“Deixo o pensamento que mais me ajudou a enfrentar as dificuldades, o cansaço e as derrotas da forma mais leve (ou menos pesada) possível. Desde o dia 1 de estudos eu decidi que só pararia aprovada onde eu quisesse. Pra isso, coloquei na cabeça que eu seria reprovada quantas vezes fosse necessário até o dia em que a aprovação viria. Isso me fez sofrer muito menos, certamente.”
Confira a nossa entrevista com Patrícia Mafili Lisboa, aprovada em 01° no concurso Alesp para Auditor Interno:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-la. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Patrícia Mafili Lisboa: Tenho 48 anos, sou de Viçosa – MG, mas morei a maior parte da vida em uma cidadezinha na Grande BH, chamada Florestal. Fui professora de Inglês desde os 19 anos, e sou administradora de formação.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Patrícia: Eu estava muito feliz e realizada no magistério (tinha uma franquia de idiomas e lecionava Administração em graduação e pós), mas fui obrigada a abandonar essas atividades devido a um problema de saúde. Fiquei bem perdida por alguns meses até que vi um anúncio do Estratégia para um concurso. Eu já conhecia o curso, pois havia sido aprovada no Teste Anpad para o doutorado em Administração, estudando pelo Estratégia.
Para ser sincera, eu tinha algumas reservas quanto a concurso público, Porém, imaginei que, se eu fosse servidora, eu estaria protegida numa situação como a que passei e não teria tido que abrir mão da minha carreira e perdido minha renda. Além disso, assim que comecei a estudar para o TCE-MG (já em pós-edital), eu me apaixonei pela área de Controle.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Patrícia: Durante pouco mais de 1 ano e meio, sim. Depois, no início de 2020, recebi um convite maravilhoso do Estratégia para trabalhar no Sistema de Questões, inclusive pude indicar outros colegas para o projeto. Nesse período, como a gente trabalhava com metas, acabei me dedicando pouco aos estudos, queria ganhar o suficiente para fazer uma pequena reserva, já que era algo temporário. Não tenho nem palavras para agradecer a oportunidade, já que, apesar de ter o apoio dos meus pais, estar sem renda era algo que me incomodava profundamente. Quando acabou o projeto, eu já tinha um perfil no instagram onde postava cards do anki que eu fazia para revisão. Alguns colegas começaram a pedir para produzir para comercialização e acabei fazendo isso. Então, apesar de não ter emprego formal, trabalhei a maior parte da minha preparação.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovada?
Patrícia: Essa aprovação na ALESP foi a minha primeira. Estava vindo numa crescente, então sentia que estava chegando. Tinha passado para a discursiva no TCE-AM em 2021, mas quebrei o braço 3 dias antes da prova. Então, a primeira vez que vi meu nome num diário oficial foi um dos piores dias da minha trajetória, uma sensação horrível de que teria condições de estar pelo menos no cadastro de reserva, mas não estava por uma situação que fugiu ao meu controle. No TCE-SC, fiquei a menos de 1 ponto, eu acho, do CR. Bem doído chegar tão perto do sonho… mas entendi que era questão de tempo. Inclusive, ainda quero sim um Tribunal de Contas (ou mesmo uma Controladoria) pra chamar de meu!
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos?
Patrícia: Praticamente anulei essa parte da minha vida e não recomendo. Estudei sem produtividade em muitos dias por não sentir que eu tinha direito de descansar. Provavelmente isso pode ter, inclusive, me atrapalhado.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseira?
Patrícia: Sou divorciada há muitos anos, tenho duas filhas já adultas. Precisei muito dos meus pais financeiramente, já que tinha perdido minha renda no final de 2017 e não tinha reserva financeira. Acho que apoio, de forma geral, a gente conquista durante a caminhada. Quando a família percebe o quanto você está se dedicando, quase que naturalmente vai ficando mais ao seu lado. Disse a eles que estudaria o máximo que conseguisse pelo tempo que fosse necessário e que só pararia depois de aprovada no cargo que quisesse. Eles viam isso todos os dias, até se preocupavam, às vezes, com meus exageros, estimulando que descansasse um pouco.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso?
Patrícia: Estudei muito pouco focada na ALESP. Fiz algumas poucas questões direcionadas. O que me fez passar foram os 3 anos e quase 11 meses de estudos até a prova. Como o TCM-SP, que era um de meus objetivos, tinha a mesma banca e um edital bem parecido, eu fiz a prova apenas para me testar para a Vunesp.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Patrícia: Nunca fiz aulas presenciais. A maior parte do estudo foi por PDF. Mas vi videoaulas também, seja em assuntos que precisava, seja em momentos em que estava fazendo serviços de casa e tal. Além disso, muitas e muitas questões e também revisões (por grifos, anki, mapas mentais, áudio). Pra mim, funciona mudar a ferramenta de estudo para conseguir me manter atenta e produtiva por um número maior de horas. Sei que não se pode abrir mão, por exemplo, de PDF e questões, mas não há fórmula. Creio que se testar e ver o que funciona seja o melhor.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação?
Patrícia: O Estratégia tem um portfólio bem completo de opções (excelentes PDFs, videoaulas, SQ, aúdio) e eu usei quase tudo. Cheguei também a ter assinatura Platinum por um tempo, não continuei por questões financeiras. Fiz mais tempo de coaching com Túlio e foi ótimo. Inclusive, o material que ele coordena, o Passo, me ajudou muito no AM. Creio que, mais que materiais, os professores do Estratégia são de qualidade excepcional!
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Patrícia: No início, sem qualquer planejamento rs. Fui assistindo vídeos e aprendendo. Ultimamente, prefiro ter um acompanhamento, em que o planejamento já esteja lá e eu possa me concentrar só nos estudos mesmo, isso tira boa parte da ansiedade e ainda economiza tempo.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Patrícia: Fiz muitos simulados para o TCE-AM e para outras provas, acho muito importante. As revisões mais diárias prefiro fazer pelo Anki. Além disso, fiz um banco de assertivas corretas/corrigidas, que acho excelente para revisar. As últimas revisões faço mais por materiais próprios, leis e mapas, para que me deem uma visão mais geral de cada tema.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios?
Patrícia: A resolução de questões é simplesmente o mais essencial depois de já ter um conhecimento mínimo nos assuntos. Eu até contava a quantidade no início, mas vi que me dava mais ansiedade do que trazia benefícios. Eu prefiro fazer questões com mais calma, focada em fechar lacunas e completar meus materiais de revisão.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade?
Patrícia: Eu tinha foco no TCU, então Economia e Estatística me deram mais trabalho. Inclusive, foi por uma estratégia equivocada que abri mão da prova quando saiu o edital. Via várias pessoas dizendo que nem valia tanto a pena estudar Estatística, já que o peso era muito pequeno e a dificuldade, muito grande. Então, estudei só a Descritiva. Quando vi o peso que teria na prova, ao lado de TI (para a qual também estava me preparando pouco em comparação com as demais), entendi que não chegaria competitiva. Não deixem de estudar nada, não descartem ou negligenciem disciplinas antes do edital.
Em relação ao “núcleo duro” de Controle, certamente Contabilidade (inclusive não é meu ponto forte até hoje rs).
A superação vem com a teimosia, continuar estudando e irmelhorando aos poucos. Acredito que um critério para estudar por videoaulas é exatamente este: quando temos dificuldade no assunto. E o Estratégia tem excelentes professores que ajudam muito, como Marcondinho e Sande em Contabilidade. A propósito, também vejo videoaulas da Dri (porque é necessário para a FGV e adoro a diva rs), da Nelma (pra descansar ao final do dia, pois sou apaixonada pelas aulas dela) e para assuntos pontuais de Direito Administrativo e Auditoria (principalmente de Herbert e Guilherme Sant’Anna). Não vejo mal nisso, desde que não seja regra (um controle de estudos pode ajudar).
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Patrícia: Não vou servir muito de exemplo nessa parte para a ALESP rs. Tinha praticamente desistido de fazer e mudei de ideia literalmente na véspera. Cheguei ao hotel no sábado à noite e vi a revisão de véspera. Gosto delas, pois me deixam menos ansiosa. Aliás, esse é um ponto importante, devido à baixa expectativa, estava muito calma.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame?
Patrícia: Mais uma vez, não foi específica para para a ALESP. Sempre treinei bastante para a discursiva. Inclusive, cheguei a modificar minha letra no início dos estudos, para deixá-la o mais legível e no menor tamanho possível. Pode parecer bobagem, mas consigo escrever quase 40% a mais que boa parte das pessoas, isso ajuda muito, aconselho.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Patrícia: O que mais senti falta quando já estava ficando competitiva foi ter um bom material de revisão pra reta final. Túlio me ajudou muito no período que estive com ele. Hoje foco muito nisso.
Outro ponto é que, nos primeiros meses de estudo, vi que estava estudando sem planejamento e busquei aprender como funciona a preparação pra concursos. É um tempo muito bem investido.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir?
Patrícia: Nunca, eu não tinha mais para onde voltar rs. Como não tinha mais minha carreira, sentia um absoluto pavor em não ser produtiva e em estar, àquela altura da minha vida, precisando de suporte financeiro dos meus pais. Eles deixaram de fazer muita coisa pra me apoiar e apoiar minhas filhas, coisa que eu que deveria estar fazendo. O simples pensamento de ser um peso na vida delas em minha velhice era terrível também. Sempre fui muito independente, desde bem nova e estar naquela situação era o que de mais desconfortável poderia haver.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Patrícia: Deixo o pensamento que mais me ajudou a enfrentar as dificuldades, o cansaço e as derrotas da forma mais leve (ou menos pesada) possível. Desde o dia 1 de estudos eu decidi que só pararia aprovada onde eu quisesse. Pra isso, coloquei na cabeça que eu seria reprovada quantas vezes fosse necessário até o dia em que a aprovação viria. Isso me fez sofrer muito menos, certamente.
Outro ponto é que tentava não pensar que eu era “muito ruim” em algo ou que não aprenderia tal matéria, ao contrário, tentava pensar “eu ainda não sou boa nisso” (como eu disse lá atrás, por exemplo: Contabilidade ainda não é meu ponto forte).
Por último, muitas pessoas falam (achando que estão elogiando rs) que sou disciplinada. Não se iludam, disciplina não é algo automático, é levantar todos os dias e fazer o que precisa. Não dá pra ficar pensando em muita coisa, isso rouba a energia da gente. É acordar, não pensar, levantar e começar rs. Daí, um dia, o nome aparece lá!