Aprovada em 1º lugar no concurso TCE-RJ para o cargo de Analista de Controle Externo - Ciências Contábeis (vagas destinadas a cotas)
“Eu sempre trabalhei e estudei, pois como nasci em uma família muito pobre eles não tinham condição de me sustentar. Era difícil a conciliação, mas quando chegava do trabalho eu já começava a estudar, muitas vezes dormia poucas horas por noite. Mas eu tinha um objetivo e sabia que era capaz de alcançá-lo.”
Confira nossa entrevista com Bianca dos Santos Banhos, aprovada em 1º lugar no concurso TCE-RJ para o cargo de Analista de Controle Externo – Ciências Contábeis (vagas destinadas a cotas):
Estratégia Concursos: Você é formada em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Bianca: Eu sou formada em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Tenho 29 anos e sou do estado do Rio de Janeiro.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Bianca: Eu nasci numa família extremamente pobre. A minha mãe faleceu quando eu tinha 16 anos eu fui morar com meus tios. Para mim, somente o estudo seria capaz de transformar aquela realidade. Assim, com 17 anos eu prestei meu primeiro concurso, sendo aprovada no cadastro e fui convocada com 21 anos, já estando na metade da faculdade.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseira, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Bianca: Eu sempre trabalhei e estudei, pois como nasci em uma família muito pobre eles não tinham condição de me sustentar. Era difícil a conciliação, mas quando chegava do trabalho eu já começava a estudar, muitas vezes dormia poucas horas por noite. Mas eu tinha um objetivo e sabia que era capaz de alcançá-lo.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovada? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Bianca: Aprovações:
* Concurso Faetec no cargo de Agente Administrativo quando tinha 17 anos na posição 263. Fui convocada aos 21 anos.
* Concurso da Petrobrás para o Cargo de Contador em 7º lugar.
* IBGE em 10ª lugar para Contador.
* Conselho Federal dos Representantes Comerciais como Auditora em 1º lugar (Ampla Concorrência) tomando posse em 2017 com 25 anos.
* Petrobrás Distribuidora S.A no cargo de Contador em 25º lugar tomando posse também no ano de 2017. Gostaria de realizar uma ressalva: a empresa foi privatizada e eu sai do PDV em janeiro de 2020, pois acreditava na capacidade de passar em outro concurso e recuperar o que a privatização tinha me tirado, foi aí que foquei de vez na área de controle, especificamente no TCE-RJ.
* No meio do caminho passei em outro concurso, o do Hospital Universitário Gafrée Guinle – Unirio em 1 º lugar (Ampla Concorrência), que tomei posse em novembro de 2020.
* Em abril deste ano eu tive a consumação de um sonho e de uma longa jornada de estudos, fui aprovada no TCE RJ em primeiro lugar no Cargo de Ciências Contábeis para Deficiente. O TCE já vai ser a minha quinta posse.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Bianca: Nossa, em todas as vezes foi muito emocionante, mas no caso específico do TCE, foi quase inacreditável! Eu tive a certeza que a dedicação aos estudos com muito foco e determinação tem a capacidade de transformar vidas.
Estratégia: Você gostaria de comentar sobre a importância das vagas destinadas a cotas e como você se encaixa nesse perfil?
Bianca: Sim. Eu sou deficiente visual, só enxergo de um único olho (monocular) e possuo deficiência de campo visual, basicamente só tenho visão central, não tenho a visão periférica. Na maioria dos concursos que fui aprovada, eu nem me candidatava como deficiente por puro desconhecimento. Na verdade, só fui descobrir que me enquadrava na cota quando estava realizando o Admissional para a Petrobrás Distribuidora S.A, que me questionaram sobre o porquê não concorri as cotas, já que tinha direito.
O TCE é o primeiro concurso que passo realmente pelas cotas, e acho esse mecanismo criado pela Constituição Federal de 1988, de reserva de vagas para deficientes, esplendido, já que é extremamente importante existir uma inclusão social para determinados grupos. Mas gostaria de ressaltar que, embora tivesse essa limitação, nunca me senti diminuída. Sofri muito preconceito por não ser algo tão aparente, mas que me causa uma série de limitações. Porém, tudo isso que passei só serviu para eu alcançar voos mais altos.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Bianca: Eu sempre tentei equilibrar um pouco, pois para mim é super necessário ter um tempo para relaxar e ter um lazer com amigos e parentes. O concurso do TCE ele foi realizado na pandemia de Covid 19, que de alguma forma limitou muito os encontros com amigos e familiares. O que sempre evitei em toda minha trajetória de concurso era sair com o edital na praça, focava nos estudos mesmo.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Bianca: Não sou casada e nem tenho filhos. Eu moro sozinha há um ano. Mas morei boa parte da minha vida com meus tios e eles sempre me apoiaram, embora não pudessem me ajudar financeiramente. Meu pai sempre me apoiou também, inclusive ele chegou a se sacrificar para me ajudar a pagar 2 cursos de concurso na época que eu ainda fazia faculdade.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Bianca: Isso é uma decisão muito pessoal, pois cada pessoa tem uma realidade. No meu caso específico eu adotei a metodologia do concurso escada, mas dentro da mesma área de estudo, que foi a contabilidade. O TCE para mim é o concurso dos meus sonhos.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovada?
Bianca: Estudei basicamente 1 ano e 3 meses, porém já tinha muita bagagem acumulada de outros concursos que fui aprovada, não comecei do zero, eu tinha um conhecimento razoável da metade do edital quando comecei a estudar.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Bianca: Na maioria das vezes eu estudei sem edital na praça. Eu acreditava que o estudo era a única forma de transformar a minha realidade, isso não me deixava desistir ou fraquejar. Eu tinha um objetivo de vida e não ia parar de estudar enquanto não alcançasse. Sempre fui o tipo de pessoa muito determinada.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Bianca: Eu conheço há muito tempo o Estratégia Concursos, mas comecei efetivamente a utilizar o material a partir do ano de 2019.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?
Bianca: Antes de começar a utilizar o material do Estratégia eu fazia muitos cursos presencias, mas também sempre fui muito autodidata. Para o TCE eu estudei basicamente pelo material do Estratégia, fiz de tudo – fiz o curso completo do TCE RJ, participei das vídeo aulas turbo e segui a trilha estratégica. Inclusive gostaria de aproveitar a oportunidade para agradecer alguns professores que marcaram essa minha trajetória, que são o professor Herbert Almeida, Mandarino e Ricardo Vale. Eu fiz muitas questões também, pois nunca tinha feito prova da CEBRASPE, cheguei a fazer cerca de 15 mil questões durante esse 1 ano e 3 meses estudando para o TCE.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Bianca: A primeira coisa que fiz foi separar a matéria do TCE em duas partes – a que eu tinha um conhecimento e a que não sabia basicamente nada. Eu focava mais nas que não sabia pois tinha que estudar a teoria, fazer resumos e muitos exercícios. As matérias que já tinha um conhecimento prévio eu realizava uma pancada de exercícios e ia revisando se tivesse necessidade. Eu sempre foquei muito em exercícios para entender o perfil da banca. Eu estudava em média 2 matérias por dia e não tinha um plano de estudo específico. Quando percebia que estava com dificuldade em uma matéria, tentava focar ao máximo. No caso do TCE cheguei a estudar 7 meses em casa sem trabalhar, pois tinha saído no PDV da Petrobras Distribuidora devido a privatização, então nessa época cheguei a estudar cerca de 10 horas por dia, de segunda a sexta e sábado de manhã sempre fazia uma revisão com questões. Depois que fui convocada para tomar posse no Hospital Universitário Gafrèe Guinle continuei estudando com afinco em média 6 horas por dia e quando remarcaram a prova estudava de domingo a domingo só fazendo questões e revisando tudo que havia aprendido.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Bianca: Eu sempre tive muita dificuldade em Tecnologia da Informação e Português. Eu tentava dar uma focada extra e realizar muitas questões.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Bianca: Na verdade, começou a ficar estressante um mês antes, pois estava só revisando, além de estar trabalhando, então chegava a dormir de 3 a 4 horas por noite, estudava o máximo possível. Na véspera da prova eu descansei pois sempre adotei essa metodologia.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Bianca: No caso do TCE eram 3 questões discursivas valendo 20 pontos cada e uma peça técnica valendo 40 pontos. Eu peguei todas as provas anteriores da Cebraspe que tivessem haver com os tópico do concurso e fui fazendo e depois comparando com o padrão de resposta da banca eu também fazia as questões propostas pelos professores do estratégia. Acredito que esse seja o caminho do sucesso, realizar muitas questões.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Bianca: Vou começar pelos acertos: um deles com certeza foi focar em questões e realizar resumos estratégicos baseados nos tópicos que mais caem de cada matéria de acordo com análise do perfil da banca.
De erro eu digo que nunca fui muito boa em português, tenho muita dificuldade com coisas básicas como pontuação, e nunca tive paciência para focar como deveria nessa matéria. Não sigam meu exemplo, se você tem dificuldade em algo, foque para eliminar ou minimizar essa dificuldade.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Bianca: Desistir jamais! Como já disse antes, sou extremamente determinada. O mais difícil no concurso do TCE era a quantidade de matérias para estudar. Se não me engano eram umas 12, então tive que fazer muitos resumos e questões como qualquer ser humano, era uma rotina estressante e cansativa mas sempre tentava amenizar o estresse/ansiedade com atividade física ou vendo um filme, devido a pandemia não dava para fazer tudo que queria.
O que me fez seguir em frente foi Deus, pois sou evangélica e acredito que nada acontece por acaso. Quando sai do PDV, tinha a certeza que Deus iria me ajudar a abrir outra porta melhor do que a que estava anteriormente, e não foi diferente.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Bianca: Caros colegas sei que minha história de vida se confunde com a da maioria dos brasileiros, já que, vivemos em uma realidade em que muitos são pobres e não possuem uma rede de apoio financeiro e psicológico para motivá-los, mas não deixe isso diminuir seus sonhos, vocês são capazes de conquistar coisas grandes. Nós somos o principal protagonista de nossa história, não deixe que os desafios de uma vida cotidiana de muito trabalho ou opiniões negativas diminuam o seu foco em algo muito maior que é o sucesso pessoal através da concretização de um sonho. Lembre-se que nada na vida é impossível para aquele que crê. Desejo muita sorte e muitas aprovações a todos.