Aprovado no concurso da Polícia Civil do Distrito Federal nos cargos de Agente e Escrivão
Tribunais
“Não ache que quem passou em algum concurso é a regra. Essa é a exceção. Tenha constância e disciplina. (…) cuide da sua saúde, tanto física quanto mental. Se um momento de lazer faz bem para você, não abra mão por completo”
Confira nossa entrevista com Arthur Gouvêa, aprovado no concurso PCDF nos cargos de Agente e Escrivão:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Arthur Gouvêa: Tenho 25 anos. Sou formado em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, mas sou de Niterói, ou seja, atravessei muitas vezes a Baía de Guanabara estudando para vários tipos de prova.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Por que a área Policial?
Arthur: Durante a graduação eu percebi que a carreira de advogado não era o meu perfil. Durante o estágio em um escritório de advocacia, eu me senti muito frustrado quando andava de terno e gravata, pelo centro do Rio de Janeiro, em um sol de 40°C para realizar diligências e, muitas vezes, ser ignorado por autoridades. Comecei a pesquisar qual seria a melhor de forma de conseguir um trabalho digno sem que eu precisasse me humilhar para conseguir resultados. Foi quando minha mãe e meu irmão me aconselharam a estudar para concursos públicos.
A escolha pela área policial foi uma mistura de identificação com oportunidade. Eu comecei a estudar quando conversei com meus colegas da universidade sobre a entrada no mundo dos concursos e eles terem me informado sobre um concurso da Polícia Civil do Distrito Federal, que estava prestes a ser autorizado (no caso, concurso de escrivão). Assim comecei a estudar no final de 2019, assim que me formei e passei no Exame da Ordem.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Arthur: Durante a trajetória, eu tive a grande oportunidade de poder focar inteiramente nos estudos para concurso, mas, eventualmente, fazia alguns “bicos” para juntar um pouco de dinheiro.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Arthur: Atualmente, possuo aprovação nos dois últimos concursos da Polícia Civil do Distrito Federal.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados na primeira fase do certame?
Arthur: Foi uma mistura de surpresa com alívio. Vinha estudando há um tempo considerável e sentia muita pressão em passar. Quando apertei “Ctrl + F” e pesquisei o meu nome no DODF, fiquei anestesiado e torcendo para chegarem as próximas fases. É uma gratidão inexplicável.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Arthur: Quando entrei no mundo dos concursos, eu me deparei com diversos perfis de concurseiro. De cara, eu já sabia que não conseguiria abdicar do lazer e preservar minha saúde mental. É claro que não saio como antes, mas sempre reservo um tempo na minha semana para aproveitar os momentos com minha família e meus amigos. No meu caso, antes do edital ser publicado, eu estudava de segunda à sexta e deixava o final de semana livre. Já com o edital aberto, eu deixava a noite de sábado e o domingo inteiro para esses momentos. Nos momentos de lazer, evitava excessos para não prejudicar o rendimento dos estudos dos dias seguintes e também evitava falar sobre estudos.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Arthur: Sou solteiro, mas durante toda a caminhada até a aprovação no concurso da Polícia Civil do Distrito Federal, eu namorei. Moro com os meus pais e eles são os meus maiores apoiadores na trajetória sofrida de concurseiro. Eles pagaram minha viagem para Brasília, minha inscrição, o curso do Estratégia e, com muita garra, eles me sustentaram durante a preparação.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Arthur: Isso depende muito da situação do concurseiro. Se ele tem condições de arcar com os custos e não for um desgaste mental grande, vale muito a pena. Pegar experiência de prova é fundamental para a aprovação. Entretanto, não acho que seja uma boa estratégia estudar para concursos com perfis de cobrança muito diferentes. Quem tenta focar em muitas coisas, não foca em nada.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Arthur: Comecei a estudar no final de 2019, poucos dias antes do edital de escrivão ser publicado. Como o edital era relativamente pequeno, consegui investir bastante tempo para fixar o conteúdo. Depois veio a pandemia e, junto com ela, o edital de agente. Quando o edital foi publicado, fiquei bastante preocupado com a cobrança de contabilidade e estatística, porque nunca havia tido contato com essas matérias. No final, deu tudo certo.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Arthur: Estudei poucos dias sem ter edital publicado, mas sempre tratei o estudo como um trabalho: hora para entrar, hora para descansar e hora para sair. Disciplina e constância são fundamentais para alcançar a tão desejada aprovação.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Arthur: A maior parte dos meus estudos se deu com a utilização dos cursos em PDF. Algumas disciplinas que não eram familiares requereram a utilização das videoaulas, mas evitava, ao máximo, rever videoaulas para otimizar o tempo.
A vantagem do PDF é que a leitura é mais rápida e otimizada. Por exemplo, com o tempo, comecei a revisar apenas os grifos que eu fiz. Para mim, junto a resolução de exercícios, é a melhor forma de revisão. A desvantagem só aparece quando a pessoa não tem familiaridade com a matéria, já que é mais desafiador ser autodidata com materiais escritos. Na videoaula, os professores conseguem entregar tudo “mastigadinho” e o concurseiro consegue aprender com mais facilidade, mas o tempo gasto deve ser controlado.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Arthur: Por meio dos mesmos amigos que me avisaram sobre a autorização do concurso da Polícia Civil do Distrito Federal para o cargo de escrivão.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Arthur: Essa é a resposta que todo concurseiro iniciante quer saber. A verdade é que não existe uma fórmula mágica, cada um funciona de um jeito. Eu demorei para aprender qual jeito funcionava para mim, mas fui entendo o que dava certo para mim.
No início, eu fiz a leitura dos cursos em PDF e fui grifando o que achava que seria importante. Também assisti às videoaulas das matérias que eu não tinha familiaridade como Raciocínio Lógico, Matemática Contabilidade e Estatística, mas depois comecei a ler o PDF dessas matérias. Depois da leitura inicial, fazia os exercícios do próprio PDF para ver se eu tinha compreendido a matéria, mesmo não tendo fixado. Depois de uma leitura inicial de todo o curso, eu começava a fazer questões antes de ler de novo. Por exemplo, terminei o Direito Constitucional. Na próxima vez que eu fosse revisar, eu começava resolvendo umas 30 questões antes de realizar a leitura novamente. Assim, eu ativava a memória por meio de um estudo ativo e via o que efetivamente a banca cobra. Essa é uma outra dica bastante importante: conheça a banca da sua prova. Cada banca possui um jeito muito peculiar de cobrança.
E sobre resumos, nunca fui muito adepto. Sempre dei preferência aos meus grifos no PDF. Apenas alguns pontos eu gostava de escrever e deixar em um local à vista para ler todos os dias. Além disso, reservava um tempinho do meu dia para ler a lei seca.
Portanto, a fórmula que funcionou para mim foi QUESTÕES + TEORIA + LEI SECA = MATÉRIA FIXADA.
Sobre a quantidade de horas, eu tive que ir testando. O que funcionava para mim era entre 4 e 5 horas líquidas por dia. Depois disso, eu ficava cansado e não absorvia mais nada. Durante essas horas, eu optava por estudar entre 3 e 4 matérias, sempre colocando as matérias de maior peso ou maior dificuldade no início do dia.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Arthur: Quem não tem dificuldade em nenhuma matéria é gênio, não é concurseiro. No meu caso, tive dificuldade em RLM, Contabilidade e Estatística. Para superar as dificuldades, eu acho um importante uma imersão na matéria. O aumento expressivo da carga horária dessas matérias foi fundamental para o meu aprendizado. Lembro que, no início, eu optava por estudar RLM todos os dias e nas primeiras horas do dia. Dessa forma, tinha mais energia e conseguia raciocinar melhor.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Arthur: Realmente é muito estressante. Nas duas últimas semanas eu fiz algo que não sei é recomendável: fiz uma leitura dinâmica de praticamente todos os grifos dos PDFs do curso regular. A reta final não serve para aprender coisas novas, então optei por fazer uma revisão bem completa. Isso porque, mesmo conhecendo o perfil da banca, ela sempre vai pegar o concurseiro de surpresa cobrando algo nunca visto nas provas anteriores.
Na véspera das provas eu decidi revisar apenas fórmulas de Matemática e Estatística, porque achava pura “decoreba”.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Arthur: Eu aconselho a sempre estar por dentro das atualidades. O Estratégia possui um excelente material para isso, mas é importante que o candidato procure outras fontes. Sites de notícias e artigos são ferramentas importantíssimas. Além disso, recomendo assistir às aulas do professor Rodolfo Gracioli no YouTube para conhecer temas novos que podem cair. Eu anotava o tema abordado e pesquisava em diversos sites para não pecar em relação ao conteúdo. Também recomendo redigir uma redação por semana. No meu caso, eu não redigia a redação inteira, apenas uma estrutura e um pouco de conteúdo.
Estratégia: Como foi (ou está sendo) sua preparação para o TAF e para as demais etapas?
Arthur: Eu sempre fui uma pessoa que praticou muito esporte, mas se engana quem acha que o TAF não requer uma preparação específica. O concurseiro jamais deve deixar para treinar após a divulgação do resultado. A prática de esportes sempre me ajudou nos estudos, dando mais disposição, melhorando o meu sono e me ajudando não me estressar. Recomendo que o candidato se alimente bem e procure um profissional de educação física para montar um treino específico.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Arthur: Acho que todo concurseiro erra no início. O estudo para concurso é diferente do estudo para faculdade, por exemplo. No meu caso, errei em não ter coragem de fazer questões no início. Sim, eu tinha medo de fazer questões para não me frustrar com um possível resultado negativo. Acho que esse foi o meu maior erro. No entanto, acredito que um possível erro para mim, seja um acerto para outra pessoa. Cada concurseiro acha um jeito melhor de estudar.
Sobre os acertos, acho que a SOMA QUESTÕES + TEORIA + LEI SECA, aliada a um material completo e atualizado, foi o que garantiu a minha aprovação.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Arthur: O mais difícil, para mim, foi manter a constância e conciliar os estudos com o namoro. Geralmente, concurseiro não é um bom par romântico. Entretanto, nunca pensei em desistir. O concurso, na minha cabeça, se tornou a única forma de garantir uma vida digna. Acho que isso me dava força para estudar todos os dias.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Arthur: Eu poderia inventar uma resposta motivacional linda e inspiradora, mas a verdade é que a minha única motivação era não morrer de fome. O concurso virou a única solução para minha vida.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Arthur: Tenha paciência. Não ache que quem passou em algum concurso é a regra. Essa é a exceção. Tenha constância e disciplina. Não adianta estudar 8 horas líquidas em um dia se você não vai ter força para manter esse ritmo. Trate os estudos como trabalho. Crie regras. Por fim, cuide da sua saúde, tanto física quanto mental. Se um momento de lazer faz bem para você, não abra mão por completo.