Aprovado em 10º Lugar no Concurso TJ SP para o Cargo de Escrevente Técnico Judiciário em São Paulo
Tribunais
“Não é bom se comparar com os outros, apenas consigo mesmo, e crer na sua capacidade de superar as suas circunstâncias”.
Confira nossa entrevista com Giovanni Brescancini Picchiotti, aprovado em 10º Lugar no Concurso TJ SP para o Cargo de Escrevente Técnico Judiciário em São Paulo:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Giovanni Brescancini Picchiotti: Meu nome é Giovanni Brescancini Picchiotti, tenho 24 anos, sou estudante de Direito, estagiário de juíza, e resido em São Paulo, capital. Sou professor particular no Instagram @aulas.giovanni.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Giovanni: Essa pergunta é mais complicada do que parece (risos). Saindo da escola, tive muita dúvida acerca do que eu “quereria ser quando crescesse”. Embora a judicatura sempre me tenha apetecido, optei a priori por um curso de Engenharia, ambicionando uma carreira corporativa, talvez por insegurança quanto à prova da magistratura. No entanto, descontente com a falta de propósito, de estabilidade e de previsibilidade na iniciativa privada, resolvi criar coragem e traçar um outro caminho, pelos concursos. A prova para escrevente entra como meu segundo passo (o primeiro sendo meu atual estágio em gabinete) em direção ao meu sonho de ser juiz.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Giovanni: Sim. Durante a minha preparação para o concurso de escrevente, trabalhava e fazia faculdade. Todavia, o fato do meu trabalho ser um estágio de quatro horas ao dia e de minha faculdade estar em ensino remoto — o que me possibilitava deixá-la de lado, se necessário — fez com que, na prática, eu pudesse me dedicar quase que integralmente ao concurso.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Giovanni: Quando adolescente, prestei para Jovem Aprendiz na SPTuris. Não sei se conta. Foi uma prova que fiz sem estudar e na qual um único erro me fez cair para o 14º lugar. Fui aprovado e convocado, mas não assumi a vaga. De resto, esse foi o primeiro concurso para o qual estudei. Agora penso na magistratura a longo prazo, e talvez num concurso para Procurador do Estado (ou do Município) a médio prazo.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Giovanni: No presente momento da minha vida, não sou muito de sair, ainda mais porque o concurso foi no auge da pandemia. Ainda assim, durante os três meses entre o edital e a prova, saí algumas poucas vezes com família e amigos, inclusive tendo viajado por quatro dias. Porém, eu sempre dei um jeito de estudar mesmo quando fora de casa, claro que mantendo a noção e sem deixar de aproveitar os passeios.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Giovanni: Sou solteiro e não tenho filhos. Entretanto, tive sim o apoio da minha família e dos meus amigos. Foi excepcional, na verdade. Não era aquele apoio falso de me prometer uma aprovação que, todos sabemos, era incerta — mas sim de respeitar meu esforço e até de reduzir um pouco da cobrança que eu impunha sobre mim. Tenho muito a agradecer. Principalmente, a meus colegas que “me levaram nas costas” nos trabalhos de faculdade e até em algumas demandas do estágio. Muito obrigado, Mariana. Devo muitos almoços por aí (risos).
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Giovanni: Quatro meses. Estudei em maio, porém desanimei pensando que o edital não viria. Só voltei após ele sair. Acredito que a minha principal estratégia para manter minha disciplina foi continuamente alternar entre diversas ferramentas e rotinas de estudo. Eu sempre tinha como estudar. Se queria estudar deitado, tinha como fazê-lo. Sentado, idem. Correndo, também tinha. Por áudio? Tinha como. Por apostila? Também. Por vídeo? Idem. Por questões soltas? Sim. Por simulados? Também.
Chega a ficar feia a cacofonia, mas a verdade é que eu tinha diversas opções, as quais viabilizavam um ritmo bem intenso de estudos.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação? (Aulas presenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens?)
Giovanni: Usei todas essas ferramentas, exceto as aulas presenciais. Também usei outras. Não acredito que faça sentido falar de prós e contras, pois cada forma se encaixa perfeitamente bem no projeto maior de se preparar. Por exemplo, a lei seca é o que mais cai na prova. Estudá-la, o máximo possível, é fundamental. Fi-lo com um PDF (deitado), com uma apostila (sentado), por áudio (andando, arrumando a casa ou correndo). Porém, só a lei seca pode ser abstrata demais. Aí entram as videoaulas. Elas dão palpabilidade ao juridiquês da lei. Entretanto, elas também não bastam por si. Precisamos também resolver questões. Questões soltas também não bastam por si, pois não simulam as circunstâncias e os pesos de cada matéria na prova. Nesse momento, entram os simulados. Tudo isso funciona melhor em conjunto.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Giovanni: Pelo Google. Depois, um irmão meu, já concurseiro, atestou a qualidade da plataforma.
Estratégia: Antes de conhecer o Estratégia, você chegou a usar materiais de outros cursos? Se sim, o que mais incomodava quando você estudava por esse concorrente?
Giovanni: Como dito, estudei por vários materiais para esse concurso. Não tenho nenhum incômodo em específico. Na verdade, o Estratégia entrou para a minha preparação já na reta final do concurso. Fiz a Revisão de Véspera com vocês.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Giovanni: Não creio que seja o caso. Como comentei, minha preparação foi como um “corpo”, composto de diversas partes. A revisão final com vocês cumpriu o papel de um importante órgão nesse contexto, sem se dissociar do resto do processo. Com ela, tive acesso a macetes que me ajudaram bastante quando da prova, como os do Professor Thállius acerca da Lei de Improbidade Administrativa.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Giovanni: Continuamente, montei e readaptei diversos planos de estudo com base no que fazia sentido no momento, de acordo com meus diagnósticos. No entanto, dificilmente os seguia à risca. Na prática, a minha preparação foi bem irregular. Havia dias em que eu literalmente estudava 12 horas, e dias em que eu estudava duas horas, se muito. De toda forma, em linhas gerais, no princípio, eu quis passar por todo o conteúdo, matéria por matéria. Era assim: eu via tudo de um tópico e já passava ao próximo. Depois ia avançando, mas sempre dedicava algumas horas do dia para revisar o que já havia aprendido, de forma livre, conforme julgasse adequado. Contudo, depois de terminar todo o conteúdo, a revisão tornou-se sistemática, e eu passei a estudar um pouco de tudo todos os dias.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Giovanni: Nunca fiz resumos escritos. Porém, no começo, eu fazia uma “autoapresentação” do conteúdo no PowerPoint. Fazia uma apresentação de slides só listando os tópicos estudados e então me gravava discorrendo sobre eles. Era uma terceira forma de revisão, além de reler ou de reouvir a lei e de resolver questões. Só que sofri um problema no braço (síndrome do túnel cubital), que inviabilizou, à época, que me mantivesse fazendo tais apresentações. Na reta final, revisei principalmente por simulados ou relendo a lei. Como o edital era curto, com exceção da última semana, nunca me importei com “o que mais cai” ou com quais eram os pontos mais importantes, só tendo estudado o conteúdo todo de ponta a ponta. De novo, de novo e de novo.
(Excepcionam essa regra os conteúdos de português e de informática, já que são matérias nas quais não dá para você literalmente zerar o edital).
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Giovanni: Importantíssima. Eu resolvi mais de duas mil questões soltas e cerca de 20 simulados ao longo dos meus quatro meses de estudo. As questões servem para delimitar os seus estudos. Como já falei, estudei o edital todo e não priorizei só o mais cobrado. Porém, mais do que dizer quais tópicos mais caem, as questões te ensinam como eles caem. Elas mostram exatamente o que você tem que decorar e quais as pegadinhas favoritas da banca. Tiram do seu radar questões irrelevantes ao seu estudo, como as que cobram enunciados do FONAJE.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Giovanni: Português e Informática. Não que sejam difíceis, exatamente, mas elas duas têm uma desvantagem em relação a outras matérias do edital, no sentido de que é um conteúdo impossível de se “fechar”. Afinal, o Direito, nessa prova, é composto de leis que caberiam em um livreto. Já a Matemática e o Raciocínio Lógico são regulados por poucas regras, intuitivas ou facilmente decoráveis. Português e Informática são infinitos em seu escopo e isso dificulta muito uma abordagem mais metódica. A VUNESP não “pesou” nessas matérias na prova, porém os infinitos detalhes que poderiam ser cobrados em informática e o abuso de ambiguidades e subjetivismo que poderiam lotar a prova de português sempre me preocuparam. Enfrentei isso tentando dedicar mais tempo a essas matérias, adquirindo materiais específicos, fazendo questões além das de concurso (como, por exemplo, preenchendo o valor semântico de conjunções em sites focados exclusivamente no ensino de gramática), etc.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Giovanni: Fiz várias revisões gratuitas pelo YouTube, incluindo a Revisão de Véspera do Estratégia Concursos. Eu estava bem pilhado, vendo tudo em velocidade 2.0x e, ao mesmo tempo, resolvendo questões (risos). Esse ritmo frenético apareceu em vários momentos da minha preparação (mas não em todos). Na última semana, tive uns dias improdutivos, mas a véspera, em especial, foi a minha chave de ouro. Diversas coisas que revisei lá caíram na prova.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Giovanni: Em termos de acertos, penso que o sistema de sempre ter uma forma viável e desejável de estudar funcionou plenamente bem. Já de erros, é difícil falar. Afinal, com quatro meses de estudo, não esperava acertar 97 questões. Até penso no que poderia mudar, porém será que algo elevaria minha nota?
De todo modo, creio que tenha me levado muito pelos simulados de uma empresa específica, a qual tentava imitar a VUNESP com questões inéditas, porém acabava tendo seu próprio estilo. A maioria dos simulados que fiz vieram dessa plataforma, e acabei focando muito em alguns tópicos específicos de português ou de informática dos quais a prova real passou bem longe.
Talvez, e somente talvez, se tivesse deixado isso de lado e estudado mais Direito, poderia ter gabaritado esse bloco, no qual errei 2 questões. No entanto, é fácil ser engenheiro de obra pronta. Talvez a prova não fosse como foi e pesasse mais em português e informática. Nesse caso, eu preferiria ter feito como fiz. Então não tenho arrependimentos.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Giovanni: Não cheguei. Acredito que, por ser uma preparação de curto prazo, houve poucas brechas para eu pensar nisso. Contudo, o que me motivou quando me senti inseguro foi pensar, simultaneamente, no potencial que esse concurso representava para o meu futuro e no fato de que, por 24 anos, vivi muito bem sem ele. Ou seja, mesmo se eu falhasse, não seria o fim do mundo.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Giovanni: Gostaria de dizer a todos vocês que cada um começa de um ponto distinto, mas que isso não impede ninguém de chegar onde quiser. Eu vim de uma boa escola, sempre tive facilidade em aprender, dentre outros fatores que viabilizaram essa aprovação tão rápida. Alguns teriam que lidar com uma bagagem mais complicada, como com lacunas na educação básica e afins. Por isso, não é bom se comparar com os outros, apenas consigo mesmo, e crer na sua capacidade de superar as suas circunstâncias.
Eu não sou adepto de clichês como o “concurso é uma fila”. Na realidade, há, sempre houve e sempre haverá mais candidatos do que vagas. Há quem não conseguirá passar. Mas não há nada, hoje, que determine que você estará de um ou de outro lado da balança. Portanto, dê o melhor de si. Lide bem com as suas emoções. Conheça-se como pessoa e estude de uma maneira que faça sentido para você. Esse é o melhor conselho que posso dar.