim, mas para a maioria dos concurseiros, então eu sempre tive o cuidado de estudá-la com mais atenção, concentração e esmero, porque sabia que o fato de ser mais “difícil” poderia ser um diferencial para minha aprovação, se eu soubesse algo que a maioria poderia errar. Então, eu sempre deixei para estudar AFO logo nas primeiras horas do meu dia e acredito que isso me ajudou a consolidar muito bem a matéria num nível mais aprofundado.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Henrique: Procurei seguir fielmente o meu cronograma todos os dias até a prova, fazendo muitas questões e revisando. Na última semana, eu já não resolvia nenhuma questão, somente lia minhas anotações. No sábado pré-prova, eu assisti a revisão ao vivo do Estratégia o dia todo e no dia da prova só li mais algumas anotações, nada de tentar aprender coisa nova ou complicada demais.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Henrique: Discursiva se treina fazendo. Nunca tive dificuldade para escrever relativamente bem, então não me preocupava, mas sempre aprendemos que dá pra ser melhor ou excelente e, produzir textos para concurso, seja uma peça técnica ou até mesmo uma simples dissertação muito bem feita, exige que tenhamos alguns cuidados essenciais. Foi uma coisa que eu aprendi do jeito amargo, na prova de auditor fiscal de atividades urbanas do DF, eu fui muito bem na parte objetiva, mas perdi a chance de ter galgado posições e ficado dentro das vagas por não haver treinado discursiva e olha que eu sabia falar tudo sobre o tema cobrado, estava muito bem preparado, mas não tirei muito mais do que o mínimo e perdi importantes posições e sei que foi devido a não ter treinado. Desde então, passei a treinar minha discursiva. Treinem discursivas, treinem sua caligrafia, treinem respeitar as margens e fazer um texto limpo, escrever de forma clara, sucinta e objetiva, o poder de síntese faz toda a diferença.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Henrique: Acredito que meu principal erro foi, ao começar, anotar tudo o que estava aprendendo, produzindo muito material de consulta extenso demais que depois mal seria utilizado e não ter treinado discursivas desde sempre. Por outro lado, dentre os principais acertos, acredito que eu ter me dedicado com a seriedade, disciplina, organização e responsabilidade que esse tipo de projeto demanda, o tempo todo, com constância e, ter me afastado de tudo aquilo que eu enxergava que não era compatível com a realidade do que eu estava vivendo e que queria para mim, foram fundamentais.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Henrique: Eu nunca pensei em desistir, isso nunca foi uma opção, porque eu tinha largado tudo para que isso desse certo, mas houve momentos em que cheguei a pensar quando seria a minha hora, se estava perto ou longe, ou se algum dia realmente aconteceria, por isso, ter pessoas que acreditavam em mim e podiam me oferecer algum tipo de suporte foi essencial nesses breves momentos de oscilação.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Henrique: Sejam disciplinados, a disciplina é capaz de superar qualquer talento inato mal trabalhado e é ela que, pouco a pouco, te coloca mais próximo daquilo que você deseja, ainda que possa parecer distante.