Aprovado no concurso MP-PR para o cargo de Promotor
Jurídico - Promotor de Justiça“Meu principal acerto foi manter a motivação intrínseca ao estudar. Eu tenho a característica de me apaixonar pelas atividades que desempenho, e isso ocorreu com as matérias do concurso. […]”
Confira nossa entrevista com Carlos Roberto Pereira Bitencourt, aprovado no concurso MP-PR para o cargo de Promotor:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Há quanto tempo se formou em Direito? Qual sua idade e cidade natal?
Carlos Roberto Pereira Bitencourt: Eu me chamo Carlos Roberto Pereira Bitencourt. Tenho trinta e um anos de idade. Nasci numa pequena cidade do interior de São Paulo, chamada Cruzeiro, no Vale do Paraíba, onde morei até os 18 anos. Fiz a minha graduação na Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, onde me formei em 2015. Também fiz uma especialização em Direito Penal na Escola Paulista da Magistratura, em 2018.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Escolheu o seu curso superior já pensando em fazer concurso ou chegou a advogar?
Carlos Roberto: Quando eu escolhi fazer a faculdade de direito, meu único interesse era o estudo das matérias que constavam da grade curricular – que eu acessava pela plataforma Jupiter Web, pela internet. Eu achava incrível estudar uma gama tão ampla de assuntos como Direito Romano, Economia Política e Direito Penal Internacional. Quando eu ingressei na faculdade, tive uma professora excelente, chamada Juliana Krueger Pela, que me despertou interesse por direito societário, área na qual estagiei por cerca de um ano, com muito entusiasmo. No final do segundo ano da faculdade, fui aprovado no concurso para Escrevente Técnico Judiciário do Tribunal de Justiça de São Paulo, instituição na qual trabalho até hoje. O sonho de prestar concursos públicos, contudo, consolidou-se apenas posteriormente, no ano de 2016, quando comecei a trabalhar como Assistente Jurídico do Desembargador Vito Guglielmi, na 6ª Câmara de Direito Privado do TJSP. No gabinete, percebi que era apaixonado pelo trabalho, que impactava diretamente a vida das pessoas.
Estratégia: Sempre fez concursos para carreira jurídica?
Carlos Roberto: Sim.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Carlos Roberto: Sim, eu sempre conciliei o trabalho e os estudos, mesmo antes de ingressar na faculdade. Especificamente para concursos públicos, o trabalho na Subseção de Direito Privado I do TJSP me ajudou muito nos estudos, e vice-versa, pois as matérias com as quais eu trabalhava tinham grande incidência nas provas. Quanto aos horários, eu sempre gostei de estudar nas primeiras horas da manhã, pois não rendo à noite. Nos últimos meses, nos dias mais produtivos, acordava bem cedo – antes das 5h00 -, e estudava até às 10h00. Trabalhava das 11h00 às 19h00. À noite, estudava até por volta das 21h00, matérias mais leves. Se estivesse muito cansado, descansava nesse período. Sempre estudei, igualmente, aos finais de semana, feriados e recesso forense. Apesar disso, entendo que é importante estabelecer um equilíbrio com os momentos de lazer e vida social, aspecto no qual sempre tive dificuldade.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Pretende continuar estudando?
Carlos Roberto: Eu fui aprovado nos concursos de Escrevente Técnico Judiciário do TJSP, em 2013; e no concurso de Técnico Judiciário do Tribunal Regional do Trabalho de 2014. Este ano – 2024 -, fui finalmente aprovado para Promotor de Justiça no Ministério Público do Estado do Paraná. Fiquei com a quarta maior nota na prova discursiva, e com a oitava maior média após a contabilização da prova oral. Ainda não sei a minha classificação final após a contagem dos títulos, pois não tenho muitos. Estou muito feliz por haver passado!
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Carlos Roberto: Eu fiz um estudo de reta final de cerca de três meses para enfrentar a prova objetiva, entretanto estudo para concursos públicos desde 2016.
Para manter a disciplina, no último ano, eu e alguns amigos criamos um grupo de estudos no Whatsapp, bem como um servidor no “Discord”, ferramenta que vem sendo utilizada com enorme proveito por muitos estudantes. A ideia foi de uma amiga. Nesse dispositivo, nós nos conectávamos, ligávamos (ou não) a câmera e cronometrávamos pomodoros de 50 minutos, com 10 minutos de descanso para um café ou pequena conversa. Assim, um estimulava o outro durante o horário estabelecido para as sessões coletivas de estudo, que eram feitas silenciosamente, cada um em sua casa. Fazíamos os pomodoros à noite, igualmente. Toda semana, estudava informativos de jurisprudência com algumas amigas, por meio de perguntas e respostas que nos formulávamos reciprocamente pelo mesmo aplicativo. Na segunda fase, me recordo de lembrar as respostas das perguntas rememorando cenas desses encontros – “Já conversei sobre esse precedente com a Haíssa, com a Dinah!”. Quando fui para a fase oral, contei igualmente com o apoio e o treino ao lado dos amigos, numa rede de estímulo e suporte muito bonita. Fiz grandes amigos durante a minha preparação, amizades que levarei para minha vida.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Carlos Roberto: Nos três primeiros anos de preparação, eu não realizei cursos preparatórios, o que me prejudicou imensamente. Eu sempre senti prazer ao estudar os livros de doutrina, mas evitava a lei seca e os informativos de jurisprudência. Enorme erro! Considero importante ler boas doutrinas, mas o estudo por rodadas de PDF’s, legislações destacadas, cursos preparatórios e trilhas estratégicas – como aquelas fornecidas pelo Estratégia – aumenta consideravelmente o seu desempenho, sobretudo na prova objetiva. Também criei o hábito de ouvir podcasts, discutir a matéria com os colegas e estudar por flashcards e mapas mentais. Em todas as fases, por fim, os grupos de Whatsapp em que trocávamos dicas, ementas de precedentes importantes e até “enquetes” – para os membros votarem se determinada assertiva seria verdadeira ou falsa – em matérias específicas me ajudaram de modo inacreditável.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Carlos Roberto: Pela internet, buscando boas indicações de cursos preparatórios.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Carlos Roberto: Certamente. Gostava muito das questões, resolvidas no corpo do próprio roteiro de estudos, com comentários dos professores. Também adorava as trilhas estratégicas, os mapas mentais e os slides, sobretudo os fornecidos pelo Professor Herbert Almeida, de Direito Administrativo.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Carlos Roberto: Eu sempre gostei de estudar uma matéria por dia. Às vezes, à noite, trocava para uma matéria mais leve, com as quais tinha mais familiaridade. Deixava as horas nobres da manhã para as matérias mais árduas. Durante a semana, creio que estudava cerca de cinco horas líquidas diárias. Aos finais de semana, estudava o máximo que conseguia: creio que sete ou oito horas. Para esse ritmo pesado de estudos, a compreensão e o apoio dos familiares, sobretudo dos cônjuges, fazem toda a diferença.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Carlos Roberto: Eu considero que o estudo sério dos informativos de jurisprudência, bem como a resolução de questões e provas antigas é uma forma orgânica de revisar os temas mais relevantes de todas as matérias. Também gostava de revisar por flashcards, mapas mentais. Nos últimos meses, desenvolvi o hábito de enviar áudios de “Whatsapp” para mim mesmo com pequenos resumos de algumas matérias. Aliás, para a fase oral do Ministério Público do Paraná, combinei com um grande amigo, Alexandre, que diariamente eu criaria e lhe enviaria perguntas de Direito Penal, para que ele me enviasse respostas na forma de áudios. Ele, por sua vez, faria o mesmo para eu responder. Eu acredito de verdade que a criatividade e a colaboração com os amigos são excelentes maneiras de revisar e de aprender.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Carlos Roberto: Resolver questões objetivas e dissertativas, além de treinar as arguições antes da prova oral, é essencial. Não sei o número ao certo de questões que resolvi, mas foram literalmente milhares.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Carlos Roberto: Eu sou o tipo que estuda até o último minuto antes de entrar na sala. Fiz isso a minha vida inteira. Na semana da prova oral, contudo, notei que eu havia chegado a um grau de exaustão mental extremo e resolvi pegar mais leve. Estudei na véspera, mas tive uma boa noite de sono; saí para tomar café com minhas amigas, Letícia e Bruna; ouvi música. Minha amiga Camile fez uma oração comigo antes de eu sair para a prova oral. Levei o livro de Salmos para a sala de confinamento da prova, onde fiquei aguardando a minha vez de ser arguido. Eu entendo que a espiritualidade nos ajuda muito a superar os desafios.
Estratégia: Concursos para carreira jurídica são compostos por várias fases. Como foi sua preparação para a prova discursiva? E para a prova oral?
Carlos Roberto: Para todas as fases do concurso, considero imprescindível – verdadeiramente essencial – estudar no detalhe as provas antigas, e nesse aspecto as análises estatísticas e a curadoria de questões do Estratégia se destacam. Fazer questões anteriores, compreender quais são os temas mais cobrados, e de que forma. Para a prova dissertativa, fiz simulados de questões discursivas e de peças práticas. Para a prova oral, treinei todos os dias com os demais candidatos. Muitos deles viraram grandes amigos.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Carlos Roberto: Meu principal acerto foi manter a motivação intrínseca ao estudar. Eu tenho a característica de me apaixonar pelas atividades que desempenho, e isso ocorreu com as matérias do concurso. Estudar se tornou uma atividade prazerosa e até mesmo gregária, dado que estudei ao lado dos amigos.
Meu principal erro foi negligenciar, por vezes, o descanso, a alimentação saudável, o exercício físico, o sono. Estudar para concursos é desgastante, e nos sentimos ansiosos em diversos momentos.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Carlos Roberto: Gostaria de deixar um poema da Professora Ada Pellegrini Grinover, do seu livro “Cantos”. Chama-se “Semente”.
SEMENTE
Olhe bem para a semente
E acredite que vingará.
Por mais árida que seja a terra
Por mais áspero que seja o clima
Por mais hostil que seja o ambiente
Lance a sua semente.
E, se morrer, lance outra e mais outra
Até que um dia
Virá uma chuva leve e benfazeja
Os ventos amainarão
Os pássaros agressores
Irão em busca de outra sementeira.
E sua semente germinará.